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segunda-feira, março 19, 2012

1602. Canto o fado

Mais uma vez, a gentil e sempre simpática Ana Rita, promoveu na sua Casa do Guizo, mais uma noite de fados. Como é “minha” tradição, não podia deixar de estar presente, pois normalmente não dispenso as entradas. Este ano faltou o queijo fresco de ovelha, mas em compensação houve cabeça de porco desfiada e temperada à maneira. O vinho era da Herdade dos Lagos, a condizer com o repasto que depois do creme de legumes fez brilhar o arroz de pato com passas. Tenho uma pequena crítica à sobremesa que este ano não fez jus ao local onde estávamos, isto é no Alentejo mais profundo, embora não se possa dizer que o crepe com chocolate quente fosse algo que não se pudesse comer. O caldo verde com que fomos brindados num dos intervalos da fadistada estava divinal, mas houve quem preferisse um chá com bolo de canela e garantiram-me que estava muito bom. Parabéns portanto à Ana Rita.

E os fados, perguntam vocês que já estão de água na boca com tanta comida. Pois este ano o elenco era constituído pela Ana Valadas e pelo Miguel Camões Martins, com o Toi Rui na guitarra e o Henrique Gabriel à viola. Da Ana eu ainda não tinha tido oportunidade de ter ouvido gravação, nem de ver ao vivo. Do Miguel já tinha cuscado uns tubos e tinha uma ideia. Ao vivo são ambos duas agradáveis presenças, e duas vozes muito bonitas, jovens, bem colocadas, não desafinam, estilam à sua maneira alguns fados tradicionais e não só, animam a assistência com fados mais populares e revisteiros, proporcionam uma noite que só para quem estivesse muito cansado de um dia inteiro na “aceifa” se deixaria cair nos braços de Morfeu. Mas como não estamos em tempo de colheita, toda a gente ouviu, o silêncio foi rei quando era do silêncio o trono e as vozes eram de coro quando era para acompanhar o que os fadistas pediam.

Não foi em Lisboa, a menina e moça, não foi na Mouraria onde um rufia canta ou as guitarras trinam, não fomos à segunda sessão de uma revista, mas já era madrugada quando finalmente adormecemos. E neste momento em que a esperança, apesar de tudo ainda não está perdida, nem tenho vontade de ter ciúme, mas onde a tristeza me invade pois a saudade já me atormenta, canto o fado!


PS. A Casa do Guizo, fica no Concelho de Mértola, a um pulinho de Moreanes, em Pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, tem uma estalagem de turismo rural e organiza vários tipos de eventos, incluindo festas de aniversário, casamentos e batizados. Para que a pub fique completa sem que a Ana Rita me tenha pedido nada, aqui fica o número de telefone:  286 655 171 Se forem para aqueles lados, entre Mértola e a Mina de S. Domingos, experimentem porque vale a pena. O site está aqui http://www.casadoguizo.pt/

domingo, novembro 27, 2011

1596. Fado


Fátima, fados e futebol é o que mais tenho lido nos blogs desde que há poucas horas foi anunciado Fado como Património Imaterial da Humanidade (seja lá o que isso for). Bem sei que os governos se aproveitam de factos colaterais para nos desviar a atenção do fundamental, mas acho que não é por aí, pelo aproveitamento dos blogs de esquerda desta nomeação do fado que se faz a luta política, alguns mesmo invocando a satisfação que Salazar deve estar a ter no túmulo neste dia de hoje. Não sou dos que viraram ou vão virar abstémios só porque Salazar considerava que beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, nem a coca-cola faz ou vai fazer parte da minha dieta só porque Salazar a proibia. Sou católico, devoto de Fátima, benfiquista até mais não e um grande amante de fado, frequentando casas de fado, comprando discos e privilegiando as rádios que o passam. Isso nunca me impediu de ser um combatente anti-fascista, de ser militante de esquerda, de lutar pelos direitos de quem trabalha, de lutar pela liberdade. Como diria o poeta, meu caros bloguistas (que hoje são até mais de esquerda, apesar de terem apoiado a assinatura do MoU com a troika), não, não vou por aí.

sexta-feira, novembro 25, 2011

1595. Trapo azul




Mais uma vez no Trapo Azul. A noite foi de fados como é praticamente sempre na última quinta-feira de cada mês (em dezembro será excecionalmente no dia 22). Come-se bem neste restaurante da Capitão Leitão em Almada e o José Raposo, sabe da coisa, desde há 17 anos no Trapo.






