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sexta-feira, janeiro 01, 2010

1511. Feliz Ano Novo

Iniciamos mais um ano. Assim o obriga o calendário gregoriano que tem esta coisa mágica de fazer parecer que apenas num dia a seguir ao outro, que por acaso foi o último do ano anterior, torna logo tudo tão diferente, tudo tão cheio de esperança, tudo num tomara que desta vez é que seja. Para muitos é isso, uma renovação de esperanças; para outros, tempo de reflexão e balanços e para outros, os mais pragmáticos, tempo de ficar na cama a curar a senhora bebedeira da véspera. Não escapo ao conjunto daqueles que balanceiam espaços temporais, mas já não me revejo no grupo dos esperançosos. Quanto à curtição, se as palavras escritas não me atraiçoarem, parece que não houve nada de especial apesar de, para espanto meu (oh my God!), ter descoberto em cima da mesa do jantar / reveillon de ontem muitas mais garrafas vazias do que as que esperava.

O ano que findou foi um ano de emoções mistas, um ano de grandes alegrias e de outras tristezas que, infelizmente, não são passíveis de evitar. Ou talvez sim, mas seriam contas de outro rosário que não vou aqui desfiar. Além de outros tive o especial amargo de coração de ver partir o meu sogro, pessoa de quem gostava muito, mas também tive muitas comemorações que, tudo indica, se prolongarão por este ano. Vi o meu filho terminar a sua formação académica, hoje já arquitecto a trabalhar num atelier na Suiça por sua própria opção, vi a minha filha casar-se e vi-a terminar a sua tese de doutoramento, faltando “apenas” a sua defesa em sede de dissertação, o que poderá ocorrer já no início deste ano. No que respeita a coisas da minha própria intimidade está dito o essencial.

Foi também um ano em que se confirmou o que todos já sabiam que iria acontecer mas que era preciso legitimar pelo voto do nosso povo. Os ataques desmedidos aos funcionários públicos, com especial ênfase nos professores, o sistema de ensino que ninguém consegue reformar, o sistema de saúde que ou não funciona ou funciona mal, a justiça que não anda nem desanda com processos a arrastarem-se penosamente nos procuradores e nos tribunais, as situações dúbias relativas a putativos actos de corrupção sem esclarecimento cabal, tudo isso acabou premiado, ao manterem-se os mesmos e as mesmas políticas em frente da governação. Os milhares de desempregados que em cada dia engrossam fileiras, as empresas que teimam em fechar ou a “deslocalizarem-se”, os subsídios escassos a quem efectivamente precisa e que nos vai mostrando uma fileira de pobres a puxar-nos, hora a hora, cada vez mais para a cauda do pelotão do desenvolvimento obriga-me a que, como disse atrás, me exclua do grupo daqueles que ainda mantêm viva alguma esperança.

Por mim, vou bebendo uns copos e deixando que a água corra por debaixo das pontes. Se for vivo, amanhã, brindarei de novo ao Deus Sol.

Feliz Ano de 2010 é o meu voto para vocês, minhas amigas e meus amigos leitores.

Foto, PreDatado©2009, S. Miguel, Açores

quinta-feira, dezembro 24, 2009

1510. Feliz Natal

De arco-íris e negros céus

Se fazem tempestades,

E os gatos ronronam

Em tapetes persas.

As tonalidades e murmúrios de Hossanas

No teu céu, são mundo meu e

Eu te amo.

Cerraste janelas e a noite

Invadiu o teu corpo de desejos.

Era frio e Natal.

E nós envoltos

Num presépio de afectos.


Foto PreDatado©, Dez 2009, Achada, Açores


O vosso amigo Pre vem por este meio comunicar, a todas as interessadas e a todos os interessados nesta quadra festiva, que lhes deseja um Feliz Natal de muito amor e de Paz. E para aqueles e aquelas que são cristãos como o Pre e para aqueles e aquelas que o não são, que Deus vos abençoe.

