quarta-feira, dezembro 31, 2008

1323. E... tchin tchin


E saúde!
Saúde, principalmente saúde!
E paz!
Paz, principalmente paz!
E dinheiro!
Dinheiro, principalmente dinheiro!
E sorte!
Sorte, principalmente sorte!
E sexo!
Sexo, principalmente sexo!
E amor!
Amor, principalmente amor!
E bubida!
Bubida, principalmente bubida!
Com sexo e bubida!
Sexo e bubida, principalmente sexo e bubida!
E Lóve!
Lóve, principalmente sexo!
E dinheiro!
Dinheiro, principalmente sexo!
E saúde!
Sexo, principalmente sorte!
E bubida!
Sexo, principalmente 2009!
FELIZ ANO NOVO! 2000 e nove e lóve! e Sexo!

terça-feira, dezembro 30, 2008

1322. Às terças...


Saudade

Quando tu não estás,
Nem sei. Fico assim
No desespero da espera…

Riscando fósforos em lixa gasta,
Enfumando os céus de raros odores
Alisando pedras que os meus pés calqueiam
Transportando o pensamento para além do cônscio
Ensimesmando-me .

Saudade.

Mas quando te vejo ao longe
Afogo canículas em brisas de desejo.


Versos de PreDatado©2008
Foto de Victor Ivanovski

segunda-feira, dezembro 29, 2008

1321. Duplos sentidos


- Pára!
- Que foi?
- Estou com medo
- De quê? Dos disparos?
- (…)
- Isto é só uma máquina fotográfica.
-(…)
- Um auto-retrato, entendes?
- Tenho medo, já disse…
- Maricas!
- Tenho medo de ficar mal na fotografia.

(O meu espelho tem destas tiradas mas eu não corroboro os seus receios; ele é um menino muito bem comportado)

domingo, dezembro 28, 2008

1320. Cena 437


Cozinha, em arrumação depois de fausto jantar. A máquina da loiça está aberta, a Dona da Casa pega num garfo de 3 dentes e inicia a sua colocação no suporte de talheres da própria máquina. Esta, a máquina, irá ser provida de detergente e abrilhantador de cristais. A marca dos mesmos não é dita pelo narrador desta cena, uma vez que nesta cena não entrará o narrador, pelo que é pressuposto se tomar conhecimento da mesma, da marca, ora bem, durante as filmagens onde se fará um close-up ao rótulo da caixa aparecendo o frasco do abrilhantador de cristais em segundo plano, ligeiramente desfocado, mas cuja silhueta dará para que o espectador se aperceba do patrocínio. O garfo de três dentes apresenta um ar de angústia, além de ligeiramente engordurado, que transmitirá durante toda a cena. Chegará mesmo a dar alguma entoação mais indignada falando em voz bem alta, tanto quanto é normal um garfo de três dentes falar e ter variações de voz. A Dona de Casa, também desde o início da cena, apresenta-se com um ar comprometido, quiçá algumas vezes irritada quando confrontada com os argumentos do garfo de 3 dentes. Escusado será dizer que todo este diálogo se produz, antes da Dona de Casa fechar a porta da máquina de lavar loiça e carregar no botão On do programador de lavagem a 65 graus.

Garfo de 3 dentes (Gd3D) – Diz-me o que foste fazer a Lisboa?
Dona de Casa (DdC) – Nada que te diga respeito.
Gd3D – Não me queres contar, não é?
DdC – Não tenho nada para te contar.
Gd3D – Foste ter com ele, eu sei!
DdC – Estás a delirar. Nem sei do que estás a falar…
Gd3D – Estou a falar dele e tu sabe-lo bem.
DdC – Mas eu nem sei se…
Gd3D – Não te desculpes, está farta de mim!
DdC – Não meu querido, Eu amo-te como nunca amei nenhum outro garfo de 3 dentes.
Gd3D – Dizes isso pelo teu amor a Espanha e não a mim, tenho a certeza.
DdC – Não sejas tonto. Tonto e ciumento! Esquece o caso, vá lá, não te atormentes.
Gd3D – Esquecer? Como é que posso esquecer? Além de tudo é uma afronta. Diz-me é mesmo ele?
DdC – Ainda não tenho a certeza. As únicas coisas que me apresentou foram uns púcaros e umas travessas de inox.
Gd3D – Eu sabia (deixou cair uma ligeira lágrima de gordura - olha afinal sempre havia narrador). Eu sempre desconfiei que te tinhas ido encontrar com esse vendedor depravado.
DdC – Vou-te confessar. Ele não tinha com ele nenhum talher completo.
Gd3D – É agora que me vais substituir por um garfo de 4 dentes não é? Eu bem devia ter desconfiado quando me adoptaste lá naquele restaurante de Talavera La Reina (aqui cabe ao narrador, que aparece pela última vez, dizer que aquele garfo de 3 dentes tinha sido roubado de um restaurante fino, pelo Chefe de Família depois de ter bebido uma garrafa inteirinha de um Valedepeña, rojo, de estalo mesmo, a acompanhar umas choletas de cochinillo al horno). - Eu sabia que toda aquela conversa com o teu marido de Devolve o garfo e tal, era só para espanhol ver e que, quando por fim não conseguiste vergá-lo e me decidiste adoptar não te irias acostumar com um garfo de 3 dentes.
DdC – Deixa-te disso, deixa-te de lamúrias, afinal nós não costumamos comer tortilla de patata nem calamares a la romana, mas sim esparguete com panadinhos de porco e dobrada com feijão branco. Bem vez que um garfo de 3 dentes não tem vocação para tais pitéus.
Gd3D – (resignado) – Fecha essa porta vai, fecha essa maldita porta da máquina que eu quero tomar um banho e depois dormir descansado na gaveta de cima. Bruxa! (o narrador não cumpriu a palavra de ter sido a última vez que interveio, um pouco mais acima, pois tinha de retratar este estado de espírito, de resignado, do garfo de 3 dentes que até se atreveu a chamar Bruxa à Dona de Casa).

