terça-feira, março 31, 2009

1403. Uma terça-feira muito bem disposta e a cores


Humor vermelho e verde - Estou a deixar crescer a barba. Só a corto quando o Prof. Carlos Queiroz qualificar uma selecção, a nossa ou outra qualquer, para uma fase final de um campeonato do mundo.

Humor negro - Foram espalhados no Algarve milhares de fotos de Madeleine McCann. Parece que os promotores vão ser processados por plágio pelo Cardeal D. Henrique que fez o mesmo quando do desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir.

Humor cor-de-rosa – Andam alguns jornais a dizer que há magistrados a serem pressionados para que se arquive o caso FreePort. Assim tipo o efeito da rosa mas não na Caras nem na Lux.

Humor a preto e branco - Em Barcelos um estudante universitário que parece que também é guardador de vacas e uma estudante universitária que não adjectivo nem insinuo acertaram no euromilhões num boletim introduzido a meias. Tiveram uma grande vaca porque aquilo é quase impossível de acertar. Eles é que parece que se desacertaram, acabaram o namoro e andam às marradas por causa da massa. Coisas de vaquinhas.

Humor verde alface - Os gestores do BCP vão passar a ganhar muito menos do que ganhavam. Por causa da crise vão deixar de ter ordenados multi-milionários para passarem apenas a ter ordenados milionários. Pobrezinhos!

Humor azul passarinho: twitter. Aqui: http://twitter.com/PreDatado

Humor mulato – Hoje, uns dias atrasado mas mais vale tarde do que nunca, comprei a Edição nº1 da Playboy de Portugal. A Mónica descascada, mais silicone menos silicone, é de pôr os cabelinhos em pé. Ao Rubim, claro, que aos outros é capaz de não ser só os cabelos.

Branco humor que é como quem diz… ‘Às terças…’

De luz, alva cor se ilumina
Teu corpo nu a cuja neve causa inveja,
Que tentas encobrir pela cortina
Que de diáfana nada cobre que eu não veja.

E de pudor sorris, de mim desvias
Teu olhar e um rubor de envergonhada
Cobre teu rosto e eu te lanço, “São manias” ,
Findando o jogo em sonora gargalhada.


Foto PreDatado 2009– Uma foto a cores

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Não tenham vergonha de comentar o que a Janette diz. Ela é meio depravada. Meio até agora, daqui para a frente não sei.

segunda-feira, março 30, 2009

1402. Fins de semana


Vai-te embora passarinho
Deixa a baga do loureiro
Deixa dormir a menina
Que vai no sono primeiro

Que vai no sono primeiro
Que vai no primeiro sono
Deixa dormir a menina
Que a menina já tem dono.

Passar alguns dias no recôndito do “meu” Alentejo é como que um recarregar de baterias sem consumo energético. É só respirar o ar (ainda) puro e já está! Sem mais nenhuma necessidade. Bom não é absolutamente verdade. Há sempre a necessidade de comer bem e de ouvir o cante alentejano.

O patrão mandou-me embora
Mas não foi por roubar nada
Foi por molhar a caneta
No tinteiro da criada.


Foto: PreDatado 2009, o céu da minha rua

sexta-feira, março 27, 2009

1401. Dia Mundial do Teatro


No silêncio. Um fogão de lenha a crepitar de onde se vislumbra uma pequena cortina de fumo a sair de uma panela de ferro meio escurecida. Numa mesa de tosca madeira, um marcador em linho já esgaçado. Um cesto com um pão partido e outro inteiro, dois copos ainda sujos de vinho. Uma garrafa de vidro branco meio cheia. Dois bancos, tão toscos como a tosca mesa de madeira no chão, meio desarrumados, indiciando que há pouco alguém os abandonou. Ao fundo da sala à direita, na penumbra da casa apenas alumiada aqui e além pelas pequenas línguas de labareda que teimam em se levantar das chapotas de azinho que ardem na lareira, uma cama. Parece descortinar-se um vulto mas não é certo que alguém ali esteja encostado. Do lado esquerdo da parede do fundo, uma porta em madeira verde escura, tanto quanto é possível descortinar a cor na semi-obscuridade da divisão, parece dar para um jardim. Mais perto da lareira, um gato preto e branco dorme enroscado em si mesmo.

Dois pequenos toques na porta quebram por instantes o silêncio do cenário. Depois duas palmadas de mão aberta fazem tremer ligeiramente a mesa onde se ouviu tiritar um copo contra a garrafa. O gato acordou. Finalmente uma sequência de pancadas, quase como que de aflição fazem até estremecer o palco.

Palco? Eu disse palco? Isto é o cenário para uma peça? Sendo assim terei de deixar a narrativa por aqui.

Ao palco quem é de palco.


PS. A foto que hoje exponho é do próprio PreDatado há quase 30 anos atrás numa das suas incursões em Café-Concerto. Achei engraçado colocar aqui nesta ligeira homenagem ao Dia Mundial do Teatro. Os restantes elementos da fotografia foram apagados para reserva da privacidade.
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Entretanto há glicinias aqui e a "terrivel" janette aqui.

quinta-feira, março 26, 2009

1400. Dia do livro português


Por detrás da porta do escritório tinha pendurado um pequeno cesto de minibasket e um caixote de lixo. Durante as manhãs dormia. As noites eram para escrever, as tardes para ler. Olhava para folhas de papel A4 em cima da mesa quase sem movimentar a cabeça. Alguém defronte dele, se lhe atentasse no rosto, veria um par de olhos em movimentos lentos da esquerda para a direita e rápidos da direita para a esquerda. Lia. Depois amarrotava a folha, fazia uma bola e jogava-a contra a tabela. Seguia lhe o percurso para ver se encestava. Eram mais as bolas de papel no chão do que no pequeno caixote de lixo. Folha a folha, a resma foi-se-lhe desaparecendo de cima da mesa.

Entrou sem bater à porta. Entrava sempre sem bater à porta mas desta vez teve de fazer um movimento de encolhe-barriga para não ser atingida por uma bola de papel. Sentou-se na cadeira em frente à secretária de mogno e arreou o pires. Trazia-lhe um cafezinho, como fazia todas as tardes, pontualmente às três e meia. Jorge tinha-se acostumado a um blend de arábica e robusta que lhe era preparado na Pérola do Brasil, a loja do Sr. Anselmo. Depois fumava, tranquilamente, uma cigarrilha Guantanamera, a única do dia, enquanto saboreava um Remy Martin. Nunca mais de cinco centilitros. Jorge é calmo, simples e metódico. Ela esperava sempre pelo final.

