980. Dia Mundial do Não Fumador
Definitivamente hoje não estou no meu dia...
quarta-feira, maio 31, 2006
979. E eu a dar-lhe
Já estou a ver a crónica no periódico argentino “El Balon” em que o Señor Miguel Souza Tavarez dá porrada no seleccionador José Pakerman por ter escolhido a fraquinha selecção de Angola para jogo de preparação.
*
Já estou a ver a crónica do zeitung alemão “Die Kugel” em que Herr Michael Schulz Tavarren dá porrada no seleccionador Jürgen Klinsmann por ter escolhido a recém promovida à primeira liga Suiça, equipa do Servette e a selecção do Luxemburgo para os jogos de preparação.
*
Já estou a ver a crónica no jornal brasileiro “A Redondinha” em que Seu Miguel de Souza e Tavares dá porrada no seleccionador Parreira por ter escolhido o Lucerna da 2ª divisão da Suiça como adversário para o jogo de preparação e ir jogar o último com a “fortíssima” Nova Zelândia.
PS. Além dos três comentadores referidos, muitos outros têm metido o bedelho na escolha dos jogos de preparação. De cabeça lembro-me de Antonich-Peter von Vasconselik, Ruy Santos, Jurgën Gabrielish.
Já estou a ver a crónica no periódico argentino “El Balon” em que o Señor Miguel Souza Tavarez dá porrada no seleccionador José Pakerman por ter escolhido a fraquinha selecção de Angola para jogo de preparação.
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Já estou a ver a crónica do zeitung alemão “Die Kugel” em que Herr Michael Schulz Tavarren dá porrada no seleccionador Jürgen Klinsmann por ter escolhido a recém promovida à primeira liga Suiça, equipa do Servette e a selecção do Luxemburgo para os jogos de preparação.
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Já estou a ver a crónica no jornal brasileiro “A Redondinha” em que Seu Miguel de Souza e Tavares dá porrada no seleccionador Parreira por ter escolhido o Lucerna da 2ª divisão da Suiça como adversário para o jogo de preparação e ir jogar o último com a “fortíssima” Nova Zelândia.
PS. Além dos três comentadores referidos, muitos outros têm metido o bedelho na escolha dos jogos de preparação. De cabeça lembro-me de Antonich-Peter von Vasconselik, Ruy Santos, Jurgën Gabrielish.
terça-feira, maio 30, 2006
978. Força malta, todos a bater no Scolari
Tudo serve para criticar Scolari. É o todo-poderoso e intocável presidente do FCP, a dizer que ele goza com os clubes (leia-se FCP). Este personagem, que recusou a ida de Vitor Baía ao Mundial de 1989 na Arábia Saudita, é o mesmo que liderou a campanha pela convocação de Vitor Baía para este mundial, ao contrário não se tendo pronunciado sobre as opções do seu próprio treinador ao preteri-lo da sua própria equipa. Obviamente que existe muita dor de corno na não convocação de mais jogadores do FCP sendo este campeão nacional. Mas convocar quem? Helton, Marek Cech, o angolano (?) Pedro Emanuel, Lucho, Alan, Adriano, Lisandro, Macarthy? Ou seria Quaresma que, como se viu nos sub-21, demonstrou uma falta de maturidade para este tipo de competições? Acho que Pinto da Costa só chuta de trivela.
*
Se não me admiram as provocações de Pinto da Costa, também não me surpreendem os dislates de Miguel Sousa Tavares. Hoje para embirrar com Scolari, abordou em A Bola, as bandeiras nacionais, o estágio em Évora e as equipas contra quem jogamos na preparação. É óbvio que o Sousa Tavares é livre de escolher como seus heróis quem ele muito bem entenda. Não contesto a sua opção por Maria João Pires ou António Damásio em vez de Luís Figo ou Cristiano Ronaldo. Mas quem quiser ler com atenção o seu artigo esta sua revelação de patriotismo tem apenas que ver com o facto de ter sido um tipo da bola a ter apelado para o espírito patriótico dos portugueses. Um tipo da bola, mas pior que isso, “um brasileiro”. É ele que o refere, não eu. Fico no entanto sem perceber se ele acha o desfraldar de bandeiras uma saloiice, só possível num país de pacóvios como o nosso, ou se ele acha que a Ministra da Cultura, essa sim uma Portuguesa, deveria também apelar ao desfraldar de bandeiras pelo reconhecimento internacional da obra de Damásio e de Maria João Pires.
