sexta-feira, fevereiro 24, 2006

930. O Governo prepara-se para fechar 1500 escolas em Portugal

• Mais de 2,5 milhões de portugueses não possuem escolaridade mínima obrigatória.
• 20% dos portugueses possuem o 12º ano (na OCDE 65%).
• 67% dos portugueses não possuem mais de 6 anos de escolaridade.
• 9% dos portugueses têm formação superior (na OCDE 24%).
• Sem referirmos os níveis de iliteracia global, uma vez que esta tem sido classificada em capítulos específicos, sabemos que a info-iliteracia ronda os 70%.

De facto para tão fraco desempenho temos escolas a mais. Eu acho que o governo deveria era fechar todas. A sério. Ou então fazia-se um teste. Se fechando as 1500 este ano os índices no ano que vem ou, na pior das hipóteses dentro de dois anos, melhorarem, então deverão ser fechadas mais 1500 e assim sucessivamente. E ainda há por aí quem critique e quem tenha criticado as sucessivas políticas de educação dos nossos governos. Vão mas é para escola, pá. Quer dizer, se encontrarem alguma por aí, aberta.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

929. Um dia com o Zeca




Zeca Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada. O funeral reuniu mais de 30 mil pessoas desde a Escola Secundária de S. Julião até ao cemitério da Senhora da Piedade, em Setúbal, demorou duas horas a percorrer 1300 metros e a urna ía envolvida por um pano vermelho sem qualquer símbolo, como era seu desejo.

Uma das letras/poemas que mais gosto da obra de José Afonso:

Os Eunucos

Os eunucos devoram-se a si mesmos
Não mudam de uniforme, são venais
E quando os mais são feitos em torresmos
Defendem os tiranos contra os pais.

Em tudo são verdugos mais ou menos
No jardim dos harens os principais
E quando os mais são feitos em torresmos
Não matam os tiranos pedem mais.

Suportam toda a dor na calmaria
Da olímpica visão dos samurais
Havia um dona a mais na satrapia
Mas foi lançado à cova dos chacais.

Em vénias malabares à luz do dia
Lambuzam da saliva os maiorais
E quando os mais são feitos em fatias
Não matam os tiranos pedem mais.



Foto de Zeca Afonso retirada daqui.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

928. Um post à borla, é de homem hein?

Este é um post feito sem muito trabalho. Apenas "aportuguesei" alguns termos em relação ao que recebi por e-mail. Digam lá se não é de homem publicar isto?


CURSO DE FORMAÇÃO PARA HOMENS

OBJETIVO PEDAGÓGICO: Permite aos homens desenvolver a parte do corpo da
qual ignoram a existência (o cérebro).

SÃO 4 MÓDULOS.

Módulo 1: Curso (Obrigatório)
1. Aprender a viver sem a mãe (2.000 horas)
2. A minha mulher não é minha mãe (350 horas)
3. Entender que quando a sua equipa perde não é a MORTE (500
horas)

Módulo 2: Vida a dois
1. Ser pai e não ter ciúmes do filho (50 horas)
2. Deixar de dizer impropérios quando a mulher recebe as suas amigas (500
horas)
3. Superar a síndrome do "o controle remoto é meu" (550 horas)
4. Não urinar fora da sanita (1.000 horas - exercícios práticos em
vídeo)
5. Entender que os sapatos não vão sozinhos para o armário (800
horas)
6. Como chegar ao cesto de roupa suja (500 horas)
7. Como sobreviver a uma constipação sem agonizar (450 horas)

Módulo 3: Tempo livre
1. Passar uma camisa em menos de duas horas (exercícios práticos)
2. Tomar a cerveja sem arrotar, quando se está à mesa (exercícios
práticos)

Módulo 4: Curso de cozinha
1. Nível 1 (principiantes = os eletrodomésticos (ON/OFF =
LIGA/DESLIGA)
2. Nível 2 (avançado = a minha primeira sopa instantânea sem queimar a
panela)
3. Exercícios práticos = ferver a água antes de por o esparguete.

