sexta-feira, setembro 15, 2006

1038. Correio (quase) sentimental
(ou as coisas que verdadeiramente atormentam o dia a dia do Pré)


Deixei acabar o descafeinado o que me obrigou a tomar uma bica de café. Será que devo ir confessar-me?

Comprei uma ventoinha no passado mês de Junho, mas agora o calor está a diminuir e ela deixou de ter a utilidade daqueles tempos. Haverá algum argumento que convença o dono da loja a aceitar uma devolução?

A minha calculadora utiliza o ponto decimal em vez da portuguesa vírgula. Já não posso olhar para ela e ler cento e trinta e seis ponto vinte sete. Acho que estou a entrar em depressão. O que devo fazer? Um amigo meu aconselhou-me a fazer as contas de cabeça. Será que ele tem razão?

Tenho uma tendência compulsiva a, quando acordo, vir ligar o computador e ler A Bola on-line. Entretanto comecei a notar que tenho mais cabelos brancos. Estou com medo de ficar careca. Seria melhor eu mudar de champô?

Adoro seguir a para e passo a evolução das Bolsas mundiais. Como não tenho acções nem outros títulos cotados em bolsa, cheguei à conclusão que essa mania de seguir a evolução bolsista pode ser paranóia. Já me aconselharam a tomar chá verde antes de me deitar, mas tenho medo de perder a pica. Devo ficar desesperado ou esperar que a síndrome Bill Gates se cure com o tempo?

Uma das coisas que gosto é de escrever aqui no blog. Tem dias que só me vêm à cabeça merdas como as que acabei de escrever. Por vezes, ao lavar a cabeça, sai-me cá de dentro um Monty Python. Definitivamente só pode ser do champô. Acham que deveria ler coisas mais sérias tipo A Bola on-line?

quinta-feira, setembro 14, 2006

1037. Ninguém me encomendou o sermão
(mas o Tiago e o João merecem que a gente dê uma mãozinha)


Você mora por estas bandas? Você gosta de um bar agradável com música ao vivo? Você quer aproveitar as últimas noites do Verão com um olho no copo e outro no palco? Então BoraLá. Amanhã dia 15 no Palco Aberto do BoraLá Bar, em Sta. Marta do Pinhal, em Corroios, vão lá estar os SKUARL ao vivo. Eu vou lá ver e ouvir. Você também está convidada / o.

terça-feira, setembro 12, 2006

1036. Eu também andei na Escola do Bairro

Foi nesta escola que eu fiz a instrução primária. Vejam como está bonitinha. Na primeira classe ganhei o primeiro prémio na aritmética e a taça da tabuada. Na segunda classe levei as primeiras três reguadas por não saber um sinónimo no texto “A lebre e o sapo concho”. Na terceira classe fiz virar o feitiço contra o feiticeiro. A professora castigava com a palmatória quem não fizesse os trabalhos de casa. O meu primo João não fez. Tirado à sorte o nome entre os que fizeram, calhou-me a mim ser eu a castigá-lo. De imediato as lágrimas correram-me pela face. Na impossibilidade de renunciar, decidi que deixaria cair a régua na palma da mão do João, fazendo “mão-morta”. Pisquei-lhe o olho e pronto. Ele fingiu que lhe doeu. A professora é que não foi na nossa treta e acabamos por comer os dois na medida grossa: seis a cada um. Ainda tenho as mãos a arder. Na quarta classe fui colega de um (hoje) famoso artista da margem sul que me decorava sempre a primeira página dos cadernos novos. Tenho pena de não ter guardado nenhum desenho do meu amigo Jorge Pé-Curto. E ainda me lembro de subirmos o muro de uma das casas do bairro para apanharmos nêsperas, de colher as flores de mel e virmos a chupar pelo caminho, da minha bata impecavelmente branca à ida, graças ao labor da minha preciosa mãe e de voltar com ela toda cagada, graças à redondinha, de me roubarem a minha primeira caneta de tinta permanente no dia em que a estreei, das provas de passagem nas grandes folhas de linha com margem dobrada. Do pátio do recreio e do “minha senhora posso ir lá fora fazer xixi?” Por falar nisso, vou ali à retrete e já venho.

Foto daqui.

segunda-feira, setembro 11, 2006

1035. 11-09 Contra todos os terrorismos

Não, não é demais lembrar. Em 11 de Setembro de 1973, Salvador Allende morre heroicamente, defendendo o seu cargo, para o qual foi democraticamente eleito, no próprio palácio presidencial de La Moneda. Augusto Pinochet lidera um golpe de estado de extrema-direita, contra um presidente marxista, como marioneta de Frank Carlucci, da CIA e do Estados Unidos da América. Em memória de todas a vítimas deste acto terrorista e de todas a vítimas da sanha fascista que se lhe seguiu, os meus mais sinceros respeitos. Contra todas as formas de terrorismo!
1034. 11-09 Contra todos os terrorismos

Não, não é demais lembrar. Faz hoje 5 anos que um dos maiores assassinos dos tempos modernos, “criado” e treinado pelos Estados Unidos da América mordeu na mão de quem lhe dava de comer. Em memória das quase 3.000 vítimas, os meus sinceros respeitos. Contra todas as formas de terrorismos!

sexta-feira, setembro 08, 2006

1033. Incursões
(onde o Pre tenta meter a mão numa seara que não é sua e que talvez nem seja bem uma incursão, mas sim uma excursão, um passeio pelo campo dos poetas)


Não, não és poeta se não tiveres a sensibilidade de uma pétala.
Não, não és poeta se não tomares banho com uma só lágrima.
Não, não és poeta se não sorrires em linhas de tristeza.
Não, não és poeta se não fingires que doi a dor que não tens.
Não, não és poeta se não rimares pobreza com pão.
Não, não és poeta se não vês na tulipa uma vulva.
Não, não és poeta se para ti a brisa não tem cor.
Não, não és poeta se não cantares Apolo.
Não, não és poeta se não voares como o condor.
Não, não és poeta se não te deitas sobre o quarto-minguante.
Não, não és poeta se só vires brevidade no relâmpago.
Não, não és poeta se não dramatizas o teu corpo, não cantas a vida ou a morte, não mentes à rima que perdeste.
Não, não és poeta se não souberes caminhar em sentido contrário ao dos ponteiros de um relógio.
Não, não és poeta se não reinventares o amor!


PS. A minha amiga Dinny de Cuiabá no Mato Grosso disse-me que andava com uma “crise de inspiração”. E mandou-me um poema com várias interrogações à sua veia poética. Pediu-me um comentário e eu concedi-lho. O que me saiu foi o texto que acima publiquei. Não sei se te respondi Dinny. Mas tentei, né?

quinta-feira, setembro 07, 2006


1032. Amo-te
(onde o Pré mostra que apesar de não ter jeito para escrever cartas de amor, viciado que está em e-mails e SMS, não perde a ocasião para lhe dizer o quanto a ama)


Hoje escrevo só para ti. Os meus restantes leitores e leitoras que me desculpem. Escrevo-te para te dizer que te amo. Bem sei que não seria preciso fazê-lo pois que to digo bastas vezes. Sei também que registá-lo em letra de forma não aumentará um micronésio, sequer, a esse amor. Já to demonstrei tantas e tantas vezes, em tantas e tantas ocasiões que vir hoje aqui afirmá-lo mais uma vez nada acrescenta na nossa relação. Mas hoje é um dia especial, é a comemoração de um dia que tanto desejamos, de um dia que juntos planeamos e de um dia que concretizamos. E porque esse dia marcou para sempre a nossa vida deve ser comemorado. Ergamos, portanto, as nossas taças, façamos transbordar o champanhe, bebamos de copos cruzados e partilhemos os nossos segredos. E assim uma vez mais refaçamos os votos que fizemos há 26 anos. E que continuemos a fazê-lo enquanto os Céus o permitirem. Eu te amo, paixão. Eu te amo, mulher da minha vida. Eu te amo, meu amor.

quarta-feira, setembro 06, 2006

1031. As Ciatísiadas - Canto I, 1-2
(onde o Pré epicamente vai resistindo à dor que o apoquenta e até tem espírito para se revelar camoniano)

O mau estar das dores aqui ferradas
Que da L-4 e L-5 são origem,
Nos nervos ciáticos são dentadas
Que passam do desconforto à vertigem.
Em fracas e débeis costas alojadas
Nada mais resta que rezar à Virgem.
E entre a água quente e o Nolotil
Rogo pragas a esta sorte vil.

E também são as escadas, perigosas
E a cadeira não se pode aguentar,
Nem a cama. E das cousas (sim! as mais deliciosas),
Por agora, o melhor é nem pensar.
Sabendo que tod’ os espinhos têm rosas
De melhores dias terei que esperar.
Mas uns textos escreverei (não um por dia),
Se a tanto me ajudar a fisioterapia.


O PreDatado, in As Ciatísiadas
1ª edição em Janeiro de 2002

Copyright (all right?)

sábado, setembro 02, 2006

1030. Pré com Chico Zé
(um titulo a rimar, onde o Pré propõe a música dos “olhos castanhos” do Francisco José, numa ignóbil cópia aos temas que a karla sugere e faz uma pessoal leitura da foto que roubou ao post do nikonman. Como a foto é de Patrick Parenteau, ladrão que rouba a ladrão….)


















Teus lábios vermelhos
De encantos tamanhos
São pecados meus
Morangos fulgentes
Cerejas luzentes
E o caso Mateus.
E o chapéu-de-chuva
Assenta-te como luva
E essa sombra então…
Realça o verniz.
Do K(apa) se diz
Que foi prá prisão.

Lábios azuis são exóticos
E eu só um gajo careta.
Lábios pretos são prós góticos
Plutão já não é planeta.
Lábios verdes é coisa quente
Mas já sei que tu não topas
E no médio-oriente,
Vermelhos! Dão tusa às tropas.

Teus lábios vermelhos
De encantos tamanhos
Melhor que geleia.
Para lamber, talvez,
Em noite de estreia
Do Voo 93.
Falar da Natasha, não
Nem do urânio do Irão
Ou das salas de chuto.
Vestes preto pela manhã
Matas em catamaran
Mas não estás de luto.

Lábios azuis são exóticos
E eu só um gajo careta.
Lábios pretos são prós góticos
Plutão já não é planeta.
Lábios verdes é coisa quente
Mas já sei que tu não topas
E no médio-oriente,
Vermelhos! Dão tusa às tropas.

