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domingo, outubro 23, 2011

1588. Lunch Time Blog



Um dia destes perguntava uma amiga minha no Facebook se alguém conhecia um método verdadeiramente eficaz de descascar cebola sem chorar. Eu não sou propriamente um chef mas se há hobbies que me satisfazem, um deles é o de me enfrentar com a bancada da cozinha. Não saem pratos gourmet, não há cozinha molecular nem mariquices supérfluas de empratamento mas, dizem os que comem, que saem dali petiscos de truz. Pois minhas queridas leitoras e meus queridos leitores eu passo um tormento indiscritível com a cebola. Passo não, passava. E não pensem que foi com as respostas que colocaram no Face ao pedido da minha amiga. Não foi porque na verdade não resultam, já que já as experimentei todas. Não resultam para mim, claro. Mas eu próprio, numa de momentânea inspiração sugeri que ela usasse óculos de natação. Então não é que hoje, experimentei a minha dica e tenho aqui os olhos limpinhos como se as cebolas não tivessem ácido? Temos é que depois deixar assentar um pouquinho a poeira. E pelo sim pelo não, lavar os óculos e as mãos em abundante água corrente.

PS. O meu gato Schubert não aprecia muito estes petiscos. Ele é mais ração da Royal Canin e latinhas da Gourmet. No entanto ao ver-me assim, de óculos de natação a cozinhar pediu-me para lhe comprar uns para ele. Diz que também quer parecer um extra-terrestre.

segunda-feira, setembro 12, 2011

1583. Lunch Time Blog - o polvo


Muito justamente tenho sido acusado de preguiçoso pelos poucos e poucas, estas mais do que eles, mas muito bons e muito boas, passe a brejeirice do termo, queridos e queridas amigas leitores e barra ou leitoras do PreDatado. E se é bem verdade que estas minhas ausências do PreDatado, o blog, que o PreDatado, a pessoa, ainda não tem ausências (bati três vezes na madeira para que o sr. Alzheimer não leia este post) se devem fundamentalmente a esse desviante pecado mortal, não muito grave por ser o sexto da hierarquia, a verdade é que também não encontro muito para dizer. Por exemplo, e vocês sabem que não gosto nada destes trocadilhos, tipo a semana passada fui passear a Castelo de Vide e, depois, chegar aqui e dizer-vos que foi por cauda de uma promessa que fiz à minha mulher. Claro que não poderia olvidar-me de rematar com um inesperado e muito original, o que é prometido é de Vide. Pronto! Estava a parvoíce instalada. Pior, pior, era eu vos dizer que visitei um castelo em Estremoz, outro em Veiros, ainda em Castelo de Vide e, para mim, o mais bonito, em Marvão. E concluir que apesar de ter lá encontrado o meu amigo Apolinário não o vi com a sua estimada esposa, a Clara. Definitivamente, ainda não estava a clara em castelo. Outra parvoíce. Ou, por exemplo, virar-me para o campo político e dizer que fui ao Alentejo profundo para ver se via o Álvaro, já que se não deixa ver pelo Terreiro do Paço. Mas perguntar por onde anda o Ministro da Economia não teria nada de original pois até o António José Seguro, que eu ouvi atentamente este fim de semana no congresso cor de rosa, e que não nos trouxe nada de novo, já fez essa pergunta. Então a minha interrogação seria muito menos ajustada do que a dele e não traria nada de novo ao blog. Agora uma coisa é certa. Ainda vou aprender a fazer aquela alhada de cação que comi na Varanda do Alentejo em Marvão, que estava pura e simplesmente divinal ou as burras no forno que nos foram servidas na Adega do Isaías em Estremoz. E neste LTB não podia deixar de dar uma palavra de simpatia ao David que o país fez o favor de transformar de um licenciado em gestão de empresas em empregado de mesa. Força David! E uma outra para a Patrícia que com uma tremenda simpatia nos serviu no restaurante do Sever em Portagem e que com os seus 19 anos ainda tem esperança que o curso de comunicação social que frequenta a possa levar a outras paragens e com outras portagens. Muitas felicidades para ambos.

PS. O Schubert ficou estes três dias, em que estive de lua de mel, em casa. Quando cheguei, foi o primeiro a quem contei as peripécias da viagem. Quando lhe falei do projeto de post que estava a pensar escrever, no seu pensar de gato ficou na dúvida se eu deveria referir que no restaurante Adega, no Crato estive 1h e 08 m à espera que me servissem um polvo à lagareiro. No miar dele quis-me dizer, coitados, e tu sabes quanto tempo demora a pescar um polvo?

segunda-feira, agosto 08, 2011

1580. Lunch Time Blog


O ano passado, quando fui à Praia Verde e deparei com as ruas de acesso completamente degradadas, calculei que a Câmara Municipal (penso que de Castro Marim) estaria à espera do outono, para não prejudicar, com obras em pleno verão, o afluxo turístico às praias. Puro engano. Este ano fui encontrá-las, não diria na mesma pois mais um ano se passou, muito piores do que o ano passado, sendo penoso para os carros e um imenso cartão de visita de mau gosto para os turistas. Enquanto a alimentação for mais barata em Portugal do que em Espanha, talvez o sr. Presidente da Câmara possa ficar descansado na sua cadeira presidencial, quiçá a coçar os tomates e a usufruir do fator sorte. Comparar as nossas infraestruturas com as vizinhas Isla Canela ou Isla Cristina, mesmo ali ao lado de Vila Real de Santo António, só por brincadeira. Mas na verdade, come-se muito bem em Portugal e não muito caro. Tive o privilégio de usufruir, no restaurante panorâmico O Infante, com a minha mulher, de um excelente bacalhau à lagareiro e uma espetada de tamboril com camarão, de se lhe tirar o chapéu, muito bem acompanhado de um Herdade dos Grous, 2008 reserva, além da entrada de queijo fresco de cabra temperado com orégãos e azeite, pão e azeitonas e, tal foi o repasto, que tive de abdicar da sobremesa e passar direto ao café e, tudo isto, para duas pessoas, por metade do preço do que pagaria do outro lado do Guadiana. Enquanto for assim sr. Presidente da Câmara, se quiser, posso lhe levar o jornal da manhã, um café e um palito enquanto coça os ditos acima mencionados, pois os espanhóis vão-se estar nas tintas para os acessos. Mas não abuse da sorte.

