segunda-feira, julho 03, 2006

1002 . Futebolândia

O príncipe Felipe de Bourbon assistiu, com sua esposa Letícia Ortiz, ao jogo França x Espanha. Também Giscard d’Estaing assistiu ao jogo França x Brasil. Angela Merk não perde um jogo da sua Alemanha e até José Sócrates esteve presente no Portugal x Angola. Não tenho a certeza, porque não vi todos os jogos, se Prodi já esteve nas bancadas e não posso garantir, mas quase aposto que sim, que Cavaco Silva estará presente se Portugal for à Final da Taça do Mundo (ou talvez até já na meia-final). Para José Pacheco Pereira devem tratar-se de alienados. Com tanto problema no mundo e estes gajos e gajas a verem futebol. Ora se fossem mas é resolver o problema da Bolívia.

Ainda Pacheco Pereira, na sua crítica à futebolândia e ao tratamento jornalístico, refere no Abrupto o que tem passado ao lado dos portugueses. Transcrevo “…deu-se uma importante remodelação governamental, em que foi embora o único ministro com autonomia política, parece que as férias dos portugueses começam a revelar a crise (meio caminho andado para a Revolução), os agricultores vão poder construir casas de primeira habitação em áreas classificadas como Reserva Ecológica Nacional (vão ver o número de agricultores a aumentar...) na Bolívia continua o plano inclinado para a desgraça da América Latina, na Palestina as coisas estão como se sabe, etc.”
Eu não sou de intrigas, mas acredito que no “etc.” que lá colocou ele também gostaria de ver discutida publicamente a questão das fragatas e dos F-16, comprados e nunca usados, entretanto postos à venda, na perspectiva das responsabilidades de quem comprou, dos interesses que estiveram por detrás (se é que houve interesses) e no julgamento dos responsáveis por este devaneio de lesa-cofres que é como quem diz, também a mim me vieram ao bolso. Ou então estou a exigir demais ao Pacheco Pereira e ele não queria nada disso.

Ainda no campo do futebol quero reiterar a minha convicção de que aos sapateiros deveria ser interdito tocar rabecão. Quer dizer eu não sou pela supressão da liberdade de expressão, sou apenas contra a impunidade do disparate. Ao cineasta António-Pedro de Vasconcelos, concedo-lhe a dúvida, que crítico não sou, de fazer bons filmes. Já afirmar que o modelo do Campeonato do Mundo de Futebol deveria ser revisto, pois vemos selecções serem afastadas quando praticam “futebol de sonho como o Gana e Argentina” (sic), em favor de equipas das quais nada se viu (como Portugal, lido nas entrelinhas ou escutado nos silêncios, como queiram), é de sapateiro mesmo. Ou António-Pedro de Vasconcelos acha que o Mundial é o Festival da Eurovisão ou o Festival de Cinema de Cannes? Vamos a votos e acabamos com os golos, é?

Queria já acabar com isto, porque um post grande ninguém lê, mas não me posso calar ante a fúria anti bandeiras nas janelas, que tenho ouvido e lido a todos aqueles que se querem aproximar das opiniões intelectualizadas da nossa praça. Se as vitórias alcançadas pela selecção nacional, não são motivo para aumentar a auto-estima dos portugueses nos últimos meses, que os (nos) façam erguer uma bandeira nacional, dêem-me um só, mas um só, exemplo de um outro feito no último semestre que me faça levantar uma bandeira, que a levantarei de bom grado. Posso até dar uma ajudinha, por exemplo, uma medida governamental, (não vale a banda larga e a sua equiparação à electricidade no século XVIII porque o Benjamim Franklin, o Edison, o Foucault, o Faraday, e mais uns quantos, desatam-se já a rir).

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