PS. O subtítulo deve ser encarado como uma brincadeira e sei que o João Espinho não levará a mal. Se há aqui algum ladrão de fotos sou eu. "Sei que pareço um ladrão/ mas há outros que eu conheço/ que não parecendo o que são/ são aquilo que eu pareço").

sexta-feira, setembro 01, 2006

1029. Pano de Fundo
(será, a normalidade, reaccionária?)

Durante vários anos fui comprando livros. Primeiro os obrigatórios, aqueles que o professor mandava comprar, depois por livre e explícita vontade. Cedo aprendi a ler e a escrever e, com 5 anos de idade, ainda não havia computadores no meu tempo, já eu colocava a preceito folhas de papel na máquina de escrever e ensaiava as primeiras teclas. Com a minha caixa de lápis de cor Viarco, rabiscava desenhos para os quais nunca tive uma inata habilidade, mas que coloriam as folhas que me eram dadas. Fosse nos cadernos, nos desenhos, ou nos livros, o fundo branco era a norma. Leio até de pernas para o ar, capacidade adquirida a ler jornais dos outros e, apesar de dextro, consigo alinhar algumas palavras com a mão esquerda. Ao que eu nunca me consegui habituar foi a ler palavras claras em fundo escuro. Fico com os olhos cansados e, quando acabo de ler, no espaço ficam a bailar linhas brancas sobre pano preto até que consiga de novo ver com normalidade. É por isso que, com muita pena minha, aos poucos começo a deixar de ler blogs, confesso que de bons textos, que se me apresentam na tela com essas características. Sei que se os seus autores esses templates escolhem é porque gostam e porque terão uma noção de estética quiçá mais apurada que a minha. Mas tenho pena de os não conseguir ler.

quarta-feira, agosto 30, 2006

1028. O Mistério da Perfumaria
(onde o Pré esclarece como aproveitar o tempo que lhe é dado de bandeja e também cisma sobre velhas superstições)





A propósito do meu post 1025 abaixo editado, alguns comentadores se indagavam como seria possível ter eu tempo para tanta coisa. Alguns, escreveram-me e-mails aconselhando-me a abrir uma Clínica de Gestão do Tempo, outros, que eu deveria dar Conferências ou organizar Seminários sobre o tema e houve até, não digo qual, um director de uma Faculdade que me pediu para que eu fizesse um currículo e uma descrição programática para uma nova cadeira num Curso de Engenharia. Confesso-vos que um dos meus leitores caiu até no exagero de me tratar por Mestre e num dos telefonemas que recebi uma voz feminina de alto potencial engatador perguntava, posso falar com o Professor PreDatado, é o próprio respondi e, juro-vos só não levamos a coisa mais adiante por manifesta falta de tempo. Paradoxos!
Como achei quase todas estas reacções exageradas, excepto as dos meus comentadores no blog, os quais prezo demais para renunciar à sua intervenção ( I have a dream – ter mais de 20 comentários num post) e, na impossibilidade de responder a cada um individualmente, não por falta de tempo, mas sim de criatividade, venho por este meio esclarecer o mistério que tantos vos apoquentou. É que o calendário que eu uso tem 32 dias em Agosto. Bem sei que o “dia duplicado” é o dia 13, mas é tudo uma questão de sorte. Se fosse o dia 31 tenho a certeza que o meu patrão se iria atrasar 1 dia para me pagar o ordenado. E agora, beijinhos e abraços.

terça-feira, agosto 29, 2006

1027. Aviso Prévio: ninguém tem nada com isso
(apenas estados de alma)

Se eu tivesse dívidas a pagar não cantaria

“Fado Triste
Fado negro das vielas
Onde a noite quando passa
Leva mais tempo a passar…”

porque, diz o povo, “tristezas não pagam dívidas”.

Mas como tenho as contas em dia…

segunda-feira, agosto 28, 2006

1026. Pre-depressão
(dilemas)

Eu, que cada vez mais acho a vida uma chatice, não encaro com bons olhos a morte. Dada a desgraçada dor, que há dias me atormenta, não sei em que posição me deitariam que me deixasse confortável. Merda para os dilemas.

sábado, agosto 26, 2006

1025. Esclarecimento
(onde o Pré confessa que ouve todas as explicações sobre os incêndios, por António Costa e explica coisas, como por exemplo a subtracção como operação inversa da adição e fala de gajas nuas)

Estas minhas intermitências da escrita têm para mim razões que a razão conhece. Não fora já razão suficiente o estarmos no mês de Agosto para actualizar este blog, que é como quem diz, quem escreve, escreve para alguém, a verdade é que em Agosto a maioria dos alguéns pirou-se da blogosfera, como ainda outras se lhe juntaram e que passo a descriminar. O mês de Agosto (já referido) não afecta só os outros. Aqui o Je – que é como quem diz, Eu, I, Yo, Ich (só Banco se diz apenas Caixa) – também não tem dispensado uns mergulhos nas límpidas, embora frias, águas da Caparica o que lhe tem ocupado praticamente todas as manhãs. As tardes, quentes e secas convidam a uma soneca e, palavra de honra, se por acaso desse direito a um sorteio anual como aqueles das Selecções do Reader’s Digest, ou a descontos de 5 cêntimos por litro de combustível, como as compras no Continente, já me teria inscrito no Clube da Sesta. A somar à falta de tempo, para quem sabe de matemática é equivalente a dizer a subtrair ao tempo restante, estou a dar explicações de Álgebra a umas meninas que querem passar na 2ª época lá da faculdade delas. E mais, como não estou de férias, ainda junto algumas horas (que é como quem diz, subtraio, basta ter em conta o sinal), a trabalhar no meu métier. Só que não contente com isso, ando a ler em simultâneo, quer dizer intercaladamente pois que apesar de ter 2 olhinhos, embora míopes, não dá para estar com um numa página e o outro na outra, O Código de Avintes, O Tempo dos Espelhos do murcón que por acaso também tem um blog e Maya – o romance da criação do, para mim, imprescindível filósofo Jostein Gaarder. Papo todos os jogos do Benfica, as conferências de imprensa do Valentim Loureiro, as entrevistas do Soares Franco e do Filipe Vieira, as explicações dos incêndios por António Costa, as explicações dos incêndios por António Costa e mais explicações dos incêndios por António Costa. Propus-me fazer uns arranjos cá em casa, colocar uns candeeiros, umas prateleiras para arrecadações e finalmente tomar mais comprimidos de Nolotil e Donulide para contra-atacar a ciática que ontem me deixou paralisado entre o sofá e a cama. E se não fossem estas malditas dores que me enviaram logo às 6 da manhã para frente do computador, arrancando-me do doce leito, onde já não havia posição que me confortasse e, eu teria passado mais um dia sem botar escritadura neste espaço que é meu, mas que também é vosso. Há até males que vêm por bem.

PS. Um dia destes irei colocar aqui umas fotos de gajas nuas. Na blogosfera ainda não encontrei nenhum site que o fizesse. Aposto que vai ser um êxito.

quarta-feira, agosto 23, 2006

1024. Com bolinha vermelha no canto superior direito.

(onde o Pré que ainda não era Pré se faz recordar aulas de Português em que estava mais com a cabeça na coisa do que a meter coisas na cabeça; Post não aconselhável à leitura por pessoas cuja sensibilidade não lhes permite distinguir um cacete de uma pilinha).


Às vezes o que venho aqui editar tem como inspiração outras leituras. Desta vez, a propósito de um capítulo do Código de Avintes, que estou a ler, lembrei-me que a mim, aí por volta dos meus 15 anos, me fazia espécie como é que certos casais adultos encaravam o sexo. Mais propriamente como é que seria a relação entre ambos, uma vez na cama. Lembro-me de ter um casal de professores, ele de Geografia e ela de Português, pessoas eruditas e muito conservadoras, já não muito jovens (aos olhos de um puto, qualquer quarentão é velho, cota como hoje se diz), formais no trato entre eles e na relação com os alunos. Será que faziam amor ou copulavam? Davam uma queca ou acasalavam? Estariam no coito ou a fornicar? Ele estava a comê-la ou a fodê-la? Além disso o que diriam um ao outro? Ai, tens uma vagina deveras apertada. Cuidado amor ao penetrares porque o teu pénis está a magoar-me. Posso introduzir o pénis todo ou preferes apenas a glande. Queres uma sucção no viril membro? Vem, movimenta a tua língua à volta do meu clítoris e dos lábios vaginais. Ai que me ejaculo no teu canal uterino. Porra mas esta merda daria alguma tusa? Ou será que pelo facto de ela me ensinar a interpretar Os Lusíadas outros valores mais alto se alevantavam e eles passavam mesmo o Bojador? Pénis me penetrem pela cavidade anal (que é como quem diz, caralhos me fodam) se alguma vez eu vou entender os adultos …

domingo, agosto 20, 2006

1023. Lista dos (meus) Devedores
Esta lista é provisória e poderá ser actualizada a qualquer instante


S.L. Benfica – Vários campeonatos e algumas taças
Estradas de Portugal – Um IC entre Castro Verde e Mértola
Cavaco, Guterres, Durão e Sócrates – As promessas não cumpridas
Zacarias F. – 25 cinco tostões que lhe emprestei em 1971
Ministério das Finanças – Reembolso do IRS de 2005
Justiça Portuguesa – transparência e celeridade
Educação – Um ministro a sério
Câmara do Seixal/Câmara de Almada – A rua atrás do meu prédio
TVI – Um (só um mesmo) programa de televisão.

sexta-feira, agosto 18, 2006

1022. Um abraço do tamanho do mundo


Para todas e todos que, pelo telefone, por SMS, por e-mail, via Orkut, em postal e pessoalmente, me felicitaram pelo meu aniversário com palavras e gestos que me encheram o coração.

Quero, também, deixar uma nota de apreço ao Ante e Post e aos seus autores, com um especial beijo para a Karla, pelo carinho com que me trataram (e que me tratam no dia a dia).

quinta-feira, agosto 17, 2006

1021. Quase que apostava que…

… os que, aqui na blogosfera e nos média portugueses, têm criticado Fidel Castro e o seu regime, estiveram a escutar embevecidos a entrevista de Judite de Sousa à filha de Marcelo Caetano, esse arauto da democracia que até se dignou acabar com a PIDE. Ontem, hoje e amanhã não faltaram, nem faltarão editoriais elogiando tão primaveril figura.

terça-feira, agosto 15, 2006

1020. E no entanto eles “andem” aí
(Onde o Pré reflecte sobre a pobreza do seu álbum de fotografias e mostra o orgulho de ter tido uma vez o currículo enriquecido)


As minhas relações pessoais com figuras públicas são completamente insignificantes. Talvez os dedos das duas mãos sejam demasiados para contá-las. Não me refiro a ter amigos mas sim a conhecimento pessoal (exclui-o a visualização televisiva). Senão vejamos. Da política conheci e conversei algumas vezes com um ex-primeiro-ministro e fui colega de liceu e amigo de juventude de um outro. Mas a questão nem é exactamente contactar com eles. É mesmo vê-los ao vivo e a cores. Eu nunca vi, nem de longe nem de perto, nenhum presidente da República, nenhum outro primeiro-ministro que os dois acima referidos, nem nenhum das dezenas de ministros que já tivemos. Viajei uma vez, lado a lado, de Bruxelas para Lisboa com um ex-secretário de estado e conheço pessoalmente outro. Para as centenas que já tivemos, reconheço que são poucos. O mesmo se poderia dizer dos milhares de deputados que já passaram quer pela Assembleia Nacional do tempo da outra senhora quer pela Assembleia da República. Só dois, apenas doizinhos. Um, vi-o numa missa a que assisti e outro passei por ele numa praia do Algarve. No mundo da cultura e das artes e do desporto o panorama não é muito diferente. Tirando os espectáculos ao vivo e os jogos a que assisto, poucas são as pessoas com quem já me cruzei na rua. Almocei uma vez num restaurante onde, ao meu lado, almoçava o Manoel de Oliveira e conversei muitos quinze minutos com Canto e Castro nas viagens de cacilheiro de Lisboa para Cacilhas. Conheço, desde miúdo, o vocalista dos UHF e cruzei-me num centro comercial com o jogador Mário Jardel. É verdade, também estive uma vez à conversa com o Ricardo Araújo Pereira. E é quase tudo no que diz respeito a minha presença simultânea no mesmo espaço com as figuras do mundo social, político e artístico. Mas tenho uma coroa de glória, ah isso é que tenho. Embora tivesse estado a conversar mais de dez minutos com ela antes de saber de quem se tratava, posso vos dizer que me encheu de orgulho conhecer uma certa pessoa importante. Refiro-me à Encandescente que tem o melhor (para mim, o melhor) blog de poesia da blogosfera portuguesa. Digam lá se não vale a pena conhecer pessoas assim?

segunda-feira, agosto 14, 2006

1019. Cuba e nosotros
(Onde o Pre se indigna com quem não devia pois é dar importância demais a quem não tem importância nenhuma)