PS. 1 - Este diálogo, se houver necessidade de encher chouriços na elaboração do resto da novela, pode ser prolongado por vários minutos. 2 – Qualquer semelhança entre esta cena e uma cena de uma qualquer novela actualmente a correr na TVI é pura coincidência.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

1319. Histórias de Viagens (i)


Tinha ido duas vezes a Paris para reuniões de trabalho quando no regresso de uma, chamado pelo meu patrão para que lhe fizesse o balanço e conclusões da viagem ele me perguntaria o que tinha eu achava da sua cidade. Respondi-lhe que com grande pena minha teria de responder que o aeroporto era interessante, o hotel óptimo, o jantar delicioso e a sala de reuniões, quente. Quando à cidade-luz, propriamente dita, eu não tinha opinião pois que mais não vislumbrei que ténue eifeliana silhueta pelas foscas janelas do táxi, ademais que nesta última visita chovia água, como diz o povo que é sábio nestes dizeres, que Deus a dava. Levei logo ali uma espécie de reprimenda como se tivesse sido ofendido e de ‘castigo’ estaria eu, desde já que o homem não era de adiar assuntos, intimado a não voltar a Paris sem tirar uns dias, que com muito prazer a empresa me ofereceria para visitar e conhecer um pouco melhor Paris. Refeições, deslocações (se bem que andei que me esfalfei a pé) e entradas em locais culturais (moulin rouge não incluído), também seriam oferta. É assim que viajo de facto, sendo a terceira, a primeira vez a Paris com olhos de ver sendo que o trabalho funcionou apenas como pano de fundo. E foi também aí que me dei conta de duas coisas que se viriam a confirmar por mais uma boa dúzia de outras cidades que visitei, que há portugueses espalhados por tudo quanto é cantinho do mundo e que eu tenho olho, dizem que de lince, para os detectar sem que outro indício me seja dado. Se bem que em Paris não seja nenhuma oxaria encontrar um português ou dois ou até três, a verdade é que entrando numa linha de metro e ficando às tantas incerto se teria tomado a boa direcção, dirigi-me a dois casais de adolescentes que encontrei no cais e perguntei em português como se estivesse a caminhar por uma rua de Almada (aqui sim com grande probabilidade de me dirigir a um ucraniano), Esta é a direcção certa para a catedral de Notre Dâme?, É esta mesmo meu caro senhor, também em português. E como complemento ainda tive de agradecer mais algumas informações turísticas que os jovens me deram em português com sotaque parisien.

PS. O PreDatado escreveu várias destas histórias de viagens no falecido blog colectivo "ante-et-post". Irão ser aqui reproduzidas algumas delas em companhia de novas histórias, tal como é o caso de hoje, que nunca foram passadas a blog.