PS. O Schubert não gosta de praia por isso ficou em casa. Mas não ficou pior. Disse-me ele que a ração estava deliciosa e que não aprecia bacalhau à lagareiro.

segunda-feira, julho 12, 2010

1543. Lunch Time Blog - Camarão à PreDatado (onde o Pre retoma o caminho da cozinha e inventa coisas que outros já inventaram antes)





Vocês sabem aqueles dias em que o que nos apetece mesmo são pimentos? Não sabem? Bom eu conto-vos, de repente, passam na loja das hortaliças e outros legumes e também de frutas, porque uma loja nunca é só especializada numa única coisa, passe o pleonasmo, por exemplo, eu já tenho ido a garrafeiras, escolher qual o tinto que vou levar para aquele convite para jantar, onde nunca chego a provar o vinho que levei, diga-se de passagem nem isso era pressuposto e, no entanto, essa loja que deveria ser especializada em vinhos, onde não é difícil encontrar os grands crus de Bordéus, lado a lado os Saint-Émilion, os Côtes du Rhon, os Chateau Lafite, mas também as melhores Reservas da Granja da Amareleja, o Syrah das Cortes de Cima, o Pêra Manca da Cartuxa ou um Artadi Pegos Viejos, o Calvario ou o Sierra Cantabria, estes últimos de la Rioja, bom eu acho que me estou a perder, porque o que eu queria dizer é que encontrei à venda nessas lojas, saca-rolhas e termómetros. Vêm agora vocês caríssimas leitoras e não menos caros leitores dizerem-me que faz parte. Pois faz, mas também faz parte venderem coentros onde se vendem melões, tomates e pimentos onde se vendem cerejas, rabanetes onde se vendem azeitonas, paios, chouriços caseiros e alheiras de caça. Faz parte, pois faz parte. Foi assim que me vi com três pimentos na mão, verde, vermelho e amarelo, assim num misto da bandeira portuguesa com a espanhola, em justa homenagem aos nuestros hermanos, um limão um raminho de coentros e uma cebola e, não na mão mas por baixo do boné, o meu subconsciente a incitar-me a misturar aquilo tudo, depois de cortar às rodelas a cebola e às tirinhas os pimentos, dizia eu misturar tudo aquilo numa frigideira onde picadinhos os coentros e raspado meio limão, lhe juntei 3 dentes de alhos esmagados, umas pitadas de sal e também um piri-piri. Refoguei aquele misto em azeite puro de oliveira juntei-lhe umas gotas do meio limão raspado anteriormente e, helas, o que dará nome a este prato, ou seja camarão à moda do Predatado, os camarões já descascados e sem cabeça nem rabo. Acompanhei com um branquinho da adega Cooperativa de Pegões porque o Sr. Engº Sócrates fez-me o favor de me levar no IRS deste mês os trocos que eu tinha reservado para comprar uma garrafinha de Grande Reserva Branco da Adega de Vila Real. E digo-vos que o pitéu que preparei bem o merecia.

PS. Vocês ainda se lembram do Schubert? Pois, esse mesmo, o meu gato. Sempre me acompanhou nos meus LTB só que desta vez, antes de eu me sentar à mesa, retirou-se de mansinho, não sem antes de me olhar olhos nos olhos como quem diz, olha lá rapaz, há gente que não gosta de comida picante. Esse piri-piri pode ser dispensado.

segunda-feira, março 29, 2010

O que conta é a intenção


Hoje recebi. de uma amiga minha paulistana de gema, um convite para esta sessão de camerata aberta. Eu gostava de de dizer que seria uma óptima (ótima) ideia para viajarmos ao Brasil. Mas, assim como assim, o mais longe que normalmente me desloco para um espectáculo, é quando vou ao Alentejo aos fados. E mesmo assim só se acompanhado de um grande vinho tinto e de um queijo de Serpa amanteigado (vá lá, se for curado também vou) e umas azeitonas novas. Por falar em queijos, este fim de semana estive em Cabanas de Palmela no festival do Queijo do Vinho e do Pão, parei em todos os pontos de venda, provei vinhos e queijos, mandei o orçamento mensal a baixo e engordei mais um bocadinho. Mirian, vamos lá aos finalmentes. O que é que se come de bom em S. Paulo?

