sexta-feira, maio 28, 2010

1537. Prioridade à cordialidade

Não me dei ainda ao trabalho de fazer estatística que para isso há os INEs e outros organismos mas, percepcionalmente, diria que há para aí uns 90 por cento, mais coisa menos coisa, de automóveis que vêm com um equipamento completamente inútil. Ou então avariado. São os piscas que mesmo que estejam a funcionar bem, avariam instantaneamente mal os condutores chegam a uma rotunda.

Por falar em rotundas, acho que a Federação Portuguesa de Automobilismo anda a proceder muito mal. Isto de marcar as provas de velocidade exactamente nas entradas das rotundas não me parece boa coisa. Ou então são só os treinos. Na verdade é muito raro eu ir a entrar numa rotunda que não se aproxime um da minha esquerda a acelerar desalmadamente para que não lhe roube a prioridade. Ou será mesmo um corredor em treino? Prioridade e cordialidade, rimam mas são completamente incompatíveis.

Já agora a propósito de cordialidade, nunca vos aconteceu apanharem os cordiais velhotes que colocam o pé na passadeira, a gente pára, o velhote pára também e começa a gesticular para que a gente avance. Então, nós, cá de dentro do cubículo, fazemos o gesto de que quem tem prioridade é ele e, ele que não, continua numa de polícia sinaleiro a mandar-nos avançar. E é no momento que decidimos que não há mais nada a fazer e avançamos que ele volta a pôr o pé na passadeira. Ufa.

Sobre passadeiras há uma coisa que eu queria protestar com as Câmaras Municipais. É exactamente a da colocação de passadeiras de peões e a respectiva disposição. Primeiro estão todas no local errado. Deveriam estar 4 ou 5 metros acima do que estão ou então abaixo, pois é por aí que os peões atravessam normalmente e não sobre as que estão pintadas. Em segundo, em vez de as colocar na perpendicular dos passeios deviam colocá-las de viés porque, quando um pião, por acaso, entra numa passadeira é de viés e não em frente que a atravessa. E má nada!

Fotografias daqui e daqui.

quinta-feira, maio 27, 2010

1536. Parabéns

Ainda ontem eu escrevia aqui sobre o tempo e como ele passa por nós, sem aparentemente nos darmos conta, mas deixando-nos inabaláveis marcas e já hoje volto, de novo, para dizer que parece que foi ontem. Pois é amigas leitoras e amigos leitores do PreDatado, ainda parece que foi ontem que passei intermináveis horas (minutos) agarrado aos cigarros, a minha horrível muleta de outros tempos, andando de um lado para o outro na sala de espera, roendo ao mesmo tempo as unhas até ao sabugo quando me foi anunciado que tinha nascido uma menina. Parece que foi ontem e a minha menina faz hoje 29 anos. Parabéns filhota. Adoro-te.

quarta-feira, maio 26, 2010

1535. Tempo

Parei no lugar reservado a residentes, não estacionei porque não sou residente e fiquei à janela do carro enquanto o meu amigo Paulo comprou o autoclismo. Fiquei parado o mesmo tempo do que se estacionasse, evitei a multa e vi passar o Franquelim. Há muito tempo que o não via e nem sei se ele me conhece ou se ainda se lembra de mim. Outras gerações, malta de Almada e do Almada. Passaram uma mãe e três filhos comendo gelados, pareciam ser de pistáchio pela cor ou talvez de menta. Mas não, se fossem de menta ter-me-ia cheirado. Um dos putos percorria a estrada junto aos carros em vez de seguir pela calçada. Vi também a Maria. A Maria é uma bacana, era uma bacana, ganda maluca, mas no bom sentido. A Maria é preta mas não é uma preta assim sem mais nem menos. A Maria já é preta há muitos anos, desde aquele tempo em que eu a conheci. Ou até antes. Gosta de todos não por ser preta e gostamos dela não por ser preta mas por ser Ela. Já não sei se ainda exala aquela maluquice de antigamente quando ria a bom rir por tudo e por nada, achei-a velha. O tempo não perdoa. Se calhar também foi por causa do tempo que o Franquelim não me reconheceu, ele que era um dos companheiros do meu finado tio Fernando. A quem o tempo parece não querer perdoar é à idosa que seguia o percurso do garoto do gelado de pistáchio (ou seria de menta?). Avózinha, deveria ir pelo passeio, aqui é perigoso. Sabia disso mas não podia caminhar “pelas pedras”. O autoclismo custou o mesmo preço comprado no comércio tradicional. E se tiver sorte ainda me sai o automóvel da rifa. Antes do pisca-pisca, olhei o retrovisor para tirar um pequeno grão de areia que se me introduziu numa vista. Tenho mais cabelos brancos. Será que é por isso que nos deixamos de reconhecer?

