sexta-feira, novembro 28, 2008



1302. Bom fim-de-semana











Presença

Às vezes sonho que é noite e a noite está escura.
E a noite cheira a noite como o dia tinha cheirado a noite também.
Uma luz pequenina, ainda nem quarto crescente,
Uma luz pequenina impenetrável pelas frinchas da janela
Uma luz que teima em não entrar.
E sem luz não vejo o teu corpo e só te sinto.
Então, acendo a noite com uma acha de arco-íris
E a noite se faz dia a cheirar a noite e já te vejo.
E sinto-te só de te ver.

PreDatado©2008


Foto de Roman Tkachenko

quinta-feira, novembro 27, 2008



1301. Eu também gosto de discorrer sobre a coisa pública

(Eu ía deixar um comentário neste post do Ferreira-Pinto; às tantas o texto já ía longo, escrito ao correr da pena, sujeito a erros de teclagem, de sintaxe e até de um ou outro ortográfico. Peguei no texto, levei-o ao word para ter uma visão global e corrigi-lo e, de repente, arrependi-me de lá deixar como comentário. Transformei-o em post. E como gosto de uma boa polémica, vamos lá, não se acanhem e comecem a dar-me na cabeça se faz favor. A caixa de comentários é vossa. os poemas voltam dentro de momentos).

Na realidade embora eu ache que o artigo do Ferreira-Pinto atire em várias direcções, na sequência da referência inicial - “Perante os tempos extraordinários desta crise do capitalismo, a Esquerda tem a missão urgente de encontrar uma alternativa de poder, deixando de lado velhos dogmatismos” defenderam em uníssono Paulo Pedroso, Francisco Louçã e Paulo Fidalgo (ex-PCP e hoje no Movimento de Renovação Comunista) na cerimónia de apresentação do livro “A Nova Esquerda”, de Celso Cruzeiro - foram expostas algumas ideias (embora eu não apadrinhe todos os pressupostos), que me parecem interessantes. Começando pela direita, área onde não me situo e que portanto me interessa apenas como parceira do jogo democrático é-me, completamente indiferente que se refunda, que crie um novo partido ou que se extinga, paz à sua alma. De Santana, inclusive, para a direita estamos conversados. Quanto ao centrão que nos tem governado, PS e PSD concordo com Ferreira-Pinto na sua refundição. No entanto, para mim, a sua fusão (e refiro-me ao PS actual e à sua entourage) seria nem mais nem menos que amalgamar as duas não-correntes ideológicas existentes em Portugal. De facto de um partido que é apenas uma feira de vaidades - PSD - onde ninguém se entende, onde cada líder fala o pior do líder anterior, onde cada líder é bombardeado até ao limite com o fim de o fazerem cair (mota pinto, balsemão, marcelo, santana, mendes, menezes e até mesmo ferreira leite) pelos próprios correligionários, não tendo mais inimigos internos porque não os há mais e, um PS que abandonou completamente qualquer teoria política de esquerda (nem mesmo a terceira via blairiana hoje pode ser considerada como base ideológica deste partido), ficariam muito bem nesse ramalhete. Teríamos, assim, até à eternidade, a governar-nos a pior coisa que qualquer pais pode ter - e não é o que tivemos quase sempre? - a maximização do vazio ideológico. Quanto à esquerda, pode até ser que os velhos paradigmas e a ortodoxia vão parar ao caixote do lixo. Mas eu - velha mentalidade - não o acredito. A(s) esquerda(s) têm os seus próprios espaços, formados desde a revolução francesa, que já passaram pelas mais diversas "grupagens". Não será possível, nem nos tempos mais próximos, sob pena de se mandar às urtigas toda a riqueza ideológica da esquerdas, a não ser por estratégia eleitoral ou pela tal "alternativa" de governo, a que eu chamaria uma certa - eufemismo - sede de poder, juntar fraternalistas, malreauistas, anarquistas, marxistas, trotskistas, leninistas, maoistas e porque não, até, stalinistas. Se no caso que falei, do centrão, é a ausência de referências ideológicas que permitiria a tal amálgama, esta, na esquerda seria uma mistura explosiva de -ismos que mais cedo ou mais tarde explodiria com certeza. No entanto e apesar destas considerações tenho o espírito aberto para esperar e ver no que dá. Só não gostaria de ver nascer um PPD/PSD/PS de esquerda.

Imagem encontrada aqui

quarta-feira, novembro 26, 2008

1300. Abraço


Vamos,
Dá-me a mão, amor
Vamos abraçar a montanha.

Hoje não escreveremos poemas,
Nem saudaremos amigos,
Nem escutaremos música.
Hoje vamos passear na montanha.

Aqui está muito frio.
Na montanha está muito frio também.
Mas lá tem neve.

Vamos abraçar a montanha, amor.

PreDatado©2008 (inspirado na foto de João Capote e em “Brisa” de Manoel Bandeira)

terça-feira, novembro 25, 2008


1299. Às terças…












Como um murmúrio de fado

Como um murmúrio de fado,
De amor e só de amor
Numa estranha melodia,
Em ritmo descompassado
É do coração tremor
E da paixão fantasia.

Nos alvos lençóis de linho
Que nos cobrem por pudor
Há um vulcão acordado;
Começa a soar baixinho
(Mas não com menos calor),
Como um murmúrio de fado.

E num silêncio abafado
Que em teu rosto rubra cor
Teus intentos, denuncia,
Construímos nosso fado
De amor e só de amor
Numa estranha melodia.


Quando esse vulcão explode
De êxtase e desvario
Resto-me em ti abraçado
E, a lava que eclode
É como um fado vadio
Em ritmo descompassado.

Dois corpos um só desejo
Que neste fado a rigor
A guitarra desafia,
Seja uma nota ou solfejo
É do coração tremor
E da paixão fantasia.



