Quem inventou o carnaval que se dane! Inventar um
carnaval num dia normalmente frio como o caneco e, raramente não chuvoso, com
os carros alegóricos de Ovar a Loulé, da Bairrada a Torres Vedras, de Sines a
Sesimbra, de Elvas ao Funchal, a desfilarem encharcadinhos, com aquelas meninas
de rabinho ao léu a tremerem de frio, com as matrafonas encharcadas até aos
culotes e mesmo assim a atirarem balões de água como se a que S. Pedro manda lá
de cima não fosse suficiente, os comerciantes a queixarem-se que "este
tempo é um desastre para o negócio", com os carnavais a serem adiados para
o domingo magro seguinte, quando na quarta feira anterior já se tinha feito
enterro do bacalhau e a malta toda a tirar fotografias entre cabeças nas multidões
e a ficarem nas fotos mais cabeças apanhadas
por detrás, algumas já carecas e tudo do que palhaços, matrafonas e cabeçudos com
as caricaturas do Passos, do Cavaco, do Pinto da Costa e de outras
celebridades, quem foi o inventor dessa treta que se dane, se bem que aqueles
rabinhos ao léu, mesmo molhados e tudo, não seja coisa para desprezar ainda que
a bota não bata com a perdigota, isto é, aqui não é o Brasil, não faz 40º em fevereiro
como no Rio de Janeiro onde, mesmo com chuva, nenhuma mulata tem frio no bumbum.
Então que se dane o inventor dessa coisa
chamada Carnaval, pois quem sabe da poda são os americanos e não fossem eles
umas doçuras que sairia logo aqui um post cheio de travessuras. Eles é que
sabem, Inventaram um carnaval em outubro e os tugas, ou seja, cá a malta, à
falta de um carnaval com calor em fevereiro, celebramos o halloween como se
fosse nosso, com 27º à sombra e viva o aquecimento global e vivam os states, já
agora com a Hilária em vez daquele Donald que cheira a Trampa e uma foto no FB com uma
abóbora na cabeça é bem mais gira do que as traseiras das cabeças da multidão a
olhar para cima e a atirar serpentinas e papelinhos, encharcados, está bem de
ver, às meninas dos carros alegóricos, vai não vai, empanados no meio das
avenidas, se não andas deixa os outros passarem, caraças, mas com a grafia do
norte. Pois bem, venham de lá essas selfies vestidas com fatinhos de esqueleto,
chapéus de bruxa e que engraçado, ninguém se lembra de substituir a abóbora por
um cartão moldado com as fuças do Costa, da Catarina ou Jerónimo que isso é no
carnaval, aqui não há bruxas para fazer mover a geringonça. Quem continua a
tentar embruxar isto tudo é o Passos, mas eu nem digo lagarto, lagarto, lagarto
que depois me chamam faccioso. Lá lá lá lá era eu a cantar, mas ainda bem que
aqui não se ouve e escapo de uma vassourada bem assente. Adeus e até ao próximo
halloween.
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