sexta-feira, novembro 13, 2009

1507. Molhar a minhoca, diz ele

Jaquinzinhos com arroz de tomate, bacalhau à lagareiro, arroz de tamboril com gambas, sardinha assada na brasa, salmonetes na grelha, caldeirada à fragateiro, sopa rica de peixe, salmão fumado com cebolinho, gambas à la planche, amêijoas à bolha pato, salmão marinado com gengibre, pargo no forno à moda da avó maria, mexilhões à marinheiro, fataça na telha à moda do ribatejo, cachuchos fritos com arroz de grelo, pregado frito com açorda, peixe assado no forno com tomate, cebola e salsa, bacalhau à brás, pescada cozida com feijão verde, tímbalo de polvo, chocos assados com e sem tinta, caldeirada de lulas à moda da nazaré, espetada mista de tamboril com camarão e pimentos, lulas recheadas, bacalhau à moda de lafões, sopa de peixe à moda da costa verde, filetes de polvo com arroz do dito, pescada à florentina, vieirinhas recheadas, lagosta suada, lavagante na chapa, ostras frescas abertas ao natural com sumo de limão, açorda de sável à ribatejana, sopa de cação, achegãs de caldeirada em forno de lenha, bacalhau espiritual, espetada de lulas com chouriço, rissóis de camarão, safio com ervilhas à moda da póvoa, fritada mista de peixinhos do rio, carapaus alimados, escabeche de carapaus fritos de um dia para o outro, arroz de sardinhas à algarvia e não me venhas cá tu, grande rafeiro, dizeres que passavas bem com uma sandocha de couratos. Dedica-te mas é à pesca. E podes levar a tua jove contigo que ela ajuda-te a pôr a minhoca no piercing.

domingo, setembro 27, 2009

1493. As minhas eleições, minuto a minuto (ou quase) - VIII

Bom, agora que já se sabe o valor da abstenção e uma vez que só falta meia hora para se saberem as projecções finais dos resultados eleitorais, eu vou explicar o resto. Primeiro, cozi os ovos de codorniz e já lhes tirei a casca. Depois, piquei finamente as ervas. Cá em casa havia salsa, coentro, alho francês e cebolinho. Pois sim, foram as que utilizei, e cozinhei-as em margarina vegetal. Depois de cozidas juntei natas e, voilá, os ovinhos dentro e tudo dentro (de novo) do frigorífico para irem para a mesa mais fresquinhos.

Uma vez que os camarões foram cozinhados há algumas horas antes e já estão na temperatura ideal, vão ornamentar a travessa.

Está tudo preparaducho (os alhos, o piri-piri, o azeite e os coentros) para as amêijoas à Bolhão Pato (a Anita prefere amêijoas com esparguete à moda de Olhão, mas gostos não se discutem).

O vinho é Alvarinho. Uma vez que não tive tempo ($$$) para comprar Palácio da Brejoeira, vai mesmo Deu-la-Deu que é muito jeitosinho.

As uvas, de sobremesa, são moscatéis. E também há queijo de Idanha-a-Nova. São servidos?

Bom apetite e vamos todos torcer para que os nosso partidos tenham bons resultados. Eu por mim acho que o Benfica vai ganhar a Atenas na 5ª feira. É cá uma fé.

sábado, setembro 19, 2009

1484. Lunch Time Blog

Não me pareceria descabido se hoje vos viesse falar da óptima feijoada de choco de com camarão, que comi no café da minha sobrinha Sofia e do arroz doce feito pela minha cunhada. No entanto, e embora o repasto estivesse de estalos, não é exactamente isso que me leva a fazer este post. Há quem ocupe o tempo de almoço a comer e há quem, de vez em quando, tire uns minutos ao dito cujo para tratar de alguns assuntos pessoais. Vejam bem que o meu filho pensou, ontem, em ir renovar a carta de condução. E se o pensou assim o fez. Teve de calcorrear 3 locais diferentes da cidade, usou os transportes públicos e para obter a carta de condução, de permeio, teve ainda uma consulta de optometria para certificar da sua capacidade em termos de visão. Isto tudo demorou-lhe cerca de uma hora e meia que incluiu também a burocracia e a execução física da carta. Ainda assim esteve cerca de 5 minutos à espera da entrega da dita. SIMPLEX!!! Pois, mas isto foi na Suiça, em Lausanne e não propriamente aqui. Aqui seria cerca de dois anos, perdão dois meses, também não exageremos.

PS. O Schubert, hoje na brincadeira com a dona deu-lhe uma dentada. Ficou de castigo e não foi connosco aos chocos. Ficou a ração e é bem feito!

Foto retirada daqui do blog saboroso

quinta-feira, julho 02, 2009

1455. Deve ser bom

Que será, que será?

R, dez gemas d’ovos e duas de craras e duas colheres de farynha, de prata, tudo muyto bē batido ē huõa tijella noua pequena ou huã certaã muy pequena, e quanto mais alta tanto milhor, meã de mamteygua, que ferua rrijo; e deitem tudo ally por huũa albarada de bico ē voltas como aletrya: e depois que for ffeito, ponhão-no a escorer ē hũa jueira, e deitem-lhe por cima acuquar clareficado, e mais pisado cõ canela.

Dizem ser a mais antiga receita da cozinha portuguesa, data do século XV e foi retirada de um manuscrito existente na Biblioteca Nacional de Nápoles pelo Dr. José Leite de Vasconcelos, (Ucanha, 7de Julho de 1858 Lisboa, 17 de Maio de 1941) e publicada na sua obra Textos Archaicos.

PS. Ainda estão preocupados com o acordo ortográfico?

quinta-feira, maio 07, 2009

1427. Lunch Time Blog ou um filme com azeite.


Estou frita, gritou-me a manga apesar de fatiada. Estou frito gritou-me o abacaxi já com cada uma das rodelas cortadas em quartos. Estamos fritos gritaram os filetes de pescada quando saíram daquela marinada de alho picado, pimenta branca, umas pedrinhas de sal e sumo de um limão. Estamos fritos gritaram os tomates-cereja quando, depois de bem lavadinhos, terão pensado que seriam salpicados com pó de talco (private joke dos tomates cá de casa que gostam de pó de talco depois de lavados), mas não, caíram como os outros na frigideira.