Versos PreDatado©2008

Foto de Paulo Costa retirada aqui do seu blog

domingo, novembro 23, 2008





1298. Lunch Time Blog

A cara com que me apresentei ao espelho era a minha testemunha. Não sei o que é que vou escrever hoje, disse, Vai mas é dormir, responde-me o espelho, que é como quem diz, Não estás com cara nem para levar duas bofetadas. Ainda assim, peguei na escova de dentes, o espelho fez duas caretas, se há coisa que nestes cinquenta e três anos de existência que ele nunca gostou foi do sabor da pasta de dentes, e depois na gilete. Admirou-se. Tirando os dias em que há obrigações sociais nunca me viu fazer a barba aos Domingos. Não gosto nada de espelhos pedantes, daqueles que, simples imagens, tendem a ser mais do que os próprios objectos que lhe dão forma. Virei-lhe as costas e fui tomar banho. Não sei o que é que vou escrever hoje, pensei em voz alta, esperando que o chuveiro me respondesse. Mas o meu chuveiro apesar de todos os furos com que se apresenta e da capacidade de transformar a água fria em quente e vice-versa, está a anos-luz da capacidade de argumentação do meu espelho. Fiquei entregue a mim próprio, até que, esquecido do que iria escrever no blog, resolvi ir cozinhar uma paelha. Qual quê, só tinha arroz, açafrão e pimentos vermelhos, não dava nem para pensar nisso. De repente ainda de toalha atada na cintura, enquanto me banhava em 212 for men no corpo e me “niveava” no rosto e sovaquinho , elaborei mentalmente a minha lista. E pouco tempo depois, após uma passagem breve pelo supermercado, onde fui sem ser em fato-de-treino, apesar do exercício físico que isso me proporcionou, aí estou eu munido dos camarões, das lulas, do presunto, dos mexilhões, das amêijoas, do tomate. Nem preciso de dizer que colorau, pimenta preta, sal e água fazem parte do que cá se gasta. Não perguntem ao Pré as quantidades porque o gajo só tem duas balanças. Um para quando se lembra de fazer um doce, não vá o açúcar atraiçoa-lo. Outra para ir medindo, dia a dia, o seu gradual aumento de peso. E já cá cantam 78. Pode ser que num PS ele se abra.


PS. 1. Foi a primeira vez que o Pre fez uma paelha. Mesmo assim teve a coragem de convidar os pais a virem provar a sua especialidade.
2. Todos os comensais tiveram o descaramento de comentar, Divinal! Bolas que a coisa estava mesmo boa.
3. O vinho foi um Torres, Sangre de Toro Reserva 2006. Da Catalunha. Poderia até ser outro, mas hoje teria forçosamente de ser espanhol.
4. Como entrada comeram-se umas amêijoas à Bolhão Pato. Acompanhamos com um Fonte de Nico, Vinho Regional das Terras do Sado. Esteve à altura.
5. 850 gramas de frango (coxas, cortadas a preceito), 3 lulas em argolas, +/- 150 gramas de miolo de amêijoa (fresca aberta na altura), 300 gramas de miolo de mexilhão (também fresco aberto na altura), 150g de gramas de presunto, 2 dentes de alho finamente picados , 4 tomates pelados de conserva, 1 pimento vermelho cortado às fatias finas, 200 gramas de ervilhas ultra-congeladas. Sal, pimenta preta, açafrão das índias e arroz agulha. Para decorar (e comer) alguns camarões previamente cozidos e alguns mexilhões em meia concha. (PS indiscreto)
6. Um dia destes, digo-vos como é que se cozinha. Hoje fiquem com as fotos.
7. Finalmente, eu que até nem uso, fico a pensar o que é que têm os snobs quanto a ir ao Domingo, ao super-mercado, vestido de fato de treino. Dasse que aquilo é pior que uma maratona!
8. Agora é que é finalmente. Ontem ofereceram-nos um vinho generoso do Douro, produção caseira. Só para vos fazer inveja e não digo mais nada!
9. Nunca escrevi tanto PS, até estou cansando. Vou lanchar. Até logo.
10. Eu deveria escrever qualquer coisa mais só para encher chouriços e para enquadrar as fotos com o texto , porque deixar a foto lá em baixo a boiar não está com nada. Depois de ter feito um primeiro publishing vi que havia desiquilibrio. Por isso vim aqui escrever isto que nem sequer tem nada a ver com o post só para não ficar assim meio coiso. Dá para perceber não é?
11. 2º publishing e ainda não ficou bem. E se eu fosse ali beber mais um cálice daquele Douro a ver se eu atinava com esta coisa, que acham?
12. Quando ampliarem a 2ª foto não liguem à cadeira partida. Foram os gatos que a atiraram ao chão e partiram. Desta vez o Schubert não esteve afim da minha paelha. Ele de facto é mais ração( e carapau).

Legenda: Primeira foto: Paelha. Segunda foto: paelha e vinho; Terceira foto: Paelha, Pre no meio da mãe e do sogro. Todas as fotos e outras que não foram publicadas da autoria da filha do Pre.