CURSOS COMPLEMENTARES:
POR RAZÕES DE DIFICULDADE, COMPLEXIDADE E ENTENDIMENTO DOS TEMAS,
OS CURSOS TERÃO NO MÁXIMO 3 ALUNOS.

1. A eletricidade e eu: vantagens económicas de contar com um técnico
competente para fazer reparações
2. Cozinhar e limpar a cozinha não provoca impotência nem
homossexualidade (práticas em laboratório)
3. Porque não é crime presentear com flores, embora já se tenha casado com ela.
4. O rolo de papel higiênico: Ele nasce ao lado da sanita?
(biólogos e físicos falarão sobre o tema da geração espontânea)
5. Como baixar a tampa da sanita passo a passo (teleconferência)
6. Porque é que não é necessário agitar os lençóis depois de emitir gases
intestinais (exercícios de reflexão em dupla)
7. Os homens ao volante, podem SIM, pedir informação sem se perderem ou
correr o risco de parecer impotentes (testemunhos)
8. O detergente: doses, consumo e aplicação. Práticas para evitar
acabar com a casa.
9. A máquina de lvar roupa: esse grande mistério!!
10. Diferenças fundamentais entre o cesto de roupas sujas e o chão
(exercícios com musicoterapia)
11. A chávena da bica: ela levita, indo da mesa ai lava-loiça? (exercícios
dirigidos por Mister M)
12. Analisar detalhadamente as causas anatómicas, fisiológicas e/ou
psicológicas que não permitem secar a casa de banho depois do banho.



E agora para uma grande surpresa vossa: há um ou dois items que eu dispenso no curso. Bom não exageremos, só dispenso um!
927. Vai lá vai... até a barraca abana





Só mesmo por intermédio dessa porquinha que é a São, se podem descobrir coisas destas. Mas eu vou fazer o meu papel: ide-vos aqui.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

926. Lost in Translation

Tenho uma amiga cearense. Aliás tenho mais do que uma, mas essa aí tem um jeitinho de me deixar com a cuca fumegando. Às vezes me deixa recados tipo a zoar com minha cara. O último que a minina me deixou era isso que vocês podem ler mais abaixo. Tem por aí, alma caridosa que me ajude a traduzir? Bigadim. Um xero pra ocês.

Chico, cabra macho e bonequeiro, já melado depois de traçar um burrinho e duas meiotas , vinha penso, cambaleando, arrodiando o pé de pau , quando deu um trupicão que arrancou o chaboque do dedo.
- Diabeísso!
- Vai, cú de cana! -mangou a mundiça que estava perto.
- Aí dento! -disse Chico.

Chico estava ariado desde ontonti, quando o gato-réi que ele acunhava lá na baxa da égua, bateu fofo com ele pra ir engabelar um galalau estribado da Aldeota.
- É o que dá pelejar com canelau, catiroba, fulerage, - pensava ele- ganhei um chapéu de touro, mas não tem Zé não, aquela marmota tá mesmo só o buraco e a catinga. Dá é gastura.
Chegando em casa se empriquitou de vez e rebolou no mato todas as catrevage da letreca: uma alpercata, um gigolé amarelo queimado e uns pé de planta que ela tinha trazido enquanto iam se amancebar.
Depois se empanzinou de sarrabui e panelada e foi dormir pensando nas comédias.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