foto de PreDatado

segunda-feira, dezembro 22, 2008

1317. Ele está à porta, ai está, está...




Continuando na senda da internacionalização do PreDatado venho informar-vos que amanhã não publicarei o meu habitual post das terças-feiras. Oooooooohhhhh , de decepção, estão todos neste momento a exclamar em coro, mas com sotaque inglês, uma vez que o Pre está a fazer o tal esforço para ser conhecido em todo o mundo. Meus amigos e minhas amigas leitoras que é como quem diz Ladies and Gentlemen ou até mesmo Damen und Herren, não traduzi o leitoras e leitores como já devem ter percebido. Estamos em período natalício e todas as louvas devem ser endereçadas a Jesus e Maria, sua mãe, pelo que não ficaria bem aqui um poema de amor a Maria minha mulher que se lembrou, e em boa a hora o fez, de parir em Maio e Fevereiro pelo que este não é seguramente o mês dela. Se bem que para mim seja todos os dias Natal, Noel, Christmas, Navidad e até Πόλη, devemos deixar que pelo menos este dia 25 seja dedicado à Santíssima e a seu glorioso filho, Jesus.
Tenho também a informar-vos (e a mim próprio para memória futura), que este ano terminei as minhas compras de Natal, no que a presentes diz respeito, pois o bolo-rei, os sonhos, as azevias, as broas castelar, os coscorões só os comprarei na véspera, dizia eu, terminei as compras de Natal a vinte e dois do doze pelo que a chamada lufa-lufa (será lufa-lufation em inglês?) de última hora não baterá nesta porta.
Assim para que se prove que não estou a mentir deixo-vos com o meu sapin de noel ou até mesmo com a minha christmas tree e se não for exagero e não se enfadarem também com la arbole de navidad (i.e. Різдвяна ялинка), com os ditos cujos (presentes para a família) à volta da mesma e obviamente desejando a vosotros, to you, à vous, till dig, aan u, e a todos vós minhas querida e meus queridos, um FELIZ NATAL!




PS. Eu também sou engraçadinho sem renas, não sou?

sexta-feira, dezembro 19, 2008

1316. Chuteiras


três crises na ordem do dia, em Portugal. A primeira é a chamada crise financeira, que em Portugal poderia ter o nome de “Os 3 indomáveis patifes” , sendo que três é um eufemismo pois eles, gestores, são muitíssimos mais, mas os bancos bpn, bpp e bcp são três (até ver), os que estão envolvidos nas mais diversas patifarias. Deste assunto não vou falar, ele, e bem, está a ser tratado pelos nosso governantes, com dinheirinho fresco, nosso é claro, para satisfação dos ricos. Se há coisa que sócrates não quer ver irritada são os ricos. Ponto. A segunda é a crise dos partidos, ele é no cds demissões em massa e contestação ao líder que acaba sempre por ganhar (será dos dentes?) qual jardim (o alberto joão, mas também podia ser o gonçalves que parece que continua a sair incólume na embrulhada do bcp), só que este líder é o portas o tal que durante o ano que se avizinha vai sofrer uma inflação bem superior a 2,9% de beijinhos a velhinhas e abraços a feirantes, ele é o psd (vai-se ouvir de novo muitas vezes ppd/psd), que não acerta uma, ou se acerta a gente não atinge, pois se por um lado os deputados são faltistas e, segundo o marco antónio lá do porto, deveriam ser castigados, por outro o tal de santana lopes (também deputado e também faltista), pode, mesmo que a presidente diga que nele nunca votaria, ser indigitado pela presidente para candidato à maior câmara do país, ele é o ps com uma alegre crise entre a esquerda marxista e a esquerda moderna (ohohohoh, isto sou eu a rir à pai natal, pois esquerda moderna, é o quê mesmo?). Deste assunto também não vou falar porque não há cão nem gato nos jornais e na blogosfera (séria, pois então, não é esta blogosfera dos poemas, do humor e até dos contos à roda de sapatos) que não fale nisso. Então, ponto também. E a terceira é a crise do Benfica. Repararam que escrevi Benfica com letra maiúscula? Ah pois. E porquê o Benfica? Tenha acontecido o que tenha na véspera ou em dias antes, venha a acontecer o que vier hoje ou nos próximos dias, o Benfica está sempre na ordem do dia. Hoje, por razões particulares (e em viagem), passei a manhã a ouvir o fórum tsf. O tema era o sorteio da liga dos campeões e da taça uefa. Como é sabido, desde ontem oficialmente e desde há quinze dias na prática, o meu Glorioso estava afastado da uefa. E se eu vos disser que pelo menos, porque não gosto de ser exagerado, 90% dos tipos que telefonaram para o fórum abordaram a “crise do Benfica” , vocês acreditam? Pois deste tema também não vou falar porque o Benfica é grande demais para a minha singela dimensão. Mais um ponto, desta vez final, à minha intervenção sobre os três temas da actualidade? Resta-me o quê? Falar de sapatos, não se estava mesmo a ver? Do bush? Qual bush qual caraças. Se não tiveram pachorra para ler a lenga-lenga acima leiam pelo menos o próximo parágrafo.

Consta que certo craque, de outros tempos, descoberto na rua em peladas de solteiros e casados, terá sido “contratado” por um clube grande de Lisboa. Recusou-se sempre a treinar calçado sendo que, mesmo descalço não havia bynias (estou a falar em bynias dos anos 50, obviamente) que o travassem. Como não podia deixar de ser, rapidamente acabou convocado para um jogo oficial. Equipamento à maneira, lavado e passadinho a ferro, meias novas e… tchan, tchan, tchan, tchan… chuteiras. Oh caraças, chuteiras! Calçou pela primeira vez umas chuteiras (crê-se que calçou algo pela primeira vez). Bota direita no pé esquerdo, bota esquerda no pé direito. Ao lado, um colega, vendo-o naquela triste figura não deixou passar, Ouve lá, oh fulano, tens as chuteiras calçadas ao contrário, Shiuuuu, não digas nada, é só para enganar o guarda-redes!