Quanto ao estágio em Évora e não nos Alpes Suíços, como referiu sobre a opção de outra selecção, só pode ser má-língua ou então distracção. Aquando da marcação do estágio para aquelas paragens (não esquecer que Beja lutou até ao fim para ganhar a presença da Selecção), não era possível prever temperaturas anormais, sublinho anormais, para a época. Estas são temperaturas habituais em Julho e Agosto, mas extraordinárias para Maio. O que aliás parece apenas ter-se verificado durante 3 dias. Já na Alemanha, o habitual é no mês de Junho se terem temperaturas na ordem dos 20 graus. Mas isso agora não interessa para nada. Ao longo de toda a caminhada das Selecções nacionais sob o comando de Scolari, nunca Miguel Sousa Tavares se coibiu de o criticar. Portanto levaria porrada na mesma, se estivesse agora a treinar debaixo de chuva e com temperaturas de 5 graus centígrados, lá nos tão deliciosos Alpes.
Já agora, sobre as selecções escolhidas para a preparação, Miguel Sousa Tavares encarrega-se apenas de mostrar uma parte da questão. Aliás como advogado que é, poderá ser deformação profissional. É normal aos advogados apenas estarem de um só lado, o da defesa ou o da acusação. E portanto a análise bilateral é irrelevante. Elogia ele os nossos adversários por terem escolhido antagonistas manifestamente mais fortes para se preparem, ao contrário de nós que escolhemos Cabo Verde e o Luxemburgo. E o que dizer dos tais antagonistas que pelo outro lado do prisma escolheram adversários manifestamente mais fracos? No entanto é sabido que as fases finais destas competições Europeias ou Mundiais são sempre competições de fim de época, onde os jogadores se apresentam quase sempre deficitários em frescura física, devido á carga de jogos efectuados. Quem iria depois responsabilizar Scolari se os jogadores, face a exigências físicas suplementares, tivessem defrontado, nesta fase, uma França, uma Holanda, uma Alemanha, um Inglaterra e se se viessem a apresentar muito mais cansados do que já é normal nesta altura do ano? Seria obviamente Miguel Sousa Tavares. Está à vista.
*
Já me admiro mais que aquele que foi durante muito tempo referido por Pinto da Costa como o sobrinho de Vitor Santos, alinhe pelo mesmo diapasão do presidente portista. Para Rui Santos além de uma outra data de considerações de ocasião, critica a selecção pela sua descontracção, tendo chegado ao cúmulo de no último Domingo, na SIC notícias, ter criticado os jogadores, os técnicos e a Federação por estes terem dado uns chutes na bola junto ao Templo de Diana. Não consegue ver, Rui Santos, quão ridículas são estas considerações? Os jogadores concentram-se, treinam, jogam e descontraem-se. Todas as selecções fazem o mesmo. Todos dão os seus passeios e convivem com as populações. Afinal, ao contrário de Miguel Sousa Tavares ainda há muitas dezenas de milhões de pessoas que têm nos seus ídolos, os jogadores de futebol. Ou será que o senhor, não gosta particularmente do Templo de Diana e fui eu que confundi com uma malapata contra Scolari?
*
Finalmente António-Pedro de Vasconcelos, tenho muito respeito pela sua obra cinematográfica da qual, confesso, gosto particularmente. Mas não seria já hora de regressar ao cinema? Nem por Scolari ter convocado Deco, elemento preponderante do seu clube, o Barcelona, você está feliz? Ah, é verdade, Deco também é brasileiro. Que chatice!
PS. Até á hora que publico este post, o meu post anterior não teve um único comentário. Mas vocês não gostam da fruta, ou quê? Olhem bem que os morangos lá descritos são ali da nossa região saloia e não morangos do nordeste brasileiro. Nem tudo é culpa do Scolari, caraças.
Tudo serve para criticar Scolari. É o todo-poderoso e intocável presidente do FCP, a dizer que ele goza com os clubes (leia-se FCP). Este personagem, que recusou a ida de Vitor Baía ao Mundial de 1989 na Arábia Saudita, é o mesmo que liderou a campanha pela convocação de Vitor Baía para este mundial, ao contrário não se tendo pronunciado sobre as opções do seu próprio treinador ao preteri-lo da sua própria equipa. Obviamente que existe muita dor de corno na não convocação de mais jogadores do FCP sendo este campeão nacional. Mas convocar quem? Helton, Marek Cech, o angolano (?) Pedro Emanuel, Lucho, Alan, Adriano, Lisandro, Macarthy? Ou seria Quaresma que, como se viu nos sub-21, demonstrou uma falta de maturidade para este tipo de competições? Acho que Pinto da Costa só chuta de trivela.