925. Não fui ao casting

Há um casting para apresentadores da RTP. Eu não fui porque me faltam alguns argumentos. Em primeiro lugar sou mais novo que a amiga Olga. Em segundo lugar sou mais pimba do que o Carlos Ribeiro. Em terceiro sou mais gordo do que o Eládio Climaco. Assim o meu êxito não estaria garantido.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

terça-feira, fevereiro 14, 2006

923. Se o Valentim incomoda muita gente, o santo não tem culpa nenhuma

Parece que toda a gente comemora o dia dos namorados. Eu não tenho nada contra mas também não tenho nada a favor. É que eu decidi que esta semana seria a minha semana de namorar com a menina álgebra. Assim, desde ontem que me deito com as equações lineares, que ando abraçado com os números complexos. Felizmente estou bem de saúde e ao contrário dos gajos da minha idade ainda não sofro das matrizes. Eu sei que dentro do meu espacinho linear vale tudo, mas se a função for contínua há uma grande probabilidade de a integrar. Sendo que me suporto bem em bases ortogonais e que não linearizo as funções, se a semana for determinante pode ser que eu tenha o meu valor próprio e não me assemelhe a nenhum polinómio característico. Por isso meu querido Valentim, eu sei que tu és santo, manda-me umas hermetianas e se não forem estas que sejam anti-hermetianas que eu também não me importo. Se elas puderem vir numa caixinha de chocolates melhor que eu estou a passar-me dos carretos e ficar quase em forma canónica. E se me quiseres comentar, comenta, mas não me classifiques as quadráticas que isso eu não suporto.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

922. Habituados

Para escrever um post quase tudo poderia servir. Uma fotografia, um poema, uma história, um comentário político, uma dissertação sobre o desempenho do Governo ou sobre o penalti que foi e não devia ter sido ou vice-versa, uma anedota bem contada, um cartoon ou tudo isso misturado e quiçá exacerbado, apaixonado ou apimentado. E é de facto com uma ou mais destas coisas que normalmente lido para poder dar uma opinião ou, simplesmente, por puro entretenimento. Mas confesso que o que me dá mais gozo tratar é de uma observação. De algo do dia a dia, de algo que vejo com esmerada atenção e depois construo sobre o observado uma ficção, uma crítica, uma reflexão ou uma pura e despretensiosa descrição. E é a partir deste especial gosto que constato que poucas vezes o faço. E também penso porque é que não elaboro mais vezes textos sobre o quotidiano, sobre aquilo que nos rodeia. Hoje, quando acordei e abri a janela reparei que toda o vale à frente dos meus olhos estava coberto de nevoeiro e que ao longe a serra aparecia nítida. Não me dei ao trabalho de me interrogar nem sobre o porquê do fenómeno físico observável, nem de o ficar a absorver por mais uns minutos e contemplar a maravilhosa natureza que me entrava em casa. Saí dali para entrar na rotina. Acho que é por já estar costumado. Nós os adultos, na generalidade estamos “habituados”. Pouca coisa observamos do que nos rodeia, pura e simplesmente porque já as vimos, já nos encontramos com elas, já trocamos olhares tantas vezes que nos alheamos do mundo. Não todos, obviamente, mas tive o cuidado de dizer, a generalidade. E acabo por sentir saudades do meu tempo de criança. Na época em que eu olhava, perguntava o que era e queria saber porquê.

sábado, fevereiro 11, 2006

921. Sons da lusofonia

Umas das minhas leitoras e comentadoras ofereceu-me ontem um belíssimo disco Lisboa@com.fusion . Sons da lusofonia. Poderão ler um resumo aqui ou aqui. Uma surpresa para mim, Lura Pena, a cantar a Rosinha dos Limões. Simplesmente divinal. Se não fosse publicidade não paga a uma certa editora eu dir-vos-ia para comprarem.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

