quarta-feira, agosto 02, 2006

1013. Deambulando
(um capítulo onde o Pré se perde em sub-capítulos e onde se insinua que neste país e não só, há cobardes, mas só se insinua, não esperem coisas muito assertivas)














Eu tinha tanta coisa para falar, ou melhor do que falar mesmo escrevendo. Podia estar agora aqui a dissertar sobre a lista das dívidas ao fisco, se a montanha pariu um rato porque os vampiros que durante semanas, senão meses, estiveram à espera de sangue e depois saíram meia dúzia de nados-mortos, sem nada para chupar, nem cabeleiras loiras pelos ombros algures de Cascais ou da Quinta da Marinha, nem dirigentes ou clubes de futebol, nem políticos de renome ou se calhar sim mas os vampiros perderam o olfacto. Poderia falar do losango e que me perdoem Décartes, Gaspard Monge e Mandelbrodt mas não podiam ter baseado os vossos estudos noutra coisa que não fosse a geometria, porque para rapazinhos cuja maior parte não sabe mais do que somar dois com dois, mesmo assim, por vezes errando, coisas com losangos é, sei lá como dizer, muita areia para a camioneta deles o que vai obrigar o senhor engenheiro do penta a ter que mudar de sistema, quem sabe começando com a cartilha de João de Deus? Podia falar da nossa justiça, sem me meter em apitos dourados nem em casas pias, mas tão somente tentar ensinar certos juízes a nadar em poços de 10 metros de profundidade, depois de uma carga de porrada e inconscientes, ou será que inconscientes já o são, podia falar do Alberto João Jardim, outro poço, mas desta vez de bom senso, de educação, de cultura democrática, mas um poço tão fundo no qual nada disso se vislumbra e do medo que os do “contenente” têm dele, vamos lá a saber porquê. Podia também falar do festival de fogos que estão para vir e daqueles que já foram, mesmo dos que, à luz de uma sensata política editorial dos média não tenham sido transformados em espectáculo televisivo, nos foi sendo mitigada a informação. Podia falar da última sondagem TSF/Marktest em que é dado como crescente a popularidade do nosso governo e a confiança depositada no mesmo, mau grado a Ministra da Educação a puxar para baixo (como se diz em linguagem bolsista), versus o pulso que dia a dia a gente vai sentindo nas gentes simples que não fazem parte do painel escolhido pelas iluminadas agências. Podia falar da nossa cultura, da troca que Maria João Pires, farta dos “Morangos com Açúcar”, fez das telenovelas da TVI pelas telenovelas da Globo, quiçá com passagem paga por alguns trocos sobrantes dos muitos milhões de euros que Belgais já recebeu de apoio, ou falar da colecção Berardo e do sr. Joe que o Professor decidiu afrontar, sei lá eu do que poderia e do que deveria falar aqui. Mas do que eu gostava mesmo de falar era dessa loucura que grassa no Oriente Médio. Só que não tenho nem estofo, nem coragem. Acho que estou a ficar parecido com a União Europeia.

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