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Se não me admiram as provocações de Pinto da Costa, também não me surpreendem os dislates de Miguel Sousa Tavares. Hoje para embirrar com Scolari, abordou em A Bola, as bandeiras nacionais, o estágio em Évora e as equipas contra quem jogamos na preparação. É óbvio que o Sousa Tavares é livre de escolher como seus heróis quem ele muito bem entenda. Não contesto a sua opção por Maria João Pires ou António Damásio em vez de Luís Figo ou Cristiano Ronaldo. Mas quem quiser ler com atenção o seu artigo esta sua revelação de patriotismo tem apenas que ver com o facto de ter sido um tipo da bola a ter apelado para o espírito patriótico dos portugueses. Um tipo da bola, mas pior que isso, “um brasileiro”. É ele que o refere, não eu. Fico no entanto sem perceber se ele acha o desfraldar de bandeiras uma saloiice, só possível num país de pacóvios como o nosso, ou se ele acha que a Ministra da Cultura, essa sim uma Portuguesa, deveria também apelar ao desfraldar de bandeiras pelo reconhecimento internacional da obra de Damásio e de Maria João Pires.
Quanto ao estágio em Évora e não nos Alpes Suíços, como referiu sobre a opção de outra selecção, só pode ser má-língua ou então distracção. Aquando da marcação do estágio para aquelas paragens (não esquecer que Beja lutou até ao fim para ganhar a presença da Selecção), não era possível prever temperaturas anormais, sublinho anormais, para a época. Estas são temperaturas habituais em Julho e Agosto, mas extraordinárias para Maio. O que aliás parece apenas ter-se verificado durante 3 dias. Já na Alemanha, o habitual é no mês de Junho se terem temperaturas na ordem dos 20 graus. Mas isso agora não interessa para nada. Ao longo de toda a caminhada das Selecções nacionais sob o comando de Scolari, nunca Miguel Sousa Tavares se coibiu de o criticar. Portanto levaria porrada na mesma, se estivesse agora a treinar debaixo de chuva e com temperaturas de 5 graus centígrados, lá nos tão deliciosos Alpes.
Já agora, sobre as selecções escolhidas para a preparação, Miguel Sousa Tavares encarrega-se apenas de mostrar uma parte da questão. Aliás como advogado que é, poderá ser deformação profissional. É normal aos advogados apenas estarem de um só lado, o da defesa ou o da acusação. E portanto a análise bilateral é irrelevante. Elogia ele os nossos adversários por terem escolhido antagonistas manifestamente mais fortes para se preparem, ao contrário de nós que escolhemos Cabo Verde e o Luxemburgo. E o que dizer dos tais antagonistas que pelo outro lado do prisma escolheram adversários manifestamente mais fracos? No entanto é sabido que as fases finais destas competições Europeias ou Mundiais são sempre competições de fim de época, onde os jogadores se apresentam quase sempre deficitários em frescura física, devido á carga de jogos efectuados. Quem iria depois responsabilizar Scolari se os jogadores, face a exigências físicas suplementares, tivessem defrontado, nesta fase, uma França, uma Holanda, uma Alemanha, um Inglaterra e se se viessem a apresentar muito mais cansados do que já é normal nesta altura do ano? Seria obviamente Miguel Sousa Tavares. Está à vista.
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Já me admiro mais que aquele que foi durante muito tempo referido por Pinto da Costa como o sobrinho de Vitor Santos, alinhe pelo mesmo diapasão do presidente portista. Para Rui Santos além de uma outra data de considerações de ocasião, critica a selecção pela sua descontracção, tendo chegado ao cúmulo de no último Domingo, na SIC notícias, ter criticado os jogadores, os técnicos e a Federação por estes terem dado uns chutes na bola junto ao Templo de Diana. Não consegue ver, Rui Santos, quão ridículas são estas considerações? Os jogadores concentram-se, treinam, jogam e descontraem-se. Todas as selecções fazem o mesmo. Todos dão os seus passeios e convivem com as populações. Afinal, ao contrário de Miguel Sousa Tavares ainda há muitas dezenas de milhões de pessoas que têm nos seus ídolos, os jogadores de futebol. Ou será que o senhor, não gosta particularmente do Templo de Diana e fui eu que confundi com uma malapata contra Scolari?
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Finalmente António-Pedro de Vasconcelos, tenho muito respeito pela sua obra cinematográfica da qual, confesso, gosto particularmente. Mas não seria já hora de regressar ao cinema? Nem por Scolari ter convocado Deco, elemento preponderante do seu clube, o Barcelona, você está feliz? Ah, é verdade, Deco também é brasileiro. Que chatice!
PS. Até á hora que publico este post, o meu post anterior não teve um único comentário. Mas vocês não gostam da fruta, ou quê? Olhem bem que os morangos lá descritos são ali da nossa região saloia e não morangos do nordeste brasileiro. Nem tudo é culpa do Scolari, caraças.
segunda-feira, maio 29, 2006
977. Frutas V
Não é do sangue, encarnado,
Do luso estandarte imitado,
Nem do licor de Baco, rubi.