920. Coleccionismo

Nunca tive espírito de coleccionador. Quando pensava guardar alguma coisa era mais com vontade recolectora, do tipo até era giro fazer colecção, mas não tenho pachorra. Foi assim com postais ilustrados dos quais, os portugueses, dei ao meu filho para um trabalho escolar quando ele ainda andava na primária, com as moedas – tenho muitas acreditem – desorganizadas do centavo ao conto de reis, com os selos, sem vontade nenhuma de os despegar dos pedaços de envelope onde estão agarrados, com as canetas, as caixas de fósforo, os pacotes de açúcar (estes todos com o açúcar ainda dentro), os calendários de bolso, os autocolantes. Cada coisa destas faz-me lembrar uma situação, uma cena, uma passagem de vida. Os autocolantes, esses então lembram-me lutas antigas, activismos exacerbados, convívios e vivências que não se poderão repetir. Quando o Tócolante criou o blog, primeiro serviu-me para comparar “olha, este também tenho”, depois, aos poucos, como a colecção dele é uma verdadeira colecção e não tem nada a ver com o meu ajuntamento, para me ajudar a reviver algumas fases pelas quais também passei e que quase já estavam esquecidas. O Tócolante faz hoje um ano, ao seu autor os meus agradecimentos e os meus parabéns.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

919. Serviço Informativo

Informam-se todos quantos aqui vêm que já podem também passar a ir ali. O PreDatado, continuando aqui, vai passar a estar três vezes por semana. Informa-se também que as minhas amigas e os meus amigos de , estão orgulhosos e sentem-se muito honrados com a minha presença. Finalmente informa-se também que o PreDatado é um gajo muito modesto.
918. É tão bom ser rico

Acabei de ouvir na televisão um senhor chamado Carlos Barbosa, creio que dirigente da Federação Portuguesa de Automobilismo, dizer que ainda há hipóteses do Rally de Portugal este ano integrar o campeonato do mundo de ralies. Isto porque o Japão, leram bem, o Japão, devido às dificuldades financeiras que atravessa não está em condições de realizar o seu rally. Ai como é bom viver num país rico assim.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

917. A Regra dos Quatro

Pois é maria, eu sou destas coisas, lançam-me os desafios e eu não resisto. E além disso o prometido é devido. Vou expor os quatro, assim como quem perde os três.

Quatro empregos que já tive na vida:
1. Paquete numa loja de confecções – davam-me um jeitão as gorjetas; o meu ordenado eram 300 paus por mês.
2. Oficial da marinha mercante – infelizmente não foi em nenhum paquete.
3. Professor de matemática – mas não ía ao pacote aos alunos.
4. Director de informática – acho que foi aqui que me foram ao pacote.

Quatro filmes que posso ver vezes sem conta:
Vou tão poucas vezes ao cinema que já nem me lembro dos títulos. Mas alguns dos que mais me marcaram foram:
1. Lenny de Bob Fosse
2. A Lista de Schindler do inevitável Spielberg
3. A Escolha de Sofia de Alan Pakula (vou dizer uma coisa muito séria; vi este filme uma única vez e impressionou-me tanto, mas tanto que jurei nunca mais o ver na minha vida)
4. Garganta Funda de Gerard Damiano, se não me falha a memória, o primeiro filme pornográfico que vi.

Quatro sítios onde vivi:
1. Pombal, não esse Pombal da auto-estrada A1, mas o Pombal em Almada, os meus primeiros passos, os meus primeiros amigos, os meus primeiros livros, os meus primeiros pontapés na bola.
2. Pragal, que não é terra de pragas… ou será que Fernão Mendes Pinto o é?
3. Miratejo, entre o negro e o branco, todos diferentes, todos margem sul, yeah.
4. Ainda não há, mas já reservei uma assoalhada no cemitério de Vale Flores.

Quatro séries televisivas que não perco:
Se há coisas da TV que me chateiam, são as séries. Nunca consigo seguir uma série, vejo episódios avulsos. Vi alguns de:
1.Os Sopranos
2.Crime na pensão Estrelinha
3.Os malucos do circo
4. A Escrava Isaura

Quatro sítios onde estive de férias:
Tenho para mim que os lugares que vou escrever cheiram a pretensiosismo; mas não é verdade, foram locais que gostei e que repetiria com a maior das boas vontades. Na verdade, alguns já repeti.