Não se pode pedir a um jornalista, reconhecidamente reaccionário e director de um jornal propriedade do maior capitalista português que defenda o regime Cubano. Eu próprio, sem ser nem uma coisa na outra, não o defendo. Apenas o compreendo o que não me inibe de o criticar quando para tal sou solicitado. Mas pode-se sugerir que o jornalista seja honesto ou, como está na moda dizer-se, intelectualmente honesto. È só o que eu sugiro, sei que em vão, a José Manuel Fernandes (JMF). Para que o Público, que eu lia assiduamente em tempos e que acompanhei desde o primeiro número e ao longo de vários anos, pudesse voltar a ser comprado por mim não apenas quando me falta o papel higiénico em casa.
Esta introdução é para referir o editorial de domingo no supra referido pasquim onde para além de uma soberba ficção sobre o que faria ou não Luís Buñuel se fosse vivo (como se o pensamento de Buñuel pudesse alguma vez ser comandado pela atrofiada linha de raciocínio de JMF) acerca das dinastias comunistas, como ele lhe chama. E com um título a dar ao bom cinéfilo escreve JMF, se não exactamente uma carrada de asneiras, um bom punhado de jargões de honestidade duvidosa, sobre Cuba e Fidel Castro. Fala nas “ruas tristes de Havana”. O JMF esteve em Havana ou na Avenida de Roma, na rua dos Fanqueiros, na avenida de Ceuta ou em mais de um milhar de tristes ruas Lisboetas? Conhece ruas mais tristes do que as da sua capital? A não ser que quando refere a tristes ruas de Havana esteja com o pensamento na alegria dos tiroteios na 24 de Julho de sexta feira à noite, nas cenas de pancadaria nos bares do Cais do Sodré, dos assaltos à mão armada em ourivesarias e agência bancárias da nossa cidade, nos roubos por esticão em qualquer rua, avenida ou beco cá do burgo. Haja alegria! Esteve mesmo em Havana ou contaram-lhe? Fala na “dificuldade de comprar aspirinas”. Mau exemplo JMF. O senhor está a falar do país do ocidente mais evoluído em termos de saúde pública.Com certeza não teve nenhuma dor de cabeça em Cuba, nem conhece os acordos entre a Bayer e o seu inimigo (seu, do JMF) Fidel Castro. Informe-se que eu não tenho obrigação de o fazer. Mas provavelmente não estava a falar de Cuba. Talvez de Portugal onde há dois milhões de seres que, esses sim, têm muita dificuldade em encontrar aspirinas. Talvez até outras coisas de maior necessidade. Fala nas “cadernetas de racionamento”, pois que as há sim senhor. E os dois milhões de Portugueses que acima referi agradeceriam, com certeza, uma igual. Para nesta sua (sua, do JMF) democracia, poderem comprar o feijão, o arroz, o açúcar, o pão, o leite, a farinha. E para poderem pagar a luz, a água, o gás, o telefone e a renda de casa. È que consta que muitos destes (dos tais 2 milhões, Sr JMF) não ganham nem para a renda de casa. Se o ganhassem Sr. JMF o senhor nunca ouviria falar dos nossos 300 mil sem abrigo, não era? O senhor não acha normal que “Fidel, em particular, seja tratado com recursos a que nenhum cidadão comum pode sequer ter acesso”. Eu também não acho isso normal, valha a verdade. É por essa razão que eu tanto critico Fidel por isso, como critico a utilização de uma suite presidencial de 340 contos a diária nas férias algarvias do chefe da nossa, tão amada por si, democracia. É que são recursos a que nenhum cidadão comum tem acesso, percebe?
Entre outras palermices fala JMF das deslocações à boleia por falta de bons transportes públicos. Eu confirmo, é verdade! Há maus transportes públicos em Cuba. Já na nossa democracia há bons transportes públicos, daqueles que JMF não usa porque não precisa. Daqueles que em hora de ponta levam duzentas pessoas como se fossem latas de sardinha. Daqueles que volta e meia, porque comprados, sabe-se lá ao abrigo de que interesses, a outras democracias ocidentais como a alemã, em segunda mão e que já não servem nesses países, se espetam frequentemente contra os candeeiros de Lisboa. Daqueles em que um bilhete entre duas paragens custa mais de 1 Euro. E que, mesmo assim, tão bons, modernos e acessíveis, não são usados por uma grande maioria dos tais 2 milhões que não têm recursos a eles. E que sem boleia (veja o espírito de solidariedade que se cria na sua douta democracia) têm de se deslocar bastos quilómetros a pé. Já agora Sr. JMF alguma vez saiu de Lisboa? Conhece os transportes públicos portugueses nas mais diversas vilas e aldeias?

É por estas e por outras que eu considero que o editorial não é honesto. Falar do que de mal tem Cuba com o exemplo que tem em sua própria casa é de muita pobreza intelectual. E há tanta coisa de que se poderia falar para criticar Cuba e Fidel. Mas com gente deste tipo não faço coro.

sábado, agosto 12, 2006

1018. Pequenos acidentes
(onde o Pré arranja motivo para um post, deixando os grandes acontecimentos da humanidade de fora, a cargo de especialistas)


Este calor provoca uma reacção de moleza nos meus gatos. Há gatos deitados ao comprido por tudo quanto é casa. A ventoinha ligada é um convite para os bicharocos. Não tão perto quanto poderiam, dado o receio e a desconfiança de tal objecto mas, estrategicamente colocados onde a corrente de ar lhes torna o local aprazível. Um dos donos (eu, I, moi, ich) gosta de andar pela casa às escuras. Conhecedor dos seus cantos não precisa de acender luzes para caminhar. Só que se esquece que os gatos estão espalhados. Uma pisadela na Florinha, uma reacção instantânea – assim é que é sua felina – um forte miado acompanhado de um alto berro (meu, claro) um esguicho de sangue como se jorrassem mangueiras e eis-me a estancá-lo sobre os vários orifícios provocados por caninos (ou gatinos?) dentes. Felizmente que a gatinha parece nada ter sofrido senão a momentânea dor e o susto. Eu também já estou bem, obrigado.

terça-feira, agosto 08, 2006

1017. Há dias assim

O dia acordou-se-me estragado. A manhã enevoada e a baixa temperatura, tendo em conta a expectativa, convidaram-me a não vestir os calções e a deixar a toalha no respectivo armário. Era uma vez um dia de praia. Logo aproveitei para tratar de alguns assuntos adiados pela boa causa das férias quando me deparei com o vidro da janela do meu carro escancarado. Uma olhada rápida permitiu ver que não se tratou de tentativa de furto pois nada faltava no seu interior. O motivo foi facilmente detectado. O elevador do vidro não o fazia ascender e o veredicto final foi da oficina: motor da janela pifado. Como há pouco mais de 15 dias tinha acontecido o mesmo ao carro da minha mulher terei de preparar uns duzentos euros para o estrago. Sobrou-me mais tempo ainda do que eu pensava para ocupar o meu dia sem praia. Andava há vários dias para reformatar o meu computador pois ele apresentava queixas que pediam um tratamento radical. Pois meus amigos, o computador não me reformata. São erros atrás de erros. Tenho a impressão que a reciclagem o espera. Há dias em que as coisas correm mal, mas como costumo ouvir dizer, antes isto do que partir uma perna. Por isso enquanto ainda faltam cerca de uma hora e meia para o dia acabar, vou-me deitar sossegadinho para ver se não tropeço em nada. Dasse.

PS. Pois então! Este post foi escrito para ser publicado aqui. No entanto quando o submeti aconteceu-me um INTERNAL SERVER ERROR. Só podia...

sábado, agosto 05, 2006

1016. Listas
(é pedir muito?)

Grandes insurgências contra o Governo pela publicação da lista de devedores ao fisco. Logo vozes se levantaram que também deveria ser publicada a lista (com certeza muito maior) das dívidas do Estado às pessoas e às empresas.

Ontem a revista Exame trazia a lista dos 100 mais ricos de Portugal e o valor das suas fortunas e, abreviando, informava que eles estão 13% mais ricos do que no ano passado. Claro está que nenhuma revista publica a lista dos 2 milhões mais pobres em Portugal, do seu rendimento mensal e de quanto aumentou a sua pobreza em relação ao mesmo período.

E já agora, à pala do que Vital Moreira escreveu no seu blog, onde sugeria que também fosse colocada a morada nas listas de devedores, eu sugeriria que, na lista dos pobres, fosse escrito para qual daqueles 100 mais ricos eles trabalham.

É pedir muito?
1015. Adivinha
(ou como o Pre embora não tenha, como disse anteriormente, capacidade para escrever sobre a guerra Israelo-palestiniano-libanesa, vai seguuindo os acontecimentos)

Sabem qual a diferença entre uma folha de plátano, um cedro e uma estrela de David?
A resposta encontra-se nesta página.

quinta-feira, agosto 03, 2006

1014. Digam-me para onde foge a vossa voz
(Aceitei o desafio da Hipatia lá no seu blog Voz em Fuga)


Talvez a intenção não fosse bem esta. Mas eu tenho por minha mania, e cada maluco tem a sua, como é vox populit, de assumir o meu próprio entendimento das coisas em detrimento do senso comum. Aliás, este personagem que desde sempre me perseguiu e que de vez em quando entra em diálogo comigo, ao qual (diálogo) só não o adjectivarei de acintoso ou bélico porque sou uma pessoa bem educada, mau grado muitas vezes o ter pensado, sem nunca o fazer, de o mandar bardamerda ou de lhe dar dois pares de estalos, dizia eu, o senso comum é um chato. Quando eu penso em fazer algo do qual ele não está de acordo, lá vem vele chamar-me a atenção do tipo, se eu fosse a ti não faria isso e se eu caio na asneira de lhe perguntar porquê, já sei que tenho sermão e missa cantada e, depois com uma réstia de paciência, que confesso de vez em quando já me vai faltando, lá entro em troca de galhardetes. O meu principal problema é dar a mão à palmatória e mesmo que embirrando com ele e assumindo que vou levar a minha avante, acabo por, às escondidas, conceder-lhe o benefício da dúvida que é como quem diz, ceder ao desgraçado e intrometido senso comum. Tenho a certeza, que ele, de quem não duvido ter pertencido a alguma daquelas organizações de espiões duplos ou a uma agência de detectives particulares, volto atrás de novo, dizia eu tenho a certeza que o tipo se fica a rir baixinho por saber que eu dei o braço a torcer. É assim um pensamento do tipo, o gajo fala, fala, está sempre com a garganta de que se assume contra o senso comum e no frigir dos ovos, que é como quem diz, no final da contas ou por outras palavras ao fim e ao cabo sempre vai aceitando o que o senso comum tem para lhe dizer. É por isso que não sei se deva aqui escrever o que no princípio eu tinha pensado ou se por obra do senso comum (por favor não te importas de me deixar em paz só por uns minutos?) eu deva seguir uma linha de texto que possa interessar aos leitores quer deste blog, quer do blog desafiador. Assim como assim, vou ainda pensar no assunto, mas deixo-vos já a informação que a minha voz foge mais para o lado da cana rachada. E se eu fosse um entendido em música talvez a pudesse caracterizar como uma Fá sustenido ou quiçá um Si bemol. Mas isso é só para quem percebe, não te metas nisso, está aqui a dizer-me ao ouvido, o senso comum. Bolas!

quarta-feira, agosto 02, 2006

1013. Deambulando
(um capítulo onde o Pré se perde em sub-capítulos e onde se insinua que neste país e não só, há cobardes, mas só se insinua, não esperem coisas muito assertivas)














