quarta-feira, outubro 19, 2005

813. Saúde e Educação

Em Cuba a ciência médica está desenvolvida aos mais altos níveis mundiais e a saúde é gratuita para todos os cubanos (em hospitais e nos medicamentos que lhe são receitados nas consultas; ir a uma farmácia sem receita obriga a pagar os medicamentos, neste caso caros, em pesos convertíveis). A clínica onde a minha mulher foi consultada e recebeu os primeiros tratamentos é estatal e os seus empregados, investigadores, médicos, enfermeiras, administrativos, etc. são funcionários públicos. Ganham o salário de funcionários do estado e disso falarei no próximo post. Recebem doentes de 132 países (até agora) que pagam em CUCs a preços exorbitantes. E com algumas artimanhas á mistura num conluio medicina-turismo que raia a indecência. Não tem internamento, o que obriga a que o doente fique alojado três dias pelo menos num hotel da capital. No primeiro dia é consultada (não precisa de marcação prévia) e recebe o primeiro tratamento. Nos dois dias seguintes recebe dois tratamentos rigorosamente iguais ao do primeiro dia, o qual é explicado ao doente e ao acompanhante (quando existe). Isto significa que um dia apenas seria o suficiente. No entanto paga-se á cabeça a consulta, 3 dias de tratamentos, os medicamentos que ficam retidos na clínica para aplicação in-loco e uma dose igual de medicamentos para aplicar no hotel. Apenas ao 3º dia o médico entrega uma “espécie” de relatório e receita os medicamentos suficientes para um ano de tratamentos no estrangeiro. E se vos dissesse os custos envolvidos…

Nota-1: À porta da clínica, apesar de ser expressamente proibido existem cubanos a oferecer o mesmo medicamento – exclusivo deste centro de investigação – a preços reduzidos. Uma vez que a clínica declara não se responsabilizar pelos produtos adquiridos fora da sua farmácia privativa, pressupõe-se que sejam falsos.


Em Cuba a Educação é gratuita em todos os níveis escolares, incluindo o universitário. Também o material escolar é gratuito no início do ano, sendo distribuído a cada aluno uma espécie de “unidade material” a saber: um caderno por cada disciplina, um lápis, uma esferográfica, uma borracha, etc. Quando este material acaba, tem de ser adquirido nas lojas pelos estudantes, pagando-se em pesos convertíveis. Não existem nas tiendas do estado. Todos os estudantes usam uniforme, pelo que, no início do ano escolar é oferecido a cada estudante um uniforme. Claro está quem precisar de mudar de roupa durante a semana, terá que comprar o tecido (nas lojas de roupa que só vendem em CUCs) e fazer o seu próprio uniforme. Os livros de texto estão disponíveis gratuitamente.

Nota-2: Não evito fazer um juízo de valor que tem a ver com o facto de um licenciado não ganhar muito mais que qualquer outro profissional. Efectivamente o investimento das famílias na educação é praticamente nulo o que justifica que o Estado não tenha que pagar mais a quem já pagou toda a sua formação.

Nota-3: A alegria com que um cubano em idade escolar emana quando lhe é regalado una pluma, un lápis, una goma ou qualquer outro material escolar…

Sem comentários: