quarta-feira, dezembro 08, 2010

1564. O Ómega

Existu uma fase, não sei se depois veio uma segunda ou uma terceira vaga, em que vai não vai se discutia o porquê de ter um blog. Normalmente, alheei-me desse(s) debate(s), eu tinha um blog porque sim. Se no início o blog serviu-me para coisas, mais tarde foi-me servindo para mais coisas. Houve contos e poemas, reflexões e intervenções, sabores e aromas, piadas e cores, brincadeiras e intimidades e partilhas q.b. porque o blog é meu não é da Joana. Teve também uma função catalizadora, se não mobilizadora, da minha vontade de escrever ou da minha vontade de dizer algo. Foi também um divulgador e um desabafador mas nunca um muro de lamentações. Não lamento ter criado este blog e muito menos lamentarei acabá-lo. E da discussão dos porquês de ter um blog, é o de gostar de ser lido. Não vale a pena negá-lo seria até desonesto, ou melhor, intelectualmente desonesto não o admitir. Isto é, se fosse só para mim, seria privado, serviria de bloco de apontamentos e ponto final. Se o abri ao público é porque, obviamente, gosto de ser lido. Só que isso, há muito que não acontece, salvo os poucos, a quem agradeço publicamente e mais uma vez, que têm o prazer de aqui vir dar uma espiadela quase diária. Tenho muitissima consideração por eles mas este pequeno membro blogosférico murcha hoje. Eu ando por aí e vou dizendo umas e ameaçando outras no facebook. Sete anos e tal por aqui, blá, blá, blá... ósculos e amplexos para todas as minhas amigas leitoras e todos os meus amigos leitores.

PS. o Schubert miou, deu meia volta e voltou a adormecer.

terça-feira, dezembro 07, 2010

1563. Quando o frio passar


Cheira-me a âmbar e jasmim,
fragâncias que emanam do teu corpo.
És a minha primavera.



Foto e texto PreDatado

sexta-feira, dezembro 03, 2010

1562. Fumos

Tirou o último cigarro do maço e deve ter exclamado, bolas. Provavelmente por não ter mais cigarros ou, talvez, zangado com ele próprio por estar já a esvaziar o segundo maço do dia. Mas era noite e não tinha onde comprar mais. Iria fumar apenas metade e deixar o resto para quando lhe fizesse mais falta. De resto o livro estava à beira do fim, este seria um best-seller, ele já o imaginava nos escaparates com o um dístico redondo com o número 1. Foram mais de dois meses de escrita e de algumas pesquisas, poucas porque, a verdade seja dita, era rapaz de muita cultura e, se a uma personagem lhe queria dar um corpo de um Modigliani ele sabia exactamente como o descrever ou se outro tocava trombone então era um potencial Glenn Miller. Para não falar que era quase formado em botânica. Daria umas boas 350 páginas em Sabon/12 A5, a editora iria ficar satisfeita. A Rosália sorriu, um pobre e desmaiado sorriso quando a imagem de Jaime lhe veio à memória. E de tantos anos de mágoa apenas uma a fustigava naquele momento. Nunca ter dormido em lençois de linho. Levantou-se e foi espevitar o lume que, àquela hora, já morria na lareira. Ponto final, estava pronto. Retirou a folha da máquina, ajeitou a resma e foi para a janela olhar a estrelas. Deu duas baforadas na outra metade do cigarro.

Foto e texto PreDatado 2010

quarta-feira, dezembro 01, 2010

1561. Ciúme






Por razões editoriais o poema foi retirado do blog e figurará na coletânea Palavras Nossas, Esfera do Caos, a editar em Novembro de 2012.
Vítor Fernandes (aka PreDatado)