Eu tinha tanta coisa para falar, ou melhor do que falar mesmo escrevendo. Podia estar agora aqui a dissertar sobre a lista das dívidas ao fisco, se a montanha pariu um rato porque os vampiros que durante semanas, senão meses, estiveram à espera de sangue e depois saíram meia dúzia de nados-mortos, sem nada para chupar, nem cabeleiras loiras pelos ombros algures de Cascais ou da Quinta da Marinha, nem dirigentes ou clubes de futebol, nem políticos de renome ou se calhar sim mas os vampiros perderam o olfacto. Poderia falar do losango e que me perdoem Décartes, Gaspard Monge e Mandelbrodt mas não podiam ter baseado os vossos estudos noutra coisa que não fosse a geometria, porque para rapazinhos cuja maior parte não sabe mais do que somar dois com dois, mesmo assim, por vezes errando, coisas com losangos é, sei lá como dizer, muita areia para a camioneta deles o que vai obrigar o senhor engenheiro do penta a ter que mudar de sistema, quem sabe começando com a cartilha de João de Deus? Podia falar da nossa justiça, sem me meter em apitos dourados nem em casas pias, mas tão somente tentar ensinar certos juízes a nadar em poços de 10 metros de profundidade, depois de uma carga de porrada e inconscientes, ou será que inconscientes já o são, podia falar do Alberto João Jardim, outro poço, mas desta vez de bom senso, de educação, de cultura democrática, mas um poço tão fundo no qual nada disso se vislumbra e do medo que os do “contenente” têm dele, vamos lá a saber porquê. Podia também falar do festival de fogos que estão para vir e daqueles que já foram, mesmo dos que, à luz de uma sensata política editorial dos média não tenham sido transformados em espectáculo televisivo, nos foi sendo mitigada a informação. Podia falar da última sondagem TSF/Marktest em que é dado como crescente a popularidade do nosso governo e a confiança depositada no mesmo, mau grado a Ministra da Educação a puxar para baixo (como se diz em linguagem bolsista), versus o pulso que dia a dia a gente vai sentindo nas gentes simples que não fazem parte do painel escolhido pelas iluminadas agências. Podia falar da nossa cultura, da troca que Maria João Pires, farta dos “Morangos com Açúcar”, fez das telenovelas da TVI pelas telenovelas da Globo, quiçá com passagem paga por alguns trocos sobrantes dos muitos milhões de euros que Belgais já recebeu de apoio, ou falar da colecção Berardo e do sr. Joe que o Professor decidiu afrontar, sei lá eu do que poderia e do que deveria falar aqui. Mas do que eu gostava mesmo de falar era dessa loucura que grassa no Oriente Médio. Só que não tenho nem estofo, nem coragem. Acho que estou a ficar parecido com a União Europeia.

terça-feira, agosto 01, 2006

1012. Praias de Portugal - Oásis no interior alentejano
(O Pre também publicou este post no Ante et Post onde os seus companheiros e companheiras de blog têm primado pelo bom gosto das suas, dele e delas, fotos. Vai daí ele que não se quis deixar ficar para trás, pimba!. Sem dopping.)


Esta é a Tapada Grande na Mina de S. Domingos.
Tem muitos prós: É uma praia fluvial sem correntes, a bandeira está sempre verde, não há motas de água, as sombras são naturais (dispensam-se chapéus de Sol) e tem um bar a menos de 20 metros da praia onde a lista ainda é em português.

Tem alguns contras: A água é doce e, como não podia deixar de ser por se encontrar bem no interior do país, os sons que nos rodeiam em Agosto são muito do tipo "arrête Jacques-Marie si non levas une bofetada qui je te fodo".

Mas em contrapartida: Cantam os passarinhos pela manhã. E também tem Evas (vá lá, condescendendo para a audiência feminina, alguns Adões). E assim não sei se lhe hei-de chamar Oásis se Paraíso.

1011. Até se me pegaram as entranhas
(Onde o Pré, atento ao que o rodeia glosa com as instruções de utilização de uma embalagem de cola e fala de Fernando Pessoa)

“A minha Pátria é a língua portuguesa” escreveu-o Fernando Pessoa no seu Livro do Desassossego. Não sei se inspirado nesta frase criou-se a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, inaugurou-se o Museu da Língua Portuguesa, Organizam-se campeonatos nacionais de língua portuguesa nos jornais e na televisão, a mesma televisão que todos os dias nos ensina pelo menos uma palavra em português. Fazem-se sketchs (como será que se diz em português?) teatrais onde se caricatura e ironiza com as calinadas e não é com rara frequência que se diz que a nossa língua é muito traiçoeira, por permitir duplos sentidos onde proliferam homófonas e homónimas e onde as cacofonias assumem, até, sons com alguma piada. Ouve-se a todo o instante alguém defender a nossa língua, aliás a sexta língua mais falada no mundo, mesmo nas suas diferenças regionais e na utilização de vocábulos não universais para toda a comunidade. Assim pensamos nós e também assim pensarão o s outros, os estrangeiros, na defesa da sua própria língua. Não sei se por uma questão de defesa da língua nacional, se apenas para cabal esclarecimento e protecção dos consumidores, tenha a União Europeia dado o passo com a normativa que obriga que os produtos vendidos em cada país, contivessem textos (instruções, composição, recomendações, etc.) na língua oficial (ou oficiais, quando mais do que uma). Ora eu, que até sou poliglota, aplaudo a directiva, mas gostaria de exigir que ela fosse cumprida. É que uma coisa é os textos serem escritos em português, outra coisa é isto:

Super pegamento instantâneo
Serve para colar: Plásticos, cerâmicas, cauchos, gomas, porcelana, madeiras duras, mármore, metais, nácar, marfim, vídrio, etc.
Modo de uso:
As superfícies a colar deberão estar limpas, secas e sem polvo nem estar grassentas. Aplicar um pouco de pegamento. Só com uma gota é bastante. Se pôr demasiado, a efectividade e a rapidez não é tão grande. Unir as peças entre si, evitando o contacto com os dedos. Pressionar durante uns 15-30 segundos, o tempo necessário para a união, alcançando a máxima resistência em umas 12 horas. Sacar a punta depois da usagem e enrroscar a capucha até quedar perfeitamente fechado. Extraer os resíduos com acetona. Conservar em um lugar fresco e seco, pretigido da luz.


Notas: 1. instruções numa embalagem de cola importada; 2. realces no texto da minha responsabilidade.

segunda-feira, julho 31, 2006

1010. O Apagão
(onde se fala de telejornais, vinho tinto e se fica a saber que o gato fedorento está a ser plagiado)


O Ricardo Araújo Pereira e os seus colegas do Gato Fedorento que se cuidem. As nossas televisões andam numa frenética concorrência aos Meireles, aos Barbosas e aos Lopes da Silva. Está um gajo a almoçar calmamente uma sardinhada assada com salada de pimentos, tomate, alface, pepino e muita cebola, acompanhado de um Herdade do Pinheiro, tinto (sim que eu gosto de beber bom) e de repente fica a saber que nessa noite faltou a luz em Santarém. Bolas, fiquei logo com uma espinha entalada na garganta, Bebe um golinho de vinho disseram-me, Não respondi eu, tanto quanto consegui responder com uma espinha na garganta, que o vinho para mim não é um desembuchador de comidas, mas sim um néctar em constante degustação. É que sempre que há um caso destes eu fico logo a imaginar grandes tragédias, do tipo o metro parou e ficaram quatrocentos passageiros retidos durante 6 horas debaixo de um calor de 30 graus, mas não podia ser, porque em Santarém não há metro, ou do tipo foi um apagão provocado por uma cegonha, fico logo a imaginar aquelas bebé-cegonhas desamparadas de mãe, no alto dos postes, capazes de caírem dali a baixo. Foi por isso que me engasguei e não despreguei mais os olhos da televisão para ouvir a notícia e principalmente ouvir os testemunhos.
E o senhor sofreu muitos prejuízos, perguntava a repórter, ao que o dono do café dizia, Sim nem imagina quando cheguei estavam as cervejas quentes, mas desenrasquei-me de outra maneira, E a senhora? Olhe nem dei por isso porque quando me deitei ainda havia e quando acordei já havia luz, E você deu conta do apagão, Se dei, levantei-me de noite para fazer xixi e fiquei admirada de não haver luz quando liguei o interruptor.
Pronto, foi esta a reportagem que a TV (nem me lembro em qual canal), passou no noticiário da hora de almoço. Os pimentos estavam espectaculares. Ah, é verdade, esqueci-me de falar do melão à sobremesa, mas fica para depois.

1009. Artes e Sabores
(coisas gostosas, coisas de artistas)

A Ana Valente é um poço de simpatia (não desfazendo, como soi dizer-se, da D. Isabel, sua mãe). Há pouco mais de um mês, abriu uma pequena loja, a Artes e Sabores, onde se mistura o artesanato aos bons produtos da região. Mas se a loja é pequena o gosto é grande. Comecemos pelo pão, mas comecemos mesmo. Porque se o deixarmos para o fim corremos o risco de lá chegar e já não haver. Quem não gosta de pão alentejano, cozido em forno de lenha, passe adiante e vá direito ao queijo. (Relembro aqui uma pequena história de outras épocas, em que quando com o meu pai fomos a uma tasquinha, por acaso também no Alentejo, a senhora chegou com o pão quando já nós tínhamos comido queijo. Ao ar incrédulo da senhora que nos servia o meu pai ripostou: - Pois é, minha senhora, andei tantos anos a comer pão sem queijo que hoje me dei a liberdade de comer o queijo sem pão). Os queijos são da região de Serpa e têm-nos frescos, secos, curados, em azeite, amanteigados e de entorna. Têm chouriços ainda meio verdes para assar e já curadinhos para o pão. E paios… de porco preto. O presunto é imbatível, as azeitonas obrigam-nos a pecar, fechem os olhos à dieta só por uns minutos e não desdenhem os bolos regionais, as compotas caseiras e provem o hidromel. O artesanato é de várias regiões alentejanas com destaque para os barros pintados e, acreditem, não é caro. Quando passarem na Mina de S. Domingos não hesitem e façam-lhe uma visitinha.

PS. PUB completamente grátis e merecida porque aos prazeres da mesa e dos olhares não há nada que os pague.


1008. CPLP
(onde o Pré fala de férias e de pobres e isso)

Estava o PreDatado com os pés nas férias mas com a cabeça ainda no mundo real, em herética postura face aos que o acompanhavam (as férias são férias, tal como os que dizem a guerra é a guerra). E foi assim que se lhe deu conta das conclusões da cimeira da CPLP do passado dia 16 – vejam como tempo passa, parece que foi no século passado e quase já ninguém se lembra. Que agente vá de férias tudo bem, mas para que a memória colectiva não entre em letárgico repouso deixem-me cá voltar ao tema.

Nos dias que a antecederam a referida cimeira, ouvi muitas perguntas, muitos comentários e muitas análises sobre para que servia a CPLP. Infelizmente, não ouvi muitas opiniões coincidentes pelo que me parece que andam todos à nora com a questão. Mas se para outra coisa não servisse, esta cimeira tomou uma deliberação que considero demasiado importante para não ser levada à letra. Comprometeram-se a acabar com a fome e a pobreza até 2015. Ou pelo menos erradicar metade (diga-se de passagem que um desvio de 50% não deveria deixar muito alegres os políticos). E Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates subscreveram. O que se subentende que não é apenas na África, em Timor ou no Brasil que essa acção deva ser levada a cabo. Também aqui em Portugal. E, atendendo às estimativas da União Europeia que diz que temos 2 milhões de pobres, isso significa que em cada ano, dos nove que faltam, 222 mil portugueses (ou pelo menos 111 mil) deixarão de ser pobres. Eu estou aqui para cobrar, porque eu sou uma das pessoas que não se esqueceu dos 150 mil novos empregos prometidos por Sócrates. E esses estão muito longe de estar conseguidos. Eu estarei atento porque as férias não são eternas.

sábado, julho 15, 2006

1007. E agora, férias!




Durante uns tempinhos o PreDatado vai a banhos. Férias são férias e por isso, não escreverei (aqui), não lerei (por aqui e por acolá com uma pantalha à frente), não comentarei. Mas depois voltarei em força. Esperem-me.

terça-feira, julho 11, 2006

1006. Confuso?

Anedotas
Há uns anos atrás contaram-me uma anedota de um taxista que passava todos os sinais vermelhos dos semáforos e parava nos verdes. Interrogado pelo cliente respondeu-lhe: “É evidente porque paro nos verdes. Imagine que vem aí outro maluco como eu”. Então não é que hoje vi um tipo, em pleno centro de Almada, a fazer o mesmo? Isto é mesmo um país de anedotas.

