Eu ainda sou do tempo em que, na rua e na Assembleia da República, os trabalhadores e os deputados de esquerda, mesmo aqueles da tal esquerda moderna e europeia, representada pelo nosso engenheiro e primeiro-ministro José Sócrates, se manifestavam contra o seu código de trabalho. Eu nunca fui de me manifestar muito contra si Dr. Félix, confesso, mas isso tem a ver com uma questão clubista. Veja bem que nem do caricato Vale e Azevedo que quase destruía o nosso clube eu falei mal enquanto ele foi presidente do Glorioso, imagine se eu, sendo você um benfiquista militante, iria contra a sua pessoa. No entanto, tenho de reconhecer que o senhor fez muito mal com o seu malfadado código a muitos benfiquistas, sportinguistas, portistas e, veja bem, até a adeptos do Estrela da Amadora. É que em todos esses clubes e nos outros também, existem trabalhadores que nada viram, antes pelo contrário, melhorar a sua situação laboral, o seu poder de compra o seu modo de vida. E, por outro lado, não existe um único indicador que nos diga que graças ao seu código de trabalho a nossa economia tenha evoluído, a nossa produtividade aumentado e que, o que hoje é mau para os trabalhadores, amanhã seja melhor para os seus (deles trabalhadores, claro) netos.
Pensava eu na minha que, nesse tempo de que falava antes, tamanha algazarra do Partido Socialista na Assembleia da República e mais tarde nas promessas eleitorais tinha a ver com o facto, não lho disse antes mas desculpe-me a franqueza, Dr. Bagão, o seu código ser reaccionário, um atentado aos direitos de quem trabalha e um retrocesso aos quase tempos de Salazar e Caetano. Mas não, santa ingenuidade a minha. Depois de conhecer as conclusões do Livro Branco sobre o Código de Trabalho, que o governo encomendou às para ele, governo, sumidades e que, mais dia menos dia se prepara para implementar, o seu Código, Dr. Bagão Félix, aparece aos meus olhos como um tratado esquerdista sobre as relações de trabalho. E é por isso que lhe digo, Dr. Félix que o senhor não é homem nem é nada se um dia destes ao não der por si a inscrever-se no MRPP. Ou melhor, no POUS, que é para eu ouvi-lo de quatro em quatro anos, nos tempos de antena a clamar pela união entre a UGT e a CGTP. Pergunte à Carmelinda que ela explica-lhe as palavras de ordem.
PS. Ou então não e será Sócrates primeiro a ser nomeado presidente a CIP. Sr. Engenheiro se quiser saber como se evolui pergunte ao seu camarada Pina Moura. Ele conhece os percursos.