quinta-feira, outubro 30, 2003

JOGRAFA
Em Janeiro de 2002, conheci Graça Falcão, uma artista plástica baiana que vive em Portugal. Das obras que pude observar, pese embora eu saiba que ela produz outras com outras características, retive o seu carácter quase abstracto. Para um leigo em arte, como eu, cada obra vale pelo que se gosta dela. Eu gostei da abstracção dos quadros e nem tão pouco os nomes das obras me conseguiram relacioná-los com as imagens. Quis fazer um ensaio semehante e eu que não sei pintar, resolvi pintar um poema. O título em si não o relacionaria com o texto e essa era a minha abstracção. Jociane, uma amiga minha, também brasileira e professora de literatura costuma fazer comigo jogo de adivinhas. Sempre que lhe escrevo ela costuma perguntar-me se sabe onde e quais as figuras de estilo que eu utilizei. Para ti minha querida Jociane (vais ter de descobrir quais...) e para ti minha querida Graça, este pequeno texto.

Jografa

Quis pintar essa rajada de vento de outra cor.
Fiquei na dúvida... Não me lembro que cor tinha antes.

Fiquei ébrio com odor daquele fá sustenido saí­do das ondas.
Apenas não me lembro do cheiro.

Não vi o som que brotava mas que me invadiu.
Que distracção a minha. Como poderei agarrá-lo de novo?

Toquei no nada, mas ele já lá não estava.
Raiva! Porque fugiu de mim? Era tão quente!

Amei o mar e do acto nasceu uma sereia,
Consigo ouvir o som dela, mas não a consigo tocar.
É igual ao fá sustenido, só que cheira a pôr do Sol.

Não. O cheiro não é o mesmo, mas tem o calor do nada.

Já sei! Vou pintar a rajada de azul...
É da cor do mar e depois... depois vou fazer amor com ela.

quarta-feira, outubro 29, 2003