Quando os como ao pé de ti
Sinto-me inflamado.
Teus lábios fazem lembrar
Desejos de boca, beijar
Misturá-lo com baton
E não é tudo o que de bom
O morango tem p’ra dar.
*
Quando em calda, já batido
Ou no sorvete servido,
Lembram-me coisas então…
E não é menor tesão
Pensar sobre ti vertido:
Um morango no umbigo
E eu juntinho contigo
Encostado até esmagar
E no seu soro navegar
Numa rota de vertigo.
*
Voltando à cor, afinal
Que era o tema principal,
Do diabo foi herdada.
E a rima desviada,
Creiam que não foi por mal.
Mas não paro de pensar
Nos teus lábios eu poisar
Um morango bem maduro,
Cortar a luz e no escuro
Ficarmos a namorar.
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto de Lyubomir Bukov deliciosamente encontrada na net pela Karla
Não é do sangue, encarnado,
Do luso estandarte imitado,
Nem do licor de Baco, rubi.
Quando os como ao pé de ti
Sinto-me inflamado.
Teus lábios fazem lembrar
Desejos de boca, beijar
Misturá-lo com baton
E não é tudo o que de bom
O morango tem p’ra dar.
*
Quando em calda, já batido
Ou no sorvete servido,
Lembram-me coisas então…
E não é menor tesão
Pensar sobre ti vertido:
Um morango no umbigo
E eu juntinho contigo
Encostado até esmagar
E no seu soro navegar
Numa rota de vertigo.
*
Voltando à cor, afinal
Que era o tema principal,
Do diabo foi herdada.
E a rima desviada,
Creiam que não foi por mal.
Mas não paro de pensar
Nos teus lábios eu poisar
Um morango bem maduro,
Cortar a luz e no escuro
Ficarmos a namorar.
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto de Lyubomir Bukov deliciosamente encontrada na net pela Karla
domingo, maio 28, 2006
976. Frutas IV
Tenho com ela uma atitude nobre.
Suavemente, a rugosa veste retirando
Retribui-me essa nobreza, me mostrando
O véu sedoso que seu corpo cobre.
Espera de mim um pouco mais de aprumo.
Não a defraudo e, como se fora mestre
Dispo-a então dos restos que se veste
E já nua, chupo seu delicioso sumo.
Mas nem sempre esta atitude tomo
Gosto de a comer de feição diversa,
Por isso, a abro muitas vezes em flor.
E, egoísta, a seus gomos eu assomo.
- vou ser directo, basta de conversa -
Sou louco por laranja, (não pl’a cor).
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto de Roberto Roseano deliciosamente encontrada pela Karla
Tenho com ela uma atitude nobre.
Suavemente, a rugosa veste retirando
Retribui-me essa nobreza, me mostrando
O véu sedoso que seu corpo cobre.
Espera de mim um pouco mais de aprumo.
Não a defraudo e, como se fora mestre
Dispo-a então dos restos que se veste
E já nua, chupo seu delicioso sumo.
Mas nem sempre esta atitude tomo
Gosto de a comer de feição diversa,
Por isso, a abro muitas vezes em flor.
E, egoísta, a seus gomos eu assomo.
- vou ser directo, basta de conversa -
Sou louco por laranja, (não pl’a cor).
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto de Roberto Roseano deliciosamente encontrada pela Karla
sexta-feira, maio 26, 2006
975. Frutas III
Coloco-te nas orelhas só por graça,
Dentro de água gelada ou sobre gelo.
Faço de ti licor e p’ra bebê-lo
Te verto em copo ou cristalina taça.
No meio de chocolate licoroso
Te chupo e faço, por isso, derramar,
Correndo no queixo sem queixar,
Um liquido suave e bem viscoso.
De todo o jeito, para te comer eu sou capaz
Saltar veredas e te colher na árvore
Sejas tu vermelhinha ou como mármore,
Na praça adquirir mais de um cabaz
Tal como as conversas, é assim:
Cereja puxa cereja até ao fim!
O Predatado, in Frutas e outros comeres
Foto deliciosamente obtida com a colaboração da Karla, mas não sei de onde é que ela a sacou.
Coloco-te nas orelhas só por graça,
Dentro de água gelada ou sobre gelo.
Faço de ti licor e p’ra bebê-lo
Te verto em copo ou cristalina taça.
No meio de chocolate licoroso
Te chupo e faço, por isso, derramar,
Correndo no queixo sem queixar,
Um liquido suave e bem viscoso.
