quinta-feira, novembro 10, 2005

836. A minha contribuição

Ontem precisei de fazer uma transferência bancária. Enquanto procurei os elementos das contas, lembrei-me que o poderia fazer pela Internet. Decidi, assim, activar o meu código de acesso. Pelo telefone, às ordens de uma máquina de reconhecimento de voz que me pedia soletradamente número atrás de número e repetia os códigos entendidos aos quais eu confirmava com “SIM” e “NÃO” , lá consegui chegar a bom termo. Devo ter pago uma pipa de massa pela chamada telefónica, mas só o saberei quando chegar a factura. Meia hora depois, feliz e contente, já eu estava em frente ao computador a fazer a referida transferência.

Saí para tomar café e, ao abrir a caixa de correio, reparei que tinha um aviso para levantar um livro na estação de correios. Fui lá buscar a encomenda que o carteiro não me levou a casa. Enquanto esperava, coloquei uma moeda na máquina das bebidas e tirei, eu próprio, o café.

Já que estava na rua aproveitei para ir a Lisboa tratar de uns pequenos assuntos que tinha pendentes. Verifiquei que o depósito de combustível estava quase na reserva, passei na bomba da gasolina e atestei. Passei o cartão Visa na ranhura e fiz o pagamento automático.

Passei a ponte 25 de Abril na faixa da Via Verde e estacionei calmamente num parque subterrâneo, bem perto do primeiro local onde ía. Peguei na caixa que continha o kit de instalação do ADSL e aproveitei também para ir à FNAC procurar um livro que tenho vontade de ler. Como eram apenas 3 quarteirões de distância, resolvi não tirar o carro do parque e comprei, na máquina automática, um bilhete de ida e volta de Metro. Felizmente não tive problemas pois tinha moedas suficientes para nem necessitar de troco. O livro não estava disponível, pelo que decidi mais tarde encomendá-lo via Internet.

Estava quase na hora de almoço e, depois de tantas voltas, não estava com pachorra de me sentar num restaurante, mais ainda porque nem gosto de almoçar sozinho. Fui ao Mac do Centro Comercial, fiz o pedido, recebi o tabuleiro e transportei-o à mesa. No final, como pessoa bem educada, fui despejar o lixo e coloquei o tabuleiro no local próprio.

Voltei ao parque de estacionamento, fiz pagamento automático e voltei para casa. Mal cheguei fui instalar a minha nova banda larga.

Em poucas horas fui empregado bancário, carteiro, gasolineiro, portageiro, caixa do Metro e do parque de estacionamento, empregado do café e empregado de mesa. Acabei o dia como técnico de computadores e telecomunicações.

Para mim, à parte de ter de pagar para ter exercido algumas destas profissões, nomeadamente o telefonema para a “voz” bancária e o custo da transacção electrónica no posto de combustível (para não falar do dispêndio feito em tempos com o identificador Via Verde), pareceu-me ter sido um funcionário eficiente e polivalente. A única coisa de que não me poderei queixar é de ser um dos quase 500.000 desempregados deste país. Também sou culpado!

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