Eduarda era metódica também e sofisticada. Por isso despia o blazer com requinte e colocava-o, direito, nas costas da cadeira. A saia tomaria, seguindo uma norma mentalmente estabelecida, o mesmo destino. Sentava-se-lhe no colo para que fosse Jorge a desapertar-lhe a blusa enquanto se beijavam. Ele retirou os óculos e beijou-lhe o pescoço. Eduarda começava a cerrar os olhos e a deixar cair a cabeça quando reparou que da pressuposta resma apenas restavam meia dúzia de folhas. Sentiu um arrepio gelado na espinha e cometeu um imperdoável deslize. Fugiu à norma. Com a voz lânguida do prazer que começava a sentir sussurrou-lhe ao ouvido questionando-o, O Livro? Jorge perdeu a tesão.

quarta-feira, março 25, 2009

1399. Andropausa

Eu sei que nunca falei de mim neste blog e também não é hoje que vou falar. Sou um tipo muito reservado, este blog não tem nada de intimista, nunca falei da família nem dos gatos, só falo de política e futebol, fados e Fátima e às vezes, distraído, falo também do estado do tempo e das estações do ano. Mas hoje vou abrir uma excepção, vou falar de mim e, como me aconselhei com o meu gato Schubert e ele achou que eu fazia bem, estou à vontade. Antes de começar, já alguma vez vos disse que tenho 4 gatos, duas tartarugas, que já criei pardais cá em casa e até uma galinha e um pinto e que tenho a filha e o filho mais maravilhosos do mundo?

Estava eu com o comando do carro na mão e carreguei para abrir. Ouvi os toques característicos e vi os piscas acenderem. Dirigi-me ao carro e o carro não abriu. Carreguei em fechar, ouvi o toque e vi as luzes características e recomecei o processo. De novo carro não abria. Uma vez mais e idem. Depois ibidem. Foi aí que reparei que enquanto abria e fechava as portas do meu carro tentava entrar no carro que lhe estava ao lado, apenas diferente do meu na matrícula. Isto foi há uns tempinhos atrás e pensei que fosse alguma crise de andropausa. Mas como nem sequer tive afrontamentos, desvalorizei.

Raramente tiro fotografias com o telefone celular. Mas de vez em quando, numa ou noutra situação menos esperada e sem a Canon EOS 400D (sei que não é uma grande espingarda, mas pelo menos já dá para me babar um pouco) à mão, lá tem de ser. Por isso instalei no notebook o software da Nokia, passe a publicidade, que me permite gerir os ficheiros do celular. Liguei o conector USB, informei o telefone das definições mas está bem, está. O portátil não dava sinal de ter nenhum telemóvel ligado. Nova tentativa, à boa maneira informática, retira cabos, desliga telefone, reconecta USB e vejam lá que até o reboot do portátil eu fiz. Nada, niente, rien! Quando descobri que tinha ligado o born USB ao desktop e não ao notebook dirigi-me ao espelho, a tremer como varas verdes e a suar por todos os poros: É agora que vais ter de me aturar. Chegou paulatinamente, mas chegou. Ele, desta vez, riu-se e chamou-me maluco.

PS. A foto que se vê neste post foi tirada com o telefone celular, um dia destes, quando fazia compras num hipermercado. Fiquei à “espera” que me dissessem onde é que era esta herdade. A Herdade do Esporão também agradecia a informação.
PPS. Ainda tenho a mania de dizer telefone celular mesmo tendo em conta que uma das mais bem inventadas palavras em português no século XX foi telemóvel. Coisas de concorrência que um dia explicarei melhor.

terça-feira, março 24, 2009

1398. O gajo é louco



Introdução. Hoje tenho vontade de escrever muitos posts. Sei que poucos leitores de blogs resistem a mais de dois posts de um só blog e sei também que nenhum leitor gosta de posts muito grandes. Deverei deixar para amanhã e para depois de amanhã? Tipo blog tântrico? Oh filho o que é isso de blog tântrico?, Olha começas agora e vens-te, quer dizer, escreves o blog tipo punch line lá para terça-feira da semana que vem. Se estivesse aqui o meu espelho diria:
- Previsível (isto é o espelho a iniciar as provocações)
- Eu? (isto sou eu a fazer-me de novas)
- Repetitivo (isto é o espelho a tentar fazer-me a cabeça)
- Ai ai ai ai ai (isto era eu a dizer ao espelho que não estava a gostar nada da conversa)
- Erudito de meia-tijela (isto era o espelho, já em desespero de causa, a usar expressões popularuchas)
- Desembucha, caralho – Eu já tão mal-educado como qualquer tipo quando entra para dentro de um carro e decide conduzir em Lisboa.
- Usaste duas vezes a palavra tipo e disseste punch line e queres que eu fique calado?
(É por estas e por outras que eu lhe viro, sistematicamente, as costas. Há pachorra?)

Dizia eu que me apetece escrever muitos posts que ninguém vai ler e que não estou muito a fim de escrever um post granjola que ninguém vai ler também. Decidi então escrever vários capítulos de um só post. Como diz o nosso povo, Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és, os meus leitores amigos e as minhas amigas leitoras poderão pelo título dos capítulos ler ou passar à frente. Pronto vou começar que ainda não disse nada até agora.


Recado. Para o puto que fez uma ultrapassagem, ao volante de um cabriolet verde alface, hoje cerca das 15 horas na Rua do Trevo em Corroios (só não escarrapacho aqui a matrícula porque nem tive tempo de a ver), a alta velocidade, mesmo em frente ao jardim-de-infância e que me fez subir o passeio, eu que vinha em sentido contrário, para que não chocássemos de frente. Pareces ser um gajo de tomates, oh meu! Vê lá se não bates com os cornos numa esquina próxima que isso de alface e tomates ainda pode dar uma grande salada.