Vários foram os fadistas que por lá passaram onde entre outro pontificaram o António Cruz, o José Bolinhas, o Zeferino António, o Carlos Cruz. Dos “educandos” do António Cruz, brilharam a Anabela Jerónimo, a Ofélia Silva, o José Inácio, o Teófilo Araújo e a Maria José Capote. Todos acompanhados à guitarra e à viola, pelo Manel e pelo Fernando. Eu, que comi uma belíssima costeleta de novilho no carvão acompanhada do tintinho da ordem, fui tirando umas fotos. As fotos não cantam o fado mas vão mostrando o estilo. Para mais tarde recordar.




segunda-feira, março 08, 2010

1523. O fado é um gajo porreiro



Primeiro, o jantar. O arroz de coentros fez uma excelente companhia à batatinha assada e à salada de alface, no adorno ao (tenríssimo) lombo de porco no forno. As entradas com pequenos pastéis de bacalhau, queijo de cabra e de ovelha, paio da região, a macedónia de cenouras com molho vinagrete, as azeitonas com orégãos já nos tinham deixado de água na boca. A simpatia e, porque não, o profissionalismo da Ana Rita, da Sandra e das outras pequenas que nos serviram não deixaram por mãos alheias os créditos que lhes são devidos. Quanta à rega, ela foi feita com João Pires branco, um terras do Sado escorreito e claro com um alentejano de estalar os lábios, um tinto da Herdade de Lagos no Vale de Açor, Mértola.

Segundo, o fado. Eu gosto de fado de todas as qualidades. Quero dizer eu gosto de ouvir cantar o fado, seja em vinil ou em cedê de plástico, seja no carro ou na hi-fi, seja na TV ou na telefonia. Se eu tiver à minha frente um prato de bacalhau assado, temperado com o belo azeite português, alho, pimenta e coentros picados e também um jarro de vinho tinto e um copo de vidro grosso, ponho a rodar um disco dos saudosos Manuel de Almeida ou Fernando Maurício já que é impossível voltar a tê-los em cartaz. Quem esteve em cartaz foram os, por mim até à data não conhecidos, Ana Tareco e Carlos Filipe. Se o Carlos é de Santarém, cidade com largas tradições fadistas já a Ana é uma fadista de Beja, cidade onde normal e naturalmente pontifica o Cante. Mas esta voz rendeu-se, e muito bem digo eu, à sedução do Menor, do Corrido e do Mouraria e desatou a cantar o fado. Ambos mereceram um fortíssimo BRAVO da assistência que enchia por completo as mesas.




Finalmente, mas não menos importante, a mesa. O Zé Augusto e a Cristina, A Paula e o Fernando, O Álvaro e a São e a Maria José e eu comemos, rimos, acompanhamos com larilolé, com certeza, e batemos palminhas. Alguns mais bêbados do que outros mas todos colhemos a rosa branca, estivemos numa casa portuguesa, perguntamos à comadre Maria Benta pelo seu filho e terminamos (sem dó) na maior.

