sábado, dezembro 20, 2003

Cidade do Cagalhão

Não vou falar das outras cidades. É nesta que me movimento, srª D. Maria Emilia.. É na cidade de Almada que faço a minha vida, Srª D. Maria Emilía. Talvez a senhora só se movimente a pé quando acompanha tudo quanto é autoridade governamental para fazer inaugurações. Mas eu, srª D. Maria Emília não tenho carro com motorista de serviço para me deixar onde eu quero e por isso tenho de me deslocar a pé. Mas esse não é o mal.. O mal é o meu pescoço e a minha cabeça srª D. Maria Emília. Pode perguntar o que têm os seus pés a ver com o pescoço e com a cabeça? Então eu explico srª D. Maria Emília... é que eu não consigo andar a pé em Almada sem andar a olhar para o chão.. nem imagina quanto iso me dá cabo do meu já bem mal tratado pescoço. Não, não tenho medo de mostra a cara srª D. Marai Emília... tenho os impostos em dia! Só que ao contrário de outras pessoas, não posso afirmar "Saio à rua de cabeça levantada". É que se o fizer acabo por pisar tudo quanto é cagalhão de cachorro por essas ruas de Almada. (Já agora a titulo de parêntesis lhe digo que me queixo da cabeça, porque este meu movimento de andar sempre a olhar para o chão não me deixa ver os postes de electricidade nem os sinais de transito, e vai daí ... é cada galo na cabeça). Pois srª D. Maria Emília, a srª até pode argumentar que não são os seus cãezinhos que cagam na rua. Pois bem. Mas os meus é que não são, porque eu nem tenho cães. Também lhe posso afirmar, sem qualquer possibilidade de ser desmentido, que eu não sou Presidente da Câmara. A srª D. Maria Emília é que é. Se não há leis que obriguem os donos dos cachorrinhos a limpar a merda que eles fazem, então srª D. Maria Emília, mande limpar os passeios. E todos os dias, não é só quando há inaugurações (ou eleições), entende? Mas se há leis, faça cumpri-las. Eu é que já não aguento mais as dores de pescoço!!!
PS. 1. Hoje tive a infeliz ideia de levantar a cabeça para cumprimentar na rua um dos seus vereadores, meu conhecido. Resultado: Caguei os sapatos!
PS. 2. Este recado é também para o sr. Alfredo Monteiro. É que, apesar de eu fazer praticamente toda a minha vida diária no concelho de Almada, resido no do Seixal. E, sr. Alfredo Monteiro, sorte minha eu não conhecer nenhum vereador do seu elenco. Já viu quantas vezes eu teria de limpar a merda dos pés por dia?

terça-feira, dezembro 02, 2003

Luz

Luzinha loira lua do lado de lá,
Dança do ventre, luar do sertão.
Cheiro de lua prateando o mar,
Fina areia, salpicada de sal.

Analuz arte axé orixá
Reiki caminho da paz pró coração.
Energia que brota no tocar,
Colorido de arco iris tropical.

sexta-feira, novembro 28, 2003

WC

Hoje estive na Exponor. Quando cheguei, ía aflitinho e lá fui eu direito ao WC. Na porta estava um cartaz que dizia:

"É proibido lavarem os materiais...."

sexta-feira, novembro 21, 2003

Facturas e IRS

O Governo tem gasto uma fortuna em publicidade a incentivar-nos a pedir facturas. Se todos pagarem... até aqui tudo bem. Mas e o que ganhamos nós meros contribuintes? Estádios de futebol???????

Hoje estive a fazer um exercício de masoquismo. Peguei num guia fiscal e vi que tenho o direito de abater à colecta 30% das despesas escolares que faço anualmente com os meus filhos, num máximo de 570 Euros. Mas eu tenho dois filhos a estudar na universidade... E pago pelos dois só em propinas 1704 Euros. Ora, feitas as contas, 30% deste valor é exactamente 511,20 Euros. Pois! Quer dizer, só com as propinas quase que atinjo o benefício fiscal. E pergunto o que vou fazer às dezenas (até hoje contei 79) facturas das despesas que os miudos fazem na escola? É que nem para limpar o c... servem. Porque o valor é grande mas o papel é pequeno. Que grande incentivo!!!! Para o ano que vem, estou-me cagando.. Não há facturas para ninguem. Ou há moralidade ou comem todos! Ao menos que uma vez na vida seja eu a f... o Governo!.

terça-feira, novembro 11, 2003

SONETANDO NA BRISA

Sentir o sopro de teu ar, me inebria,
Como uma brisa ligeira de perfume,
Num misto de canela, ardente em lume
No teu corpo cor da minha fantasia.

Essa tez, esse sorriso, essa brandura
Essa calma, prazenteiro o teu olhar,
Simpatia que inspira o meu cantar
Olho-te doce, de sugar tua doçura.

Estão tão perto e tão longe de poder
Te desejar. Temos cada um a nossa margem,
Com um rio cheio de razões a separar.

Sei que um dia o tempo irá fazer morrer,
Este desejo. Então, resta uma aragem
Para acariciar meu sonho ao acordar.

(Dedicado a Aragem.. se não fosse patético poderia ser poético)

quinta-feira, outubro 30, 2003

JOGRAFA
Em Janeiro de 2002, conheci Graça Falcão, uma artista plástica baiana que vive em Portugal. Das obras que pude observar, pese embora eu saiba que ela produz outras com outras características, retive o seu carácter quase abstracto. Para um leigo em arte, como eu, cada obra vale pelo que se gosta dela. Eu gostei da abstracção dos quadros e nem tão pouco os nomes das obras me conseguiram relacioná-los com as imagens. Quis fazer um ensaio semehante e eu que não sei pintar, resolvi pintar um poema. O título em si não o relacionaria com o texto e essa era a minha abstracção. Jociane, uma amiga minha, também brasileira e professora de literatura costuma fazer comigo jogo de adivinhas. Sempre que lhe escrevo ela costuma perguntar-me se sabe onde e quais as figuras de estilo que eu utilizei. Para ti minha querida Jociane (vais ter de descobrir quais...) e para ti minha querida Graça, este pequeno texto.

Jografa

Quis pintar essa rajada de vento de outra cor.
Fiquei na dúvida... Não me lembro que cor tinha antes.

Fiquei ébrio com odor daquele fá sustenido saí­do das ondas.
Apenas não me lembro do cheiro.

Não vi o som que brotava mas que me invadiu.
Que distracção a minha. Como poderei agarrá-lo de novo?

Toquei no nada, mas ele já lá não estava.
Raiva! Porque fugiu de mim? Era tão quente!

Amei o mar e do acto nasceu uma sereia,
Consigo ouvir o som dela, mas não a consigo tocar.
É igual ao fá sustenido, só que cheira a pôr do Sol.

Não. O cheiro não é o mesmo, mas tem o calor do nada.

Já sei! Vou pintar a rajada de azul...
É da cor do mar e depois... depois vou fazer amor com ela.

quarta-feira, outubro 29, 2003