De todo o jeito, para te comer eu sou capaz
Saltar veredas e te colher na árvore
Sejas tu vermelhinha ou como mármore,
Na praça adquirir mais de um cabaz
Tal como as conversas, é assim:
Cereja puxa cereja até ao fim!
O Predatado, in Frutas e outros comeres
Foto deliciosamente obtida com a colaboração da Karla, mas não sei de onde é que ela a sacou.
quinta-feira, maio 25, 2006
974. Treinador de bancada, eu?
Apesar dos arautos da opinião desportiva, escrita e falada, esta Selecção de Sub-21 se mais não fez, pelo menos veio dar uma prévia razão a Luis Felipe Scolari. Ricardo Quaresma, João Moutinho e Manuel Fernandes não têm nem maturidade, nem qualidade para representarem uma selecção A de Portugal. Devem estar por aí, muitos a morder a língua.
Apesar dos arautos da opinião desportiva, escrita e falada, esta Selecção de Sub-21 se mais não fez, pelo menos veio dar uma prévia razão a Luis Felipe Scolari. Ricardo Quaresma, João Moutinho e Manuel Fernandes não têm nem maturidade, nem qualidade para representarem uma selecção A de Portugal. Devem estar por aí, muitos a morder a língua.
973. Frutas II
Coloquei-te na mesa, e tu te abriste
Em racha de onde a pevide já espreita,
Tarda o tempo em que te vou comer.
Num ritual de preliminares feito,
Apalpo-te o bojo e oiço sons
Que de dentro emites, como queixa;
- e olhas-me o instrumento já em riste.
Mas antes que te prepare o fino leito
Admiro-te a pele (de vários tons)
E como que à espera de uma deixa
Coloquei-te na mesa, e tu te abriste.
Não estás intacta, dá para ver
Teu interior vermelho, reluzente.
A água que me escorre já da boca
Que de pecaminosa gula se deleita
Quer que avance sem mais tempo perder.
E prestes chegarei com ar demente
E mordo e chupo e lambo, à louca,
Em racha onde a pevide já espreita.
É agora. Meu desejo mais não espera,
Que de esperas poderá desesperar.
E apareces-me assim feita talhada,
E no centro um castelo de prazer
Da arte de cortar a linda esfera.
Melancia, que a sede faz matar
Como se fora sede saciada.
Tarda o tempo em que te vou comer.
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto deliciosamente gamada no Google Images
Coloquei-te na mesa, e tu te abriste
Em racha de onde a pevide já espreita,
Tarda o tempo em que te vou comer.
Num ritual de preliminares feito,
Apalpo-te o bojo e oiço sons
Que de dentro emites, como queixa;
- e olhas-me o instrumento já em riste.
Mas antes que te prepare o fino leito
Admiro-te a pele (de vários tons)
E como que à espera de uma deixa
Coloquei-te na mesa, e tu te abriste.
Não estás intacta, dá para ver
Teu interior vermelho, reluzente.
A água que me escorre já da boca
Que de pecaminosa gula se deleita
Quer que avance sem mais tempo perder.
E prestes chegarei com ar demente
E mordo e chupo e lambo, à louca,
Em racha onde a pevide já espreita.
É agora. Meu desejo mais não espera,
Que de esperas poderá desesperar.
E apareces-me assim feita talhada,
E no centro um castelo de prazer
Da arte de cortar a linda esfera.
Melancia, que a sede faz matar
Como se fora sede saciada.
Tarda o tempo em que te vou comer.
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto deliciosamente gamada no Google Images
quarta-feira, maio 24, 2006
972. Frutas I
Vejo-te erecta suspensa no teu cacho
Seduzindo quem de ti se alimenta
E quem da sedução não se aguenta
Te agarra e colhe em poiso baixo.
Depois, suavemente ou sem demora
Baixando a cobertura em teu redor
Num impulso de vontade e com fervor,
Leva-te inteira à boca e te devora.
Mas, se por desleixo ou acaso ser,
Te desdenha, te despreza e te abandona,
Embora quase sempre doutras à tona,
Não te resta mais que amolecer.
Banana. Fruta, filha da tropicalidade,
Eterno símbolo da nossa virilidade.
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto deliciosamente gamada no Google Images
Vejo-te erecta suspensa no teu cacho
Seduzindo quem de ti se alimenta
E quem da sedução não se aguenta
Te agarra e colhe em poiso baixo.
Depois, suavemente ou sem demora
Baixando a cobertura em teu redor
Num impulso de vontade e com fervor,
Leva-te inteira à boca e te devora.
Mas, se por desleixo ou acaso ser,
Te desdenha, te despreza e te abandona,
Embora quase sempre doutras à tona,
Não te resta mais que amolecer.
Banana. Fruta, filha da tropicalidade,
Eterno símbolo da nossa virilidade.