Pois eu também acho que anda por aí muita gente a enganar guarda-redes. Ai não que não anda.

Foto das chuteiras achada num leilão de um fórum de 2007, pelo que o lance já deve estar desactualizado.
PS. - neste caso post scriptum - I wish you a Merry Christmas (contribuição do Pre para a internacionalização do seu blog).

quarta-feira, dezembro 17, 2008

1315. Do Moleskine para o Blog


Os clubes de futebol lamentam-se da concorrência desleal. Consideram um atentado à verdade desportiva existirem clubes que contratam jogadores, formam boas ou razoáveis equipas e, depois, não cumprem as suas obrigações sociais, fiscais e salariais. Está neste caso, por exemplo o Estrela da Amadora (entre outros que ainda não foram revelados). Ora, os jogadores do Estrela têm vindo a ameaçar com greves para as desconvocarem logo de seguida. E isto porquê? Porque se isso viesse a acontecer o mais certo era o Estrela ter de acabar com o futebol profissional e os jogadores irem directos para o desemprego. Quantos clubes da 1ª e da 2ª liga já alguém viu reunirem e aprovarem uma medida que reintegrasse estes jogadores desempregados nos seus planteis? Nenhum, é claro. Na realidade essa da falta de verdade desportiva é muita basófia.

Neste momento todos, ou quase, no PSD, acham um bom candidato Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa. Parece-me que Pacheco Pereira não acha assim e até faz uma crítica interessante, sem tocar no assunto, ao publicar no Abrupto um excerto de Fradique Mendes. Quero ver se vai vestir fato igual no futuro ou se pelo contrário vai criticar explicitamente a sua Dama de Ferro (?). Olhe que o tesourinhas está à sua espera Sr. Pacheco, para lhe moldar a sobrecasaca.

Com o meu dinheiro não é? O Sr. Primeiro-ministro informou hoje, com toda a pompa e a circunstância que o debate quinzenal proporciona, que iria emprestar mil milhões de euros à CGD, que é como quem diz que a CGD iria fazer um aumento de capital nesse montante, para incentivar a economia, emprestando o dinheiro às PMEs. É uma acção muito louvável. O Sr. PM está mesmo preocupado com a economia. Pois bem e como é que isto se faz? Naturalmente com a emissão de dívida pública. Até aqui tudo bem, subscreve quem quer e principalmente quem pode. E como se remunera esta subscrição? Com o pagamento de juros é claro. De quem é esse dinheiro de quem? De todos nós! Dos contribuintes. Ah pois é, eu com o dinheirinho dos outros também sou mestre em economia.

Hoje foi dia de pais. Levei a minha mãe ao cabeleireiro, à manicure, depois juntou-se-nos a minha filha e almoçamos os quatro. Algumas compras pela tarde e umas dores incríveis nos pés. Atribuí às voltas dadas que não foram poucas. Quando em casa, já sentado no sofá, me comecei a descalçar reparei que andei o dia todo com os sapatos do meu filho.

PS. Eu também quero uma foto da Marylin.

Foto extraída daqui

terça-feira, dezembro 16, 2008

1314. Às terças...


Em ti

Aperto-me em ti, minhas mãos já sentes
Aqueço meu corpo, em ti me esfrego.
Beijo. Em ti em mim, nossas bocas quentes
Suo em ti porque a ti me entrego.
Enlaço em ti tresloucado, as coxas
E deslizo em ti com leveza de alma.
Encosto em ti minha face. Nossas faces roxas
De rubor que em ti nem a noite acalma.
Depois… depois expludo em ti
E tu, em mim, tremes em meus braços,
Em mim, paixão tal que nunca vi.
Por ti e para ti risquei estes traços.

