quarta-feira, outubro 07, 2009

1497. Tiros para o ar

- Que cara é essa? – Perguntei-lhe, pois não o costumo ver assim logo pela manhã.

- Não sei a que te referes… diferente de ontem? – Perguntou-me como se me respondesse.

- Não estás acostumado a que te interroguem, é o que é – disse-lhe eu tentando perceber o seu rosto estupefacto; definitivamente ele não estava a compreender nada.

- Olha lá – força de expressão, pensei, pois eu sempre estive a olhar – acordaste hoje com vontade de me chatear? É alguma vingança? – Voltou a interrogar-me.

(Abro aqui um parêntesis para vos relembrar que de facto é sempre ele que costuma fazer as perguntas ou, quando não, a atirar a primeira frase).

- Bom, eu vou directo ao assunto. Pareces um urso. Além dessa barba vergonhosa tens os cabelinhos todos em pé. – Agora sim, ele perdeu na antecipação. Quem me deveria estar a acusar era ele e não eu. Mas estou cansado de que em noites mal dormidas ou de estranhas condições seja eu o encostado à parede.

(deu uma gargalhada sonora e reflexiva de tal forma que o acompanhei na risota)

- Foi o vento caramba! Deves ter dormido que nem uma pedra, rapaz, não deste por nada e agora vens-me acusar de eu estar com os cabelinhos todos eriçados. – E dito isto o meu espelho tremeu, bateu ligeiramente contra a parede e por milagre não se fez em fanicos diante dos meus olhos.

(eu corri a fechar a janela).

Foto PreDatado©2009 – Vento

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