sexta-feira, novembro 06, 2009

1504. Ye Monks. Champanhe é amanhã

Em 1979, era eu um embarcadiço, assim como que armado em marinheiro (não gostava de whisky) pensava e repensava onde é que havia de gastar o dinheiro que ganhava, não muito diga-se de passagem, não havia centros comercias, o Colombo mais próximo que conhecíamos era um antepassado nosso, também marinheiro e, em Gaia, só passeavam rabelos, que petroleiros daquela envergadura só até ao Mar da Palha, mas isso já é Tejo, são outras águas (põe-se água no whisky, não é?), pois shoppings não havia desses, dos que há agora e então gastava-se o dinheiro na cantina (oh Felix abre ali a tasca que preciso de cervejas) mas era só a partir das quatro e picos quando o tasqueiro largava o quarto do meio-dia, também se encomendavam, através da cantina, ao ship chandler, alguns artigos de luxo (um dia levei uma rabecada por misturar coca-cola num Chivas Regal) entre eles uns sabonetes que só muitos anos mais tarde se começaram a vender por cá e até whiskies (uma queixa crime de quem não o beber puro) de maior prestígio.

Um certo dia (não me atrevo a fazer qualquer mistura) ainda eu não bebia whisky e a minha bolsa não dava para comprar o Royal Salut em bolsa de veludo azul gravada a dourado, comprei uma Ye Monks em garrafa de porcelana, whisky de 12 anos que hoje, passados que são (nem pensar em deitar-lhe água castelo, quanto mais coca-cola) todos estes 30 anos, já estará com os seus 42, já as vi à venda na net por 200,00€, portanto um bocadinho mais velho que alguns dos meus leitores e das minhas leitoras, mas tu nem gostas de whisky e isto custa um balúrdio, portanto vai ser aberta quando se casar o meu primeiro filho e vai daí foi preciso casar entretanto, ir aprendendo a gostar de whisky (uma pedrinha só), esperar os nove mesitos que essa coisa do pré-natal demora e toma lá que é uma menina linda, linda, linda.

Hoje, mais logo pela tardinha, vou abrir a Ye Monks. A Anita casa amanhã, Sábado, e Sábado é mais dia para champanhe do que para (o quê, água lisa, gelo? nem pensar) whiskies. E cá estarão alguns amigos para me acompanhar num brinde à minha filha, ao seu marido e ao seu novo futuro.

No Sábado jorrará champanhe!

(coca-cola, tás mas é maluco)

sexta-feira, maio 01, 2009

Viva o 1º de Maio


Como a esperança é a última coisa que morrer no meu coração ergo uma bandeira vermelha pelos dois milhões de portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza e pelo meio milhão de desempregados. Vivam os trabalhadores de Portugal! Viva o 1º de Maio.

Entretanto... Bandiera Rossa


sexta-feira, abril 17, 2009

1415. 17 de Abril de 1969


Tive uma discussão enorme com ele. No final como de costume virei-lhe a costas. Não podia fazer outra coisa para não chegarmos a vias de facto. Na verdade nunca chegaríamos porque eu não sou violento. Uns gritos, uns apupos, umas pateadas, se for preciso ergo ao alto uns cartazes com uns dizeres mais acutilantes mas não entro em pancadaria. Foi sempre assim, não é cobardia é feitio. Ele diz-me que nem sempre fui assim e recorda-me, como quem me quer picar, os meus tempos de juventude, quando ainda estudante. E a discussão, que não começou aí, agudizou-se. Ele diz que tem melhor memória que eu e afirma que a idade é um posto. Coitado, apenas uns anitos mais velho e já pensa que é general. Enfim. Eram conversas sobre o Abril de 1969, sobre a crise académica, sobre o papel dos estudantes na sociedade, como Portugal nunca mais foi o mesmo e até de um golo de Eusébio se falou. Só que não valia a pena toda esta discussão. No final da contenda cada um ficou com a sua. Eu digo que o Alberto Martins está muito diferente daqueles gloriosos tempos das lutas académicas, da greve da academia, das justas reivindicações e principalmente do saber dizer NÃO sem medo e o meu espelho não tem a mesma opinião. Alguém entende os espelhos?
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E se forem descontrair um pouco no GT, hein?

Foto encontrada pela net, desconheço o autor.

sexta-feira, março 27, 2009

1401. Dia Mundial do Teatro


No silêncio. Um fogão de lenha a crepitar de onde se vislumbra uma pequena cortina de fumo a sair de uma panela de ferro meio escurecida. Numa mesa de tosca madeira, um marcador em linho já esgaçado. Um cesto com um pão partido e outro inteiro, dois copos ainda sujos de vinho. Uma garrafa de vidro branco meio cheia. Dois bancos, tão toscos como a tosca mesa de madeira no chão, meio desarrumados, indiciando que há pouco alguém os abandonou. Ao fundo da sala à direita, na penumbra da casa apenas alumiada aqui e além pelas pequenas línguas de labareda que teimam em se levantar das chapotas de azinho que ardem na lareira, uma cama. Parece descortinar-se um vulto mas não é certo que alguém ali esteja encostado. Do lado esquerdo da parede do fundo, uma porta em madeira verde escura, tanto quanto é possível descortinar a cor na semi-obscuridade da divisão, parece dar para um jardim. Mais perto da lareira, um gato preto e branco dorme enroscado em si mesmo.