Ai, estamos fritas, gritaram-me a mulher e a filha quando se aperceberam que hoje eu lhes tinha preparado uma fritada para o jantar. Até tive o cuidado de lhes explicar que foi tudo fritinho em azeite do mais puro das oliveiras alentejanas e que depois de fritas as frutas as reservei e reservei também em ambiente quente os filetes enquanto fritei os tomatinhos-cereja naquele molho, entretanto composto com um pouco de vinho do Porto.
Eu e o meu cúmplice azeite extra virgem piscamos o olho um ao outro enquanto elas se lambiam à mesa.

Estou picada, gritou a salsa, que acabaria polvilhada sobre o preparado. Definitivamente, a salsa, embora entre sempre bem em cena, nunca sabe a que filme pertence.

PS. As minhas leitoras e os meus leitores habituais sabem quanto o autor do LTB é um apreciador (não confundir com conhecedor) de vinho tinto. No entanto, ultimamente, tem andado a passear, sem exageros, pelos brancos. O desta noite mereceu-lhe nota positiva pela prova que lhe deu. Apesar do preço razoável, menos de 2 euros a garrafa, o Fonte do Nico, produzido com as castas Fernão Pires e Moscatel é um excelente Terras do Sado. Quem lhe olha para a cor palha muito aberta pode pensar que é água, mas tem um aroma muito elegante com várias notas florais. Os seus 12 graus de teor alcoólico permitem-nos beber mais um copinho para rebater.
PPS. O Schubert bem rondou, rondou, mas se o cheiro a peixe o deixa em transe comê-lo , tá quieto. É um fofinho este meu companheiro de quatro patas e casaca de pêlo.

domingo, abril 26, 2009

1421. Lunch Time Blog ou a arte de lamber


Teste a textura do feijão verde e coza-o em água temperada com um pouco de sal entre 3 e 5 minutos, conforme ele seja mais ou menos tenro. Depois retire o feijão e deixe-o escorrer. É assim que começo a confeccionar os meus peixinhos da horta depois de cortadas as vagens pelas pontas e retirados os fios. Hoje este trabalho será feito com meio quilo de feijão verde mas façam a quantidade que quiserem ou, melhor, de acordo com o número de pessoas que gostarem. Sempre gostei deste pitéu que leva a fritar as vagens em óleo bem quente embrulhadas num polme que passo a explicar. Numa malga deitem aí uns cento e vinte e cinco gramas de farinha de trigo e façam-lhe um buraco ao centro. Depois um pouco de sumo de limão, não abusem para que não fique azedo, talvez uma colher de chá. Eu costumo lamber a colher no fim pois gosto do gosto ácido do limão. Abram uma mini sagres ou super-bock e deitem para aí um decilitro na cavidade da farinha. Eu costumo beber o resto da mini e lamber os beiços por causa da espuma. Quem não aprecia cerveja pode substituir pela mesma quantidade de vinho branco. Normalmente eu não costumo beber o restante vinho da garrafa, para não me embebedar logo pela manhã. Já agora, para quem não gostar nem de cerveja, nem de vinho, pode fazer o polme com água. O sabor final não será o mesmo, mas come-se. Acrescentem um colher de sopa de azeite e temperem com sal e pimenta ao vosso gosto. Eu falo-vos aqui sempre do sal, mas na verdade, quando sou eu a fazer dispenso o sal por completo. Depois é só ter a calma suficiente para ouvir os outros protestarem. Eheheheh. Comecem a mexer pelo centro para a farinha não granular. Eu começo sempre a mexer com o indicador direito mas se a ASAE não estiver por perto podem fazê-lo com a colher de pau. Eu lambo o dedo antes de passar à colher de pau e aos ovos. Continuando sempre a mexer, agora com a colher de pau, junto dois ovos, um a um para ligarem bem e, quando a massa estiver leve, paro, deixo-a repousar cerca de meia hora e, vou eu também descansar o braço. Outras vezes aproveito o intervalo para preparar uma caipirinha ou um moscatel de Setúbal com uma casca de limão. Passem o feijão já frio e escorrido pelo polme, um a um ou dois a dois, fritem no óleo bem quente e bom apetite, isto é, lambam-se!

PS. Esta é uma espécie de peixe a que o meu gato Schubert não mia ao cheiro.

A foto foi encontrada aqui. Obrigadinho por deixar usar. Se não me esquecer depois tiro uma foto aos meus.

domingo, março 22, 2009

1396. Domingo antes de almoço


A boda e a baptizado não vás sem ser convidado. Vem isto a propósito de que hoje não fui eu o autor do faustoso (bom, não será faustoso, mas o cheiro que me chega da cozinha inspira-me palavras bonitas) repasto que hoje provirá os nossos pratos. Como diz o povo a fome é a melhor cozinheira, espero que a minha vizinha, neste caso a minha querida mulher que nem tem uma galinha melhor do que a minha, faça a boda, que é como quem diz burro com fome até cardos come. Sei que tudo acima parece não fazer sentido mas como para bom entendedor meia palavra basta e como cada um sabe de si e Deus sabe de todos o que eu quero exactamente dizer é que estou com tanta fome e que como comer e coçar o pior é começar, estava aqui a pensar em ir já directo para a mesa comer um pouco de paio de porco preto e/ou um queijinho de cabra alentejano com uma pinga tinta para fazer boquinha. Mas como na casa deste home quem não trabalha não come, o melhor é levantar o rabinho daqui da cadeira, deixar-me de escrita sem sentido e ir eu próprio preparar as entradas. E onde comem dois comem três, tal é a hospitalidade deste povo, não soubesse eu que vós queridas leitoras e vós amigos leitores sois bem mais que três e franquear-vos-ia as portas de imediato para que comigo se sentassem À mesa. Temos de pedir ao povo um ditado que onde comam dois comam pelo menos mais uma dúzia para que o convite seja feito. E como não há mês mais irritado do que Abril zangado vamos todos aproveitar este domingo de Março, o último deste período com horário de inverno porque no próximo o galo cantará mais cedo. E como saber esperar é uma grande virtude peço-vos que tenham a santa paciência de esperarem por algo mais interessante que isto para lerem durante a próxima semana porque isto só pode mesmo ser da fome. Até porque por casar nunca ninguém ficou, não foi com quem quis, foi com quem calhou.