Confusão
Na repartição de finanças o sistema informático estava “em baixo”. Cada um, munido da sua senha, aguardava a sua vez e, por sua vez, que o sistema resolvesse dar sinal de si. Até que veio. A funcionária ao balcão perguntava “quem está primeiro?”. Nós, algumas dezenas, olhávamos para a senha e, com cara de parvos, um para os outros, sem que ninguém soubesse responder. Até que alguém lembrou à senhora que bastava ir carregando no botão que muda o número da vez, que cada um responderia na sua ordem. Confuso ou simplex?

Produtividade 1
Há dias em que me dão pancadas na cabeça. Hoje decidi sair de casa munido de cronómetro. Cheguei ao posto médico às 08h10m, tirei a senha e fui inscrito às 8h50m. 40 minutos de espera. A consulta tinha início previsto para as 09h00. Fui o número três, atendido às 9h45m. Mais 45 minutos de espera. A consulta, incluindo prescrição médica durou 6 minutos. Mais 47 minutos de espera para a colocação da vinheta e marcação de nova consulta. Vá lá, vá lá, na repartição de finanças apenas esperei 52 minutos pelo sistema informático. E apesar de que, entre o último chamado, antes da avaria, e a minha senha, houvessem 42 números de diferença, nem todos tiveram paciência para esperar e lá me safei. Ao todo perdi 185 minutos. Praticamente dois jogos de futebol já com os descontos. Mas sem prolongamento. Produtividade?

Produtividade 2
À saída do posto médico um casal chamou um táxi. O taxista tomou os passageiros e arrancou de imediato. Antes que tivessem tempo de colocar os cintos, mas pior, antes que a passageira que se sentou no banco de trás tivesse fechado a porta do carro. Este taxista sabe o que é produtividade. Não sabe é o que é segurança. Não me admiro que a seguir passasse o semáforo vermelho. Valha-nos ao menos que parará no próximo verde. País de anedotas? Não, nem por isso.

segunda-feira, julho 10, 2006

1005. Pagar duas vezes

Esta notícia não me surpreende. Desde há muito tempo que vem sendo assim. As empresas utilizam o dinheiro que descontam aos trabalhadores para se auto-financiarem. Não entregam as respectivas contribuições nem à Segurança Social nem ao fisco e mais tarde abrem falência. Ninguém é responsabilizado, os empresários continuam com os seus brutos automóveis de topo de gama, as suas mansões, as suas casas de férias nos melhores locais de Portugal e do estrangeiro, as mulheres e as filhas nas vernissages e nas capas de revista, os filhos nos melhores colégios. Vêm depois os governos, aqui del-rei que a segurança social está falida, que é preciso aumentar a idade da reforma, que é preciso que os trabalhadores financiem, uma vez mais, a mesma Segurança Social. Aquela que já financiaram à partida para encherem os bolsos a uma dúzia de gulosos. Tudo com a conivência dos vários governos que temos tido desde o 25 de Abril e que como é óbvio iremos continuar a ter. É por isso que a minha bandeira portuguesa só se desfralda por causa da selecção nacional de futebol. Não alinho com esta promiscuidade.

sábado, julho 08, 2006

1004. Ao Sábado alguem lê blogs?

Eu não devia ser assim, mas… Porque é que depois de termos perdido com a França num jogo de futebol eu perdi a pica pelo Tour de France?

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Não me admira nada que a plataforma logística, ontem apresentada com pompa e circunstância pelo Governo, seja um investimento espanhol. Há mais de 10 anos que tenho um jogo de setas que quando acertamos no centro nos responde “bien apuntado!”.

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Por falar em pompa e circunstância, porque é que sempre que o Governo faz este show-off (recorde-se também a refinaria de Sines), da apresentação de um grande investimento, com a criação de uma data de postos de trabalho, poucas semanas depois fecha mais uma fábrica e vão mais de mil trabalhadores para o olho da rua?

*
Simplex não é? Para pagar a contribuição para a segurança social da minha filha e da minha empregada não me foi autorizado a passar um cheque pela totalidade. Dirigido à mesma entidade e pago na mesma hora foram necessários dois cheques em separado. É muito simplex para a minha cabeça.

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O Sr. Ministro das Finanças anunciou ontem que Portugal vai poupar 955 milhões de euros em dois anos, na Administração Pública. Sem dizer bem como, sempre foi adiantando que será à custa do congelamento de salários e de carreiras bem como um rigoroso controlo de admissões. Reiterou o princípio de que para cada nova entrada serão necessárias duas saídas. Tendo em conta o meu post de ontem, ainda gostaria de saber quais foram os dois adjuntos do ministro Silva Pereira que tiveram de sair para a admissão da Drª Vera Sampaio. Mas isto talvez seja querer saber de mais.

quinta-feira, julho 06, 2006




















1003. Felicidades no seu novo emprego

Eu não tenho nada contra. Na realidade apenas me entretive a consultar o Diário da República. Mas faz-me muita espécie como certas pessoas não têm nenhuma dificuldade em arranjar emprego e outras passam anos para o conseguir. Muitas felicidades à Vera de todo o meu coração. Por algum lado se tem de começar não é?

segunda-feira, julho 03, 2006

1002 . Futebolândia

O príncipe Felipe de Bourbon assistiu, com sua esposa Letícia Ortiz, ao jogo França x Espanha. Também Giscard d’Estaing assistiu ao jogo França x Brasil. Angela Merk não perde um jogo da sua Alemanha e até José Sócrates esteve presente no Portugal x Angola. Não tenho a certeza, porque não vi todos os jogos, se Prodi já esteve nas bancadas e não posso garantir, mas quase aposto que sim, que Cavaco Silva estará presente se Portugal for à Final da Taça do Mundo (ou talvez até já na meia-final). Para José Pacheco Pereira devem tratar-se de alienados. Com tanto problema no mundo e estes gajos e gajas a verem futebol. Ora se fossem mas é resolver o problema da Bolívia.

Ainda Pacheco Pereira, na sua crítica à futebolândia e ao tratamento jornalístico, refere no Abrupto o que tem passado ao lado dos portugueses. Transcrevo “…deu-se uma importante remodelação governamental, em que foi embora o único ministro com autonomia política, parece que as férias dos portugueses começam a revelar a crise (meio caminho andado para a Revolução), os agricultores vão poder construir casas de primeira habitação em áreas classificadas como Reserva Ecológica Nacional (vão ver o número de agricultores a aumentar...) na Bolívia continua o plano inclinado para a desgraça da América Latina, na Palestina as coisas estão como se sabe, etc.”
Eu não sou de intrigas, mas acredito que no “etc.” que lá colocou ele também gostaria de ver discutida publicamente a questão das fragatas e dos F-16, comprados e nunca usados, entretanto postos à venda, na perspectiva das responsabilidades de quem comprou, dos interesses que estiveram por detrás (se é que houve interesses) e no julgamento dos responsáveis por este devaneio de lesa-cofres que é como quem diz, também a mim me vieram ao bolso. Ou então estou a exigir demais ao Pacheco Pereira e ele não queria nada disso.

Ainda no campo do futebol quero reiterar a minha convicção de que aos sapateiros deveria ser interdito tocar rabecão. Quer dizer eu não sou pela supressão da liberdade de expressão, sou apenas contra a impunidade do disparate. Ao cineasta António-Pedro de Vasconcelos, concedo-lhe a dúvida, que crítico não sou, de fazer bons filmes. Já afirmar que o modelo do Campeonato do Mundo de Futebol deveria ser revisto, pois vemos selecções serem afastadas quando praticam “futebol de sonho como o Gana e Argentina” (sic), em favor de equipas das quais nada se viu (como Portugal, lido nas entrelinhas ou escutado nos silêncios, como queiram), é de sapateiro mesmo. Ou António-Pedro de Vasconcelos acha que o Mundial é o Festival da Eurovisão ou o Festival de Cinema de Cannes? Vamos a votos e acabamos com os golos, é?

Queria já acabar com isto, porque um post grande ninguém lê, mas não me posso calar ante a fúria anti bandeiras nas janelas, que tenho ouvido e lido a todos aqueles que se querem aproximar das opiniões intelectualizadas da nossa praça. Se as vitórias alcançadas pela selecção nacional, não são motivo para aumentar a auto-estima dos portugueses nos últimos meses, que os (nos) façam erguer uma bandeira nacional, dêem-me um só, mas um só, exemplo de um outro feito no último semestre que me faça levantar uma bandeira, que a levantarei de bom grado. Posso até dar uma ajudinha, por exemplo, uma medida governamental, (não vale a banda larga e a sua equiparação à electricidade no século XVIII porque o Benjamim Franklin, o Edison, o Foucault, o Faraday, e mais uns quantos, desatam-se já a rir).

sexta-feira, junho 30, 2006

1001. Olhem lá, ele se há putas é para todos os gostos, ouviram?

(Prostituta, Georges Rouault, 1871-1958)

Há coisas que eu sei.
Por exemplo:
- Sei que o estilo PreDatado não agrada (nem tem de agradar) a toda a gente e por isso,
- Sei que abordar temas como a deslocação de empresas, a corrupção, os pressupostos interesses de alguns, nos e dos municípios, as presidências abertas, hoje roteiros ou os interesses americanos nas petrolíferas do Sudão versus Darfur, deveriam ser tratados em exclusivo nos blogs políticos e (principalmente) nos de figuras públicas, em vez de o ser em blogs generalistas como este e como tal não dá muitas visitas;
- Sei que se o PreDatado escrevesse contos eróticos, apelativos, com fotos de gajos e gajas a dar valentes quecas, talvez hoje fosse um blog de sucesso;
- Sei que se o PreDatado publicasse receitas de pratos exóticos comidos com dois pauzinhos, ou à beira mar tropical ou, ainda, receitas de bolos conventuais portugueses hoje tinha aqui uma troupe de fans, cozinheiras e cozinheiros amadores a copiar e a experimentar;
- Sei que se o PreDatado linkasse os 4876 blogs portugueses, mais os talvez 2.430.000, aproximadamente, blogs internacionais, teria por cada um deles, pelo menos uma visita de retribuição, assim S. Technorati o ajudasse.