Tenho medo sim senhor. Sinto sempre um arrepiozinho na espinha quando leio “saída de emergência”. Não sei porquê mas associo sempre a catástrofes, lembro-me da discoteca em Bali e tantas outras situações semelhantes. Se calhar também me lembro daquela igreja relatada em "The Reader" com as portas trancadas por fora. E fico em transe quando, como hoje, numa sala do Hospital de S. José em Lisboa, vejo uma porta, para ser usada em caso de emergência sem maçaneta/puxador que a impede que se abra em tal circunstância. A foto, mesmo que de telemóvel, não me deixa mentir.





Vamos falar de economia. Quanto custa um penalty? Não, amigas e amigos, não vou alinhar na histeria quase colectiva que assolou o país devido ao penalty fantasma do jogo de Sábado. Eu sou sócio, há muitos, mesmo muitos (sou cota, não esqueçam) anos do S L Benfica. De alma e coração. Mas também sou accionista da SAD Benfica. E espantem-se se se quiserem espantar, também o sou da SAD Sporting e da SAD Porto, isto é, das três maiores empresas de futebol do país. É por isso que hoje em dia, para mim, vale tanto um golo do Nuno Gomes como um do Levezinho ou do Hulk. Economico-financeiramente falando, naturalmente. Quando entram três empresas em campo, três más empresas, diga-se de passagem, dando o exemplo do passado Sábado, a empresa SAD Benfica e a empresa SAD Sporting com gestões financeiras, dizem os entendidos, ruinosas que se não fossem de futebol há muito seriam insolventes e a empresa árbitros de futebol, com uma gestão de recursos, se não ruinosa pelo menos desastrosa, apenas a empresa árbitros é visada pelos erros que comete. Se não fosse terem sido distribuídos 750 mil euros à empresa SAD Benfica e outros tantos 750 mil euros à empresa SAD Sporting quem me ressarciria a mim, accionista da SAD Sporting por tão mau desempenho dos seus funcionários na marcação das penalidades de desempate? É que as minhas acções desvalorizaram por causa disso. Já agora, o penalty mal assinalado contra a empresa SAD Benfica na contenda pública num campo da freguesia das Antas há bem pouco tempo, arredou a empresa SAD Benfica do 1º lugar do ranking das melhores empresas de futebol deste ano na tabela Sagres. E esse penalty sim pode valer alguns milhões a menos nas contas da empresa SAD Benfica dada pela confederação patronal chamada UEFA. E não fosse eu accionista das duas empresas, da gloriosa empresa de Lisboa e da (pffff, béécckkk) empresa azul do Porto e estaria agora a ver a minha carteira de acções a ser penalizada.




Quanto custa a ineficiência? Estive hoje, como já se devem ter apercebido, no Hospital de S. José. O meu sogro foi para uma consulta de anestesia e, porque tem 81 anos e dificuldade em se movimentar sozinho, a minha mulher teve de o acompanhar. Eu fui fazer de motorista, caso contrário um táxi para ir e voltar custar-me-ia os olhos da cara. Para uma consulta marcada para as 11 da manhã, esperámos até às 14h30 para sermos chamados e mais 3 minutos para sermos consultados. Eu não sei quantas pessoas, por este país fora, tiveram de acompanhar hoje familiares idosos a consultas. Mas, sem ter de fazer nenhum exercício difícil de extrapolação, tenho a certeza que isto custa muitos milhares de euros ao país por debilitar substancialmente os índices de produtividade. Tendo em conta que esta situação mais não é do que o reflexo de uma péssima gestão hospitalar, não deveriam, no final de cada mês, estes gestores indemnizarem o estado pelos prejuízos causados ao erário público em vez de receberem os chorudos ordenados que recebem?






Cheirinhos. Nunca entendi porque é que os parques de estacionamento dos hospitais, por maiores que sejam (conheço S. José, Garcia de Orta e Sta. Maria todos muito bem), nunca têm lugares disponíveis para quem vai a consultas médicas. A alguém, algum dia, que o saiba peço e agradeço que me deixe um comentário explicativo. Tive por isso que, depois de deixar o meu sogro com a minha mulher na sala de espera da consulta que procurar um parque de estacionamento. Deixei-o no parque subterrâneo do Campo dos Mártires da Pátria. Como gosto de andar a pé, não saí nem entrei pelo elevador tendo antes utilizado as escadas. Estas são arejadas e bem cheirosas, ao contrário das do parque de estacionamento da praça S. João Baptista em Almada que tresandam de cheiro a mijo. Devo concluir que os almadenses são muito mais mijões que os lisboetas ou que em Almada não há fiscalização e muito menos limpeza? (Ao cuidado da ASAE e da Bragaparques).
Por falar em Campo dos Mártires da Pátria, realço o verdadeiro conceito de espaço público, com uma fauna interessante de patos, pombos, galos da índia, galinhas pedreses, pavões e outras espécies. Um parque calmo e sossegado. Não sei se seguro, mas a verdade é que até à data não tenho razão de queixa.







Paisagem. Gosto de fazer caminhadas e faço-o com frequência no Parque da Paz em Almada. Têm várias espécies arbóreas, muitas delas classificadas e assim vou aprendendo um pouco mais de botânica, o que não é difícil visto o meu bem escasso conhecimento da matéria. Em meados de Fevereiro as Ameixoeiras de Jardim estavam lindas de floração. Hoje estão lindas de folhagem.








A natureza é muito mais bonita do que os mijões, os árbitros, os dirigentes das empresas de futebol e os gestores hospitalares. (No dia 8 de Agosto de 2007 escrevi aqui no PreDatado um post com crítica ao funcionamento do Hospital de Beja. O seu director não terá gostado muito dessa crítica e pediu-me detalhes sobre o que eu afirmava. Alguns dias depois mandei-lhe um relatório completo. Sei que respondeu ao meu cunhado, há relativamente pouco tempo, considerando normal a situação. Não é má fé gostar mais da Natureza do que, por exemplo, do corporativismo, pois não?).




Porque hoje é terça

Como doce, de minha infância, é a lembrança
Cada cor, à saída do vapor, seu paladar.
De doces cores se adoçava a boca da criança
Açúcar, água e lume brando a crepitar.

Hoje és tu de mil cores a tentação
Te beijar, te lamber, te devorar
Em turbilhões de volúpia e de tesão,
Como um vapor, em doce leito, a navegar!



segunda-feira, março 23, 2009

1397. Mil novecentos e setenta e quatro (ler 1974)


Sem exagero sei de cor mais de mil anedotas. Só de padres contabilizo 37 e do menino Carlinhos 71. Se o meu blog fosse de anedotas alimentar-se-ia mais uns três anos sozinho.