domingo, março 15, 2009

1378. Lunch Time Blog e xixizinho


O caminho era o do talho. Ia comprar uns lombinhos de porco que mandei cortar em pequenos troços. O objectivo era uma carne de porco à alentejana. Comprar no comércio local tem também do que se lhe diga. Nos grandes espaços temos estacionamento para os carros. Dei duas voltas ao quarteirão e por sorte encontrei um lugar quase à porta do café onde, depois das análises anuais e de rotina iria tomar o pequeno almoço. O puto*, não teria mais de cinco anos, baixou as calças e desatou a mijar contra a parede. A empregada do café, que estava à porta a fumar um cigarro, riu-se. Achou uma gracinha. A carne de porco era tenrinha, foi temperada com massa de pimentão, alho picado miudinho, uma folha de louro, uma ligeira pitada de flor de sal e vinho branco tendo ficado a marinar mais de duas horas. O resultado das análises só as saberei daqui a uma semana mas de um hematoma num dos braços não me livrei. Se me vissem a passear de manga curta neste doido calor de fim de inverno, alguém comentaria que seria da seringa. Da outra que não da das análises clínicas. A Anita descascou e cortou as batatas em cubos para fritar. As amêijoas, deliciosas, foram compradas no Pirata na Costa da Caparica, passe a publicidade, mas que é justo ser referido. Aliás, além da carne de porco à alentejana, abrimos com uma travessa de amêijoas à Bolhão Pato e de melão com presunto. A senhora que passeava o cãozinho nas traseiras, que arreiava um valente cocózinho no meio do caminho, nem se apercebeu que a minha filha tinha preparado uns maravilhosos daiquiris de morango. Nem vos conto para não ficarem com inveja. A Bimby, que é uma máquina que ainda não me acostumei a usar parece ser óptima para cocktails (para limonadas e picar gelo também, meninas da casa não me batam se é blasfémia). É óbvio que não convidei a senhora do cocózinho. Fiquei antes a descascar as frutas, o ananás, as maçãs, os kiwis, a laranja e a papaia. Os morangos já estavam lavadinhos e sem pé. Tudo a postos para uma maravilhosa sobremesa de fondue de chocolate. O barulho dos travões, lá fora, foi apenas a de um carro que, provavelmente, a mais de 50kms/h, teve de travar fundo para dar passagem a avozinha com o neto pela mão. Fora da passadeira. O vinho era alentejano. Claro!

PS. *Puto – em português de Portugal, criança. Para que os meus leitores brasileiros não confundam.
PPS. Em dois tempos. Cronologicamente falando. Não se fazem análises clínicas ao domingo sem ser nas urgências dos hospitais, salvo seja, como dizia a minha avó.
PPPS. O Schubert não come carne de porco. Nem ele, nem nenhum gato cá de casa. Parece que não têm enzimas digestivas para esse tipo de alimento. E foi por isso que o Schubert, desta vez, não teve nenhum protagonismo neste LTB. Dormiu enquanto comemos. Abençoado gatinho.

Foto: Anita Capote

quarta-feira, março 04, 2009

1383. Sopinhas


Eu não sou uma pessoa de muitas certezas. Tenho várias dúvidas e construo o meu conhecimento essencialmente sobre as dúvidas que tenho (tive). Mas entre as poucas certezas que tenho há duas que são quase irrefutáveis. Reparem que eu disse quase e já saberão porquê. A primeira certeza, quase, quase de La Palice é que esta terça feira eu não escrevi (publiquei) nenhum poema. Se em algum blog, eu creio que sim, terá aparecido algum poema ou ele não é meu ou foi copiado de algum mais antigo. Hoje não houve poema no PreDatado.
A segunda certeza é que a esta hora, no hemisfério norte, no fuso horário em que se encontra Lisboa não é muito habitual se estar a comer sopa. Eu digo talvez (não digo, mas quero dizer), porque toda a gente sabe, que quando vamos aos fados ou a uma festa mais castiça, chega a uma da manhã e lá vem o inevitável caldo verde. E porque é que eu vim aqui a esta hora falar sobre sopas. Porque de quinta-feira em diante até ao próximo dia 11 (alguma probabilidade de 10 à noite) eu não virei à blogosfera para escrever ou ler blogs dos meus amigos e das minhas amigas, porque estarei ausente em viagem de férias e quer queiramos, quer não, férias são férias, sopas são sopas. Enunciado que está o ditado e porque sopa de peixe é a minha sopa preferida principalmente aquela que é feita com o que sobra da caldeirada, não deixem neste intervalo em que o PreDatado não está por aqui de irem ler a Guerra de Travesseiro. Na verdade está cá a ficar uma caldeirada que só visto. Se eu fosse um dos Duponts do Tintin diria mais, que só lido! Finalmente, não deixem também de ler e comentar, claro, o Diálogo de Monólogos. Pode não ser como a sopa de peixe mas vai por ali um caldinho… Provem-no.