Foto PreDatado©, Almada 2009

terça-feira, maio 18, 2010

1534. Sempre que eu achar que tenho razão, reclamo






Nem sempre o cliente tem razão mesmo quando julga que a tem. Foi exactamente o que eu aprendi e mais nada há a dizer. Mas eu por acaso ainda vos vou contar, já que hoje não tinha mais nada para escrever. Normalmente uso na minha impressora tinteiros originais, mas um dia, levado pela promoção da funcionária de uma loja de electrónica/electrodomésticos de uma grande superfície comercial, decidi comprar tinteiros da marca deles. Logo de início tive problemas no sentido de que a impressora detectava tinteiros não originais e passava o tempo a chatear-me com warnings. Mas veio um dia, não sei se por actualização do software da impressora, se por alguma não codificação no chip dos tinteiros, a impressora passou a recusar-se a imprimir com tinteiros não originais. Vou eu daí, armado em espertinho e pensando que tinha razão, falar com um funcionário da dita loja de electrónica/electrodomésticos da tal grande superfície comercial, a quem perguntei se percebia alguma coisa da cena e que depois de se confirmar um conhecedor me disse que era natural pois os tinteiros não originais podem danificar a impressora. Como é que é? Perguntei eu, assim como que a modos de estupefacto com a resposta, mas ele confirmou que era isso mesmo. Ora foi aqui que eu pensei erradamente que tinha razão. Se uma funcionária, vestindo a camisola da tal loja de electrónica/electrodomésticos da mencionada grande superfície comercial me aconselha uns tinteiros que a minha impressora não reconhece e outro funcionário da mesma loja de electrónica/electrodomésticos da mesma grande superfície comercial me diz que a impressora está no seu direito de não querer lá intrusos, sob pena de ir parar ao hospital com uma intoxicação alimentar qualquer, julguei eu, na minha, que deveria estar lá no expositor um aviso tipo “Esta loja de electrónica/electrodomésticos desta grande superfície comercial avisa que os seus tinteiros podem ser recusados pelas impressoras e mesmo que o não sejam pode lhes causar maleita, sei lá, uma urticária desconhecida”. Não havendo este aviso, este que vos escreve dirigiu-se ao balcão do pós-venda da loja de electrónica/electrodomésticos da mais que referida grande superfície comercial, pediu o livro de reclamações e escreveu em resumo isto que vos conta acima. E como não tinha nada que o fazer, pois como é óbvio não tinha nenhuma razão, recebeu ontem mesmo uma carta da ASAE que lhe informa que não existindo da parte da tal loja de electrónica/electrodomésticos da grande superfície comercial em causa, prática contrária à da lei, a reclamação seria arquivada. Pronto, assim estou mais descansado.