E agora é que é finalmente mesmo, para deixar registado que tudo isto se passou na Casa do Guizo, Monte do Guizo, Mértola. Parabéns Ana Rita pela organização do evento, pela qualidade e como já se disse pela simpatia.

segunda-feira, agosto 24, 2009

1474. Fado - uma das minhas paixões

Na verdade não quero que pensem que estou aqui a dar graxa, a donner de la graxe, giving graxation, geben graxichen ou a rasgar seda (mania de complicar né mesmo, mermão?). Eu sei e já tenho afirmado que O PreDatado é o blog que tem os melhores leitores do mundo e, por certo ninguém me desmentirá, também os mais cultos. Obviamente que nem todos terão o mesmo grau de conhecimento em todas as matérias mas é esse ecletismo de cognição, atrever-me-ia mesmo a designar por esse boião de cultura e, se não considerarem exagero meu, até me referiria a esse mix de experiências civilizacionais que honra e prestigia este humilde blog que foi criado no intuito, único e exclusivo, de ser pasto para alguns dos vossos momentos de ócio, ou quando já não houver mais livros do tio Patinhas para ler na prateleira do móvel livreiro da casa de banho, ou ainda para quando acaba o programa da Marta Croft no TVI24.

Posta que foi a brevíssima introdução supra, eu sei que vós merecíeis muito mais, vamos lá ao que interessa mesmo e sobre o qual eu quero a vossa ajuda. Lucília do Carmo foi uma tremenda fadista que malogradamente faleceu há já 10 anos atrás. Dentro da sua vasta discografia consta o fado Loucura. Neste fado, de letra lindíssima, Lucília do Carmo cantava o seguinte refrão:

Chorai, Chorai

Guitarras da minha terra

O vosso pranto encerra

Minha vida amargurada.

E se é loucura amar-te desta maneira

Quer eu queira quer não queira

Não posso amar-te calada.

Ora ontem assisti a um espectáculo da linda Ana Moura (vide PS) onde esta cantou Loucura que eu conheço como Loucura (sou do Fado) cuja primeira vez que o ouvi foi na voz de Carlos do Carmo, filho de Lucília do Carmo e que, no entanto, Ana Moura atribuiu a Lucília do Carmo. Embora utilizando o mesmo arranjo musical, a letra é completamente diferente sendo que o refrão é:

Chorai, Chorai

Poetas do meu país

Troncos da mesma raiz

Da vida que nos juntou.

E se vocês não estivessem ao meu lado

Então não havia fado,

Nem fadistas como eu sou.

E agora pergunto eu: entre os meus leitores e as minhas leitoras há alguém que me consiga informar se o fado Loucura (Sou do Fado), este último, é mesmo da autoria de Lucília do Carmo, ou então, conhecem alguma gravação de Lucília do Carmo cantado esta versão de Loucura? Porque da primeira versão tenho eu e se ficar em branco nesta resposta até as minhas guitarras vão chorar.

PS. Ontem assisti ao concerto de Ana Moura nas festas de Corroios. Eu chamei-lhe linda porque de facto o é. É-o como mulher mas isso não vem ou caso ou se calhar até vem. Deixemos assim. Linda como fadista, pela qualidade da sua voz, pela qualidade do seu repertório, pela qualidade dos músicos que a acompanham, pelo rigor do traje, pela atitude em palco. Linda como pessoa, pela sua humildade. E é este ponto que hoje trago à colação, mesmo correndo o risco deste post scriptum poder ficar mais ou menos chato. O Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Corroios e a Comissão das Festas de Corroios (não sei se é assim que se chama) que tão boa conta costumam dar (e têm dado), do recado com uma “feira” bem organizada, variada na oferta e divertida, diga-se em abono da verdade, com espectáculos de qualidade todos os anos, a qual os do presente ano confirmam e culminam, não poderia criar uma prerrogativa entre os feirante para que, quando um espectáculo do nível e do âmbito do da Ana Moura, todas as outras barracas e locais de diversão desligassem a música? Não custava nada, pois seria pouco mais de 1h30m e escusava de se ter misturado Búzios com Quim Barreiros, Loucura com Emanuel, Aconteceu com Rute Marlene e o meu amigo João com Nelson Ned. Não fosse a humildade que enobrece os grandes e estou convencido que Ana Moura se teria recusado a cantar. Para rever. Se alguém lhe puder chegar este recadinho (ao presidente da Junta, claro), agradecia.

Foto de Lucília do Carmo retirada da net, onde consta em vários blogs e artigos a seu respeito.