sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Olha aqui uma de moralista…

Vou aqui reproduzir uma história que me contaram. Não sou muito deste tipo de moralismos, mas de vez em quando lembro-me que também já fui yuppi (é assim que se escreve?). Chegava tarde e más horas a casa e levantava-me cedo bem cedo, para ir pró emprego. Só faltou mesmo, nos bocadinhos que via os meus filhos nos fins-de-semana, eles não terem perguntado à mãe: - Mãe este fulano que às vezes vem cá se deitar contigo à noite quando nós já estamos a dormir e que almoça aqui ao Domingo é que é o pai?
Se estou arrependido? Claro que estou! Não há nada mais bonito que o choro de uma criança e depois…, depois o sorriso da fralda limpa ou do biberão já vazio. E aquele passeio de mão dada desde a saída da escola até ao carro que ficou por dar? E o bolo dos teus 4 anos que eu não fui apagar, João? E as contas? Tiveram de as fazer sozinhos ou com ajuda da mãe não foi? (Aqui tenho de dizer que se fosse eu a ensinar não teriam essas notas a matemática…parabéns para ela) Bom, termino já porque senão daqui a pouco todos vão pensar que eu fui um bandido de pai (se é que não estão já a pensar não é?)

Um menino, aproxima-se timidamente do pai, que depois de regressar do trabalho se sentara a ver um jogo de futebol na TV:
- Pai, quanto é que ganhas por hora?
O pai, com ar severo, responde:
- Escuta aqui, rapazinho, isso nem a tua mãe sabe. Não me chateies, estou
cansado e quero ver a bola...mas a filha insiste:
-Mas pai, por favor, diz lá, quantas ganhas por hora?
Sem tirar os olhos da TV o pai respondeu:
- Ganho 30€ por hora...
- Então, pai, podes-me emprestar 20 € ?
O pai enfastiado e tratando o filho com alguma brutalidade, respondeu:
-Então era essa razão de quereres saber quanto eu ganho? Vai dormir
e não me chateies mais. Abusador!

Já era tarde na noite quando o pai começou a pensar no que tinha
acontecido e sentiu-se arrependido. Talvez, quem sabe, o filho
precisasse do dinheiro para comprar algo importante.

Querendo aliviar sua consciência pesada, foi até o quarto do filho e,
em voz baixa, perguntou: filho, já dormes?
-Não pai, respondeu sonolento o garoto.
-Olha, venho trazer-te os 20 € que me pediste.
- Muito obrigado, pai disse o filho levantando-se sorrindo e
retirando 10 € que tinha guardados por debaixo do travesseiro.

E olhando o pai com carinha de sono, entrega os 30 € ao pai e diz-lhe:

"Pai podes vender-me uma hora do teu tempo?"


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