PS. Comam a caldeirada ao almoço. Façam-na de modo a sobrar. Desfiem o peixe, retirem-lhe as espinhas. Acrescentem algum caldo (de preferência caldo de peixe, se não água quente), juntem uns cotovelinhos. No momento de servir, moam um pouco de pimenta preta já no prato. Bom apetite.

Foto:Elaine Skowronski encontrada aqui.

sábado, fevereiro 21, 2009

1374. Lunch Time Blog em dia de derby


Eu bem sei que há um certo jeito português para misturar comida e futebol. Quem nunca parou numa daquelas, antigamente barracas, hoje roulottes que vendem de tudo da imperial ao tintol e da bifana ao coirato? Quando eu era miúdo, o meu pai parava sempre numa dessas, aqui para o garoto uma laranjada e para mim um morangueiro se faz favor, pedia. Comia-se uma bifaninha para o estômago ficar aconchegado e já dava para a malta chegar a casa, para lanchar como deve ser e preparar o jantar. Sim, o jantar porque nesses tempos jogava-se futebol às três da tarde, os clubes iam sobrevivendo sem terem de vender a alma às televisões e aos joaquins oliveiras e mesmo assim tinham eusébios e yazaldes, manueis fernandes e nenés, jordões e vitores baptitas. E quando entravamos nas bancadas em festa, onde não havia claques organizadas mas todo o estádio era uma claque, de vez em quando bem acalorada, não era raro andar tudo à batatada, mas rapidamente apaziguada com um copo de tinto a sair do garrafão, uma rodela de chouriço ou de paio e um naco de queijo. Oferecia-se sempre ao vizinho do lado, bom proveito obrigado, vá lá prove que deste nunca comeu é lá da minha terra, fiz trezentos quilómetros para ver o meu Benfica, coma um bocado desta broa vai ver que gosta.

Pois foram estes os tempos que me vieram à lembrança, hoje que é dia de derby e enquanto picava na 1-2-3, o chouriço, o bacon, a cebola, o alho, a salsa e o coentro, o piri-piri e o toucinho gordo e depois, misturava tudo com um salpico de colorau e um copo de vinho branco e esfregava a perna do peru para depois a regar com um fio de azeite e leva-la ao forno já aquecido, foi destes tempos do copo de morangueiro e da laranjada que me lembrei. E também dos frangos e dos perus que assisti ao longo dos tempos protagonizados pelos mais diversos guarda-redes que hoje me apetece homenagear, O Costa Pereira e o Carvalho, O Zé Henrique e o Damas, O Manuel Bento e o Botelho, o Michel Preu-Homme e o Peter Schmeickel, o Quim e o Ricardo.

E por falar em peru não sei se o Paulo Bento vai pôr a jogar o Rui Patrício ou o Tiago. Mas a qualquer deles, e como bom benfiquista que sou desejo-lhe uma noite de perus. Pode ser?


Foto: Isabel Cutileiro, encontrada em Google Imagens

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

1372. Uma fuga para casa


O cheiro do Aipo, o odor do manjericão, os perfumes do rosmaninho e do alecrim, o paladar do gengibre, o picante que nos vem de Cayenne, os poejos e o coentro, a textura da couve lombarda, o desafio da utilização das trufas, o corte do salmão e do arenque, as ovas do esturjão, os tintos alentejanos e os brancos de Palmela, a picanha e o acém, o lombo e a vazia, o pernil do porco e a sua orelha e de novo a couve roxa e a segurelha, o nabo e a cenoura, a cebola e o alho.

Foram eles acima descritos os grandes culpados. Eles e os escritores que nas suas fugas, nas suas voltas ao mundo, nas suas aventuras me incentivaram a descobrir, de Norte a Sul, outras cores e outros sabores. E se hoje não lamento um Rioja ou um Valdepeñas, um Bordeaux ou um Côte du Rône, um Val Maipo ou um Val Rapel, ou Napa Valley ou um Santa Clara quando tenho em frente um Terras do Sado, um Estremoz ou um Borba, um Cortes de Cima ou um Terras Durienses, não lamento também a demora que se faz sentir em me voltar a sentar à mesa com o goulash ou o bife tártaro, o fois gras ou o camembert, o eisbein ou a sauerkraut, a paella ou o cochinillo, o sushi ou a tempura. Tenho no Queijo da Serra e no de Azeitão, nas favas com entrecosto e no robalo na grelha, na caldeirada e na chanfana, os sabores mediterrânicos onde me estacionei. E tenho azeite, do mais puro que se come por esse mundo inteiro.

Mas tenho de agradecer, mais uma vez aos escritores todas estas descobertas. Hoje já velho e cansado, pousei os tachos e as facas e vivo dos prazeres que me trazem à mesa. E se agradeço ao meu amigo Hemingway me ter ajudado a descobrir o mojito e o daiquiri, peço-lhe desculpa por hoje não o acompanhar com Compay Segundo. Não tinha o disco à mão e o Camané sabe de um rio…
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Estava aqui o lindo PreDatado posto em sossego, dos meus anos colhendo doce blog, num engano de… onde é que eu já li isto? Quando o Finúrias, aliás o Sr. Ministro da Soltura, me e-mailou desafiando-me a partir de um texto que eu escrevesse outro. Fez este desafio a vários blogers e tem vindo a publicar lá no Ministério. O texto que ele me propôs e do qual saiu o que leram acima, foi o seguinte:

“Pois é, eu fugi de casa quando ainda não tinha vinte anos. Foram os escritores que me obrigaram. London, Dreiser, Sherwood Anderson, Thomas Wolfe, Hemingway, Fitzgerald, Silone, Hamsun, Steinbeck. Encurralado, barricado contra a escuridão e a solidão do vale, eu sentava-me à mesa da cozinha por trás de pilhas de livros da biblioteca e ouvia as vozes que de lá me chamavam para conhecer outras cidades.” In A Confraria do Vinho, John Fante


Saravah Tozé!