sexta-feira, novembro 21, 2008


1297. Pontapé na chincha

1. Rotina alínea a). Às sextas-feiras final da manhã, quando dou por terminados os meus principais deveres semanais saio e vou “meter” os meus papéis para a reforma que é como quem diz não deixo de entregar na tabacaria um boletim de Euro milhões e outro de Totoloto. Até agora têm andado a protelar entregarem-me aquele montante que me obrigaria a ficar 50% do resto da minha vida de papo para ar.
2. Rotina alínea b). É também ao dia de hoje que me sento no café e leio os jornais que por lá há. Normalmente começo pelo Correio da Manhã, para ler aquelas 15 páginas de notícias de assaltos, homicídios e acidentes. Mas depois do acidente (ou suicídio?) da Selecção Nacional de futebol, no Brasil, pensei que acidentes por acidentes era melhor começar por ler A Bola. E assim quebrei uma rotina semanal.
3. Carlos Queiroz, alínea a). É-se preciso ter muito boa imprensa para se salvar um pescoço depois do desaire por 6 a 2 frente ao Brasil (e de todos os outros desaires anteriores). João Bonzinho na sua nota semanal em A Bola, escalpeliza entre outras coisas a má colocação dos jogadores em campo, com realce para os posicionamentos de Tiago, Danny e Simão, o erro que foi a substituição do melhor jogador da selecção (Danny) ao intervalo e, com muita acutilância – quase a metade do artigo – sobre a não convocação de Nuno Gomes, por todas e mais alguma razão que o jornalista expôs. No entanto no meio da crónica escreve “Mas é fácil, agora, apontar canhões e destruir o seleccionador. Não embarco nisso.” Ou a frase foi escrita sem querer, pois está completamente em contradição com o resto da crónica, ou de facto é preciso ter muito boa imprensa.
4. Carlos Queiroz alínea b). Ainda em A Bola, José Manuel Delgado, num artigo de análise à Selecção e à referida derrota escreve, “A Carlos Queiroz que não tem que provar nada, não basta assumir a derrota…”. Eu contraponho. Carlos Queiroz tem de provar tudo. Não basta ter sido campeão mundial de juniores há 20 anos atrás. Desde essa data pelo menos mais 10 treinadores foram campeões do mundo de sub-20 e nem dos nomes lhes ouvimos falar. Carlos Queiroz treinou antes a Selecção Nacional com paupérrima prestação e saiu batendo com a porta acusando tudo e todos menos a ele próprio. Carlos Queiroz pegou no Sporting e levou 6 em casa do seu maior rival, o Benfica. Foi apenas o culminar de uma época desastrosa. Carlos Queiroz foi corrido do Sporting pela porta pequena. Carlos Queiroz esteve à frente da selecção da África do Sul e não conseguiu qualificar os Bafana-Bafana. Claro que Carlos Queiroz foi despedido. Carlos Queiroz treinou o maior conjunto de estrelas que algum treinador já treinou numa só equipa. Carlos Queiroz acabou por ser despedido do Real Madrid. Esta é a carreira de Queiroz, salpicada de alguns títulos como adjunto no Manchester United. Tem ou não que provar algo meu caro José Manuel Delgado?
5. Manuel José. 4 Campeonatos do Egipto; 2 Taças do Egipto; 4 Super-taças do Egipto; 4 Ligas dos Campeões Africanos; 3 Super-taças africanas. Um dia, ao serviço do Benfica, perdeu um jogo com o Vitória de Setúbal, talvez um dos melhores jogos que eu vi o Benfica jogar nas últimas duas décadas, num ambiente totalmente adverso no estádio da antas, por interdição do campo do Vitória e, Manuel Damásio, na época presidente do Benfica, despediu-o. Injusta e ingloriamente. Este sim merecia que o deixassem provar qualquer coisa. Provar o sabor das vitórias à frente da Selecção Nacional. Mas parece que outros valores mais altos se alevantam.
6. Vanessa Fernandes e Nelson Évora. Merecidíssimos os prémios de atletas feminino e masculino, respectivamente, do ano atribuídos pela Confederação do desporto de Portugal. Sic transit gloria mundi, mas enquanto ela por estes dois passa que lhes sejam feitas as devidas vénias.

PS. Quando na minha roda de amigos e familiares expresso as minhas opiniões sobre o treinador Carlos Queiroz, oiço muitas vezes afirmações de que ele sabe muito de futebol , que como organizador de uma estrutura não há como ele, que é inteligente e bem formado. E eu concordo absolutamente com isto tudo. Mais ainda, simpatizo até com a sua maneira de ser. A Federação só fazia bem em mantê-lo para todas estas funções e entretanto contratar um verdadeiro treinador de futebol.

Disclaimer: Eu encontrei esta foto na net sem referência ao seu autor nem aos protagonistas. Como a foto estava num espaço público sem pedido de royalties e o gajo me parece ser o Cristiano Ronaldo eu tomei a liberdade de colocar aqui. Se por acaso não se tratar de nenhum jogador da Selecção Nacional o que passaria a não fazer sentido como ilustração do meu texto de hoje, peço desculpa aos meus leitores, ao fotógrafo e aos fotografados. Entretanto olhem-me para aquelas pernas lindas, vá lá.

quinta-feira, novembro 20, 2008


1296. Vamos ao Teatro

Acto Falhado

I Acto

Personagens: Casal nº 1, Casal nº 2, Homem do Casal nº1, Mulher do Casal nº 2, Narrador
Cenário: Sala com lareira acesa, um amplo sofá, 2 cadeirões, uma mesa de centro com um arranjo de flores silvestres, uma garrafa de vinho e dois copos, uma carpete de Arraiolos, na parede um quadro de Munch e outro de Modigliani. Descaído para um canto da sala entre a lareira e o sofá, uma mesa de jogo e quatro cadeiras. Dois copos com vinho tinto e um baralho de 52 cartas. Os casais nº 1 e nº 2 sentados em roda da mesa desemparelhados e em cruz. À direita da Mulher do Casal nº2, senta-se o Homem do Casal nº1.

Narrador: O jogo decorria sem turbulências. Naquela casa jogava-se silenciosamente. De vez em quando um sorriso dos protagonistas dependendo de como o jogo lhes estava a correr. O som do crepitar da lenha na lareira e de vez em quando o desviar de uma cadeira facilitando os personagens a reabastecerem os copos e também o correr do vinho da garrafa eram os únicos sons naquele pacato mas terno ambiente.
O Homem do Casal nº 1, sabe-se lá com que intuito, se o de não tirar os olhos do decote da Mulher do Casal nº 2 ou apenas o do batoteiro gesto de espreitar o jogo da adversária, passou quase todo o tempo da partida de cabecinha à banda a olhar para o colo da opositora. Esta já deveras irritada intervém.

Mulher do Casal nº2Se volta a despir as calças… - roborizou quase instantaneamente. Ainda lhe saiu a emenda – Se volta a espreitar-me as cartas, eu desisto – mas já não havia volta a dar-lhe. O acto (falhado) estava consumado. Com quatro disfarçados mas nervosos e amarelos sorrisos a mesa terminou o jogo.

II Acto

Personagens: O narrador
Cenário: Uma casa, várias divisões.

O narrador levanta-se, pega na toalha do banho e vai em cuecas para a varanda.
O narrador dirige-se ao bar da sala e pega numa garrafa de whisky. Volta para trás, coloca de novo a garrafa no bar. Ele andava à procura dos óculos.
O narrador procura exaustivamente qualquer coisa no frigorífico. Lembra-se de repente que é na casa de banho que costuma lavar os dentes e guardar a pasta.
O narrador informa o estimado público que estes não são actos falhados, mas pequenos lapsos advindos da PDI.

Cai o pano.

PS. 1. Acto falhado e não Ato falhado porque o narrador ainda não lhe apeteceu começar a aplicar o Acordo ortográfico. Só o fará quando reparar que os nossos irmãos do lado de lá do Atlântico deixaram de escrever lingüiça e escrevem agora, linguiça!
2. PDI é isso mesmo que vocês estão a pensar.

quarta-feira, novembro 19, 2008



1295. Lar de Idosos – Moreanes

Realizou-se no passado Domingo a inauguração do Lar de Idosos, um prolongamento do Centro de Apoio a Idosos de Moreanes, freguesia de Santana de Cambas, concelho de Mértola.