Sem exagero, desculpem repetir-me, tiro mais de mil fotos por mês. Tiro de patos e de andorinhas, de aranhas e estevas, de amendoeiras em flor e em fruto com certeza. E alguns retratos também. E até ao Cristo-Rei! Se o meu blog fosse de fotografia alimentar-se-ia mais de dez anos de imagens.

Sem exagero (lá estou eu), há casos e factos políticos mais de mil em cada ano. E se não os houvesse pediria ao professor Marcelo para os criar. E com eles, discorrendo da esquerda para direita ou da direita para esquerda escreveria neste blog mais de 100 anos seguidos ou, se a tanto não me sorrisse a vida, tantos anos quantos os que Pacheco Pereira escrevesse.

Sem exagero, e agora é mesmo sem nenhum exagero, já escrevi mais de 100 poemas e os poetas verdadeiros, mais de mil e outros mil e, se bem contados mais mil lhes somarei. Se o meu blog fosse de poesia eu poderia alimentá-lo mais um ano, quiçá mais um e outro um se rimasse com atum!

Sem exagero já se marcaram de penaltis mil e de foras-de-jogo outros mil. De chicotadas mais mil e de jogadas boas nem tantas mas quase mil eu diria. Se o meu blog fosse de bola, redondos números, seriam mil anos de escrita sem parar.

Sem exagero vos digo e sabeis que eu vos não minto, só de felinos há quatro que me povoam os dias. De anfíbios outros dois e plantas há rosas, amores-perfeitos e coentros e outras de cujo nome se me escasseia a memória. Mais de mil não é certo mas muita história contaria e até pardais eu criei e a galinha “solipanta” e até o “pinto da bosta”.

Mas o meu blog não é isso e, sem exagero vos digo que o meu blog é de amor. E isso custa porque um amor como este não se alimenta de beijos, tão pouco de cartão Visa. É de letras e palavras e palavras feitas frases e frases feitas sentido. E isso custa. Sem exagero vos digo que este meu amor me cansa, mas a vós vos devo não me divorciar dele. Enquanto me lerem eu existo. Mais de mil dias e quase outros mil também. 1974 dias na vossa presença. E se não escrevo o número por extenso é porque 1974 é para mim, também, uma data de amor.

Foto PreDatado

domingo, março 22, 2009

1396. Domingo antes de almoço


A boda e a baptizado não vás sem ser convidado. Vem isto a propósito de que hoje não fui eu o autor do faustoso (bom, não será faustoso, mas o cheiro que me chega da cozinha inspira-me palavras bonitas) repasto que hoje provirá os nossos pratos. Como diz o povo a fome é a melhor cozinheira, espero que a minha vizinha, neste caso a minha querida mulher que nem tem uma galinha melhor do que a minha, faça a boda, que é como quem diz burro com fome até cardos come. Sei que tudo acima parece não fazer sentido mas como para bom entendedor meia palavra basta e como cada um sabe de si e Deus sabe de todos o que eu quero exactamente dizer é que estou com tanta fome e que como comer e coçar o pior é começar, estava aqui a pensar em ir já directo para a mesa comer um pouco de paio de porco preto e/ou um queijinho de cabra alentejano com uma pinga tinta para fazer boquinha. Mas como na casa deste home quem não trabalha não come, o melhor é levantar o rabinho daqui da cadeira, deixar-me de escrita sem sentido e ir eu próprio preparar as entradas. E onde comem dois comem três, tal é a hospitalidade deste povo, não soubesse eu que vós queridas leitoras e vós amigos leitores sois bem mais que três e franquear-vos-ia as portas de imediato para que comigo se sentassem À mesa. Temos de pedir ao povo um ditado que onde comam dois comam pelo menos mais uma dúzia para que o convite seja feito. E como não há mês mais irritado do que Abril zangado vamos todos aproveitar este domingo de Março, o último deste período com horário de inverno porque no próximo o galo cantará mais cedo. E como saber esperar é uma grande virtude peço-vos que tenham a santa paciência de esperarem por algo mais interessante que isto para lerem durante a próxima semana porque isto só pode mesmo ser da fome. Até porque por casar nunca ninguém ficou, não foi com quem quis, foi com quem calhou.

sábado, março 21, 2009

1395. Dia Mundial da Poesia


Hoje é o Dia Mundial da Poesia. E por respeito aos poetas não poderia publicar um poema meu. Hoje é o dia deles.

O Melro

Está poisado no cedro e canta apenas
As penas e alegrias nupciais.
Amor e adeus. Encontro e despedida.
Por isso são de luto as suas penas
E o que ele diz está antes das vogais.
Onde o poeta falha ele não erra
Só ele sabe a sílaba proibida
Só ele canta o código da terra.

Manuel Alegre


Foto encontrada aqui

sexta-feira, março 20, 2009

1394. Sexta pela manhã

- Estás com uma carinha de segunda-feira e ainda hoje é sexta…, colocando uma espécie de reticências, o meu espelho provocou-me.
- Sono, o meu mal é sono, dormi muito mal, se é isso que queres saber – tentei rematar a conversa.
- Dores? - Perguntou compadecido.
- Não, nada, só sonhos… - condescendi em dar mais algumas explicações, enquanto o espelho espalhava a espuma de barbear no rosto.
- Pesadelos??!!! (gostava que tivessem visto a cara de assustado com me perguntou/interjeitou mal lhe falei em sonhos).
- Criatividade meu, esta noite estive a criar. A minha cabeça escreveu de tudo, teatro, poesia, romance.
- E não queres reflectir essa criatividade aqui? – Perguntou-me com um ar tão sacana que me deixou fulo.

(Desta vez fiz-lhe mesmo uma cara de segunda-feira, sete da manhã, depois de um domingo de copos; depois passei abundante água fria no rosto, coloquei a toalha no ombro e dirigi-me ao duche; só podia estar a mangar comigo, se já se viu querer-me armar em espelho; reflectir, reflectir, reflectir… ele que reflicta que é essa a função dele… ele é que é espelho! Estou mesmo com cara de segunda feira; tomara já o fim de semana).

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Se quiserem dêem uma voltinha na GT. A Janette está cá uma...

quinta-feira, março 19, 2009

1393. Pai



E quando no turbilhão bravias ondas
Se desfazem na firme rocha em alva espuma,
Lembram-me os teus cabelos brancos.