PreDatado©2000
Foto Lorenzo Renzi via Imagens

segunda-feira, dezembro 15, 2008

1313. Um post imbuidíssimo


Imbuído de espírito natalício. Imbudíssimo. Ouvir desde manhã à noite o adeste fideles , o jingle bells, o olhei para o céu, o vai nevar vai nevar vai nevar e até condescender em ouvir os álbuns de natal completos da mariah carey e da celine dion, se isto não é estar imbuído, aliás imbuidíssimo de espírito de natal, então não sei o que é. Não recusar em cada dia do ano, durante o ano inteiro, quando lhe entregam o saco de plástico, à entrada de qualquer superfície comercial, em encher o referido saco com alimentos para as mais diversas organizações de pessoas ou de animais, contribuir para todos os peditórios de ligas, fundações e outras associações de protecção a estes ou aqueles com as mais diversas carências, comprar peluches e bonequinhas e outros artesanatos dessas mesmas instituições sem nunca virar a cara se isso não é estar, diariamente e em qualquer época, imbuído, eu diria mais, imbuídíssimo de espírito de natal, então não sei o que é o tal de espírito natalício. Almoçar todas as semanas (eles já estão velhotes para grandes jantaradas) com os meus pais, sempre que possível com os irmãos, algumas vezes com os sobrinhos e sempre que calha sem data e hora prévia marcada reunir toda a família para comer e contar histórias, mesmo que não sejam as do Santa Claus ou do Little Jesus, e não esquecer que no natal se repete a cena (e claro a ceia) pois se nos outros dias se pode comer peru e bacalhau, o natal ainda tem sonhos e filhós e rabanadas e figos e passas, diria eu se isso não é estar imbuído de espírito natalício, ou mesmo imbuidíssimo, então amigos o que é o tal espírito? Ver os olhos dos filhos, mesmo que já com mais de vinte anos de idade, olhar para chaminé ainda com os presentes embrulhados, ver esses olhos a brilharem e vê-los luzirem ainda mais a cada presente desembrulhado, ver os filhos felizes (e por acaso não só os meus, mas isso são outros quinhentos) se isso não é estar mesmo imbuídissimo de espírito natalício, alguém vai ter de me explicar melhor então o que é que isto é. Mandar à fava, sim porque aqui o Pre até é bem educado quem por estas alturas vem com o estafado discurso do consumismo e tal, e por acaso só não se vêem de peles ao pescoço (por algum, mínimo, pudor e por espírito natalício, é claro) mandá-los todos à fava, se isto não é da mais alta imbuição de espírito natalício, então não os mandarei à fava mas sim para outro sítio que eu cá sei.

PS. Olha, olha o Pre a criar odiozinhos de estimação…

sábado, dezembro 13, 2008

1312. O som das palavras


Ontem estivemos num jantar de amigos. Uma belíssima recepção e um convívio muito agradável de companheiros de há alguns anos. Lembrámos coisas mais antigas e falámos de hipóteses futuras. Despedimo-nos com alguns abraços e uns quantos schmaks, que toda a gente sabe ser uma das onomatopeias que se utilizam para descrever os beijos. Pois schmak para aqui e schmak para acolá, descemos e, em plena rua brrrrr que é como quem faz sair ar por entre os lábios quase fechados e cujo som se utiliza para dizer que está frio, Pois não foi um brrr, nem dois brrrs que se ouviram foram vários e não vale a pena aqui estar a dizer quem de nós fez os brrrrss isso evita-nos descrições detalhadas de cada um de nós e nem eu próprio que estou a tentar alinhavar duas ideias consecutivas sei se me caberia engenho para tal. O remédio foi entrar no carro ligar o motor brruuuummm, brruuuummm, desculpem de o fazer duas vezes já que o frio apenas deixou que o motor pegasse à segunda e ligar o ar condicionado rrrrrrrrrrzzzzzzz quer dizer aqueles rrrrr são do primeiro aquecimento e os zzzzzz quando a temperatura pretendida começa a ser atingida portanto mais suave. O pior é que com estas mudanças de temperatura e principalmente depois do splash quer dizer este é o som da porta a bater, de facto as onomatopeias dão muito jeito, imaginem-me eu aqui a dizer que sempre que saio do carro coloco o cinto de segurança em posição de não interferência com a própria porta ao fechar e que a empurro com cuidado para não se ouvir qualquer baaaammmm característico de um portão de quinta a fechar, mas sim um suave splash que aliás já foi referido supra e que seria escusada toda esta panóplia de como quem está enchendo chouriços para chegar ao ponto que é o seguinte, quando saí do carro cof cof cof cof bom não conheço melhor som de tosse para ser descrito pois este eu já via escrito nas nuvens supra cabeçais dos livros aos quadradinhos fossem do mundo de aventuras ou da colecção falcão e tanto tossia assim o bill the kid, como o próprio mascarilha e até quando a ocasião o proporcionava o major jaime eduardo de cook e alvega o piloto luso-britânico que a pouco e pouco ia limpando as asas da tirania nazi dos céus da europa. Mas aí outros sons roncavam quase de tal maneira que nem os devo descrever aqui porque o barulho de um motor de avião mais a mais assim tão perto como a distância desta pantalha aos vossos olhos, neste caso ouvidos, poderia trazer males maiores. Fiquemos então por aqui e retomemos a prosa onde ela ficou ou seja o cof cof cof deste escriba que por mor da fresca brisa sobre o peito aquecido no interior da viatura chega a casa toma um comprimido, vá lá isto vai fazer-te bem tem vitamina C é para a gripe mas eu não tenho gripe não faz mal toma também um chazinho de limão e glu glu glu mas devagar que a porra do chá estava quente assim se foi deitar e dizem mulher e filha que parecia um comboio só que eu não acredito nada porque eu já ouvi pessoas ressonarem e nunca ouvi pouca-terra pouca-terra pouca-terra isso sim se me dissessem ttttrrrrrr, trrrrrr, tttttrrrrr, ttttttrrrrrtttttrrrrrrtttssssss, aí sim poderia acreditar pois é assim que fazem os motores das motas a dois tempos e portanto seria de crer que tivesse ressonado toda a noite mas cá para mim teria sido mais cccrrrr cccrrr cccrrr portanto num ritmo compassado da farfalheira. Pois minhas amigas e meus amigos tenho de agradecer a quem na gramática de português nos permitiu utilizar toda esta similitude entre o som real e a sua expressão gráfica sem o que não me seria possível escrever hoje nada e acrescento apenas enquanto algumas gotas fazem plof plof plof numa poça de água que já se juntou na minha varanda e o zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz da ventania não cessa o vosso amigo já atchim atchim atchim pelo menos umas 12 vezes. E como é que será o som de uma ponta de nariz todo vermelho?
(imagem encontrada via Google imagens cujo autor não era referido mas a quem agradeço
principalmente por me ensinar a espirrar em inglês)