Mas meus amigos tenham lá a santa paciência. Virem aqui todos os dias à procura de “putas pretas”, não vale. Se Maomé não vai à montanha terá, forçosamente, a montanha que se desmoronar e cair-lhe em cima? Quantas vezes terei aqui que dizer que o PreDatado não é um blog racista?

quinta-feira, junho 29, 2006

1000. Mil

Este é o post número 1000 publicado aqui no PreDatado. Poderiam ter sido dois mil ou apenas quinhentos. Mas não foram, foram mil. E como o PreDatado é feito de originais, esta é a milésima vez que o Pré teve que inventar um texto para aqui publicar. É claro que ao PreDatado, quando começou a publicar, jamais lhe passaria pela cabeça ser capaz de se aguentar assim à bronca. E uma vez que o PreDatado nunca ganhou um único prémio daqueles que sistematicamente a blogosfera teima a atribuir a uns e a outros por esta ou aquela razão, o Pré decidiu atribuir hoje um prémio ao PreDatado ou seja, a ele próprio. E como quando se recebem prémios é usual fazer um discurso de agradecimento, aqui vai: Quero agradecer este prémio a todos vós meus fieis leitores, sem os quais o PreDatado não teria razão de existir.

terça-feira, junho 27, 2006

999. Darfur

Na frente dos amigos ele sempre se apresentava como um indivíduo muito culto. A sua boa memória levava-o a discutir pormenores da História de Portugal tais como o casamento de Maria Francisca Isabel de Sabóia com D. Afonso VI e com D. Pedro II ou a detalhes da História Universal como a biografia de Emiliano Zapata. Tão depressa se mostrava um defensor da teoria da moral de Immanuel Kant como em outros fóruns se deliciava a bisturiar a obra de Marquês de Sade. Sabia tudo sobre armas convencionais e nucleares, tinha opinião formada sobre o ensino, a educação e a justiça. Não era raro vê-lo dissertar sobre o papel das instituições, da câmara Municipal ao Presidente da República e, aqui e ali, deixava recados que, dizem as más-línguas, eram muito tidos em consideração. Quando, em frente de um televisor, assistia com a família e amigos aos concursos televisivos tinha sempre uma resposta na ponta da língua para as mais rebuscadas perguntas ou mesmo, quando errava, sabia desenvolver uma teoria sobre a falha que cometera onde em larga prosa, que poucos entendiam, explicava o motivo da sua confusão. Era também um colunista de jornais, usava a Internet com frequência e tinha até um blog de referência. A sua vocação política obrigava-o a aceitar fazer prelecções públicas, fosse para assistências de 50 pessoas, em pequenos espaços de sociedades recreativas ou estúdios de cine-teatro, fosse em Universidades ou em debates televisivos, onde era visto por muitos milhares de telespectadores. Defendeu a intervenção dos Estados Unidos da América no Afeganistão e no Iraque e é um defensor também da teoria do eixo do mal. Quando lhe perguntaram uma opinião sobre Omar-Al-Bashir e a situação em Darfur, recusou fazê-lo. Parece que não quer misturar a sua aura de humanista com os interesses americanos nas companhias petrolíferas do Sudão. Ainda há pessoas com pudor, digo eu.

segunda-feira, junho 26, 2006

998. Adoptem-me




Toda a noite miou debaixo do capot de um carro. Alguém que descobriu de onde o som vinha, colocou um aviso: “Por favor, não ligue o motor antes de abrir o capot”. E lá estava esta bigodinhas linda. Depois de a salvarmos, lavarmos e desparasitarmos, a bonequita da foto ficou à nossa guarda. O Schubert, a Yasmim e a Flora estão a tentar convencer-nos a ficar com a Charline (já notaram aquele bigode à Charlie Chaplin?). Mas nós não podemos porque nos arriscamos a que cada bicharoco que salvemos entre para a família e a nossa missão de Família de Acompanhamento Temporário não será bem cumprida. Assim e porque a Charline quer viver 15 anos, com mimos, bem tratada e compromissada com uns donos que nunca a abandonem, nem mesmo nas férias, ela está disposta a ser adoptada. Se você que me lê reúne os atributos necessários para cuidar de uma doçura destas não hesite em me mandar um e-mail (vmaf@netcabo.pt). A Charline ficará grata, nós e os potenciais candidatos a novo salvamento também. Ah, é verdade, eu moro na região Almada / Corroios.
997. O dia seguinte

Ele parou ali o carro porque ali havia um quiosque. E ao lado, um pequeno café com três mesas na esplanada. Tudo junto perfazia as suas necessidades de espaço, de tempo e também de um café e de um cigarro. Não poderia demorar mais do que meia hora já que não era seu hábito chegar atrasado a nenhum compromisso. Estava numa pequena vila, num subúrbio da grande cidade.
Isto foi hoje, nos arredores de Lisboa.
Nos subúrbios podem-se encontrar pequenos cafés com só três mesas na esplanada. E podemo-nos sentar, com o jornal comprado, mas ficar a olhar o garoto que sozinho dá uns pontapés na bola em cima do passeio onde uma senhora, que aparenta não ter mais de 40 anos, passeia um caniche. Podemos ver as duas vizinhas que se encontram e não se cumprimentam apenas, mas que ficam ali uns minutos na conversa. Talvez a dissertar sobre o custo de vida, atendendo à alcofa de onde saía uma rama de nabos. Na porta da padaria em frente, talvez reformado, um idoso suporta numa mão uma bengala e na outra um saquinho plástico com quatro papo-secos. Também passou o carteiro que cumprimentou cada um sem nunca abrandar o passo, excepto na porta de cada prédio. Puxou de um segundo cigarro, olhou furtivamente a capa do jornal acabado de comprar, levantou a cabeça e interrogou-se porque é que toda aquela gente, inclusive o fulano que estava a aspirar o carro, junto á janela de onde saía um cabo eléctrico por baixo da persiana, assobiava, interrogou-se, continuo narrando, porque é que haveria tantos sorrisos nos rostos daquelas pessoas. Apagou a beata no cinzeiro improvisado com uma taça de gelado, dobrou o jornal, olhou o relógio e levantou-se. Ergueu a cabeça e deu uma olhada em redor. E viu em cada varanda uma bandeira portuguesa.
Não queria nem deveria chegar atrasado. Ligou a ignição do carro e o rádio onde falavam de futebol.

domingo, junho 25, 2006

996. Roteiro

O galo cantou quatro vezes, mas nem teria sido preciso. Ela estava atenta e pulou da cama ao primeiro có-có-ró-có. Na véspera tinha-se deitado cedo, mais ou menos quando o noticiário da TVI começava a dar uma reportagem de futebol. A bola não lhe interessava para nada e, o mais importante já ela tinha visto.
Isto foi no Alentejo, no ano de 2006.
Abriu a porta do galinheiro e ao mesmo tempo que, entre cacarejos, as galinhas saíam para a rua, ela recolhia os primeiros ovos da manhã, quase todos eles ainda quentes. Eram bem mais de duas dúzias. Depois foi ela quem saiu, ligou a bomba do poço e começou a regar a horta. As alfaces, a couve-galega, os tomateiros, os pepinos e as várias leiras de nabiças não podiam deixar de beber logo pela manhã. Eram o seu sustento, mas hoje não haveria colheita. Amanhã, bem cedo, logo ela iria acartar mais umas cestas de legumes onde os venderia na vila e recolheria os magros cobres da sua subsistência. Hoje era um dia especial e por isso também não se importava de ter de gastar mais água. Hoje iria tomar banho completo. E vestiria o mesmo vestido preto e cuidaria melhor do lenço da cabeça e até as meias e os sapatos seriam os mesmos com que vai à missa. Hoje era um dia especial e ela também (lá no seu íntimo não sabia bem o que isso queria dizer) achava que era uma excluída. E o Senhor Presidente iria vê-la lá no meio da multidão, talvez até lhe acenasse e, com sorte, coisa que ela nunca teve na vida, vinha-lhe sempre à memória o ter ficado viúva com 30 anos de idade e já três filhos, um dois quais ainda de colo, talvez, com sorte pensava ela, quem sabe lhe desse um beijo.

sábado, junho 24, 2006

995. Os intelectuais e o rei na barriga

Talvez eu tenha alguma raivinha de estimação por políticos, jornalistas, intelectuais e outros fazedores de opinião. Talvez seja algum recalcamento, um trauma de infância, alguma dor de corno. É um bom tema a explorar nas minhas próximas consultas com a minha psicóloga. O que eu não tenho é a má-criação que muitos deles aparentam sob a intelectualoide capa com que se revestem. E se há coisa que não tenho é o rei na barriga.
Vem isto a propósito de um comentário que deixei, num dos raros blogs, que leio, escritos pelas classes que mencionei.
Eu conto a história.
Um famoso senhor Fernando Venâncio, ao que sei (saberei?) ligado aos meios universitários, intelectuais e de opinião da nossa praça, publicou uma tradução portuguesa, a partir de uma versão holandesa de um poema de um poeta que ele (Fernando Venâncio) considera (ou pelo menos faz eco), "…Han Dong, representante - assim foi dito - de certa nova corrente, que preza a linguagem comum". Porque eu não gostei do poema, não achei nada de interessante nessa linguagem comum, mas os intelectuais lá sabem, serão porventura mais avalizados para achar o que é bom do que eu, resolvi fazer uma pequena charge num comentário. Um comentário ao estilo do PreDatado, blogger, mas não desligado do Alves Fernandes, pessoa, pois tudo o que aqui escrevo não só o assumo, mas é também, obviamente, um reflexo do seu autor.
Ora o Senhor Fernando Venâncio não gostou nada da brincadeira o que eu, mesmo sem ser um intelectual do seu nível, reconheço ser um direito dele. O que não lhe reconheço é o direito de me ter apelidado de estúpido. Por isso lhe dei uma resposta imediata na caixa dos comentários e agora à posteriori aqui no meu blog, para que se posterize. É que ser intelectual não é forçosamente sinónimo de ser bem formado ou de ser bem educado. Pode apenas ter sido consequência do berço que tiveram. Pode não ser o caso do senhor Fernando Venâncio. Mas eu conheço vários assim. E quando alguém me quiser chamar estúpido que me chame, mas que o demonstre primeiro.


PS. Senhor Fernando Venâncio fique também a saber o seguinte, já que fez o favor de me referir as suas competências. 1- Não sei chinês; 2 – Falo razoavelmente português, espanhol e francês; 3 – Antes dos seus “há 37 aninhos” a falar holandês, já eu falava inglês. 4 – Gosto de bolacha Maria a acompanhar o café com leite.

sexta-feira, junho 23, 2006

994. Tiramissus e pasteis de nata

Ricardo tinha terminado um curso superior. Via negro o seu futuro. Não negro como um carvoeiro vê os seus dias, porque essa é a cor do seu futuro. Nem negro como o fato do gato-pingado pois essa é a cor do seu presente. Vê negro como quem espreita aquele túnel do comboio, sem comboio. Sem nenhuma luz lá no fundo.
Isto foi em Portugal, na cidade de Lisboa, em 2006.
Ricardo pegou no Correio da Manhã que estava em cima da mesa do café para ler os classificados. É um café de bairro, do bairro onde vive, onde conhece toda a gente e toda a gente o conhece desde miúdo. Foi por isso que teve de perder uns minutos a conversar sobre as prestações da selecção no Mundial com o Sr. Joaquim, o dono do talho onde a D. Henriqueta, a mãe, lhe compra o inevitável bife diário do almoço Também é porque conhece toda a gente lá da zona que a Fernandinha, uma solteirona militante, se senta sempre na mesa dele para beber o galão e comer a tacinha de tiramissu (*) diária. E para ouvir o humor sempre brejeiro de Ricardo. A Fernandinha fica corada com a malandrice sub-reptícia de Ricardo, mas pela-se por ouvi-lo. Depois deve sair dali a pensar num casamento que nunca conseguiu ou que nunca quis e quiçá a tentar desvendar se a culpa é dela ou do tiramissu. É que na mente de Fernandinha tem sempre de haver um culpado. O Ricardo acha que não, que nem sempre tem de haver um culpado. E hoje foi com Fernandinha que dissertou sobre o tema, ainda com o Correio da Manhã na mão. Deu-lhe a ler (enfatizando algumas passagens com leitura simultânea em voz alta), aqueles artigos que falavam de uma suspeita venda de terrenos ao Metro do Porto, numa história mal contada, lá para os lados de Gondomar, uma outra que falava de um tipo que outrora foi secretário pessoal de um conhecido apresentador de televisão e que dizia que este tinha fontes privilegiadas no processo Casa Pia, outra ainda que dizia que o processo Apito Dourado estava mais uma vez suspenso. A Fernandinha, decepcionada por não descortinar culpados, pagou a sua despesa e gentilmente a bica de Ricardo. Saiu, como sempre, pensando que se calhar culpados só mesmo os tiramissus (malditos homens que não gostam de gordas), pois no meio daquelas notícias havia outra que dava conta de uma intensa actividade da justiça italiana sobre a corrupção no futebol transalpino. Ricardo, devorava agora um pastel de nata enquanto voltava aos classificados. Pelo olhar distante, supõe-se que estaria a culpabilizar-se por não se ter licenciado em Engenharia da Corrupção.


