Eu e a música
Existe em mim uma profunda relação entre a música e a lágrima. Não posso escutar um fado português (existe outro?), um tango argentino (existe outro?), um flamenco espanhol (existe outro), uma folksdans sueca (eu sei que existem outras) que não desate imediatamente a chorar. Pois é, nem tenham dúvidas, mas eu ainda não disse tudo. Eu, como todos vós sabeis, amigas leitoras e não menos amigos leitores não sou nada pieguinhas. Aposto que nenhum de vós me viu andar por aí a chorar nos cantos. Mas sou assim mesmo. A música dá-me uma enorme vontade de chorar. Pois bem, eu estava por aqui blogueando, que é como quem diz, aos saltinhos de blog em blog, como o carapau aos saltinhos de nenúfar em nenúfar sempre que quer atravessar o rio de um lado para o outro, sem sofrer da síndrome da bicha da ponte, quando deparo com o blog da bomba inteligente a apontar-nos a setinha para a grafonola. E não é a primeira vez que ela faz isso. E eu que deveria estar, ou a pensar (eu reflicto muito no que leio, vós sabeis, não é nenhuma novidade), ou a rir (eu rio das piadas a que vulgarmente chamam anedotas e das anedotas ou dos anedotas que opinam a torto e a direito sobre todos e sobre tudo, qual Nuno Rogeiro… adiante), ou então, simplesmente, a passar tempo quando leio blogs assim tipo este, dou por mim a chorar baba e ranho. E agora numa completamente a sério: sabem porque é que eu choro? Quereis saber? Perguntai: Porque é que choras PreDatado? – “Porque é que choras PreDatado?” – Então eu vou responder. Eu não choro só quando escuto as músicas que enumerei. Eu choro quando ouço qualquer música, por mais alegre que ela seja. Choro de desgosto por não ter jeitinho nenhum para as notas. Se me pedirem para cantar logo a seguir, eu já não sei. Se me pedirem para acompanhar eu desafino. Não é mesmo para chorar?
PS. Depois disto só me resta colocar um sertanejo, um luar de sertão, ou melhor estava-me a esquecer. Vou ouvir o Tony Silva a cantar música ró. È de ir ás lágrimas.
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