O PreDatado, in Frutas e outros comeres
foto deliciosamente gamada no Google Images
domingo, maio 21, 2006
970. No Alentejo...
Mais um fim-de-semana que passou. Desta vez aproveitei para voltar ao Alentejo. Mas volto sempre do Alentejo com nostalgia e com mais riqueza. Desta vez é a nostalgia dos sabores. No Alentejo, comem-se ovas de saboga, come-se javali estufado e come-se cozido de grão. Com cheirinho a hortelã. Experimentem, quando forem para aquelas bandas, o restaurante “A Paragem”, nos Corvos ou o “Café Alentejo” na Moreanes. Ah, não sabem onde fica? Pois eu dou-vos a morada. Não tem nada que enganar. Quando chegam a Mértola, em vez de seguirem direitinhos que nem um fuso para as praias quentes do Algarve, façam um desvio assim como quem vai directo à Mina de S. Domingos. Cerca de 3 kms depois de deixarem Mértola encontram uma placa a indicar Corvos para a esquerda. Não custa nada. Mas se quiserem seguir em frente, sem fazer desvio, vão passar à Moreanes. Aí procurem o Café Alentejo. Quer num sítio, quer noutro, não se vão arrepender. Depois de almoço, aproveitem e dêem um pulinho à Mina de S. Domingos. Vejam a belíssima praia fluvial da Tapada que lá temos e não esqueçam de visitar o Museu da Mina. Viver e aprender. E por falar em aprender, eu disse que voltei mais rico e voltei mesmo. Lá na Moreanes conheci o filho do ti Rosa. O Chico Rosa sabe de cor quase todos os poemas do seu falecido pai. Poemas de grande valor cultural e que não estão escritos em lado nenhum. Feitos pelo ti Rosa, um homem que nem ler sabia. E assim, um dia mais tarde, se vão perder as memorias que o tempo se encarregará de apagar.
PS. Fiquei a saber que o Benfica já tem novo treinador. Não desgosto da opção, mas também não fiquei entusiasmado. No entanto, a partir de hoje, este é o meu treinador, que é como quem diz, o melhor treinador do mundo. Força Fernando Santos. Viva o Glorioso SLB!
Mais um fim-de-semana que passou. Desta vez aproveitei para voltar ao Alentejo. Mas volto sempre do Alentejo com nostalgia e com mais riqueza. Desta vez é a nostalgia dos sabores. No Alentejo, comem-se ovas de saboga, come-se javali estufado e come-se cozido de grão. Com cheirinho a hortelã. Experimentem, quando forem para aquelas bandas, o restaurante “A Paragem”, nos Corvos ou o “Café Alentejo” na Moreanes. Ah, não sabem onde fica? Pois eu dou-vos a morada. Não tem nada que enganar. Quando chegam a Mértola, em vez de seguirem direitinhos que nem um fuso para as praias quentes do Algarve, façam um desvio assim como quem vai directo à Mina de S. Domingos. Cerca de 3 kms depois de deixarem Mértola encontram uma placa a indicar Corvos para a esquerda. Não custa nada. Mas se quiserem seguir em frente, sem fazer desvio, vão passar à Moreanes. Aí procurem o Café Alentejo. Quer num sítio, quer noutro, não se vão arrepender. Depois de almoço, aproveitem e dêem um pulinho à Mina de S. Domingos. Vejam a belíssima praia fluvial da Tapada que lá temos e não esqueçam de visitar o Museu da Mina. Viver e aprender. E por falar em aprender, eu disse que voltei mais rico e voltei mesmo. Lá na Moreanes conheci o filho do ti Rosa. O Chico Rosa sabe de cor quase todos os poemas do seu falecido pai. Poemas de grande valor cultural e que não estão escritos em lado nenhum. Feitos pelo ti Rosa, um homem que nem ler sabia. E assim, um dia mais tarde, se vão perder as memorias que o tempo se encarregará de apagar.
PS. Fiquei a saber que o Benfica já tem novo treinador. Não desgosto da opção, mas também não fiquei entusiasmado. No entanto, a partir de hoje, este é o meu treinador, que é como quem diz, o melhor treinador do mundo. Força Fernando Santos. Viva o Glorioso SLB!
terça-feira, maio 16, 2006
969. Um espectáculo espectacular ou a sem vergonhice quarto-mundista. Avé Caesar!
Inaugura-se a nova Praça de Touros do Campo Pequeno. Apesar do Coliseu, apesar do Pavilhão Atlântico e apesar do Parque da Bela Vista e talvez também apesar do Centro Comercial Colombo ou do Centro Comercial Vasco da Gama, acredito que Lisboa precisasse de um espaço assim. Um espaço de espectáculos ao ar livre e um espaço comercial mesmo no coração da cidade. Mas (há sempre um mas) este recinto vai também e pior, principalmente, ser palco de um dos mais brutais espectáculos dos nossos tempos: a Tourada.