domingo, maio 16, 2010

1533. Uma dica turística


Decidimos fazer um passeio de dois dias, mais coisa, menos coisa pelo Alto Alentejo, principalmente visitando vilas e lugares que não conhecíamos ainda. Daí que, como bom benfiquista não tenha ficado indiferente ao Sport Cabeção e Benfica (foto) filial nº 15 do Glorioso. Muito interessante foi ver a exposição na casa-museu de Manuel Ribeiro de Pavia, na vila de Pavia da qual, o artista, retirou o nome (foto de uma rua de Pavia). Ao olharmos os desenhos de Manuel Ribeiro ficamos com a sensação de já ter visto aquele traço em qualquer lado e rapidamente nos vêm à memória os desenhos na prisão de Álvaro Cunhal. Pois foi no traço de Manuel Ribeiro que Cunhal bebeu a inspiração. Uma obra de se lhe tirar o chapéu. E porque o objectivo principal tinha sido a visita ao Fluviário de Mora digo-vos que vale a pena. O aquário não é muito grande, percorre-se com satisfação e dá tempo, até, para se lerem as explicações. É excelente para quem tem filhos em idade escolar e, claro, para quem gosta da vida animal, neste caso aquática e piscícola. Infelizmente as lontras deviam estar a dormir e não as conseguimos ver. Suas lontras! Quando se começou a fazer tarde rumamos ao Solar dos Lilases. Não tinha referências anteriores mas em boa hora o elegi. Um solar novecentista, totalmente recuperado e restaurado pelos actuais proprietários – daqui saúdo o sr. Jaime Pires, esposa e filha que foram de uma simpatia indescritível para connosco. As salas com frescos muito doces de cores e excelentemente pintados a criarem alguns equívocos a quem olha, mas mais não conto porque é quase obrigatório lá ir. Fica em Mora e deixo-vos uma foto do salão. O dia seguinte foi dedicado a um passeio urbano em Mora, na compra dos bolos caseiros da D. Otília, para almoçar e, principalmente, para visitar o Monte Selvagem, que fica na estrada entre Lavre e Ciborro e que, mais uma vez, aconselho a quem tem crianças ou a quem gosta particularmente da vida animal. Duas palavras ainda para este roteiro turístico. Uma para a Igreja de Nossa Senhora das Brotas. Farei um post a seu tempo sobre a igreja, as lendas e como fomos acompanhados pela D. Catarina. A outra para os gourmets. Ir a Mora e não almoçar ou jantar no Afonso é um crime de lesa gastronomia. E mais não digo.

Fotos de Vítor Fernandes, aka PreDatado ©, 2010

quarta-feira, maio 12, 2010

1532. 23, 24, 30

Uma das coisas que os meus amigos leitores e as minhas amigas leitoras já sabem é que eu sou um grande adepto de futebol. Nunca segui a carreira de futebolista mas tinha jeito. Só que a ter jeito como eu tinha havia pelo menos mais 10 na minha rua, mais 20 no meu bairro, mais 100 na minha Freguesia, mais 1000 no meu Concelho, mais 10000 no meu Distrito e pelo menos mais 300 mil no país inteiro. Por isso fiquei-me por jogador popular, jogava na rua, no bairro, na escola e no trabalho. Mas isso nunca me retirou a aficcion. Por isso sou também um observador atento das coisas que se vão passando no mundo do futebol, com muitas falhas, é óbvio, porque não sou, nem quero ser, um especialista. E também eu, parece que à semelhança de pelo menos 90% de outros portugueses, não concordo com a lista dos 24 de Carlos Queiroz para o Mundial. Eu escrevi 24 e não 30, propositadamente. Já me confrontei com as listas de convocados da Argentina, do Brasil, do Uruguai, da Austrália (31), da Espanha, da Alemanha (27), do Gana (29), da Inglaterra, da França e da Holanda e nenhuma destas selecções tem uma lista de 23 ou 24 jogadores mas sim de 30 (entre parêntesis as diferentes). Aliás, a FIFA é isso que pede. Uma lista de 30 jogadores e a confirmação dos 23 finais até 10 de Junho. Podia Carlos Queiroz ter evitado toda esta confusão se, na primeira hora, tivesse de imediato listado os 30 escolhidos, o que veio a fazer horas depois. Depois logo se via, porque na véspera do início do campeonato todas as opções são mais facilmente aceites.

quinta-feira, maio 06, 2010

1531. Declaração de amor

Gosto do cheiro da relva acabada de cortar e de d. rodrigos.

Gosto de cerveja fresca tomada numa esplanada à beira-mar e de t-shirts pretas.

Gosto de sericaia adornada com ameixas de Elvas e do cheiro da terra depois da chuva.

Gosto da brisa do fim das tardes de Verão e de andar descalço numa batemilha.

Gosto de fotografar flores molhadas e viajar em primeira classe.

Gosto do anticiclone dos Açores e de navegar na internet.

Gosto de fazer amor à luz do dia e de banda desenhada.

