domingo, novembro 23, 2008





1298. Lunch Time Blog

A cara com que me apresentei ao espelho era a minha testemunha. Não sei o que é que vou escrever hoje, disse, Vai mas é dormir, responde-me o espelho, que é como quem diz, Não estás com cara nem para levar duas bofetadas. Ainda assim, peguei na escova de dentes, o espelho fez duas caretas, se há coisa que nestes cinquenta e três anos de existência que ele nunca gostou foi do sabor da pasta de dentes, e depois na gilete. Admirou-se. Tirando os dias em que há obrigações sociais nunca me viu fazer a barba aos Domingos. Não gosto nada de espelhos pedantes, daqueles que, simples imagens, tendem a ser mais do que os próprios objectos que lhe dão forma. Virei-lhe as costas e fui tomar banho. Não sei o que é que vou escrever hoje, pensei em voz alta, esperando que o chuveiro me respondesse. Mas o meu chuveiro apesar de todos os furos com que se apresenta e da capacidade de transformar a água fria em quente e vice-versa, está a anos-luz da capacidade de argumentação do meu espelho. Fiquei entregue a mim próprio, até que, esquecido do que iria escrever no blog, resolvi ir cozinhar uma paelha. Qual quê, só tinha arroz, açafrão e pimentos vermelhos, não dava nem para pensar nisso. De repente ainda de toalha atada na cintura, enquanto me banhava em 212 for men no corpo e me “niveava” no rosto e sovaquinho , elaborei mentalmente a minha lista. E pouco tempo depois, após uma passagem breve pelo supermercado, onde fui sem ser em fato-de-treino, apesar do exercício físico que isso me proporcionou, aí estou eu munido dos camarões, das lulas, do presunto, dos mexilhões, das amêijoas, do tomate. Nem preciso de dizer que colorau, pimenta preta, sal e água fazem parte do que cá se gasta. Não perguntem ao Pré as quantidades porque o gajo só tem duas balanças. Um para quando se lembra de fazer um doce, não vá o açúcar atraiçoa-lo. Outra para ir medindo, dia a dia, o seu gradual aumento de peso. E já cá cantam 78. Pode ser que num PS ele se abra.


PS. 1. Foi a primeira vez que o Pre fez uma paelha. Mesmo assim teve a coragem de convidar os pais a virem provar a sua especialidade.
2. Todos os comensais tiveram o descaramento de comentar, Divinal! Bolas que a coisa estava mesmo boa.
3. O vinho foi um Torres, Sangre de Toro Reserva 2006. Da Catalunha. Poderia até ser outro, mas hoje teria forçosamente de ser espanhol.
4. Como entrada comeram-se umas amêijoas à Bolhão Pato. Acompanhamos com um Fonte de Nico, Vinho Regional das Terras do Sado. Esteve à altura.
5. 850 gramas de frango (coxas, cortadas a preceito), 3 lulas em argolas, +/- 150 gramas de miolo de amêijoa (fresca aberta na altura), 300 gramas de miolo de mexilhão (também fresco aberto na altura), 150g de gramas de presunto, 2 dentes de alho finamente picados , 4 tomates pelados de conserva, 1 pimento vermelho cortado às fatias finas, 200 gramas de ervilhas ultra-congeladas. Sal, pimenta preta, açafrão das índias e arroz agulha. Para decorar (e comer) alguns camarões previamente cozidos e alguns mexilhões em meia concha. (PS indiscreto)
6. Um dia destes, digo-vos como é que se cozinha. Hoje fiquem com as fotos.
7. Finalmente, eu que até nem uso, fico a pensar o que é que têm os snobs quanto a ir ao Domingo, ao super-mercado, vestido de fato de treino. Dasse que aquilo é pior que uma maratona!
8. Agora é que é finalmente. Ontem ofereceram-nos um vinho generoso do Douro, produção caseira. Só para vos fazer inveja e não digo mais nada!
9. Nunca escrevi tanto PS, até estou cansando. Vou lanchar. Até logo.
10. Eu deveria escrever qualquer coisa mais só para encher chouriços e para enquadrar as fotos com o texto , porque deixar a foto lá em baixo a boiar não está com nada. Depois de ter feito um primeiro publishing vi que havia desiquilibrio. Por isso vim aqui escrever isto que nem sequer tem nada a ver com o post só para não ficar assim meio coiso. Dá para perceber não é?
11. 2º publishing e ainda não ficou bem. E se eu fosse ali beber mais um cálice daquele Douro a ver se eu atinava com esta coisa, que acham?
12. Quando ampliarem a 2ª foto não liguem à cadeira partida. Foram os gatos que a atiraram ao chão e partiram. Desta vez o Schubert não esteve afim da minha paelha. Ele de facto é mais ração( e carapau).

Legenda: Primeira foto: Paelha. Segunda foto: paelha e vinho; Terceira foto: Paelha, Pre no meio da mãe e do sogro. Todas as fotos e outras que não foram publicadas da autoria da filha do Pre.

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