(*) para quem estiver interessado, encontram-se na Internet várias receitas de tiramissu.
993. Fecharam 195 parques infantis

O dia nasceu azul quando o Sol lhe beijou as roseiras do quintal.
Isto foi em Portugal em 2006. Era Sábado.
Na televisão, acesa desde que o pequeno Carlos, sorrateiro, saiu da cama, passavam os desenhos animados mais estúpidos que as crianças podem assistir. Isto dizia o avô Luís que ainda era do tempo do Bip-Bip e do Coyote, do Pernalonga e do Gaguinhas, do Silvestre e Piu-Piu, do Tom e do Jerry, do Poppey e até do Super Rato e também do Gato Félix. A mãe colocou-lhe à frente um prato de cereais com leite que ele devorou sem levantar os olhos da tela. Depois de o obrigar a lavar os dentes, vestiu-lhe aquela blusa branca e o calção azul às riscas, com alças e peitilho de jardineiro, que a tia Ivone lhe tinha oferecido quando fez quatro anos. Ajudou-o a apertar as sandálias e passou-lhe os dedos pelos cabelos encaracolados.
Saíram de mão dada, cumprimentaram a D. Gertrudes que chegava do supermercado (o que faz correr esta senhora, viúva, mais de 70 anos, bicos de papagaio, a chegar do supermercado às dez da manhã, terá pensado). Carlos ainda perguntou à mãe porque é que a D. Gertrudes andava assim meio agachada, mas a resposta não lhe deve ter interessado muito, pois não fez mais nenhuma pergunta. Continuaram o passeio em silêncio, com o Carlos de olhos muito abertos a observar tudo quanto o rodeava, duas raparigas que corriam para o autocarro com os braços levantados a acenar, o cego que tocava acordeão na esquina da Rua 25 de Abril com a Rua de Angola, dois polícias com as mãos agarrada aos sacos de plástico pretos (com roupa contrafeita, mas isso só a mãe o sabia) e a algazarra que rodeava a acção, um senhor a ler A Bola encostado ao semáforo.
Pararam e esperaram o sinal verde. Só atravessavam no sinal verde, de pequenino é que se torce o pepino. Iriam repetir a travessia tantas vezes quantas as passadeiras que circundavam a rotunda. Deram duas voltas à rotunda, depois voltaram para casa. A vila tem muitas rotundas, mas aquela tem relva e flores. Só não tem baloiços.
Carlos sentou-se à frente da televisão e continuou a ver os desenhos animados. Aqueles desenhos estúpidos, como dizia o avô Luís.

quinta-feira, junho 22, 2006

992. Deslocação

Uma nuvem de cheiros atravessou a casa e penetrou-o no estremunhado sono que ainda lhe restava. Um agradável odor, misto de café e torradas, anunciava-lhe a presença de alguém na cozinha, onde um tiritar de colher beijando a chávena confirmava um, agora, leve receio. Estendeu o braço esquerdo perpendicularmente ao corpo e obteve a certeza da primeira desconfiança. Ela já lá não estava, apenas um quase vazio preenchido por uma almofada. Do outro lado com uma ligeira apalpadela descobriu os óculos e colocou-os. Depois abriu os olhos e pestanejou várias vezes como que a dar os bons dias ao raio de luz que atravessava a frincha da janela mal fechada. Desceu cuidadosamente da cama (a malvada dor de coluna acompanhava-o há largos anos), mal acordado, olhou em volta e descobriu na cadeira onde tinha deixado de véspera o roupão em cetim azul-escuro que ela lhe tinha oferecido no início deste verão. Por uns momentos ficou a pensar na importância que tem uma cadeira de quarto, no seu papel de fiel depositária e da tranquilidade de um objecto que durante anos não sai do mesmo local. Palermices, pensou, será a idade… De repente alteraram-se-lhe os humores (terá descoberto que dia era hoje?). Arrastou os pés até estes se enfiarem nos chinelos, quase com uma precisão matemática. Pudera. Durante mais de quarenta anos colocava os chinelos de quarto sempre no mesmo sítio e sempre que se levantava era a segunda coisa que procurava. A primeira eram os óculos depositados sobre o livro da noite na mesa de cabeceira. Pegou no roupão, seguiu a trilha dos cheiros e observou-lhe a nuca prateada na entrada da porta da cozinha. – Bom dia!, disse-lhe ela, mal o pressentiu. - Bom dia, respondeu-lhe acariciando-lhe o cabelo e debruçando-se para lhe beijar o pescoço. - Acho que adormeci, como que a desculpar-se. Porque não me acordaste? Hoje vou chegar atrasado. Maldito vício o de adormecer agarrado aos livros. Esta noite, juro, apagarei a luz mais cedo e serei eu quem fará o pequeno-almoço. Ela rodou a cabeça, olhou-o com ternura nos olhos, pediu-lhe que se sentasse no lugar em frente e respondeu-lhe. – Agora já não precisas. Uma pequena lágrima correu-lhe, inevitável, pelo rosto. Pela primeira vez, desde os seus vinte anos que não tinha de ir trabalhar à segunda-feira. E vieram-lhe à memória, numa catadupa de imagens, os anos da fábrica que acabara de fechar. Um macaréu subiu-lhe corpo acima num curso percurso do estômago ao peito. Baixou a cabeça, e começou a barrar o pão com doce de cereja. Uma segunda lágrima caiu-lhe na chávena de café.

terça-feira, junho 20, 2006

domingo, junho 18, 2006


990. Eu estive de férias

I - As férias e o tempo

Um gajo sai de casa depois de um trinta e seizão de calor e ruma aos algarves de D. Sancho II. Chegado que foi, o tempo parece dar razão ao investimento ferial e vai daí aproveita o primeiro dia, que é Domingo, para dar uma vista e olhos à terra dos seus antepassados com o argumento de que terá uma semana inteirinha para trabalhar para o bronze. E se bem o disse, bem o fez e na segunda-feira lá estava ele a banhos na Rocha. Parece que o S. Pedro não gostou deste abuso de confiança e vai daí mandou chuva e vento que foi um fartote. Não tive outro remédio senão virar-me para

II – As férias e a gastronomia

E em vez de um bronze daqueles, acompanhado de umas sandochas, acabei caído em restaurantes e em petiscadas em casa de amigos. Resultado, mais três quilos e um furo diferente no cinto. Mas se a morada dos amigos não forneço, há dois restaurantes, dos que frequentei, que tenho de recomendar. Como estive centrado em Silves, não percam a marisqueira Rui. Ostras de primeira, da Ria Formosa, as amêijoas muito bem cozinhadas, as sapateiras e santolas cheias e temperadas quanto baste e um serviço muito simpático a merecer uma boa gorjeta. Não me aproximei da lagosta porque o médico (€h! €h! €h!) me disse que me fazia mal. O outro, o Caçador, na estrada Silves – Monchique, vale pelo prato especial da casa. Todo à base de carne de porco preto criado na serra, vale a pena experimentar. E não é caro… por falar nisso lembrei-me de

III – As férias e os preços

Estou totalmente de acordo que museus, exposições, parques naturais, etc., sejam de entrada paga. Mas 8€ de entrada no Parque da Mina, é um perfeito exagero. Talvez por isso, no que respeita a visitantes, estivesse praticamente às moscas. Mas as moscas que me preocupam não são essas, são as da política. Como alguém disse um dia, só mudam as moscas… e

IV – As férias e a política

Mesmo de férias lá fui arranjando um tempinho para ouvir os telejornais. E ouvir o discurso da Ministra da Educação. Devo ter andado muito distraído para nunca ter percebido porque é que quase toda a direita, tem aplaudido as suas medidas e a consideram um dos melhores ministro deste governo. Que o Diga, Luís Delgado, Pacheco Pereira, Marcelo Rebelo de Sousa e muitos outros. O seu discurso sobre a greve dos professores e o papel dos sindicatos, deve ter deixado o deputado Nuno Melo e o deputado Telmo Correia a roerem as unhas de inveja por nunca terem ido tão longe. Quanto a si, Sr. Primeiro-Ministro em plena crise da Ford-Azambuja e dos previsíveis mais 1500 desempregados, responder aos jornalistas que só “quer falar da Europa”…(não, não, não era da Auto-Europa), fico sem comentários. Talvez seja melhor eu comentar o futebol.

V – As férias e o futebol

Como não sou um intelectual não sei comentar as opções de Scolari. Mas no dia que eles tiverem que morder a língua, eu direi mais qualquer coisa. Força Selecção! Força Figo, Deco, Petit, Ricardo, Costinha… Força Felipão!

sexta-feira, junho 09, 2006



989. Até logo, fiéis

1. O Supremo Bispo está quase a abdicar. Vai tirar uma semanita de férias, para terras algarvias e não quer regressar com o rosto coberto de vergonha pela obra que Criou lá em baixo. Haja Deus!

2. Foi bom ter sido o Supremo da Igreja da Pré-Concepção. Poderia ter sido melhor se os meus fiéis tivessem pago o dízimo. São uns forretas do caraças.

3. Os Bispos e Bispetas desta igreja e que hoje entram para os supra-numerários tirem o cavalinho da chuva que não lhes pagarei 5/6 do ordenado. Pensam que a Igreja é a casa do Sócrates ou quê?

4. Os textos que emanaram deste exercício, foram distribuídos por aqui e pelo Ante & Post, por questões de gestão do espaço e do tempo. Não são nada de especial, que o diga o número de comentários que obteve. Mas eu gostei de os escrever e isso é que é importante. Se eu não tivesse escrito o 1º ponto deste texto, agora estaria a dizer que vocês, figurinhas da minha diversão, não comentaram porque Eu não quis.

5. Então, até para a semana, quer dizer para a outra, se Eu quiser!

quinta-feira, junho 08, 2006

988. Eu sei que sou chato, mas a Deus tudo se permite

Eu não sei se a vós, figurinhas da minha diversão, já vos tinha posto na cabeça que sou Eu que ando a minar o processo Casa Pia. Mas se não acreditam leiam mais uma que Eu engendrei para PROVAR que todos os arguidos são inocentes: “A PJ transportou crianças, nas suas viaturas, sem usar a respectiva e OBRIGATÓRIA cadeirinha”. Assim, entre aspas porque esta notícia saiu, por Minha determinação, previamente em jornais. Ora sem cadeirinha não vale, é ilegal, portanto a investigação está mal feita. E claro, os coitados dos arguidos não podem ser condenados num processo assim. Mas fiz mais coisas destas, atenção. Ou já se esqueceram do envelope 9, sobre o qual eu tinha prometido um rápido e urgente inquérito, pela voz do antigo PR, e ainda ninguém sabe de nada? Acham que Eu vou deixar vocês, hologramas, gente sem alma nem coração, apenas projecções da minha imaginação, saberem tanto quanto eu?
987. Eu, Supremo Bispo, e as contas certas

Eu decidi quem seria o próximo Campeão do Mundo de Futebol. E como estamos na véspera do seu início vou já revelar o meu veredicto. Será o Brasil!

A Itália ao ganhar em 1934 e 1938 quebrou a regra dos 3964. Por isso tive de lhe aplicar o castigo (ainda hesitei entre a Itália e o Uruguai) de não voltar a vencer até 1982. É que 1982 + 1982 = 3964.