sexta-feira, dezembro 12, 2008

1311. Momento Ecológico


Pesca

O pai pescador, a mãe pescadora, o filho pescador.
O avô pescador também.
O rio e a barragem.
As canas de pesca os anzóis afiados.
De dupla barbela.

Os achigãs, as carpas e os barbos…
Um a um introduzidos na manga.

Fizeram uma caldeirada de avô e avó.
Vazaram a manga na barragem.

Para preservação da espécie.

PreDatado©2004 (in Livro das Artes)
Foto: PreDatado

quinta-feira, dezembro 11, 2008

1310. Noticiário


Manoel de Oliveira, realizador, português. Completa hoje 100 anos. Ainda no activo. Eu também ainda activo mas, pudera, sou mais novo. Tomara eu chegar aos 99.

Direitos do Homem. Ontem comemorou os 60 anos. Eu que ando mais ano, menos ano por aí fui muito menos vezes violado.

Educação. A ministra acabou de entrar na reunião com os sindicatos. Aos jornalistas pôs a tocar a cassete. Não respondeu a nenhuma pergunta feita por eles. Que falta de educação.

Ao Sporting poderá calhar entre outras, nos quartos da Champions, o Manchester United. Por acaso gostava de ver o Cristiano Ronaldo voltar chorar depois de marcar o golo que eliminasse o Sporting. Isso sim, seria sportinguismo.

O procurador do Ministério Público terminou as alegações finais no caso Casa Pia. Parece que pediu penas de prisão para todos, em tempo que não permita penas suspensas. Consta que se os arguidos não forem condenados, alguns procuradores poderão imigrar para Chicago. No estado do Illinois é possível serem condenados os poderosos.

Poder de compra. Portugal situou-se em 19º lugar no 'ranking' do PIB per capita em Paridades de Poder de Compra dos 27 países da União Europeia (informação do INE). Bom já não é chita, desta vez não somos o último. E penso mesmo que estaríamos nos 3 primeiros se tivessem sido somados o ordenado do Governador do Banco de Portugal e os rendimentos do Dias Loureiro.

Ali Alatas, morreu hoje com 76 anos. Por morrer o Ali há latas não acabaram os ecopontos amarelos. Que piada mais estúpida.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

1309. Da janela do quarto dele


- O miúdo tem jeito, atirou mal o encarei esta manhã.
- Ai, estamos mal a falar de bola a estas horas, ripostei ainda esfregando os olhos com sono.
- Qual bola, meu? Não é desse, é do teu, informou-me deixando-me perplexo.
- O que é que queres dizer com isso? – acabei perguntando eu que até lhe conheço as artes, a música, a pintura, o design e outras, mas que quando acordo ainda tenho uma série de interruptores desligados.
- Para escrever, homem. Já leste o blog dele?

(…)

Acabei de fazer a barba e de lavar os dentes. Não continuamos o diálogo. Aliás nesta altura eu ainda só tinha a pestana do olho direita levantada. Nesta pausa na conversa com o meu espelho, continuei a tratar de mim. Tomei o meu comprimido diário para a hipertensão, tomei banho, preparei o pequeno-almoço, comi e vesti-me. Vim também ao computador ler os títulos dos jornais da manhã e obviamente ler o blog do garoto. Voltei ao espelho ajeitando o nó da gravata.

- Se eu tivesse a paisagem que ele tem da janela do quarto dele também eu me inspiraria assim, disse-lhe em tom meio de desculpa, meio de justificação, enquanto sacudia um cabelo na banda do blaser, dando-lhe a entender que já tinha ido ler o blog do rapaz.

(… deu uma gargalhada, como quem pergunta: o quê tu?)

- O quê tu? – perguntou.
- Sim eu, respondi-lhe peremptório – Ou achas que não sou capaz? Ainda lhe perguntei enquanto me “despenteava” com o gel, wet effect.
- Vaidoso – terminou, acabando por me virar as costas.