Uma comissão instaladora presidida por José Rodrigues Simão, também Presidente da Direcção do Centro de Idosos e ainda Presidente da Junta de Freguesia, levou a cabo uma interessante, bem concebida e necessária obra neste povo da Moreanes, num investimento que ascendeu aos 600 mil euros.

Na inauguração estiveram presentes as mais altas individualidades políticas e administrativas do Concelho. Dos festejos constou a presença de vários grupos de cantares alentejanos e ainda da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários do Alvito. No final houve um almoço volante.

Nas imagens podemos ver o aspecto geral do Lar. No blog de fotos do PreDatado poder-se-ão ver outras fotos da festa.

Parabéns povo da Moreanes!












Fotos de PreDatado

terça-feira, novembro 18, 2008














1294. Às terças…

Estado Líquido

Porque nas ondas te bebo de espuma,
Porque na brisa te bebo de frescura,
Porque ao sol te bebo em cacau,
Porque na terra, de água te fazes sentir,
Porque em suor de mim és taça,
Bebo-te e não me sacio.

Minha eterna sede!

Versos de PreDatado©2008
Foto de Serg Golubev

segunda-feira, novembro 17, 2008



1293. Late Night Sounds

Normalmente quando vou aos fados tomo sempre em consideração alguns aspectos periféricos. Menos importante do que o local onde vou ouvir cantar é o que esse lugar me proporciona – o conforto, o que vou comer, o que vou beber, com quem vou estar. Depois, obviamente, quem vai cantar.

Desta vez a minha escolha não tomou em consideração particular nenhum destes aspectos. Em primeiro lugar ir aos fados praticamente na nossa aldeia, nos confins do Alentejo não é coisa de todos os dias. Em segundo, sabíamos que não iríamos ter uma mesa só para nós (eu e a minha mulher) mas teríamos que a partilhar com desconhecidos. Por fim, da comida conhecíamos o menu e os fadistas eram, para nós, uma autêntica surpresa. Fizemos a marcação e fomos.

A Casa do Guizo fica no Monte do Guizo, assim como quem diz com entrada pela estrada da Moreanes, que é um povo entre Mértola e a Mina de S. Domingos… desisto, vejam no Google Earth. Espaço amplo mas confortável, empregadas simpáticas, serviço eficiente. Entradas com os tradicionais mini pastelinhos de bacalhau e rissóis que não destoavam. Chouriço assado e requeijão de ovelha, daquele leite com que se faz o queijo de Serpa. O jantar, um belíssimo e delicioso creme de coentros e bochechas de porco estufadas, acompanhadas de arroz de ervilhas e cenoura e castanhas no forno. Tudo muito bem apaladado. Na minha mesa o vinho do jarro, que já de si não era de todo recusável, foi gentilmente substituído, pela gerência, por uma Vinha do Monte da Herdade do Peso, tinto, da Vidigueira. Aliás foi a única bebida que bebi durante toda a noite.

Na mesa com mais dois casais, com quem viemos a travar conhecimento, a conversa foi agradável e simpática. Quero dizer que o facto do nosso vinho de jarro ter sido substituído pelo referido se deveu à iniciativa de um destes compagnons de fado.

E por falar em fado, cantaram João Carlos, Joana Baeta (na foto) e João Roque. Este é também o elenco fixo da Tasca do Chico no Bairro Alto. João Carlos é já, digamos, um consagrado das noites do fado castiço, fado vadio, do Bairro Alto. Joana Baeta com 18 deu um ar jovem (não o fosse ela mesmo) ao grupo, uma voz bonita e colocada (que para mim merecia ser aperfeiçoada com algumas aulas de canto). É uma promessa em flor e um potencial talento a não se deixar perder. João Roque, por sinal filho do João Carlos, ganhou a Grande Noite do Fado no Teatro S. Luiz em 2008. Eu não assisti a essa Grande Noite, mas pelo que ouvi ontem, foi merecido e mais não preciso nem posso falar porque é hora de silêncio que se vai cantar o fado.

Foto: PreDatado

domingo, novembro 16, 2008


1292. Por (puro) acaso.

Tive um fim-de-semana espectacular lá no “meu” Alentejo. Além da satisfação de ver chegar, quase em simultâneo com a nossa chegada, uma boa meia dúzia de gatos da vizinhança que, sabendo da nossa presença, estacionam no nosso quintal para, pelo menos durante dois dias, terem repasto extra, foi um fim-de-semana de fados e de cantares alentejanos. Cada coisa na sua vez, escreverei alguns posts sobre esses assuntos acompanhados de fotos dos eventos mas o que aqui me traz hoje é um outro acontecimento. Na dita fadistagem, o fadista principal, chamemos-lhe assim, era também o locutor / apresentador de serviço. Quando anunciou algumas pessoas ilustres que estavam a assistir ao espectáculo, referiu o nome do escritor Luís Maçarico. Alto lá que este nome eu conheço! É nem mais nem menos do que um amigo virtual, agora também pessoal, antropólogo, autor do blog Águas do Sul, actualmente a fazer o Mestrado “Portugal Islâmico e o Mediterrâneo”. Conhecia o seu blog pois faz parte das minhas leituras frequentes e por isso, mas não só dado que o Luís é um excelente interlocutor, foi muito fácil interpelá-lo e estabelecermos diálogo. Depois de uns minutos de agradável conversa, no intervalo de uma bonita sequência de fados, o Luís Maçarico presenteou-me com o seu último livro de poemas, Cadernos de Areia, com dedicatória e autógrafo. Os poemas estão relacionados com as suas diversas viagens à Tunísia, país do qual é um apaixonado. Já saboreei alguns desses poemas e digo-vos que são muito bonitos. Daqui um abraço de novo ao Luís e dêem uma vista de olhos ao seu blog. Vale a pena ler, valeu, absolutamente, a pena tê-lo conhecido.

sexta-feira, novembro 14, 2008


1291. Bom fim de semana


Trilhos


I.

Já se passaram tantos anos e luares, já fui magro e anafei, e alguns brancos já povoaram as nossas cabeças. Já murcharam cravos em espingardas.

Já se passaram tantos governos e tantos chefes, tantos presidentes da América e já morreu Mao. E nem do Muro os escombros restam que em Berlim cobriram tumbas de velhas vítimas.

Já se passaram muitas guerras, do Vietnam ao Iraque, da Palestina a Angola e na Bolívia golpes. Caíram ditadores no Brasil e na Argentina. Já se foi a enterrar Pinochet.