E se tourada é considerada um espectáculo é porque ela é espectacular. E eu não nego que o seja. Já vi mais de um milhar de fotos de tourada, da espectacularidade das fintas de um bem tratado e ornamentado cavalo, da não menos espectacular chicuelina ou da meia verónica. Dos espectaculares picadores e da espectacular estocada final. Um espectáculo. Mas não deixa de ser espectacular (literalmente) uma foto das torres gémeas de Nova York a arder, das imagens espectaculares de um incêndio na serra da Estrela, do espectacular cogumelo de Hiroshima. Alguém duvida? E quem defende?
Amar os touros! Este é um argumento usado pelos defensores da tourada. Amar os touros torturando-os e, agravadamente, em público! Amar os touros! Tal como foi amar a paz atacar as torres de NY! Os argumentos não são muito diferentes. São de pessoas que amam.
Claro está que no campo, são bem tratados, são acarinhados, são alimentados; é preciso apresentá-los em bom porte na arena. Ninguém ligaria a uma tourada em que um touro esquelético, quase moribundo, entrasse na lide. Não teria público, não seria lidado. Como os antigos gladiadores. Sofrer e morrer na arena. Mas eram sempre os mais fortes e os mais bem alimentados. Um espectáculo.
Publicado anteriormente no ante-et-post
Inaugura-se a nova Praça de Touros do Campo Pequeno. Apesar do Coliseu, apesar do Pavilhão Atlântico e apesar do Parque da Bela Vista e talvez também apesar do Centro Comercial Colombo ou do Centro Comercial Vasco da Gama, acredito que Lisboa precisasse de um espaço assim. Um espaço de espectáculos ao ar livre e um espaço comercial mesmo no coração da cidade. Mas (há sempre um mas) este recinto vai também e pior, principalmente, ser palco de um dos mais brutais espectáculos dos nossos tempos: a Tourada.
E se tourada é considerada um espectáculo é porque ela é espectacular. E eu não nego que o seja. Já vi mais de um milhar de fotos de tourada, da espectacularidade das fintas de um bem tratado e ornamentado cavalo, da não menos espectacular chicuelina ou da meia verónica. Dos espectaculares picadores e da espectacular estocada final. Um espectáculo. Mas não deixa de ser espectacular (literalmente) uma foto das torres gémeas de Nova York a arder, das imagens espectaculares de um incêndio na serra da Estrela, do espectacular cogumelo de Hiroshima. Alguém duvida? E quem defende?
Amar os touros! Este é um argumento usado pelos defensores da tourada. Amar os touros torturando-os e, agravadamente, em público! Amar os touros! Tal como foi amar a paz atacar as torres de NY! Os argumentos não são muito diferentes. São de pessoas que amam.
Claro está que no campo, são bem tratados, são acarinhados, são alimentados; é preciso apresentá-los em bom porte na arena. Ninguém ligaria a uma tourada em que um touro esquelético, quase moribundo, entrasse na lide. Não teria público, não seria lidado. Como os antigos gladiadores. Sofrer e morrer na arena. Mas eram sempre os mais fortes e os mais bem alimentados. Um espectáculo.
Publicado anteriormente no ante-et-post
segunda-feira, maio 15, 2006
domingo, maio 14, 2006
967. Épocas
Com o jogo da Taça, terminou hoje a época de futebol. Amanhã começará a época de incêndios. O treinador nacional, também conhecido como ministro, António Costa, convocou, bombeiros, GNRs e meios aéreos nunca vistos. Há quem acredite que vamos dar uma abada aos incêndios que estes até vão andar de banda. A ver vamos. Prognósticos só os faço no fim, como se tornou costume em Portugal.
Esta semana foi uma semana muito rica em eventos. O professor Carrilho ensaiou uma rábula em forma de livro, chamado a “Vingança serve-se fria”. Fiquei lavado em lágrimas enquanto li o livro. Não se podem fazer coisas destas ao homem, caraças. É bem feita que para a próxima ele não dê mais apertos de mão a ninguém.
A marcha contra o fecho das maternidades ensaiou pelas ruas da capital. Ao contrário das tradicionais marchas de Lisboa os balões não vinham içados no alto dos arquinhos pois algumas mulheres apareceram com o balão escondido debaixo do vestido, junto ao ventre. Reivindicam o direito de rebentar o balão lá na terra e não na terra do vizinho. Consta que o ministro, sensível ao argumento, ao contrário do fecho anunciado de várias maternidades, vai mandar construir uma em cada freguesia do país. Com esta medida, acredita-se que Canas de Senhorim não volte a querer ser Concelho. Jorge Sampaio até respirará de alívio.