1. Viena
2. Londres
3. Paris
4. Ilha do Mel, PR, Brasil

Quatro dos meus pratos preferidos:
1. Favas com entrecosto e chouriços
2. Sardinha assada na brasa
3. Cozido de grão à alentejana
4. Sopa de peixe.
Experimentem moer na hora um pouco de pimenta preta sobre a sopa de peixe e depois contem-me. Actualmente como isto tudo sem sal. É uma questão de hábito.

Quatro Websites que visito diariamente:
1. Canal de Negócios – assim como assim vou vendo como é que enterrei a massa.
2. A Bola – embora resumidos, os conteúdos ainda não são pagos.
3. Expresso/Emprego – acreditam que em 4 anos de respostas a anúncios ainda não consegui nem um part-time?
4. Olhem ali para a direita: eu leio todos os links diariamente.

Quatro sítios onde gostaria de estar agora:
1. A trabalhar
2. De férias nas Seychelles (um sonho antigo)
3. A dar uma queca
4. A dormir, pois acabei de almoçar e estou cá com um soninho que nem vos conto.
(Este strip-tease foi feito às duas da tarde, mas depois de escrever, esqueci-me de postar)

Quatro bloggers Femininos,que desafio a fazer este questionário:
1. Mad
2. Encandescente
3. Maria Odila
4. Maria

Quatro bloggers Masculinos,que desafio a fazer este questionário:
1. JPT
2. Marinho
3. José Quintas
4. João Espinho
916. Excentricidades

O T.O.M. e a aNa desafiaram-me a contar aqui algumas das minhas excentricidades. Para ser mais preciso, 5 delas na continuação de uma corrente de confissões que se transmite na blogosfera livre e independente. Ora sendo eu um rapazinho de muitas virtudes e poucos defeitos, poder-se-íam incluir essas excentricidades no conjunto dos defeitos ou intersectar este subconjunto com o inicial, o das virtudes, pois nem toda a excentricidade tem forçosamente que ser um defeito. Na realidade temo que o subconjunto das excentricidades venha a dar um conjunto vazio e assim defraudar as expectativas de quem me desafiou e pior, as minhas, chegando à conclusão que ou eu não sou um excêntrico, ou não tenho a mínima capacidade introspectiva para me descobrir. A não ser que se considere excêntrico um tipo que em casa, nas reuniões familiares mais intimas, onde não se discutindo o estado da nação, se conjectura o futuro próximo, o faça sempre à luz da formulação de uma teoria matemática, utilizando umas vezes as séries de Euler, outras as de Fourrier e não poucas vezes trazendo à liça os clássicos como Aristóteles ou Arquimedes, como daquela vez em que se debatia se era mais confortável um homem usar slips ou cuecas tipo boxer. Não vejo que um tipo que todas as noites, impreterivelmente às 4 da manhã, acorde e acenda um cigarro e o vá fumar para a varanda em cuecas, seja Verão ou seja Inverno possa ser considerado um excêntrico. Quanto muito um viciado. Quanto ao não abdicar de dar uma queca em cima do poço, outra na rede, outra na mesa de ping-pong, na banheira de hidromassagens ou no elevador, não tem nada de excentricidade. Excêntrico sim era um amigo meu que o fazia em cima de uma bicicleta. Excêntrico e arrojado visto que a bicicleta que ele usava não tinha aquelas duas rodinhas de trás que as criancinhas usam e portanto estava sujeito a malhar com os cornos no chão. Também não estou a ver auto proclamar-me excêntrico apenas porque tenho uma parte da minha biblioteca na casa de banho. Aliás é um dos locais onde se lê mais tranquilamente e cada um sabe de si e mais nada. Finalmente ter doze pares de chinelos e oito pares de pantufas, 16 pares de ténis, e 4 pares de sapatos pretos todos iguais em formato e até em atacadores e gostar de usar jeans com ténis, camisa, gravata e blusão de cabedal, não me parece poder ser considerado excêntrico. A não ser que uma vez por outra eu troque o blusão de cabedal por um pullover de malha, para disfarçar ou que mude de atacadores de vez em quando. E como o texto já vai longo e não consegui detectar nenhuma excentricidade com interesse em relatar, desisto e passo a bola aos seguintes leitores deste espaço, esses sim capazes de nos surpreenderem. O Mário Almeida, a Karla, o Branco, a joiinha e o Alexandre.

