1166. Entre bandidos
Quem, como eu, está acostumado a ir ao Estádio da Luz, pode verificar que, com excepção das claques organizadas, os adeptos do Glorioso Sport Lisboa e Benfica, assistem lado a lado com os adeptos do clube adversário, que ostentam sem reservas os seus símbolos, camisolas, cachecóis, bandeiras e outros artefactos, às partidas de futebol. Isto acontece desde a inauguração do novo Estádio, tendo-se dado, aí sim, início a um novo ciclo de convívio entre os Benfiquistas e os seus adversários, que não consideramos inimigos. Tiro o meu chapéu em saudação às direcções do Sport Lisboa e Benfica por terem decidido assim.
Ontem, por ausência dela, ocupei o lugar da minha filha, no estádio de Alvalade, ao lado da minha mulher, ambas sportinguistas de sempre. Pelo sim pelo não, abdiquei de levar comigo o que quer que fosse que me identificasse como adepto do Benfica. Em boa hora o fiz e confesso que nunca assisti a um jogo tão aterrorizado como o fiz ontem. Aconselhou-me a experiência e proviu-me de censo a maturidade para não festejar o golo do Benfica. Outros (dois que eu visse), dada a sua juventude e eventual ingenuidade não tiveram o mesmo sangue frio. Um deles foi esmurrado logo na própria bancada. Outro, vi eu com estes que a terra há-de comer foi pura e simplesmente corrido do seu lugar ao murro e ao pontapé. É o que espera a quem comete os crimes de comprar bilhete, ir ao estádio ver o jogo e ser do clube adversário. Por momentos senti dor, pena e até raiva da minha mulher e da minha filha pertencerem a este bando de malfeitores.
PS. Fui uma vez ao velho estádio do Sporting quando tinha 10 anos de idade. Fui também ver um Sporting x Benfica e festejei um dos golos da minha equipa. Felizmente um primo meu, já falecido, também sócio do Sporting e homem feito, safou-me de levar algumas palmadas. Pensei que 42 anos depois a tribo tivesse evoluído. Infelizmente os grunhos ainda lá estavam.
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