quinta-feira, novembro 27, 2008



1301. Eu também gosto de discorrer sobre a coisa pública

(Eu ía deixar um comentário neste post do Ferreira-Pinto; às tantas o texto já ía longo, escrito ao correr da pena, sujeito a erros de teclagem, de sintaxe e até de um ou outro ortográfico. Peguei no texto, levei-o ao word para ter uma visão global e corrigi-lo e, de repente, arrependi-me de lá deixar como comentário. Transformei-o em post. E como gosto de uma boa polémica, vamos lá, não se acanhem e comecem a dar-me na cabeça se faz favor. A caixa de comentários é vossa. os poemas voltam dentro de momentos).

Na realidade embora eu ache que o artigo do Ferreira-Pinto atire em várias direcções, na sequência da referência inicial - “Perante os tempos extraordinários desta crise do capitalismo, a Esquerda tem a missão urgente de encontrar uma alternativa de poder, deixando de lado velhos dogmatismos” defenderam em uníssono Paulo Pedroso, Francisco Louçã e Paulo Fidalgo (ex-PCP e hoje no Movimento de Renovação Comunista) na cerimónia de apresentação do livro “A Nova Esquerda”, de Celso Cruzeiro - foram expostas algumas ideias (embora eu não apadrinhe todos os pressupostos), que me parecem interessantes. Começando pela direita, área onde não me situo e que portanto me interessa apenas como parceira do jogo democrático é-me, completamente indiferente que se refunda, que crie um novo partido ou que se extinga, paz à sua alma. De Santana, inclusive, para a direita estamos conversados. Quanto ao centrão que nos tem governado, PS e PSD concordo com Ferreira-Pinto na sua refundição. No entanto, para mim, a sua fusão (e refiro-me ao PS actual e à sua entourage) seria nem mais nem menos que amalgamar as duas não-correntes ideológicas existentes em Portugal. De facto de um partido que é apenas uma feira de vaidades - PSD - onde ninguém se entende, onde cada líder fala o pior do líder anterior, onde cada líder é bombardeado até ao limite com o fim de o fazerem cair (mota pinto, balsemão, marcelo, santana, mendes, menezes e até mesmo ferreira leite) pelos próprios correligionários, não tendo mais inimigos internos porque não os há mais e, um PS que abandonou completamente qualquer teoria política de esquerda (nem mesmo a terceira via blairiana hoje pode ser considerada como base ideológica deste partido), ficariam muito bem nesse ramalhete. Teríamos, assim, até à eternidade, a governar-nos a pior coisa que qualquer pais pode ter - e não é o que tivemos quase sempre? - a maximização do vazio ideológico. Quanto à esquerda, pode até ser que os velhos paradigmas e a ortodoxia vão parar ao caixote do lixo. Mas eu - velha mentalidade - não o acredito. A(s) esquerda(s) têm os seus próprios espaços, formados desde a revolução francesa, que já passaram pelas mais diversas "grupagens". Não será possível, nem nos tempos mais próximos, sob pena de se mandar às urtigas toda a riqueza ideológica da esquerdas, a não ser por estratégia eleitoral ou pela tal "alternativa" de governo, a que eu chamaria uma certa - eufemismo - sede de poder, juntar fraternalistas, malreauistas, anarquistas, marxistas, trotskistas, leninistas, maoistas e porque não, até, stalinistas. Se no caso que falei, do centrão, é a ausência de referências ideológicas que permitiria a tal amálgama, esta, na esquerda seria uma mistura explosiva de -ismos que mais cedo ou mais tarde explodiria com certeza. No entanto e apesar destas considerações tenho o espírito aberto para esperar e ver no que dá. Só não gostaria de ver nascer um PPD/PSD/PS de esquerda.

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