A Alemanha ganhou em 1954, 1974 e 1990. Ora 1974 + 1990 = 3964. Portanto terá de esperar mais quatro anos para voltar a vencer: 1954 + 2010 = 3964.

A Argentina ganhou em 1978 e 1986. Porque 1978 + 1986 = 3964.

O Brasil ganhou em 1970 e 1994; 1970 + 1994 = 3964.

O Brasil ganhou em 1962 e 2002, porque 1962 + 2002 = 3964.

O Brasil ganhou em 1958: Ora 3964 – 1958 = 2006.

Está decidido o vencedor.

PS. Já quebrei uma vez esta regra. A Inglaterra ganhou em 1966 e deveria ter voltado a ganhar em 1998, porque 1966 + 1998 = 3964. Mas Eu, Supremo Bispo, dei a vitória à França. Não foi um erro, foi uma vingançazinha por aquilo que eles fizeram aos magriços em 1996. Se há Deus, e como é óbvio Eu existo, então Ele é Português!

986. Ser Deus, dá muito trabalho

De facto ser Deus, ou se preferirem ser o Bispo Supremo, dá uma trabalheira danada.

Vós figurinhas de diversão, hologramas projectados no tempo e no espaço, não fazem a mínima ideia do que isso é, excepto quando me dá vontade de distribuir problemas por cada um de vós.

Ontem lembrei-me de:

* Mandar prender um líder nazi, mas depois dar poder a outro holograma para o mandar libertar;
* Convocar uma manifestação de polícias e baralhar aquelas cabeças todas que ficaram sem saber se haveriam de desfilar pela Avenida abaixo. Depois lá me decidi em mandar alguns até ao Terreiro do Paço;
* Lesionar o Cissé, só porque vocês, portugueses, aqui nesta quase jangada que construí, têm uma malapata com os franceses que desde os tempos de Soult, Junot e Massena, nunca mais vos deixei derrotá-los;
* Pôr as tropas australianas em confronto com os pacíficos GNR que mandei até àquele crocodilo de pedra flutuante chamada Timor;
* Atear mais uns quantos fogos e fazer o mundo pensar que queimar o vosso país, aos poucos e poucos, é um desígnio nacional.
* Fazer o Nuno Gomes dizer na conferência de imprensa que se os angolanos levassem uns quantos cartões vermelhos seria mais fácil aos portugueses vencer o jogo. Agora estou aqui numa trabalheira do caraças a meter na cabeça do Cristiano Ronaldo de que ele não é angolano. Esta noite o rapazinho vai se ver negro para dormir;
* Mandar uns 70 hologramas lerem o PreDatado e não conseguir que nenhum deles me pedisse a bênção, na caixa de comentários, a Mim, que sou o seu (deles) Bispo Supremo.

quarta-feira, junho 07, 2006

985. Eu, Supremo Bispo, gosto de espalhar a confusão



Tenho-me divertido à brava não só a pensar em coisas que fiz, como também em polémicas que crio e em medidas que tomo.

Em relação às coisas que fiz, falo-vos agora nos deputados que elegi o ano passado para a Assembleia de República. Quando manipulei os resultados, para que fosse aquela a distribuição parlamentar, eu já sabia da mescla que iria lá meter. Uns com convicções políticas, aos quais lhes incuti o espírito da defesa dos interesses do país acima de qualquer outra coisa (digo-vos de passagem que era essa a minha intenção quando um dia criei o conceito de política e de democracia) e outros, para que isto tudo não fosse uma monotonia sedativa, que eu lá colocaria para defesa de interesses particulares, inclusive os deles próprios. Por isso, não se admirem de que as incompatibilidades entre política e interesses seja aquilo que é, pois é assim mesmo que eu quero para continuar a alimentar a confusão. Aliás se assim não fosse, eu não teria escrito aquele poema que imortalizei na voz de outro Génio da minha Criação, que a todos vós apresentei como Zeca Afonso. É que eu não tenho por hábito, a não ser quando ando extremamente deprimido com as minhas figurinhas de diversão, de criar coisas efémeras, tais como o “pimba, pimba” e o “chama o antónio”. Por essa razão, Eu escrevo canções que não perdem a actualidade.

“…A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios, poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos,
Mas nada os prende às vidas acabadas.

São os mordomos do universo todo
Senhores à força. mandadores sem lei
Enchem as tulhas, bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei.

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada…”





No que respeito ás medidas que tomo, fiquem com esta sobre os fumadores, a proibição em certos locais e a afixação de caveiras e pulmões dilacerados nos maços de tabaco. E para que não abusem, mando-vos a polícia. Afinal sou o Supremo Bispo, para quê?

terça-feira, junho 06, 2006

984. Eu, Supremo Bispo, me confesso: eu também criei o futebol

Não, Scolari não é um deus, porque Deus só há um, Eu. E infelizmente ainda não consegui criar ninguém à minha imagem e semelhança. Criei um ser que gosta de futebol e a quem confiei a missão de ser seleccionador de Portugal e que, desde que chegou, tem exaltado as populações a aderirem, quase fanaticamente, ao fenómeno futebolístico a ponto de esquecerem que Eu também criei condições miseráveis para o povo, o qual, em tempo de euforia do pontapé na bola, se esquece de tudo isso. Mas há outros que eu criei a quem lhes incuti um demasiado espírito anti-futebol. São alguns intelectuais, ou reconhecidos como tal, ou pior, que se arvoraram em tal, sem que Eu lhes tivesse conseguido segurar o pulso. Hoje, algumas dessas criaturas, bajuladas por uns, naquele conceito que um dia Eu tive a infelicidade de denominar “politicamente correcto”, ou honestamente seguidos por outros que perfilham a mesma opinião, escrevem e debitam as maiores aleivosias sobre o desporto-rei (rei terreno, entenda-se) esconjurando-o ou diabolizando-o. Claro que nenhuns deles existem, uns e outros são apenas hologramas da minha diversão pessoal e vós que ledes este texto, não mais estais aqui que não por minha própria vontade, por mim mascarados de seres reais que alimentam as figurinhas da minha colecção pessoal. Mas sois, para todos os efeitos, aqueles com quem falo todos os dias e para quem inventei esta linguagem interactiva que denominei de blogosfera. Por isso, em verdade vos digo, que também criei outros seres superiores, esses sim capazes de meter no fátuo bolso das calças, que urdi para vos cobrir podengas partes, os tais intelectuais lusos, que não sei se lhes preservarei “obra valerosa” para que da lei da morte se libertem. E permiti que vos traga aqui, uma dessas superiores mentes que de vez em quando a minha veia criadora trás ao mundo e que nos deixou coisas assim:

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líqüido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.

Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.

Ademir da Guia - João Cabral de Melo Neto








PS. Para saberem mais de João Cabral de Melo Neto, de Ademir da Guia, de Ascenso Ferreira e de muitas outras obras-primas da minha Criação, leiam o blogue que Eu inspiro – e respiro - sob a pena de Manoel Carlos Pinheiro, (outro) génio da cultura Pernambucana.
Para o indispensável Manoel Carlos, daqui deste lado do Atlântico, aquele abraço.

segunda-feira, junho 05, 2006

983. Diverti-vos figurantes

Ouvi contar esta história há algum tempo atrás. Em cura de toxicodependência, Maradona foi internado num hospital psiquiátrico. Alguns pacientes começaram-se a apresentar-se. Um dizia ser Napoleão, outro dizia ser Fidel Castro e por aí fora. Perguntaram a el pibe quem ele era. Quando respondeu que era o Maradona, os outros voltaram-lhe as costas, dizendo: “Este gajo deve ser maluco”.

Conheço uma pessoa que pensa que é Deus. Não o Deus dos católicos, ou dos islâmicos, nem o dos budistas ou hindus, também não é nenhum dos antigos deuses romanos, nem gregos, nem vikings, nem celtas. Ele é apenas Deus, o criador de tudo e de todos. É um Deus vivo, presente e tudo o que existe é porque ele quer que assim seja. Na verdade não há guerra, nem paz no mundo. Não há riqueza, nem fome. Não há estrelas no céu, nem magma incandescente no ventre da Terra. Vós próprios não existis. Todos sois frutos da imaginação criativa dele. No dia que Ele morrer, o mundo acaba. Todos morrereis com a sua morte cerebral. Não vos poderá mais dar vida. Não passará o carro vermelho que ele vê da janela dele, o filme que estiver em produção não terá um epílogo, o quadro não se acabará de pintar. Ele inventou as maravilhas tecnológicas que vós pensais conhecer apenas para se divertir, fazendo-vos crer que elas existem mesmo. Ele um dia explicará melhor quando lhe apetecer interagir com cada um de vós, figurantes da sua imaginação. E podereis perguntar. Se não existo como posso estar a ler este texto? E Ele responderá: porque eu quero.


Foto de José Muñoz Reales, fotógrafo espanhol, criado por Ele para trazer aos outros figurantes (e a Ele próprio), a ilusão de que o Sol materialmente existe.

sexta-feira, junho 02, 2006

982. Party Time Blog



Reunir-se-á, amanhã, em Beja o grupo dos ante-et-postadores. É o segundo convívio colectivo desde o seu nascimento, desta vez em território alentejano, não muito longe de onde eu costumo passar muitos dos meus fins-de-semana. Não sendo eu um alentejano de nascimento sou-o por afinidade já que a minha cara-metade nasceu por essas paragens e logo que a vida nos proporcionou re-adoptamos a sua terra natal como o nosso segundo lar. O Alentejo interior exerce sobre mim vários fascínios. O primeiro é a aproximação à Paz. Na “minha” zona não sou agredido pelo constante ruído dos carros, pela poluição citadina, pela má cara de quem já acorda em stress e de quem chega a casa mais ainda stressado. Eu não dou a saudação apenas às gentes da minha rua nem recebo os bons dias apenas dos vizinhos da porta do lado. Na “minha” terra todos somos vizinhos, todos nos saudamos e até os forasteiros que àquelas paragens rumam, mesmo que por horas, se cumprimentam. O segundo é a gastronomia. Ficarei por estes dois, mas se me apetecer, voltarei ao tema noutra ocasião. Mas a gastronomia de um povo, que durante anos e anos, não soube, na sua maioria, o que era comer mais de um naco de pão com toucinho salgado ou uma sopa de acelgas é na verdade espantosa. Atrevo-me a dizer que ninguém cozinha borrego como os alentejanos, que ninguém lida o porco como eles nas suas mais variadas utilizações, da banha aos torresmos, do entrecosto ao presunto, das febras aos enchidos. Comer um cozido de grão à alentejana ou uma feijoada em púcara de barro, uma sopa de cação, umas migas, uma carne de porco com amêijoas, umas ovas de saboga, um javali estufado, uma açorda de coentros, um arroz de fressura, um ensopado de borrego, um grelhado de achegas, uma lebre com feijão branco, um coelho guizado à caçador, uns pezinhos de coentrada ou um cabrito no forno é sempre um momento solene, naquelas paragens. E há o gaspacho! Ah... o gaspacho fresquinho, comido em tardes abrasadoras. Nada pode ser mais prazenteiro. E se eu começasse a discorrer pelas sobremesas… Pela sericaia, pela encharcada, pelo arroz doce, pelo pão de rala, pelo bolo de requeijão, nunca mais parava. E o post sairia longo, longo, longo que ninguém seria capaz de ler. Por isso, neste convívio que vai ser de gentes, de amigos, de familiares, vai também, pelo que temos vindo por aqui a escrever, um convívio de sabores. Alentejanos, pois claro! E regado, bem regado com vinho tinto que é como quem diz, com o néctar de todos os Deuses. E que Eles estejam connosco.

quinta-feira, junho 01, 2006

981. Começo a gostar deste Governo














A partir de hoje, quem desrespeitar a bandeira vermelha lixa-se!