(ainda gostava de saber porque é que este meu espelho me vira sempre as costas em fim de conversa)

PreDatado©2008, in Conversas com o meu espelho
Foto, Lausanne, “da janela do meu quarto”, João Capote

terça-feira, dezembro 09, 2008

1308. Às terças...


As Tuas Mãos

Caminhando enredadas como nós nas minhas,
Acariciando meu corpo de desejo ardendo,
Ardendo, como em piras se incendeiam pinhas,
Ou geladas, por vezes, vão de frio tremendo,

Na lida, como mulher, só mulher o sabe,
Banhando os filhos, como mãe ternura,
Talhando um fato (tomara que acabe,
Pois meu corpo reclama para si ternura),

Artesãs inatas, ou por ti criadas,
Encetam obras qu’ inda mal findas,
Já carinhosas são, doces de cetim forradas,
São lindas, meu amor, tuas mãos são lindas.

PreDatado©2000

Foto Dominique Lefort (DomiL)

sábado, dezembro 06, 2008

1307. Com amigos destes...


E depois dizem que são nossos amigos. A engraçadinha lembrou-se de mim. Está bem abelha. Se não fosse o Benfica estar a levar cinco na pá do Olympiakos, oh lá como é que os gajos do Pireu se chamam, não se tinha lembrado de mim. Vejam lá se ela me telefonou, epah oh Pre estou aqui a pensar em ti pois estou a comer uns cuscuz com uma vitela deliciosa e fiquei cheia de pena de não podermos compartilhar, ou sei lá tipo, pega aí na tua Mariazinha e vem aqui ter com a gente a Marrakech tomar um chazinho de menta com fakkas. Mas não, nada disso, só se lembram de um gajo para nos atazanarem o juízo. Vejam bem se ela não podia ter-me telefonado e dito, olha eu e o M. vamos sair para uma dança do ventre e como sei que tu gostas pensamos em ti. Mas não! Se calhar estava com medo de me meter inveja. Não metes inveja não, Karla, devias era ter ficado mais umas duas ou três semanas presa na neve. E vocês sabem porque é que eu estou fulo com ela? Porque a minha “amiga” (está bem, está) Karla me manda o seguinte SMS: “Olá, estamos aqui retidos em pleno Atlas, a cair um nevão de todo o tamanho. Curioso é que a mais de 2000 metros de altitude e a mais de 2000 km de Lisboa, estamos a captar uma estação portuguesa de rádio e a ouvir a desgraça que está a acontecer ao teu Benfica." Amigos? Está bem, está.

PS. Obviamente que é uma brincadeira. Gosto muito de vocês AR (aka Karla) e do M. Um grande abraço muito apertado para ambos. E obrigado, mesmo que por uma “má causa” de se terem lembrado de mim. Ah e mais ainda. Esta foto, da cadeia do Atlas nevada, foi tirada pela AR que teve a gentileza de ma oferecer. (Já vos tinha dito que deveriam clicar nas imagens para as verem com mais pormenor?)

sexta-feira, dezembro 05, 2008

1306. Artes





















Escrita


Abriu um caderno em branco.
Rabiscou duas linhas na primeira página
E foi dormir.
Às seis em ponto da tarde
Chovia e a chuva molhava-lhe
Os pensamentos.
Acordou, tirou o lápis de trás da orelha
Abriu o caderno quase em branco.
Acabou de o preencher.
Deu-o a ler, o editor num movimento suave
(como devem ser suaves os movimentos com as mulheres),
Mas decidido
(como devem ser decididos os movimentos dos editores),
Jogou o manuscrito no lixo de papéis.
É bem feito!
Quem manda a escritora
Pegar no lápis ainda húmida?


Versos de PreDatado©, 2004
Este e outros poemas em Livro das Artes
Foto de Pascal Triponez via Imagens

PS. Alves Fernandes é o meu nome. Os meus quadros (acrílicos e óleos sobre tela) são assinados como Alves/nn sendo nn o ano da sua execução. Os meus poemas foram na blogosfera também assinados como Alves ou Alves Fernandes em alguns posts ou blogs, mas geralmente como PreDatado. Qualquer destes poemas pode ser copiado, transcrito em outros blogs, musicado e cantado. O mesmo se aplica a quaisquer outros dos meus textos, bem como as fotos de minha autoria aqui colocadas ou no meu outro blog, fotos do Pre, sem consentimento prévio do autor. A única exigência sob pena de violação dos meus direitos, é a de ser referido o autor e a origem da cópia. Obrigado.