Dois pequenos toques na porta quebram por instantes o silêncio do cenário. Depois duas palmadas de mão aberta fazem tremer ligeiramente a mesa onde se ouviu tiritar um copo contra a garrafa. O gato acordou. Finalmente uma sequência de pancadas, quase como que de aflição fazem até estremecer o palco.

Palco? Eu disse palco? Isto é o cenário para uma peça? Sendo assim terei de deixar a narrativa por aqui.

Ao palco quem é de palco.


PS. A foto que hoje exponho é do próprio PreDatado há quase 30 anos atrás numa das suas incursões em Café-Concerto. Achei engraçado colocar aqui nesta ligeira homenagem ao Dia Mundial do Teatro. Os restantes elementos da fotografia foram apagados para reserva da privacidade.
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Entretanto há glicinias aqui e a "terrivel" janette aqui.

quinta-feira, março 26, 2009

1400. Dia do livro português


Por detrás da porta do escritório tinha pendurado um pequeno cesto de minibasket e um caixote de lixo. Durante as manhãs dormia. As noites eram para escrever, as tardes para ler. Olhava para folhas de papel A4 em cima da mesa quase sem movimentar a cabeça. Alguém defronte dele, se lhe atentasse no rosto, veria um par de olhos em movimentos lentos da esquerda para a direita e rápidos da direita para a esquerda. Lia. Depois amarrotava a folha, fazia uma bola e jogava-a contra a tabela. Seguia lhe o percurso para ver se encestava. Eram mais as bolas de papel no chão do que no pequeno caixote de lixo. Folha a folha, a resma foi-se-lhe desaparecendo de cima da mesa.

Entrou sem bater à porta. Entrava sempre sem bater à porta mas desta vez teve de fazer um movimento de encolhe-barriga para não ser atingida por uma bola de papel. Sentou-se na cadeira em frente à secretária de mogno e arreou o pires. Trazia-lhe um cafezinho, como fazia todas as tardes, pontualmente às três e meia. Jorge tinha-se acostumado a um blend de arábica e robusta que lhe era preparado na Pérola do Brasil, a loja do Sr. Anselmo. Depois fumava, tranquilamente, uma cigarrilha Guantanamera, a única do dia, enquanto saboreava um Remy Martin. Nunca mais de cinco centilitros. Jorge é calmo, simples e metódico. Ela esperava sempre pelo final.

Eduarda era metódica também e sofisticada. Por isso despia o blazer com requinte e colocava-o, direito, nas costas da cadeira. A saia tomaria, seguindo uma norma mentalmente estabelecida, o mesmo destino. Sentava-se-lhe no colo para que fosse Jorge a desapertar-lhe a blusa enquanto se beijavam. Ele retirou os óculos e beijou-lhe o pescoço. Eduarda começava a cerrar os olhos e a deixar cair a cabeça quando reparou que da pressuposta resma apenas restavam meia dúzia de folhas. Sentiu um arrepio gelado na espinha e cometeu um imperdoável deslize. Fugiu à norma. Com a voz lânguida do prazer que começava a sentir sussurrou-lhe ao ouvido questionando-o, O Livro? Jorge perdeu a tesão.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

1366. Abraão, 200 anos


Não podia deixar passar o dia sem fazer referência à passagem dos 200 anos do nascimento Abraham Lincoln, um dos homens que mais admiro na história do Estados Unidos da América.
É-lhe atrinbuida a frase "Nenhum homem é bom o bastante para governar os outros sem o seu consentimento". Portanto senhores ditadores ou candidatos a isso, mesmo que de pacotilha, tirem o cavalo da chuva.

1364. Darwin, 200 anos



Obrigado Charles por me teres explicado que o meu tetravô era um chimpazé.

foto de primates.com

domingo, janeiro 18, 2009

1343. Foi há 25 anos


Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

José Carlos Ary dos Santos morreu há 25 anos, no dia 18 de Janeiro.