Já se passaram de moda os discos de vinil e também a TV a preto e branco com tons de cinzento. Tudo é apenas história. A mini-saia já passou por aqui. O velho Siera, que só tocava em AM, lembras-te?, jaz em caixa de cartão roída de traças.

Já se passaram os tempos que escutávamos os Beatles, mas o John já morreu. O George também. O Elvis é história em registo e de James Dean nem nos lembramos mais.

Já se passaram dias de angústia pelos massacres em Timor, pelos terramotos na Turquia, pelas mães da praça de Maio, pela chuva sangrenta em Santiago.

Já se passaram horas de júbilo pelo nascimento da Ana e do Pedro, e o primeiro triciclo, e a primeira barbie, e o primeiro dia da primeira escola. E há brilho nos teus olhos.

II.

Já se passaram horas de júbilo,
Já se passaram dias de angústia,
Já se passaram os tempos que escutávamos os Beatles,
Já se passaram de moda os discos de vinil,
Já se passaram muitas guerras,
Já se passaram tantos governos,
Já se passaram tantos anos e tantos luares.

III.

Mas não passará este, por ti, amor ardente.



PreDatado©2008

Foto de Bruno Mercier

quinta-feira, novembro 13, 2008


1290. Hoje deu-me para isto


Imitação de Vinicius

Há alguém que me lê na calada da noite
E de mim não conhece tampouco se existo.
Só as letras existem.

Há alguém que me lê na calada da noite
Os meus versos recita e de mim não conhece
A não ser as letras.

Há alguém que me lê na calada da noite
E compõe breves notas a que junta harmonia
Às letras que existem.

E se alguém que me lê na calada da noite
As letras quiser beber… pode bebê-las
E não me interessa quem.

Versos de PreDatado©2008

Foto: quadro de Francesco Hayez

quarta-feira, novembro 12, 2008



1289. Quem nunca teve um Hipolito que ponha o dedo no ar


O nosso amigo blogger The Old Man recorda-nos extractos da vida e da coisa pública em 1984, num dos seus já habituais excelentes posts, através da leitura de um jornal de época que embrulhava um velho fogareiro Hipolito.

Quem tem de “cota” a implacável propriedade, isto é, quem já deixou os cinquenta para trás, tal qual este vosso escriba, poderá lembrar-se de 1984 e até de outros anos, mas não poderá esquecer-se dos fogareiros Hipolito.

Claro está que nem todos cozinhavam a gás, mas para aqueles a quem embirrantemente a botija se acabava no Sábado à noite ou antes do almoço de Domingo (qual área de serviço qual quê?) não tinha outro remédio que sacar do providencial Hipolito e da garrafa de petróleo (que ninguém se lembrava ou sabia chamar querosene) colorido a cor-de-rosa e que também se usava nos candeeiros, e atear o álcool (azul) desnaturado até aquecer o espalhador e, pronto, ali estava o velho fogareiro a trabalhar. Agora era só dar à bomba para não deixar morrer a chama. Ah é verdade e se os bicos entupissem usava-se o espevitador. E acho que ainda havia umas chaves de bicos. As coisas de que eu me lembro.

Mas uma das mais, literalmente, brilhantes memórias do Hipolito está também associada à celarine (ou solarine? deve ser solarine para dar a cor do sol, eheheh) Coração, aquele produto rosa leitoso que saía dos frasquinhos verde-dourados com um grande coração vermelho atravessado por uma seta de cupido. Era este produto que deixava o Hipolito a brilhar que nem um espelho e a reflectir o tacho no seu bojo.

Hoje, ao contrário do TOM, não sei onde pára o nosso velho Hipolito. Se estiver embrulhado num, também já finado, Diário de Lisboa ou Diário Popular já deve ter lido as notícias todas. Há muitos anos que não o vejo.

PS. Luxos de hoje em dia. Se fosse agora mandava vir a pequena do gás pluma e quiçá ela própria se ofereceria para aquecer o almoço.









Foto de topo obtida aqui.
Fotos do fogareiro Hipolito
neste blog.

terça-feira, novembro 11, 2008


1288. Às terças…


Fuga

Como estavas bem
No regaço de mãe.

E não é que sei
Que te desinquietei?

Não sei se de humor
Ou de outro calor,
A mim te atraíste.

E de lá saíste!

E que linda sais
De casa dos pais.

Disseste “assim seja”
Já dentro da igreja.

E quando me olhaste
Meus olhos beijaste,
Num belo momento.

Era o casamento!

E depois dançantes
Em braços de amantes.

Era um tango, uma valsa
Um bolero, uma salsa.

Num raio fugimos
A turba iludimos,
E pintamos de cor,

Nossa noite de amor.


Versos de PreDatado©2008

Foto de Cristina Riveras



segunda-feira, novembro 10, 2008


1287. Lunch Time Blog (e prós espanhóis não vai nada, nada, nada?)

Está uma pessoa a almoçar um belo e maravilhoso (não mintas que é feio) robalo de aquacultura de origem controlada – este era do Algarve – acompanhado de uma saladinha de tomate e cebola temperada com orégãos e azeite puro, puríssimo, de oliveira e um toque de vinagre balsâmico de Modena (DOC) quando liga a televisão e é confrontado com a notícia de que a Comissão Europeia se prepara para dar novo corte na captura de pescado em águas portuguesas incluindo a ZEE dos Açores. Lá se vão não sei quantos por cento, por acaso muitos por cento, da captura do carapau e do tamboril, mas também da solha, do linguado, do biqueirão, da azevia e por aí fora que não consegui fixar todos. Bem fez a minha vizinha do 8º Esq. que se amantisou com um espanhol. Tenho a certeza de que na casa dela estas espécies não vão faltar. Eles desde há uns tempos que só compram peixinho espanhol mesmo que a etiqueta refira apenas ”capturado no Atlântico Nordeste” e possa, portanto, ter sido capturado nas nossas águas. Uma coisa a minha vizinha me garante, hombre hay sido descargado en Vigo porsupuesto es español, coño! Ela já se acostumou a falar castelhano com o amante. Eu estou a tentar a acostumar-me a comer peixe de cultura.