Gosto de dançar foxtrot e de pássaros fora das gaiolas.

Gosto de rimar inconsistente com dor de dente.

Gosto de ler Saramago, de ver Woody Allen e de ouvir Pat Metheny .

Gosto do cheiro que emana das lojas que moem café.

Gosto de TV HD, de cinema 3D, e do velho LP.

Gosto de mulheres nuas, de guarda-chuvas às riscas e de amendoeiras em flor.

Gosto de laranjas, de amoras, de ameixas e de sapatos de atacadores.

Gosto do Benfica, de fecho-éclair, de camisas aos quadrados e de alho francês.

Gosto de meias pretas, de mexilhão à marinheira e de vinho tinto.

Gosto de matemática e de azulejos do século XVII.

Gosto do som da balalaica, gosto de bicicletas e de canivetes suíços.

Gosto de pintar a acrílico e de filetes de pescada com abacaxi.

Gosto de pimentos, de orelha de porco, de canja de galinha e de polvo à lagareiro.

Gosto de esferográficas azuis, de rosas amarelas e de vinho verde branco.

Gosto de livres directos, de gin tónico e de espetadas de lulas.

Gosto de havaianas, de jeans, de gravatas Dior, de lenços Hermès e de sopa de agrião.

Gosto de expressões latinas e dar os bons dias no elevador.

Gosto de futebol, de rendas de bilros, de cabelos curtos e de óculos graduados.

Gosto de gatos, gosto de queijo de ovelha e gosto de dormir no sofá.

Gosto de rock and roll, de badmington, de lápis de cor e de cortinas translúcidas.

Gosto de ti! Gosto muito de ti!

Foto: PreDatado©, 2010 – Menir dos Almendres

terça-feira, maio 04, 2010

1530. Passeios


Vós, amigos leitores e amigas leitoras sabeis da minha (nossa, cá da casa) paixão pelos gatos. Não só temos quatro, mais os dois que a Anita tem desde que casou e, tantos outros de que fizemos de FAT e depois “distribuímos”. Mas também lá na terra, para quem levamos montes de comida e afecto se faz a festa, numa reunião que chega a atingir mais de uma dúzia de convivas. Já aqui vos falei do Pessoa e de outros. Desta vez o Pessoa não veio. Nem o Ronaldo, nem a Katua, nem o Mantorras. Temo que lhes tenha acontecido o pior.



Fui, pela primeira vez à Ovibeja. Não sou um entendido em gado, embora goste de apreciar os seus melhores exemplares. De alfaias agrícolas, nem das virtuais que uso na Farmville eu entendo, quanto mais de toda aquela maquinaria que por lá havia. Quanto aos espectáculos, cujo cartaz me parecia tentador, acabei por não assistir grande coisa pois tinha já o compromisso de assistir aos festejos da Santa Cruz na Vila Nova de S. Bento. Perguntais-me vós e com toda a propriedade o que fui para uma feira destas fazer? Sabores, meus amigos. Prazeres, minhas amigas. Mas ele há melhores sabores do que os alentejanos? Ainda o ar me cheira a poejos e já estou com saudades do presunto do porco preto, do queijo de Serpa e do pão de rala. E mais não digo, para não sujar o texto com a água que me sai da boca.



Não conhecia as festas da Santa Cruz de Vila Nova de S. Bento. São quatro dias com procissões, cantos e bailaricos. São ruas cobertas de rosmaninho e ranchos cantando pelas ruas. Só assisti a um pouco destes festejos e do que vi gostei. Fomos também muito bem recebidos por uma nossa amiga, aldeense (ex-Aldeia Nova) que nos falou das tradições e nos mostrou o essencial.


Ando numa de visitar os castelos de Portugal. Desta vez “fui” a quatro dos quais três
pela primeira vez. Gostei e voltei a gostar, respectivamente, do Castelo de Montemor-o-Novo e do Castelo de Mértola. O castelo do Alvito foi transformado em Pousada pelo que já não é visitável ao público e o de Viana do Alentejo estava fechado mas não entendi bem se era facto normal ou se era apenas devido a obras. No entanto, vistos de fora são muito bonitos. Tenho de explorar melhor.



Fotos PreDatado 2010