PS. Se um dia eu descobrir uma excentricidade minha, prometo-te, TOM, que voltarei aqui para descrever.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

915. Chamas e botijas

O meu isqueiro tem chama. Aliás tem mil antes de se extinguir. O meu isqueiro tem mais chama do que eu. Porque o meu isqueiro dá mil chamas em 2 meses. Eu não consigo acender mil chamas em dois meses. Mil chamas em dois meses são 500 chamas por mês. 500 chamas por mês, são quase 20 chamas por dia. Meus caros amigos e principalmente minhas caras amigas, eu não tenho esse gás. Sei que vocês, estão decepcionad@s comigo (este @ dá muito jeitinho). Mas um homem não é uma botija. Bem sei que pensam que basta um clique. Mas não é verdade, isso só se passa com os isqueiros. Pois!, dirão vocês, apenas para me consolar. Pois! direi eu, para quem o carregar no botão não é suficiente. Eu até diria, se não fosse para me gabar, que quando me carregam no botão, que é como quem diz, quando me dão um clique, eu teria gás para mais do que uma chama. Isso não é nenhuma oxaria, poderão tod@s vós pensar (outra vez o bendito @). Mas eu até acho que sim. Acredito até, que muitos dos que me lêem, por muito esforço que façam, não conseguem acender mais do que uma chama por dia. Nem precisam de confessar nem de vir para aqui com gabarolices porque a verdade é como azeite, vem sempre ao de cima. Eu bem leio os vossos blogs. É por isso que hoje me apetece fazer-vos um desafio. Se algum/a (aqui usei a “/” que também dá um jeitão, para abreviar) de vós estiver com disposição de me fazer acender mais do que uma chama por dia e acharem que me conseguem transformar em isqueiro, tentem. Não se acanhem. Eu vou ali à botija recarregar e já volto. Entretanto, me liga, vá!

PS. Eu não sei muito bem classificar as figuras de estilo. Não sei se é uma alegoria, se uma parábola ou uma hipérbole. Mas para que não fiquem dúvidas a chama aqui é o post. Sim o texto no blog. Estavam a pensar o quê?

domingo, fevereiro 05, 2006

914. Discussões, Fé e Viva o Benfica

O meu blog não discute os cartoons anti-islâmicos. Não o faz porque, tal como todos aqueles que se apressaram a pedir desculpa aos islamitas por na Europa ocidental haver liberdade de expressão, tal como eles, dizia eu, este blog tem medo.

O meu blog não discute o casamento entre homossexuais. Não o faz porque não é parte interessada, não é constitucionalista, não é jurista e porque é casado.

O meu blog não discute o processo de entre-os-rios. Não o faz porque não é engenheiro civil e principalmente porque não é areeiro. E como nenhum areeiro está implicado, estão a ver não é?

O meu blog não discute a problemática socio-fezada do euromilhões. Não o faz porque ao contrário da maioria do país, sim dessa mesma maioria que fez de Cavaco Silva o nosso próximo presidente, mas isso este blog não discute, este blog investe mais na educação dos filhos do que no euromilhões. Assim como assim, este blog tem mais fé noutras coisas.

O meu blog não discute a questão das secretas paralelas. E não o faz porque tem a certezinha absoluta (50 anos são muita vida não são?) que mais dia, menos dia o jornalista da Visão vai ficar caladinho lá no seu buraquinho (ó Felícia Cabrita, explica lá a este teu colega como é que se mete o rabinho entre as pernas, vá) e esta história ficará toda em águas de bacalhau.