PS. O meu gato Schubert estava aqui sentado ao meu lado a ler o que eu ia escrevendo. Quando leu a redução no carapau saiu daqui a miar.
1286. Espelhos escondidos com cauda à vista

- Miau, ouvi de repente sem estar à espera.
(virei-me e não vi nenhum dos meus gatos; talvez não fosse cá em casa)

- Miaaaaauuuuuu, agora sim era um gato da casa.
(inclinei-me e procurei por debaixo do móvel . Até abri as portas que escondem toalhas e acessórios)

Levantei-me lentamente, olhei em frente e lá estava o Schubert, ao fundo da casa, no parapeito, cauda de espanador e orelhas espetadas para trás. Um pombo que pousou no lado de fora da janela tinha-o assustado. O espelho ria, baixinho, de gozo. Tinha sido ele próprio a miar sem que eu tenha dado por isso. Olhei-o, olhos nos olhos:

- És mesmo um macaquinho de imitação!

(acho que até agora o meu espelho ainda se deverá estar a interrogar porque é que lhe chamei macaco se ele apenas reproduziu o som de um gato. Bem feito. Ainda te hei-de chamar pior.)

domingo, novembro 09, 2008

1285. Maravilhas do mundo

Vejam que coisa linda.

É só clicar aqui e pronto!

Este mundo é mesmo maravilhoso.

sábado, novembro 08, 2008


1283. Gourmet

Joana era um naco. Rita um filet-mignon.
Joana era uma perna de peru recheada. Rita um cochinillo al horno.
Joana era o bife da vazia com molho de natas. Rita era o lombo caramelizado.
Joana era uma travessa de amêijoas à Bolhão Pato. Rita um prato de ostras ao natural.
Joana era carne de porco à alentejana. Rita a fataça na telha.
Joana era a massinha de cherne. Rita a açorda de gambas.
Joana era a bavaroise de ananás. Rita era bouquet de petit fours.
Joana era a salada de frutas tropical. Rita o abacate au madeira.
Joana era o cappuccino. Rita o irish coffee.
Joana era cardhu single sem gelo. Rita o cognac Napoleão em balão chambreado.
Joana era a cigarrilha partagás. Rita o Montecristo nº 2.
Por isso ele não dispensava nenhuma delas. Joana era o almoço, Rita o jantar.

Foto de Wolfgang Koch via Imagens


1282. Estes são momentos meus e não teus, ok?

Gosto de comprar alhos, cebolas, batatas e fruta no mercado.
Gosto do borrego e do acém e da vazia e do pernil e do chispe e da galinha do talho do Fua.
Gosto de ir à pedra do Zé Maria comprar pargo e dourada e jaquinzinhos.
Gosto de ir à tendinha comprar pão alentejano.
Gosto de comprar as lixívias e os amaciadores e as pastilhas para máquina no supermercado.
Gosto de comprar fatos no alfaiate.
Gosto de ir à Bertrand perder-me nos escaparates.
Gosto de comprar tintas e pincéis e telas na Fernandes.
Gosto de tomar a bica em casa porque acho a nespresso uma dádiva divina (quer dizer foram 179 euros).
Gosto de comprar o jornal em quiosques.
Gosto de jogar na lotaria.
Gosto de vocês.

PS. Tive a sorte de conhecer na blogosfera (como aliás tive essa sorte em outros locais e circunstâncias) pessoas encantadoras. Ela é uma dessas pessoas.

sexta-feira, novembro 07, 2008


1282. Ai que invejoso

Entrei num blog que leio amiúde e verifiquei que tinha 19 comentários. Fui ver de quem eram e eram de dezanove leitores diferentes. Quase todos tinham uma página e visitei quase todos ou seja, todos os que tinham uma página. Nenhum dos comentários era a resposta do blogger aos comentários dos seus leitores o que significa que eram 19 comentários de 19 leitores. E fiquei aqui a pensar, imaginem que até coloquei o cotovelo na mesa e a mão por debaixo do queixo, como é bom ter 19 comentários. Olha aí companheiro, não é inveja não, o título é que tinha de ser chamativo.

1281. Justiça, né?

A ex-fugitiva Fátima de Felgueiras, além de achar que não foi condenada (estamos de acordo, eu também acho), acha que tudo isto não passou de uma cabala.

Tendo em conta que quem não paga o bilhete do autocarro, como é o conhecidíssimo e mediatizado caso da freira, vai preso, podemos inferir que para uns os ossos para outros os filetes?

Neste caso filetes de cabala!

Só uma perguntinha: é proibido prender poderosos?

PS. Lembrei-me desta associação depois de ouvir no outro dia no café, enquanto tomava o meu descafeinado, de que a justiça portuguesa valia menos do que uma lata de conservas. Bonita imagem!
1280. Tempo, O Implacável

- Já foste lá a baixo?
- Onde?
- À caixa.
- Não estou doente.
- Não é à Caixa, é à caixa, à caixa do correio?
- Para quê?
- Ela não ficou de te escrever?
- Ah sim, mandou-me um e-mail.

(Vi-o com uma estranha cara de estupefacção. O meu espelho é muito mais antigo do que eu pensava. Impávida e serena, enquanto conversávamos, Julieta continuava a arear-lhe os dourados).

quinta-feira, novembro 06, 2008


1279. Pedido de esclarecimento (o título que dei e que me surgiu só no fim de escrever o texto veio substituir o título que tinha pensado inicialmente, ou seja, “Hoje vou ter um da em cheio”)

O meu problema é os dilemas (tri ou tetra) que a situação me causa. Não sei se hei-de ir ler as “Esquinas do Tempo” da Rosa Lobato de Faria ou estrear-me em Le Clezio uma vez que não me apetece continuar a ler um dos mais chatos livros que alguma vez peguei e que nem vos digo qual. De qualquer forma, se a opção fosse a primeira teria de os ir comprar já que não possuo nem o citado da RLF nem nenhum do último Nobel. Olho para a estante, desarrumadíssima e, começo a contar. Um dois, três,…, dezassete DVDs ainda nos respectivos celofanes. Boa ideia ir ver um filme. Ou talvez não. Vou começar pelos blogs, talvez ler uns 150. Hoje já li seis. Pois sim tenho o dia todo, até às sete e meia da tarde, altura em que, como nos velhos tempos, ligarei a Antena 1 e vou ouvir o relato da bola. Durante esse tempo concentração total aos passes do Aimar, aos tiros do Suazo, aos cortes do Luizão, às defesas do Quim. É que nem vale a pena falarem para mim durante o jogo que não oiço ninguém. Outra alternativa seria pegar na sacola, máquina fotográfica em punho e ir fotografar aquela rotunda ali em Corroios que ando para fotografar há uns tempos. É engraçada, tem um pilar de um viaduto superior, plantado no meio da estrada. Uma das coisas (para quem se levantou há pouco, é obra) que já está nas minhas cogitações é bater uma bela chapa depois de almoçar. Adoro dormir a sesta. Tanta coisa para fazer e eu sem saber por onde começar. Liguei a chave na ignição e está quieto. Bateria no zero. Não vou poder sair daqui. Ganhei um dia.