Foto PreDatado, 2009. Esta e outras em Fotos do Pre.

quarta-feira, março 18, 2009

1392. Um dia fodido

























a) Disciplina militar

Não. Hoje não é realmente um daqueles dias em que um tipo se sinta particularmente feliz. Aliás, já nem diria feliz. Contentava-me com um dia recompensado. Mas nem isso. Levantei-me (quase rastejei) com o meu nervo ciático em alvoroço. Não fosse eu ter sido militar de carreira – grande aldrabice – e não lhe tivesse incutido o respectivo correctivo analgésico – pura verdade – e ainda estaria aí gemendo por um canto. Não basta? Não, não basta pois hoje, a descer apenas três degrauzinhos em Almada, escorreguei, dei uma valente queda, tenho um braço todo esfolado e claro a coluna ressentiu-se e chamou de novo à parada a citadíssima dor ciática. Já a pus em sentido, mas acho que ela não é de muita obediência.

b) Volta companheiro Vasco e nacionaliza já esta porra toda

Farto-me de ouvir loas à iniciativa privada e de ouvir que tudo o que é público é uma merda. Uma merda, digo eu, para a conversa. Dirigi-me ao balcão da minha (?) companhia de seguros para participar um sinistro. Como não vi nenhuma sinalética que me indicasse caminho ou direcção, dirigi-me à primeira funcionária que vi sem nenhum segurado em frente, Bom dia minha senhora, desculpe interromper-lhe o trabalho mas gostaria de saber a quem devo participar um sinistro, Sinistros é com o meu colega, se não se importa aguarde um pouco que ele deve estar a chegar. Pois daí a uns quinze minutos chegou um senhor, vindo da rua, não sei se o horário de entrada dele era mesmo às 11h35, talvez, que quando me atendeu e lhe disse para o que vinha, me facultou, simpaticamente, diga-se em abono da verdade, um número de telefone para o qual eu deveria ligar e participar o sinistro. Só isso, perguntei, Só, respondeu-me. Foda-se, a gaja a quem eu me dirigi primeiro não poderia ter-me dado esse número de telefone? É uma companhia privada, caneco, não é nenhum balcão das finanças ou da conservatória do registo civil.

c) Quando for grande quero ter uma bicicleta

Tirei as fotos que vos mostro na Avenida D. Afonso Henriques em Almada. Acho que no seu tempo o nosso rei se deslocava a cavalo, ou de égua, ou talvez de burro e que hoje em dia a gente anda de carro e de autocarro e de metro de superfície e de mota, já não há burros, nem em Cacilhas, ali a dois passinhos. Mas a C. M. de Almada ainda acha que a gente anda de bicicleta e vai daí até instala parque de estacionamento para as ditas. Apenas duas notas de má-língua (as fotos são de telemóvel mas talvez dêem para ver)
1. O parque está vandalizado. Não sei se por “viaturas autorizadas” já que ali é zona supostamente de trânsito restrito e portanto apenas aberto a viaturas autorizadas, se por vândalos pedestres (não lhes chamo pederastas porque tenho algum respeito pelos gays).
2. A senhora presidente da Câmara não me parece gente de muitas rezas, mas mesmo com promessas ao S. Joãozinho da Ramalha o parque se encherá. Pudera, em Almada não há pistas para bicicletas e assim continuará vazio (hei, não me batam, eu sei que há uma lá para os lados do Parque da Paz, mas aí não há parque para bicicletas; quem lá vai e depois acaba correndo ou caminhando, deixa-as amarradas às árvores).

1391. Frutas e outros comeres


Melancia


Coloquei-te na mesa, e tu te abriste
Em racha de onde a pevide já espreita,
Tarda o tempo em que te vou comer.

Num ritual de preliminares feito,
Apalpo-te o bojo e oiço sons
Que de dentro emites, como queixa;
- e olhas-me o instrumento já em riste.
Mas antes que te prepare o fino leito
Admiro-te a pele (de vários tons)
E como que à espera de uma deixa
Coloquei-te na mesa, e tu te abriste.

Não estás intacta, dá para ver
Teu interior vermelho, reluzente.
A água que me escorre já da boca
Que de pecaminosa gula se deleita
Quer que avance sem mais tempo perder.
E prestes chegarei com ar demente
E mordo e chupo e lambo, à louca,
Em racha onde a pevide já espreita.

É agora. Meu desejo mais não espera,
Que de esperas poderá desesperar.
E apareces-me assim feita talhada,
E no centro um castelo de prazer
Da arte de cortar a linda esfera.
Melancia, que a sede faz matar
Como se fora sede saciada.
Tarda o tempo em que te vou comer.

O PreDatado©, in Frutas e outros comeres


PS. Reposte de outros tempos, do PreDatado e do ante-et-post só para vos ir abrindo o apetite para as frutas de Verão.

Foto encontrada em vários sites da net

segunda-feira, março 16, 2009

1390. Desafios (outra vez)

1. Um ex-colega meu à interpelação da filha do que era um embarcadiço, respondeu “filha, quando vires um senhor na rua sempre a olhar para as montras e a virar-se para olhar para o rabo de cada senhora que passa, então ele é um embarcadiço”. Eu também já fui embarcadiço.
2. Na primeira vez que fui à pesca para o largo, mal o barco começou a curvar na bóia da saída da barra de Setúbal, salta-me a cana e carreto, ainda por estrearem. Foram dar um mergulho. Eu levava um segundo conjunto e a pesca desenrolou-se sem sobressaltos. Sou, normalmente, um homem precavido.
3. Deixei a minha namorada à seca todo um almoço, depois de um exame (dela) na faculdade. Saí do barco, olhei para o relógio, vi que estava na hora e desatei a correr. Só dei por mim em Paço de Arcos, à porta da Escola Náutica. Em vez de ter corrido para o autocarro, corri para o comboio como fazia todos os dias. A minha namorada estava no ISCTE, no Campo Grande à minha espera. Estou casado há 29 anos. Nem todas as rotinas são dramáticas. Às vezes sou distraído.
4. Durante alguns anos se soubessem que era eu quem ia estrelar os ovos trocavam-se olhares cúmplices de desconfiança. Só confiavam em mim para abrir as latas de conserva e os pacotes de batata frita. Hoje esfregam as mãos de contentes quando me ofereço para entrar na cozinha. Não é para me gabar mas costuma sair coisa boa.
5. Por falar em comida, sou um louco amante de foie gras, gosto de qualquer outro paté que contenha fígado de aves ou porco e, como entrada, não são poucas as vezes que escolho uma terrine normande ou provençal aux fines herbes. Na verdade nunca consegui tragar fígado cozido, frito ou grelhado e casa onde me cheire a iscas é de ir à náusea. Contradição que acho que nem o meu estômago consegue explicar.
6. Não gosto de perder nem a feijões. Quando jogo a qualquer coisa faço-o pelo prazer do jogo mas também pela pica que me dá em ganhar. Dizem (as más-línguas, claro) que quando eu era miúdo gostava de alterar as regras a meio do jogo quando este não me estava a correr de feição. Havia quem me augurasse um futuro na política e apostaram mesmo que eu viria a ser primeiro-ministro. Enganaram-se. Sou, certamente, um batoteiro de segunda.

