A Maria José fez lulas de
tomatada com arroz ao almoço e eu fiz uma omelete de frango para o jantar. As
enormes e lindas lulas que ela esteve a arranjar ficaram bem pequenas no tacho
e eu aproveitei o frango de churrasco que sobrou do almoço de ontem para
desfiar e preparar a omelete. Não são pratos de extrema laboração, não poderiam
concorrer no Master Chefe sob pena de termos de ir à prova de eliminação, mas o
que conta é que estavam saborosos. Na omelete juntei um pouco de pimenta preta
moída na altura, já que no churrasco de véspera não tinha sido usado nenhum
picante. As lulas estavam no ponto, nem elásticas, nem a desfazerem-se, estavam
num ponto, a que poderíamos designar por, não sei se existe ou não, ponto lula.
A Charline, que é a nossa gata preta e branca com um bigode à Charlot, miou à
nossa volta à hora do almoço, mas esteve sossegada ao jantar pelo que se pode
deduzir que o prato confecionado pela Maria José estaria mais apelativo. Eu
gosto mais de lulas recheadas, mas se a minha mulher o tivesse feito hoje
corria o risco de no fim do cozinhado termos ingredientes recheados com lula, a
não ser que tudo encolhesse na mesma proporção. O arroz estava soltinho como devia
estar o que, com aquele molho da tomatada, ficou ainda mais gostoso. A omelete
foi acompanhada por meia dúzia, poucas por causa do sal, de batatas fritas de
pacote Lays gourmet compradas em promoção por metade do preço e uma salada de
tomate coração de boi temperada com orégãos. Ah, é verdade, enquanto estive a
descrever o que descrevi esqueci-me de dizer que o ministro Cabrita apresentou
os sete pontos do governo para a descentralização, que o Putin anda a brincar
aos espiões com os ingleses, que o tufão Florence se aproxima da costa sul dos Estados
Unidos e que o vice presidente do Benfica deu uma conferência de imprensa por
causa do roubo de correio eletrónico privado. Como não percebo nada de
meteorologia um dia destes escreverei sobre trabalho precário, o que, não vem
nada a propósito nestes LTB, pois é de ir à náusea. Entretanto, porque preciso
de fazer umas análises ao fígado daqui a um mês e porque os meus diabetes andam
um bocado malandrinhos, acompanhei as referidas refeições com água fresca e
assim o farei às vindouras. Quando puder voltar a comer caviar logo voltarei ao
champanhe. Mas para falar verdade, verdade, gosto mais de ameijoas à Bulhão
Pato. Com champanhe, claro!
PS. Aqui atrasado, farto de comer sopa, pedi à minha
mulher que me fizesse faisão para o almoço. Estava delicioso. Comi três tigelinhas,
com umas sopinhas de pão.
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