PS. 1. Fiquei com uma dúvida de português na primeira frase para o que peço a colaboração dos meus leitores. Eu escrevi “ o meu problema é os dilemas…” Na verdade eu não falei em problemas pelo que o verbo, na terceira pessoa do singular do presente do indicativo me parece a forma correcta de conjugar com o sujeito, neste caso, o problema. No entanto eu tenho mais do que um dilema. Logo, os dilemas constituem o meu problema pelo que “o meu problema são os dilemas” também me pareceria ser uma forma correcta de conjugar (neste caso o sujeito seria os dilemas (?) e, daí, os dilemas são, passando o problema para nome predicativo do sujeito (?) ou, reescrevendo, a frase poderia ser "os dilemas são o meu problema". E acreditem ou não, no meio da livralhada toda, não sei onde é que encafuei a gramática de português. Dêem aí uma ajudinha vai.
2. Sou um chato não sou?
(não sei de quem é o desenho do ponto de interrogação que coloco aqui. Encontrei nas imagens do Google mas agradeço ao seu autor a disponibilidade)

quarta-feira, novembro 05, 2008

1278. Regresso

- Gordo! - Chamou-me.
- (… Apenas sorri).
- Do que é que ris?
- Não me ri, apenas sorri. Estou feliz.
- És gordo e feliz?
- Sou, mas não disse que sou. Disse que estou.
- E porque estás?
- Porque voltaste a falar comigo.

(Virou-me as costas, não porque tivesse ficado amuado, tão só porque não lhe apeteceu continuar a conversa. Há mais de um ano que o meu espelho não fala comigo. Vamos ver se é para continuar.)


1277. Que raiva!


Já não sei se é raiva de eu não saber ler em estrangeiro ou se é raiva por quase todos os gajos da televisão e também da rádio chamarem ROQUÉNEBAQUE a um brasileiro, jogador de futebol chamado Rochemback. Ele não é brasileiro? É. E no Brasil a língua oficial não é a portuguesa? É. E em português ch não se lé xe? Lê-se. E por ventura em Rochemback está lá algum ENE? Não! Então como é que aquilo dá ROQUÉNEBAQUE? Por favor digam-me onde estou errado a ver se a eliminação da minha ignorância me faz aliviar a raiva.

terça-feira, novembro 04, 2008



1276. Às terças...

Um dia

Quando eu morrer não estarei só.
Virão amigos de trem, de coche ou de alazão,
Plantarão ramos de flores junto ao caixão,
E mensagens para quem veio e vai ser pó.

Soarão requiems e, no peito um nó
Quiçá de angústia ou de calor e, então,
De lembrar meu riso alguns rirão
E cantarão meus versos numa nota só.

E tu estarás lá e será tua a rosa
Que perfumará meu sono eterno
De odores que o tempo apagará.

E quando à despedida cair teimosa,
Uma lágrima tua, num beijo terno
Não me dirás adeus. – Meu amor, até já!


Versos de PreDatado©
Foto de PreDatado

segunda-feira, novembro 03, 2008



1275. Mas que grande produção

Já repararam que hoje já vai em cinco, aliás seis com este mesminho, o número de posts publicados pelo Pre?

E se eu tivesse que alimentar esta prole toda a pão-de-ló?

foto deste site


1274. Erotismo

Não fui ao Salão Erótico de Lisboa. Acreditem, não é publicidade, mas ainda não preciso de motor de arranque. Quem sabe no próximo ano, hein? Utilizei o tempo num fim-de-semana gastronómico e posso dizer que tudo estava delicioso. Pronto, agora, tenho de confessar, é auto-marketing. A refeição foi preparada por mim, mas a minha filha que se aprimorou a fotografar as entradas esqueceu-se de fotografar o prato principal e os doces (os doces foram da autoria da minha cunhada São). Eu sei que estou com 10 quilos a mais do que deveria, mas isso, num rapaz alto como eu (coff, coff, coff) não se nota nada. Para mim o prazer da mesa é um orgasmo.

1273. Sonho meu

Devo ter dormido que nem uma pedra. Não ouvi o barulho dos helicópteros nem dos caças da força aérea.
Esta manhã as capas dos jornais anunciavam o início da nacionalização da banca. Teixeira dos Santos começou pelo BPN.
Voltei a casa, liguei a televisão e não vi os pára-quedistas de Tancos a invadirem o Ralis (pudera, já não há Ralis). Também não ouvi falar de Jaime Neves nem dos comandos da Amadora.
E este nome Teixeira dos Santos soa-me estranho.Não era qualquer coisa Vasco ou não sei quê Gonçalves? Olhei o calendário e parece-me ser 3 de Novembro e não 11 de Março.
Voltei a cabeça para o lado e continuei a dormir. Devo estar a sonhar.

PS. Dentro de alguns anos, quando o estado precisar de umas coroas, privatizará de novo os bancos e colocará o dinheiro nas mãos dos que os destruíram ou ajudaram a destruir. Até lá António Borges ficará calado e não reivindicará de novo a privatização da Caixa Geral de Depósitos. A História dá muitas voltas, mas repete-se.

1272. Ser rico é muito bom

Este fim-de-semana assisti a uma reportagem na TV, creio que num noticiário da TVI sobre o transporte de jovens à noite para discotecas. O motorista/segurança transporta os meninos e as meninas pela módica quantia de 100 euros (pode ser divido entre os ocupantes). Leva-os, fá-los entrar sem necessidade de se colocarem nas filas de entrada e vai buscá-los à hora acordada. Não tenho absolutamente nada contra porque se eu fosse rico faria exactamente assim com os meus filhos. Eu não tenho nada contra, mas as autoridades deste país deveriam ter. É que a reportagem foi feita com meninos ricos de 14 e 15 anos (dito na peça). Segundo li há dias, a propósito de uma rusga da ASAE, as discotecas são interditas a menores de 16 anos. A não ser que a idade de entrada seja em proporção inversa à riqueza dos progenitores.


foto daqui

1271. Melhor jogador do mundo


Enquanto tomava o meu descafeinado dei uma vista de olhos pelo jornal A Bola. Um colunista penso que também jornalista, Carlos Santos Pereira mais uma vez cuspiu ódio sobre Scolari por este ter afirmado que considera Lampard o melhor futebolista do mundo. Vejam lá que o ex-seleccionador que tanto gosta do “minino” relegou para segundo plano o nosso Cristiano Ronaldo. Que grande indignação. Olhe lá oh senhor jornalista, indigne-se aí com mais um. Para mim, o melhor futebolista da actualidade é argentino e chama-se Leonel Messi. Se não gosta, coma menos pode ser que não tenha tanta azia.