A castanha pilada do blog Histórias de Embrulhar Castanhas desafiou-me, numa daquelas teias da blogosfera, para que eu discorresse seis coisas aleatórias sobre mim. Penso que este tipo de desafios que nos proporcionam alguns posts interessantes são aceitáveis e por isso cá estou eu a responder ao dela. Agora deveria escrever as regras e coisa e tal e nomear seis para fazerem o mesmo. Estão convidados todos (quem é mauzinho, quem é?). Vá lá, é fácil e não dói.

Foto: PreDatado, Costa da Caparica, Fevereiro 2009

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Entretanto continua a saga da Janette na guerra do travesseiro. Cheira-me que ela é uma malandreca que ainda tem muito para dar.

1389. Um recado para a senhora


Srª Drª Ana Jorge, digníssima Ministra da Saúde de Portugal, mandou-me dizer-lhe, uma amiga brasileira que muito estimo, que nem no serviço público de saúde no Brasil é assim. Isto porque esta minha amiga sempre me diz que o serviço público de saúde, lá no país dela, é muito ruim. Agora imagine a cara com que ela ficou quando eu lhe disse, que hoje mesmo tentei marcar uma consulta de dermatologia no Hospital Curry Cabral pelo telefone e a telefonista me mandou ir lá marcar aos balcões. Por acaso moro em Almada, nem é longe Srª Ministra, e sei onde fica o hospital, se não me engano. Mas vou gastar gasolina, perder tempo a arrumar o carro porque, uma vez que já pago o seu motorista, não tenho dinheiro para pagar a um outro motorista que faça isso por mim. E vou ajudar a baixar a produtividade do país, é claro. Mas isto é tudo tão simplex que eu até fico estupfactex.

Adenda:
Muito tenho ouvido o nosso Governo propagandear a marcação de consultas via internet. Acabei de aceder ao site do Curry Cabral. O site não o permite e além disso está "em construção". Atendendo a que no sector de notícias, as últimas são de Novembro de 2006, muito tempo duram as obras nestas nets governamentais. Mandem lá o Magalhães pode ser que o "homem" resolva, pá!

domingo, março 15, 2009

1378. Lunch Time Blog e xixizinho


O caminho era o do talho. Ia comprar uns lombinhos de porco que mandei cortar em pequenos troços. O objectivo era uma carne de porco à alentejana. Comprar no comércio local tem também do que se lhe diga. Nos grandes espaços temos estacionamento para os carros. Dei duas voltas ao quarteirão e por sorte encontrei um lugar quase à porta do café onde, depois das análises anuais e de rotina iria tomar o pequeno almoço. O puto*, não teria mais de cinco anos, baixou as calças e desatou a mijar contra a parede. A empregada do café, que estava à porta a fumar um cigarro, riu-se. Achou uma gracinha. A carne de porco era tenrinha, foi temperada com massa de pimentão, alho picado miudinho, uma folha de louro, uma ligeira pitada de flor de sal e vinho branco tendo ficado a marinar mais de duas horas. O resultado das análises só as saberei daqui a uma semana mas de um hematoma num dos braços não me livrei. Se me vissem a passear de manga curta neste doido calor de fim de inverno, alguém comentaria que seria da seringa. Da outra que não da das análises clínicas. A Anita descascou e cortou as batatas em cubos para fritar. As amêijoas, deliciosas, foram compradas no Pirata na Costa da Caparica, passe a publicidade, mas que é justo ser referido. Aliás, além da carne de porco à alentejana, abrimos com uma travessa de amêijoas à Bolhão Pato e de melão com presunto. A senhora que passeava o cãozinho nas traseiras, que arreiava um valente cocózinho no meio do caminho, nem se apercebeu que a minha filha tinha preparado uns maravilhosos daiquiris de morango. Nem vos conto para não ficarem com inveja. A Bimby, que é uma máquina que ainda não me acostumei a usar parece ser óptima para cocktails (para limonadas e picar gelo também, meninas da casa não me batam se é blasfémia). É óbvio que não convidei a senhora do cocózinho. Fiquei antes a descascar as frutas, o ananás, as maçãs, os kiwis, a laranja e a papaia. Os morangos já estavam lavadinhos e sem pé. Tudo a postos para uma maravilhosa sobremesa de fondue de chocolate. O barulho dos travões, lá fora, foi apenas a de um carro que, provavelmente, a mais de 50kms/h, teve de travar fundo para dar passagem a avozinha com o neto pela mão. Fora da passadeira. O vinho era alentejano. Claro!

PS. *Puto – em português de Portugal, criança. Para que os meus leitores brasileiros não confundam.
PPS. Em dois tempos. Cronologicamente falando. Não se fazem análises clínicas ao domingo sem ser nas urgências dos hospitais, salvo seja, como dizia a minha avó.
PPPS. O Schubert não come carne de porco. Nem ele, nem nenhum gato cá de casa. Parece que não têm enzimas digestivas para esse tipo de alimento. E foi por isso que o Schubert, desta vez, não teve nenhum protagonismo neste LTB. Dormiu enquanto comemos. Abençoado gatinho.