O meu blog tem outras fés e por isso vai discutir o título até ao fim. E vai discutir porque tem fé em que:
- Pinto da Costa vá preso antes do campeonato acabar.
- Soares Franco levará o Sporting à falência e o seu clube fechará as portas antes do campeonato acabar.
- Os jogadores do Nacional vão estar 3 semanas de caganeira e vão perder 3 jogos por falta de comparência.
- O Jesualdo Ferreira vá dar a mesma barraca que deu no final da época passada.
- O Ronald Koeman vá ser despedido.

Haja Fé!

PS. Não sei se hei-de terminar com Amén ou com Oxalá.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

913. Parabéns!

O meu puto sempre gostou de grupos. Como irradia simpatia onde quer que esteja é fácil para ele cativar amigos. Dos que me lembro, tem um grupo de amigos que com ele faziam grafitti e assistiam aos concertos punk-hardcore com aquelas calças largas à skater e camisolas compridas e um boné com a pala mais ou menos de lado. Tem um grupo dos amigos da praceta, esse que mantém há largos anos, que cresceu com ele, com quem ele jogava á bola aqui na calçada e que são os mesmo que se juntam para ver os Benficas-Sportings de alternadas boas e más memórias para uns e outros. Tem o grupo dos amigos da escola, ou vários grupos, pois tendo passado por escolas diferentes, foi criando boas cumplicidades. Tem o grupo dos que com ele partilham poemas e músicas que se juntam para umas cantigas ou para um show dos squarl. Hoje entrou para um novo grupo. Para o grupo dos que a partir de agora já podem conduzir camiões. Não que o João Pedro tenha tirado a carta de pesados. Não é isso. O João Pedro completa hoje 21 anos. Está um homem!

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

912. Picante

Ela queixou-se ao marido de que andava com uma crise de hemorróidas como nunca na vida tinha tido. O marido, que nunca conhecera uma lamúria sobre enfermidades da mulher, ficou preocupado com aquela confissão. Havia mais de seis meses que eram casados e tal como em solteiro nunca tinha tido a coragem de lhe sugerir fazerem sexo anal. Ele tinha preconceitos, que lhe advinham de uma educação super conservadora nos melhores colégios de orientação religiosa, para abertamente lhe falar que esse era um dos seus desejos secretos. Mas um dia teria de lho dizer. De repente, aquela confissão soava-lhe como se estivesse a ouvir o barulho do desmoronar de uma muralha. Começou a pensar o que poderia, à mulher, ter-lhe passado pela cabeça para lhe confessar um problema que ela própria poderia resolver sozinha, ou com a ajuda de um bom especialista. Seria que ela andaria com o mesmo tipo de pensamentos mas que, tal como ele, consideraria também que o sexo anal era ainda um tabu? Mas se assim fosse porque não abordar a questão por um outro prisma em vez de lhe falar em crise hemorroidal? Seria que o tão propalado sexto sentido feminino lhe tivesse lido os pensamentos e que isto não passasse de uma velada desculpa para que ele se não adiantasse. Mas como seria possível esse tipo de pensamento se ele nunca se tinha insinuado antes? Ele olhou-a nos olhos, colocou com a ajuda da faca um pouco mais do delicioso coelho à caçadora que ela mesmo tinha preparado e levou-o à boca.
Delicioso! Primeiro pensou e depois exclamou-o. De repente um ligeiro formigueiro atacou-lhe a língua e de seguida o palato. E toda a luxúria que havia imaginado, o sexo anal que tinha pensado que ela pensou que ele estaria a pensar, e de que as hemorróidas não seriam mais que um pretexto, embora efémero para o seu adiamento, se desvaneceu numa constatação culinária. Querida, tem mais cuidado com a forma como usas os temperos!