1270. É só um gajo sair à rua um bocadinho e traz logo uma data delas para contar.

Por força das circunstâncias sou eu quem faz a maioria das compras cá para casa. Falo da alimentação e de outros produtos de consumo imediato. Como não gosto de estar muito tempo dentro de supermercados ou mercearias, preferindo passar por lá mais amiúde, uso com frequência aqueles cestos/troleis vermelhos de pega preta. Penso que todos os conhecem. Os do Jumbo em Almada (não é a primeira vez que o constato), estão uma nojeira. Digo-vos que me causa por vezes náuseas utilizá-los optando por pegar um carrinho mesmo quando parece ridículo levar duas ou três peças lá dentro.
Hoje comprei uma pasta de arquivo pela qual paguei 2,40€. Na prateleira de onde a tirei estava uma etiqueta com o preço de 1,69€. Parece que este preço era de outra referência que não a da pasta que eu adquiri. Mas colocarem os artigos em locais errados para enganar o cliente, santa paciência. Se não fosse terem-me apanhado num dia cheio de pressa, cujo tempo a perder na reclamação seria mais caro que o diferencial de preços entre as duas pastas, ter-se-iam de haver comigo. Acho que o Jumbo tem de ter mais cuidado.
Cuidado que o Jumbo de Almada também não tem na arrumação e acondicionamento de certos produtos. Por exemplo as embalagens de fiambres, presuntos, peitos de peru e de frango e outros fatiados trazem como recomendação de conservação valores entre os 0ºC e os 4ºC para uns e os 6ºC ou 8ºC para outros. Mas estas embalagens estão colocadas em prateleiras com uma iluminação muito próxima dos produtos. Resultado, quando se retira um produto destas prateleiras as embalagens estão quentes. Eu já reclamei a funcionários que fui encontrando na secção. Não sei se transmitiram ou não a alguém efectivamente responsável mas a verdade é que nada foi corrigido. Eu acho que entre outras coisas há aqui verdadeiros motivos para intervenção das autoridades por exemplo da ASAE, Não acham?

domingo, novembro 02, 2008



1269. Difícil

Dificil não foi bater o V. Guimarães apesar da mais ou menos razoável equipa que tem. Difícil hoje foi, ao Benfica, ganhar à equipa de arbitragem.


1268. Atingido

No dia das bruxas saiu do Caldeirão dela este selo que aqui se mostra. Eu acho que já o conhecem pois praticamente todos vós já receberam um, uma vez que por cada recebido se devem fazer 15 nomeações. Mesmo tendo em conta que de quando em vez haverão nomeações duplicadas ou até mesmo tripli e por aí fora, o factor multiplicativo é tão grande que se a corrente não se quebrasse aqui e ali, desde que eu comecei a constatar a existência destas nomeações já teria, quase de certeza, dado 10 voltas à blogosfera. E se fosse apenas à de língua portuguesa teria dado muitas mais, embora a alguns possa passar ao lado. Por isso, minha querida Mirian, tenho de te deixar aqui um muito obrigado pela distinção (que eu tenha notado foi a primeira que recebi), mas não vou fazer repassagens que, ou seriam redundantes pelos motivos expressos, ou pecaria de certeza por defeito pois teria muitos mas muitos mais do que quinze bloguistas a distinguir. Sei que com isso perco o direito à ostentação do símbolo mas não me apoquenta. O único que nunca me sai da lapela é mesmo o emblema do meu querido e glorioso Sport Lisboa e Benfica.

sábado, novembro 01, 2008



foto: PreDatado

1267. crónica hebdomadária sem periodicidade e se calhar também sem jeitinho nenhum

Hoje vou falar de coisas de ontem sem vírgulas nem pontos finais porque não me apetece e por isso quem tiver pachorra leia quem não tiver que vá ler o saramago sigamos porque hoje já me fartei de rir ao ler a notícia de que a polícia de intervenção esteve 3 horas a cercar uma casa vazia e deixou os larápios fugirem o que por acaso até acho bem já que se eles fossem apanhados amanhã o juiz os mandaria para casa com a obrigação de se apresentarem na esquadra todas as semanas ou na pior das hipóteses nos intervalos dos assaltos mas o que eu queria referir aqui era uma coisa que também fez manchete que é como quem diz o comendador nabeiro decidiu conceder uma verba à universidade de évora e portanto é de louvar e sendo assim por mim já está perdoado do tal dinheiro que dizem ficou a dever ao fisco pois mais vale tarde que nunca a devolução porque há muita gentinha que não paga nada a ninguém que o digam os jogadores do estrela da amadora que há uma data de meses que não vêem nenhum com a douta conivência da federação e da liga de futebol que desde há muito sabem o que se passas pelas bandas da porcalhota e mesmo assim permitiram a inscrição do clube na liga profissional o que é batota com todas as letras e quanto ao barak e ao outro não tenho nada a dizer pois se por um lado as eleições americanas para mim não são mais do que folclore não gosto nada de países idolatrados como democráticos e que depois elegem um presidente não por um americano um voto mas sim por um colégio tipo câmara corporativa da outra senhora mas nem isso me interessa o que mesmo me interessa é o que se passa nessa grande potência mundial que é a china país que teve de mudar comportamentos por causa dos jogos olímpicos e que agora se constata que os chineses cospem menos para o chão asseados é que eles são e pronto só me falta falar do tintin e do magalhães e também de fazer crónica do social mas há uma data de dias que não estou com o castelo branco e o carlos castro faz o favor de escrever por mim sobre as outras coisas do socialyte ah é verdade já me estava a esquecer é que amanhã eu só escreverei no blog se me apetecer pois ao fim de semana isto é mesmo muito paradinho xau e até segunda ou até amanhã se me apetecer então.