Foto: Anita Capote

sexta-feira, março 13, 2009

1387. Distraído


Tenho andado distraído
E até muito pouco cuidado
Com viagens e passeios
E a ouvir cantar o fado
Tenho andado distraído
Aumentam os meus receios
De me ficar na caminhada
Da coisa pública sei nada
E pior, do futebol.
E mais não ponho no rol,
Como brócolos com pescada
Bebo tinto do barril
Aumentam os meus anseios.
Tenho andado distraído
Perdi alforge e cantil
E nem o baião do Brasil
Ou outro som tropical
Já me arrepia o pêlo.
E se não tenho cuidado
Com aquilo, coisa e tal
Ainda fico sem cabelo.
E se careca brancura
É já um rimar perdido
(A minha intenção é pura)
Tenho andado distraído.

E para findar esta cena
Cantemos em desgarrada
Este verso sem sentido
Só pra que ‘inda valha a pena
Toda esta trapalhada
D’ andar por aí, distraído.

Foto PreDatado, Março 2009

PS. Num post aqui atrasado escrevi colocava-mos em vez de colocavamos. Raramente cometo este erro, embora o encontre por aí amiude. Eu que sou demasiado crítico aos erros ortográficos não propositados ou provocados por falta ou troca de tecla, senti-me envergonhado. Fui, e bem, repreendido por duas atentas leitoras, a minha filha e a Karla que foram tão elegantes que mo fizeram em privado. A minha filha no MSN e a Karla por e-mail. Embora a repreensão tenha sido privada, como disse antes, o agradecimento é público. Fiquei foi, por enquanto e durante uns tempos, desarmado em relação aos "entretias" e aos "suponha-mos". Mas a sabática não durará muito. E não vos disse já que sou um má-língua?

quinta-feira, março 12, 2009

1386. Mãos ao ar!


"Mãos ao ar! Isto é um assalto!" , foi o grito/ordem que ouvi mal acabei de preencher a declaração de IRS.
Foto PreDatado, Março 2009

quarta-feira, março 11, 2009

1385. Twitterucá twitterulá acho que não me fará mal ao Fígaro


Se desse prémio penso que conseguiria escrever pelo menos uns quinhentos twits por dia. O Paulo Querido ia ter que pedalar muito…

Ontem uma certa equipa de futebol fez-me relembrar os meus tempos de menino. Colocavamos as sacolas a fazer de balizas e era muda aos 6, acaba aos 12.

Parece que o Vale e Azevedo enganou a UNITA em 1 milhão de dólares. Eu acho que este rapazinho é um verdadeiro guerrilheiro.

Estive numa cidade, na semana passada, onde não consegui ver um único papel no chão. Confesso que até me deu náuseas.

Gosto de tomar banho de água quente em piscina ao ar livre, ao mesmo tempo que me neva na cabeça. Infelizmente foi uma experiência quase única para mim que vivo num país com Verão em Fevereiro. Mas é bem feito! Os suíços também não têm Costa da Caparica.

Por falar em Costa da Caparica, parece que a areia que lá foi colocada para “refazer” a praia já o mar a levou quase toda. Não era nada que até um leigo não esperasse. Mas há quem não saiba como gastar o dinheiro. Ou então sabem de mais.

Ontem andou por cá Sua Excelência o Presidente da República Popular de Angola. Consta que não se encontrou com Bob Geldorf.

Querem mais um twitzinho, querem? Então cá vai: hoje vou mandar imprimir umas fotos digitais em papel. Eu tenho tiques de saudosista.

Se alguém que saiba alemão passar por aqui, deixe-me nos comentários, p.f., qual a diferença entre ausgang e ausfahrt. Fahrretei-me de ver as duas e era sempre para sair.

Carpe (o resto do) Diem!

Foto PreDatado, Março 2009

terça-feira, março 10, 2009

Saudades


Eu bem sei que as minhas amigas leitoras do PreDatado e os meus amigos leitores, também, estavam cheiinhos de saudades minhas. Não mais do que o Schubert, só visto porque contado não tem piada, mas o meu gato Schubert desde a hora que cheguei até agora ainda não me largou nem por um minuto. Está com medo que o dono parta de novo e que depois não haja posts para ninguém. Também eu tive saudades vossas porque além das melhores e dos melhores comentadores do mundo, lêem o meu blog, poucos é verdade, mas sem dúvida as e os melhores leitores do mundo. E saber isso dá cá uma saudade de tê-los perto de mim... É claro que não vão pensar que aqui venha detalhar todos os pormenores (passe o pleonasmo) da minha viagem, mas um ou outro será de vez em quando referido. Nada de coisas em catadupa e se o fizer será a talhe de foice. E, já agora, a primeira que vou fazer hoje é sobre o clima (sempre ouvi dizer que quem não sabe do que há-de falar – neste caso escrever – fala do clima). Dia 1º, chuva, máxima 5ºC, dia 2º neve, máxima 0ºC, dia 3º sol, lindo, radioso, máxima 10ºC, dia 4º sol, nuvens, chuva, máxima 8ºC, dia 5º granizo, chuva, neve, chuva, sol, máxima 3ºC e hoje aqui na minha terrinha já tive o termómetro a chegar aos 25 graus centígrados em pleno inverno. Se eu fosse má-língua dizia já que o facto de não termos invernos como deve ser é culpa do governo. Como não sou, digo que é do Quique Flores. A gente não consegue ganhar por mais do que uma bola de diferença, não? Nem à Naval? Já não há Benficas com antigamente.

Foto PreDatado, Março 2009

quarta-feira, março 04, 2009

1383. Sopinhas


Eu não sou uma pessoa de muitas certezas. Tenho várias dúvidas e construo o meu conhecimento essencialmente sobre as dúvidas que tenho (tive). Mas entre as poucas certezas que tenho há duas que são quase irrefutáveis. Reparem que eu disse quase e já saberão porquê. A primeira certeza, quase, quase de La Palice é que esta terça feira eu não escrevi (publiquei) nenhum poema. Se em algum blog, eu creio que sim, terá aparecido algum poema ou ele não é meu ou foi copiado de algum mais antigo. Hoje não houve poema no PreDatado.
A segunda certeza é que a esta hora, no hemisfério norte, no fuso horário em que se encontra Lisboa não é muito habitual se estar a comer sopa. Eu digo talvez (não digo, mas quero dizer), porque toda a gente sabe, que quando vamos aos fados ou a uma festa mais castiça, chega a uma da manhã e lá vem o inevitável caldo verde. E porque é que eu vim aqui a esta hora falar sobre sopas. Porque de quinta-feira em diante até ao próximo dia 11 (alguma probabilidade de 10 à noite) eu não virei à blogosfera para escrever ou ler blogs dos meus amigos e das minhas amigas, porque estarei ausente em viagem de férias e quer queiramos, quer não, férias são férias, sopas são sopas. Enunciado que está o ditado e porque sopa de peixe é a minha sopa preferida principalmente aquela que é feita com o que sobra da caldeirada, não deixem neste intervalo em que o PreDatado não está por aqui de irem ler a Guerra de Travesseiro. Na verdade está cá a ficar uma caldeirada que só visto. Se eu fosse um dos Duponts do Tintin diria mais, que só lido! Finalmente, não deixem também de ler e comentar, claro, o Diálogo de Monólogos. Pode não ser como a sopa de peixe mas vai por ali um caldinho… Provem-no.