Foto encontrada na net sem designação de autor

sábado, janeiro 31, 2009

1355. Lunch Time Blog (o gajo abusa)


O dia acordou cinzento e calmo. Tão calmo quanto o vento que se espraiou durante a noite o deixou ser. O céu avisa que se houver chuva será mais para o final da tarde, convidando a um passeio matinal, embora que se não menospreze um bom agasalho. Isto foi só para verem que o Predatado sabe romancear. Olhou para o espelho e passou a mão pela cara. Sabendo que é Sábado ainda assim resolveu fazer a barba. Não que estivesse demasiado grande, mas dois dias sem se escanhoar não é de bom tom para quem tem compromissos sociais. Ou outros. Espalhou a espuma na cara já húmida, verificou com uma ligeira passagem o estado da lâmina confirmando a não necessidade de troca e barbeou-se. O espelho acompanhou-lhe, simétrica e cronometradamente os movimentos. Lavou também os dentes e dirigiu-se para o banho. Isto é só para verem que o Predatado poderia escrever um diário. O colesterol, o ácido úrico, o medo da diabetes e a, não ainda muito pronunciada, obesidade não o tornaram hipocondríaco, sem que, no entanto, o não aconselhem a tomar algumas atitudes mitigantes. Por isso, o seu passeio matinal apenas é suspenso quando a chuva cai tão abundantemente que o alerta amarelo, quiçá mesmo o laranja, da Protecção Civil o desaconselham. Isto é para verem que o Predatado pode ser propedêutico. Sentou-se à mesa e barrou duas tostas previamente aquecidas na parte superior da torradeira. Barrou-as com paté de oliva nera comprada numa loja gourmet em Roma. Era a coisa mais parecida com uma brusqueta que poderia arranjar no escasso espaço de tempo reservado às entradas. Depois, foi vê-lo deliciar-se com uns bifinhos de frango recheados de requeijão em sumo de limão e alecrim, acompanhado com uma pequena porção de arroz de ervilhas, repasto este que a filha lhe preparou a preceito. Como sempre fez-lhe companhia com um excelente vinho tinto, desta vez espanhol de Valdepeñas, isto só para dizer duas coisas, que o Pre é capaz de descrever uma refeição num meio de um romance/diário e que o Predatado hoje não estava nada inspirado para escrever um post.

PS. O Schubert é um gato delicioso. Cheirou-lhe a requeijão e não foi de modas, virou as costas e foi deitar-se no seu almofadão com vista para o arvoredo. Mas a quietude dos pássaros ou a ausência deles deu-lhe para a madorna. Dormiu a tarde inteira.

Foto: PreDatado@Costa_da_Caparica

domingo, janeiro 25, 2009

1351. Lunch Time Blog

Quando

Aos Domingos, quando não vamos passear e visitar lugares ou revisitar outros, quando o cinzento dos céus insiste em nos molhar os parapeitos das janelas, mas não os da alma, quando o calor do fogão é maior do que o da sala, a gente refugia-se entre um bico aceso e uma chávena de chá. Quando é bom chamar o pai e a mãe para roubar calores e partilhar sabores e o safio na tábua para ser cortado em generosas postas. Quando se usam as cebolas cortadas em rodelas e as batatas em rodelas também cortadas para não chorar da cebola ciúmes, e os pimentos sem pevides que estas não se querem nem no tomate, o tamboril, lombos e cabeça para todos os gostos, a companhia que lhe faz a raia e a lixa, o cação, a pata-roxa e os dentes de alho. E quando ao lerdes estas linhas que grande caldeirada de escrita estarão uns a pensar, que grande caldeirada de peixe estarão, porém, outros a dizer, bom proveito, pois também eu vos digo que com um pouco de piri-piri e sal a gosto, a folha de louro e a salsa fresca, se o vinho branco de temperar estiver à altura do de beber, será delicioso este almoço. Juntemos-lhe agora o azeite do mais puro de oliveira e do Alentejo ou Trás-os-Montes nascido. E brindemos a mais um gastronómico Domingo, à moda da minha terra que de peixe fresco se não queixa. E para que não penseis que de vós o escriba se esqueceu, brindemos daqui à vossa e que mais posts de crescer água na boca se cozinhem por aqui.

PS. O Schubert não é amante de caldeirada. Prefere a Royal Canin, mas gostos não se discutem. Eu também não trocaria a minha Maria pela Penélope Cruz. Já o Barden seria capaz de dizer o contrário. Gostos não se discutem.
PPS. É da mais inteira justiça dizer que o arroz-doce feito pela Anita estava divinal.

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E não esquecer que Diálogo de Monólogos continua em actualização.

