quarta-feira, outubro 06, 2004

632. A minha professora e o Presidente da República

A minha professora está toda contente por ter sido colocada na mesma escola. Nós, os alunos é que ficamos um bocadinho chateados. Isto porque ela é muito exigente. Hoje, mal entramos nas aulas, pediu-nos para fazermos um pequeno exercício. “Se eu escrevesse ao Presidente da República, o que é lhe diria”. Eu levantei o braço e disse-lhe que ela estava a pedir muito para gente tão pequenina. Então, talvez por castigo, obrigou-me, a mim, a ser o primeiro a interferir. Tive de lhe dizer que antes de vir para as aulas, passei como de costume pelos três cafés habituais. E que tinha levado uma seca em triplicado, de José Castelo Branco e Cinha Jardim. Que eu ainda tinha metido conversa com um, que estava a pagar o gasóleo a 0,849 €, mas ele disse-me que estava um bocado mesmo preocupado era com os 5 pontos do Sporting, na 5ª jornada. Bebi a bica num gole, quase me queimei, mas ainda tive tempo de lhe perguntar se ele achava bem que o governo não aceitasse as críticas do Marcelo na TVI. O que eu fui falar. Não perceberam bem (de facto com a boca queimada do café, acho que não me fiz entender) e levantaram-se quase em coro a defender a TVI, sim, é que era boa, que o Castelo Branco era a vida da quinta, sem ele o programa não tinha graça nenhuma e tal e tal e coiso. Os outros putos já estavam todos a falar uns com os outros, e havia um até que apostava que o castelo Branco ia mugir mais depressa o brasileiro do que uma vaca na quinta. Aqui a professora deu um berro, mandou calar a malta e perguntou-me o que é que esta conversa tinha a ver com o que eu escreveria ao Sr. Presidente da República. Fiquei espantando com tanta falta de capacidade analítica da minha professora, mas mesmo assim ainda fui dizendo, que se lhe escrevesse, tinha-lhe pedido para não ter feito aquele discurso, no 5 de Outubro.

- Ó Pre, porquê? – Um ar de interrogação mais acentuado do que quando soube que estava colocada.
- Então não vê que com a malta de ponte, quatro dias fora, e preocupadíssima com as luvas de pelica do paneleirote da quinta, ninguém ia saber do que ele estava a falar. O melhor mesmo era ele estar caladinho e deixar a gente curtir a Isabel Preto que é boa como o milho.

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