No próximo mês de Novembro terá lugar uma greve geral que se prevê venha a ter uma adesão nunca vista neste canto da Europa. O IVA subiu para 23% e o leite enriquecido com cálcio passou a ser considerado um produto dispensável passando, por isso, dos antigos 6% de IVA para 23% (pelo menos, quem tem osteoporose pode gabar-se de ter uma doença de luxo). Nunca a palavra responsabilidade foi tão bastas vezes dita e redita pelos nossos políticos. Por acaso eu acho uma patetice e diria mais que isso, um logro. Não acredito que nenhum deles alguma vez coloque a corda no pescoço como o fez o velho Egas Moniz, para pagar os erros de governação. Isso sim seria assumir as responsabilidades e o resto é treta. Os salários dos funcionários públicos vão ser cortados em valores que chegam a atingir os 10%, numa medida inédita e que, dizem os economistas sérios, terá graves consequências na nossa economia, enquanto qualquer secretariozeco de estado se passeia em automóvel topo de gama. Estão todos muito empenhados em salvar Portugal, destruindo os portugueses. Provavelmente transformar isto num baldio que não serve para nada. Portugal não é um conceito, Portugal são os portugueses.
Quero eu dizer na minha que com tudo isto e mais algumas coisas o futebol não é tudo na vida, nem tão pouco o mais importante. Mas o Benfica é o meu clube e eu tenho também o direito de saber o que se passa por aquelas bandas. Apenas saíram dois jogadores da época passada e a equipa desmoronou-se. E não é só por culpa dos olegários benquerenças. Ontem em Lyon, como antes em Gelsenkirchen e em mais outra mão cheia de estádios não se encontram o Javi, o Maxi, o David Luiz, o Saviola, o Cardozo que brilhavam no ano passado, nem os novos Jara ou Sálvio parecem ter estofo para se aguentar à bronca, para já não falar nos sempre lesionados Fábio Faria e Ruben Amorim. Nem, tão pouco, já Jesus salta no banco. Está na hora do presidente do Benfica começar a olhar para o futebol tout court e deixar os pintos da costa em paz. É que a nós benfiquistas, apesar da crise, apesar dos sócrates e dos teixeiras dos santos do nosso descontentamento, ainda gostamos de ganhar. E se este estado de coisas continua, senhor presidente, alguém lhe vai pedir, também, as suas responsabilidades, quem sabe exigindo-lhe que se comporte como o velhinho Egas Moniz.