domingo, novembro 23, 2008





1298. Lunch Time Blog

A cara com que me apresentei ao espelho era a minha testemunha. Não sei o que é que vou escrever hoje, disse, Vai mas é dormir, responde-me o espelho, que é como quem diz, Não estás com cara nem para levar duas bofetadas. Ainda assim, peguei na escova de dentes, o espelho fez duas caretas, se há coisa que nestes cinquenta e três anos de existência que ele nunca gostou foi do sabor da pasta de dentes, e depois na gilete. Admirou-se. Tirando os dias em que há obrigações sociais nunca me viu fazer a barba aos Domingos. Não gosto nada de espelhos pedantes, daqueles que, simples imagens, tendem a ser mais do que os próprios objectos que lhe dão forma. Virei-lhe as costas e fui tomar banho. Não sei o que é que vou escrever hoje, pensei em voz alta, esperando que o chuveiro me respondesse. Mas o meu chuveiro apesar de todos os furos com que se apresenta e da capacidade de transformar a água fria em quente e vice-versa, está a anos-luz da capacidade de argumentação do meu espelho. Fiquei entregue a mim próprio, até que, esquecido do que iria escrever no blog, resolvi ir cozinhar uma paelha. Qual quê, só tinha arroz, açafrão e pimentos vermelhos, não dava nem para pensar nisso. De repente ainda de toalha atada na cintura, enquanto me banhava em 212 for men no corpo e me “niveava” no rosto e sovaquinho , elaborei mentalmente a minha lista. E pouco tempo depois, após uma passagem breve pelo supermercado, onde fui sem ser em fato-de-treino, apesar do exercício físico que isso me proporcionou, aí estou eu munido dos camarões, das lulas, do presunto, dos mexilhões, das amêijoas, do tomate. Nem preciso de dizer que colorau, pimenta preta, sal e água fazem parte do que cá se gasta. Não perguntem ao Pré as quantidades porque o gajo só tem duas balanças. Um para quando se lembra de fazer um doce, não vá o açúcar atraiçoa-lo. Outra para ir medindo, dia a dia, o seu gradual aumento de peso. E já cá cantam 78. Pode ser que num PS ele se abra.


PS. 1. Foi a primeira vez que o Pre fez uma paelha. Mesmo assim teve a coragem de convidar os pais a virem provar a sua especialidade.
2. Todos os comensais tiveram o descaramento de comentar, Divinal! Bolas que a coisa estava mesmo boa.
3. O vinho foi um Torres, Sangre de Toro Reserva 2006. Da Catalunha. Poderia até ser outro, mas hoje teria forçosamente de ser espanhol.
4. Como entrada comeram-se umas amêijoas à Bolhão Pato. Acompanhamos com um Fonte de Nico, Vinho Regional das Terras do Sado. Esteve à altura.
5. 850 gramas de frango (coxas, cortadas a preceito), 3 lulas em argolas, +/- 150 gramas de miolo de amêijoa (fresca aberta na altura), 300 gramas de miolo de mexilhão (também fresco aberto na altura), 150g de gramas de presunto, 2 dentes de alho finamente picados , 4 tomates pelados de conserva, 1 pimento vermelho cortado às fatias finas, 200 gramas de ervilhas ultra-congeladas. Sal, pimenta preta, açafrão das índias e arroz agulha. Para decorar (e comer) alguns camarões previamente cozidos e alguns mexilhões em meia concha. (PS indiscreto)
6. Um dia destes, digo-vos como é que se cozinha. Hoje fiquem com as fotos.
7. Finalmente, eu que até nem uso, fico a pensar o que é que têm os snobs quanto a ir ao Domingo, ao super-mercado, vestido de fato de treino. Dasse que aquilo é pior que uma maratona!
8. Agora é que é finalmente. Ontem ofereceram-nos um vinho generoso do Douro, produção caseira. Só para vos fazer inveja e não digo mais nada!
9. Nunca escrevi tanto PS, até estou cansando. Vou lanchar. Até logo.
10. Eu deveria escrever qualquer coisa mais só para encher chouriços e para enquadrar as fotos com o texto , porque deixar a foto lá em baixo a boiar não está com nada. Depois de ter feito um primeiro publishing vi que havia desiquilibrio. Por isso vim aqui escrever isto que nem sequer tem nada a ver com o post só para não ficar assim meio coiso. Dá para perceber não é?
11. 2º publishing e ainda não ficou bem. E se eu fosse ali beber mais um cálice daquele Douro a ver se eu atinava com esta coisa, que acham?
12. Quando ampliarem a 2ª foto não liguem à cadeira partida. Foram os gatos que a atiraram ao chão e partiram. Desta vez o Schubert não esteve afim da minha paelha. Ele de facto é mais ração( e carapau).

Legenda: Primeira foto: Paelha. Segunda foto: paelha e vinho; Terceira foto: Paelha, Pre no meio da mãe e do sogro. Todas as fotos e outras que não foram publicadas da autoria da filha do Pre.

segunda-feira, novembro 10, 2008


1287. Lunch Time Blog (e prós espanhóis não vai nada, nada, nada?)

Está uma pessoa a almoçar um belo e maravilhoso (não mintas que é feio) robalo de aquacultura de origem controlada – este era do Algarve – acompanhado de uma saladinha de tomate e cebola temperada com orégãos e azeite puro, puríssimo, de oliveira e um toque de vinagre balsâmico de Modena (DOC) quando liga a televisão e é confrontado com a notícia de que a Comissão Europeia se prepara para dar novo corte na captura de pescado em águas portuguesas incluindo a ZEE dos Açores. Lá se vão não sei quantos por cento, por acaso muitos por cento, da captura do carapau e do tamboril, mas também da solha, do linguado, do biqueirão, da azevia e por aí fora que não consegui fixar todos. Bem fez a minha vizinha do 8º Esq. que se amantisou com um espanhol. Tenho a certeza de que na casa dela estas espécies não vão faltar. Eles desde há uns tempos que só compram peixinho espanhol mesmo que a etiqueta refira apenas ”capturado no Atlântico Nordeste” e possa, portanto, ter sido capturado nas nossas águas. Uma coisa a minha vizinha me garante, hombre hay sido descargado en Vigo porsupuesto es español, coño! Ela já se acostumou a falar castelhano com o amante. Eu estou a tentar a acostumar-me a comer peixe de cultura.

PS. O meu gato Schubert estava aqui sentado ao meu lado a ler o que eu ia escrevendo. Quando leu a redução no carapau saiu daqui a miar.