sábado, março 20, 2004

Hoje fui ao barbeiro… estou tão bonitinho de chapéu novo.

Primeiro era o coxo. Não tenho recordações de muito, muito novo, mas dos meus 6 ou 7 anos, sim. Recordo-me de algumas coisas desse tempo. Ir ao Zé barbeiro era um suplício. Todos o conheciam pelo coxo, porque de facto o era. O Zé barbeiro, não sei se por ser coxo ou por ser barbeiro, odiava cortar cabelos a crianças. Eu acho que não há nenhum barbeiro que goste. Pegava no alicate (alicate sim, para mim era pior que um alicate, era um crocodilo) e toca de desbastar. Mas o Zé barbeiro gostava de mim. Pudera, eu ficava que nem uma estátua. Talvez porque aos meninos que cortavam o cabelo antes de mim, as ameaças de que, “daqui a pouco corto-te uma orelha”, me deixassem aterrorizado. Até que veio a moda dos cabelos compridos. Ufa! Pelo menos livrei-me de metade das idas ao barbeiro. Depois, o Zé barbeiro faleceu. E eu passei a ir ao algarvio. Só ía ao algarvio, porque ficava perto de casa e porque gostava do sotaque. Do corte e do penteado nunca gostei. Depois o algarvio faleceu. Há mais de 30 anos que vou ao Zé Manel. É um vício. Nunca vi nenhum benfiquista como ele. Deve ser o benfiquista que mais mal fala do seu clube. E o que ele se dana comigo, porque eu nunca falo mal do Glorioso. Olhem que nem no tempo do Vale e Azevedo eu conseguia falar mar do meu SLB. E é por isso que a gente se pega. Eu sempre a falar bem do Benfica e ele sempre a apontar-me os erros. Mas porque é que a gente não muda de barbeiro? Agora só quando ele falecer. Ou eu. Ou então quando, no calor da disputa, ele me cortar uma orelha.

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