quinta-feira, dezembro 04, 2008


1305. Sem tema

Hoje acordei com tanta vontade de escrever que até as pontinhas dos dedos estavam excitados. Quedei-me , no entanto, uma vez mais num dos meus useiros e vezeiros dilemas que me deixam assim como que meio atrofiado. Não sabia se haveria de escrever sobre um tema quente da actualidade ou se haveria de me remeter aos habituais faits-divers que entretêm e deixam que por momentos nos esqueçamos da crise (crisis? what crisis? Supertramp, 1975). Bom, temas quentes da actualidade é quase um obsceno contra-senso. Com o briol que tem estado nestes dias (não repararam ainda, vós que ledes a blogosfera de fio a pavio que não há blogger ou bloggera que ainda não tenha falado do frio, como se o normal, nesta época do ano em Portugal, fosse fazer aquele calorão de rachar?), não há temas quentes. Ups! Acabei de me juntar ao grupo, também falei do frio. Quanto ao fait-diver, que contrapõe a temas importantes mas muito desinteressantes, temas interessantes mas que não têm a mínima importância (onde é que eu já li isto?), o busílis da questão foi ter por onde pegar. Quando fiz (desfiz, para os meus amigos do Norte, carago!) a barba ainda esperei que o meu espelho me dissesse algo, mas ele limitou-se a assobiar o que, diga-se de passagem, não foi muito propositado já que me salpicou todo de espuma de barbear, podia também falar-vos dos meus gatos mas não seria tão interessante como falar daquele gato do dono de um restaurante – passava há pouco um documentário no NGC – na Tailândia onde o calor era tanto que o gato ia dormir para o frigorífico, fui ao café e que, incluindo os três estrangeiros que lá estavam, digo isto porque quando eu disse “bom-dia” em alto e bom som nenhum respondeu, só podiam ser estrangeiros que não perceberam patavina, nada de interessante se passava por lá. Ninguém a falar mal da ministra da educação, nenhum pai, por acaso não filiado na Associação Nacional de Pais (já agora gostava de saber quantos são) chamava nomes aos professores e nem aquele boçal que lá costuma estar a dizer que isto só lá vai é com outro salazar, pairava por aquelas bandas. Li o jornal desportivo e não encontrei ninguém a falar mal do Scolari ou a elogiar o Queiroz, hoje era só Cristiano para aqui, Ronaldo para acolá, os frangos do guarda-redes Quim parece que já estão esquecidos, acabei por, um dia mais cedo do que o habitual, o que me vai deixar sem tema para amanhã, por, dizia eu, ir de novo meter os papeis para a reforma e regressar ao escritório. E de repente EUREKA, já sei , vou escrever um poema sobre o mar. E já me saiam as primeiras estrofes oh mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal, quando me lembrei que isto já tinha sido escrito por alguém antes de mim. Fiquei tão deprimido que resolvi não escrever a ponta de um corno e limitei-me a postar uma fotografia de Olga Volodina.

quarta-feira, dezembro 03, 2008


1304. Cenas da Vida Familiar

1. Do irmão (mais novo)

Eu bem sei que o Romeira – Reserva 1999 – DOC não é o melhor vinho do mundo. Mas é um excelente vinho aqui da nossa região que te ficaria bem se acompanhasses com um cabrito no forno à padeiro ou com uma boa costeleta de novilho na grelha. E até podias ter começado com um queijo de Azeitão.

Também sei que és Prof. Dr. Engenheiro e que portanto és chique e não bebes qualquer zurrapa que te ponham à frente.

Agora, vires-me contar que acompanhaste um hambúrguer comprado no McDonald’s com Romeira, Reserva de 1999 só podias levar com um post! Eu avisei-te! Ou querias que eu te oferecesse uma coca-cola?

2. Do pai

Muito à frente. Muito à frente mesmo. Conversávamos sobre constrangimentos no consultório.
Inicio dos anos 60. O meu pai estava em formação / laboração na Suécia. Uma micose numa virilha levou-o ao consultório do médico de trabalho. Para atendê-lo duas médicas. Com a ajuda do tradutor, o meu pai fez saber que tinha vergonha de mostrar as partes às senhoras. Em Portugal não era assim. Médicos para homens, médicas para senhoras. Pelo menos no que dizia respeito a tratamentos de locais mais íntimos. E assim lá veio um médico atendê-lo.
Muito à frente, digo eu. Aqui, ainda hoje, se queremos um médico de uma especialidade esperamos 3 meses. Lá havia uma médica para cada testículo. Muito à frente.

Foto de Kathie Fry in www.SkateLog.com

terça-feira, dezembro 02, 2008


1303. Às terças...











Sementes

Aos poucos aquele grãozinho que parece areia vai-se aproximando
E não é de areia mas parece areia de tão pequenino que é o floco
E aquele floco se enrola em outro floco e não é mais um grão de areia, é uma semente de neve.
E a neve se semeia em bola que cresce e, bola de neve se transforma em bola de neve,
Como um olhar que começou num olhar e se enrolou em outro olhar…
E de um beijo se fez dois e de dois se fez semente de abraço;
E o abraço se semeia em outro que já não é mais um abraço mas apenas um corpo de dois.
Como se tu foras a minha bola de neve.

PreDatado©2008
Foto “Beijo” (colecção particular do autor)