quarta-feira, março 30, 2005

696. Um país muito giro

O meu vizinho do oitavo esquerdo fuma sempre à janela. Quando vejo voar uma prisca por cima da minha cabeça já sei que ele acabou de espetar mais um prego no seu caixão. Inevitavelmente a beata faz um voo de oito andares indo-se estatelar no passeio da praceta.
O meu vizinho do oitavo esquerdo sempre achou que era melhor que o Figo. Quando o Rubenzinho (que ideia é essa de chamares Ruben ao teu puto, pá?), lhe dá o pacote do Bolicao, à saída do café, todos os sábados de manhã, para o pai deitar no lixo, o meu vizinho faz dele uma bola de papel, e depois, com dois toques de joelho e biqueirada ou com um toque de calcanhar, mostra as suas habilidades ao miúdo.
Resolvi comentar com ele as alterações ao código da estrada e à proibição de mandar o cigarro pela janela; ou o pacote do Bolicao. Por estas e por outras é que ele nunca tirou a carta. Ninguém o chateia se o fizer da janela da sala.

PS. Sem ironia, não percebo nada de leis. Não sei se as multas para quem atira uma beata pela janela do carro ou pela janela da sala de estar são equivalentes. Quem souber que me esclareça. Agradeço.

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