PS. Comam a caldeirada ao almoço. Façam-na de modo a sobrar. Desfiem o peixe, retirem-lhe as espinhas. Acrescentem algum caldo (de preferência caldo de peixe, se não água quente), juntem uns cotovelinhos. No momento de servir, moam um pouco de pimenta preta já no prato. Bom apetite.

Foto:Elaine Skowronski encontrada aqui.

terça-feira, março 03, 2009

1382. Adenda


Em relação ao meu post de ontem e dada a quantidade e essencialmente a qualidade dos comentários (o que já é costume nos meus comentadores) que me obsta a que responda um a um vou escrever assim como uma espécie de adenda.
1. Nada me move contra a HP nem tenho nenhum contra pessoal em relação aos seus equipamentos. Além dessa impressora, tenho outra ainda mais obsoleta que a dita (lol), um scanner (que por acaso me foi oferecido pela HP) e um laptop. O facto da(s) minha(s) impressora(s) se terem tornado obsoletas é uma prova da qualidade das mesmas dada a sua durabilidade. Aliás, não me parece que o negócio das impressoras, de per si, seja um grande negócio, mas sim enquanto associado aos tinteiros. Hoje uma impressora pessoal para casa ou pequeno escritório custa tanto como dois tinteiros. Se dois tinteiros duram um mês, imagine-se qual o principal negócio.
2. Não me choca, antes pelo contrário, que a política da HP em relação à reparação de equipamentos seja a que é praticada. Parece-me até que defende o consumidor já que, ao custo que está a mão-de-obra especializada, não existe nenhum acréscimo de valor nem para o cliente nem para a empresa em que se reparem equipamentos com preços de venda ao público da ordem dos que estamos a falar (entre 60 e 130 euros).
3. Assim, e tendo em conta os dois pontos positivos supra e que são bastante relevantes não se pode, uma empresa que actua deste modo, dar ao luxo de tratar os clientes como participantes de um rally-paper. Os scripts, usados no call centers, não bastas vezes se parecem com um parafuso sem fim, outras com um irritante loop. Foi praticamente o que me aconteceu. A despersonalização do atendimento ao cliente pode, não nego, ser uma mais-valia imediata sob o ponto de vista dos custos mas, mais cedo ou mais tarde, será uma desvantagem competitiva. Para muitos clientes a qualidade tem preço. E não vale a pena puxar por galões, basta dizer-vos que está a escrever quem sabe. E mais não digo.
4. Estou de acordo com uma política de trocas para material em fim de vida. É uma forma de fidelizar o cliente já que o custo de angariação de um cliente não pode ser desperdiçado e agravado pelo custo da não manutenção do mesmo. Por isso foi positivo verificar que existia uma lista de equipamentos passíveis dessa troca. O que achei pateta foi de nessa lista não constar o material que mais se justificaria incluir, ou seja, aquele que não pode de nenhuma maneira, dada a sua idade, ser reparado. Talvez a HP ache que nestes casos devam funcionar as leis do mercado e tal, mas um cliente quando vai ao mercado predisposto contra uma marca, não há lei de oferta e de procura que resulte.

segunda-feira, março 02, 2009

1381. Se calhar sou eu quem está obsoleto


Tenho uma impressora HP 990 cxi que entretanto avariou. A HP tem um site em dâbliu dâbliu dâbliu ponto agápê ponto pêtê com páginas todas muito bem concatenadas cheias de menus e elos e tal. Tantas ligações e tantos caminhos que não consegui voltar de novo à página onde cheguei esta manhã. Adiante. Essa página era um menu de números de telefone por famílias de produtos. Liguei para um deles, o que me parecia mais adequado e, do outro lado da linha, o que havia era um script automático com uma voz de senhora muito bem colocada. Novamente escolhi a opção que me parecia a mais adequada e levei música, a tal música de espera quando não há ninguém para nos atender. Finalmente fui atendido por um técnico que quando lhe forneci o modelo disse-me o que eu (infelizmente) esperava: não era aquela linha. Simpaticamente forneceu-me o número certo(?). Quando observei que aquele me parecia ser um número para produto em garantia, insistiu que era o mesmo. Liguei e fui atendido por um script que, pelo facto da minha impressora estar fora de garantia me mandou para uma nova página de internet. Ainda que um bocadinho farto de pescadinha de rabo na boca acabei por ir consultar a página.

Esta era uma página de eventual cálculo de reparação ou substituição do equipamento num programa de trocas. Por azar meu, a minha impressora não fazia parte da lista pelo que a alternativa seria enviar um e-mail à hp com descrição do meu problema. Desta vez, sem mais rodeios, tive uma resposta em cerca de 5 minutos que no entanto, foi para me informar que a minha impressora já não era passível de reparação nem fazia parte de nenhuma campanha de substituição porque estava obsoleta. Exactamente obsoleta! O quê, interroguei-me eu com muitos pontos de interrogação, o quê????. Quem é que precisará de trocar um equipamento, mais do que quem tem um dito cujo obsoleto, han? Então só se incentiva a trocar quem tem um equipamento relativamente recente? Fiquei banzado. Sai à loja mais próxima para comprar uma impressora nova. Estava tão chateado com este tipo de tratamento que não comprei uma HP.

PS. Com isto tudo foi passando, paulatinamente, a minha hora de almoço. Entrei numa tasquinha onde também havia um menu. Com duas opções, bitoque e bife com batatas fritas. Davam-me garantia que o bife era bom. E era.

Imagem muito bacaninha, aqui