1069. Um pouco de mau cheiro aqui no meu blog
O caso José Veiga – João Pinto – Sporting é um caso que não me apaixona minimamente. Apesar da tinta que já fez correr e que ainda fará, de ter sido já capa de todos os jornais nacionais, de ter sido abertura de todos os noticiários, não me toca o fundo do coração. Passo a explicar:
a) Trata-se de um caso de fuga ao fisco e não me parece merecer tratamento mais especial que os vários milhões de euros que se devem por aqui e por ali nas mais diversas actividades;
b) O interveniente João Pinto já foi jogador do meu clube, o que poderia pelo menos acordar uma ligeira paixão. Mas o caso remonta ao dia em que assinou pelo clube rival, pelo que nada me diz, sentimentalmente falando.
c) José Veiga é portista, fundador da casa do FC Porto no Luxemburgo, dragão de ouro e, se ultimamente ele ocupava um cargo dirigente no meu clube, aliás o que me deixava sobremaneira contrariado, esse cargo era facilitador, dada a visibilidade pública que lhe proporcionava, de utilização de uma tribuna onde ele esgrimia argumentos contra “uma comadre” com quem se tinha zangado, leia-se Pinto da Costa.
d) Em quarto e último, está o Sporting, clube que não é de minha simpatia e, portanto, nada do que lá se passa mexe realmente comigo.
No entanto, como não passo a vida a dormir e sou invadido por todos os lados com opinião sobre quem tem ou não razão neste caso de mass media, há pelo menos uma coisa que me cheira muito mal. Durante vários anos fui director de empresas onde tive de gerir orçamentos de vários milhões de euros. Quando se efectuavam compras, fosse de equipamentos, produtos ou serviços, todas essas operações estavam sustentadas em contratos de fornecimento ou no mínimo em propostas e respectiva aceitação. Não vale a pena aqui estar a explicar os mecanismos, pois praticamente todas as empresas organizadas funcionam assim, mas acrescento que nenhuma factura de fornecedor era mandada pagar, antes de conferida e confrontada com o processo que lhe deu origem.
Ora, no caso da conferência de imprensa que, com pompa e circunstância, o Sporting deu para mostrar toda a “transparência” no processo de contratação e pagamento do passe de João Pinto, foi demonstrado e, parece que nada mal, que os pagamentos tinham sido feitas a uma determinada empresa, representada a certa altura por José Veiga, e ao próprio jogador João Pinto numa outra fase de pagamentos. O que toda essa “transparência” não mostrou a ninguém foi a razão de se efectuarem pagamentos a essa tal GoodStone, qual o contrato de prestação de serviços (leia-se de eventual cedência de direitos do jogador) que estava subjacente a esses pagamentos. Não acredito que se eu mandar uma factura ao Sporting, seja de que montante for, o Sporting me pague cegamente o montante exigido, sem ter por base nenhum contrato ou encomenda. E é aí que reside o segredo desta história mal contada, o verdadeiro busílis da questão. Apesar de não me apaixonar vou esperar para ver e saber porque é que o Sporting teve de pagar aqueles milhões todos à Goodstone. Ou então foi “esquecimento” .
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