Por falar em Jorge Sampaio, o antigo presidente da república, foi esta semana nomeado enviado especial da ONU na luta contra a tuberculose. Envio-lhe daqui os parabéns e um pacote de lenços Cleenex. Aliás, eu gosto muito de oferecer lenços de papel às pessoas, mas a remessa que enviei para Belém a semana passada veio-me devolvida com a mensagem “Agradecemos a lembrança, mas somos a informá-lo que apesar da afirmação do Sr. Presidente de que os portugueses têm de levantar a sua autoestima, ser igual a uma afirmação semelhante do anterior presidente, esta foi dita sem o derrame de uma única lágrima, pelo que o seu bem intencionado presente não será de grande utilidade neste Palácio”.
Havia mais para escrever mas agora estou cheio de fome e vou jantar. Não vou comer lebre, nem tão pouco gato por lebre. Vou comer uma refinada posta de bacalhau. Sem sabor a petróleo. Quero ver se durante a semana o PreDatado não anda tão preguiçoso como andou na pretérita. Ficará atento ao desenrolar dos acontecimentos, principalmente a quem substituirá Ronald Koeman. Beijinhos e abraços.
Com o jogo da Taça, terminou hoje a época de futebol. Amanhã começará a época de incêndios. O treinador nacional, também conhecido como ministro, António Costa, convocou, bombeiros, GNRs e meios aéreos nunca vistos. Há quem acredite que vamos dar uma abada aos incêndios que estes até vão andar de banda. A ver vamos. Prognósticos só os faço no fim, como se tornou costume em Portugal.
Esta semana foi uma semana muito rica em eventos. O professor Carrilho ensaiou uma rábula em forma de livro, chamado a “Vingança serve-se fria”. Fiquei lavado em lágrimas enquanto li o livro. Não se podem fazer coisas destas ao homem, caraças. É bem feita que para a próxima ele não dê mais apertos de mão a ninguém.
A marcha contra o fecho das maternidades ensaiou pelas ruas da capital. Ao contrário das tradicionais marchas de Lisboa os balões não vinham içados no alto dos arquinhos pois algumas mulheres apareceram com o balão escondido debaixo do vestido, junto ao ventre. Reivindicam o direito de rebentar o balão lá na terra e não na terra do vizinho. Consta que o ministro, sensível ao argumento, ao contrário do fecho anunciado de várias maternidades, vai mandar construir uma em cada freguesia do país. Com esta medida, acredita-se que Canas de Senhorim não volte a querer ser Concelho. Jorge Sampaio até respirará de alívio.
Por falar em Jorge Sampaio, o antigo presidente da república, foi esta semana nomeado enviado especial da ONU na luta contra a tuberculose. Envio-lhe daqui os parabéns e um pacote de lenços Cleenex. Aliás, eu gosto muito de oferecer lenços de papel às pessoas, mas a remessa que enviei para Belém a semana passada veio-me devolvida com a mensagem “Agradecemos a lembrança, mas somos a informá-lo que apesar da afirmação do Sr. Presidente de que os portugueses têm de levantar a sua autoestima, ser igual a uma afirmação semelhante do anterior presidente, esta foi dita sem o derrame de uma única lágrima, pelo que o seu bem intencionado presente não será de grande utilidade neste Palácio”.
Havia mais para escrever mas agora estou cheio de fome e vou jantar. Não vou comer lebre, nem tão pouco gato por lebre. Vou comer uma refinada posta de bacalhau. Sem sabor a petróleo. Quero ver se durante a semana o PreDatado não anda tão preguiçoso como andou na pretérita. Ficará atento ao desenrolar dos acontecimentos, principalmente a quem substituirá Ronald Koeman. Beijinhos e abraços.
domingo, maio 07, 2006
966. Porque há outros momentos para chorar...
porque não aceitar a sugestão da Ana?
"todas as manhãs ao acordar, antes de abrires os olhos, espreguiça-te como um gato. estica todas as fibras do teu corpo. após três ou quatro minutos, ainda com os olhos fechados, começa a rir. durante uns minutos não pares de rir. a princípio é apenas riso mas em pouco tempo o som da tua tentativa dará lugar a riso genuíno. deixa-te levar pelo riso. pode demorar vários dias a acontecer, uma vez que não estamos minimamente acostumados ao fenómeno. mas a qualquer momento será espontâneo e alterará toda a natureza dos teus dias"
porque não aceitar a sugestão da Ana?
"todas as manhãs ao acordar, antes de abrires os olhos, espreguiça-te como um gato. estica todas as fibras do teu corpo. após três ou quatro minutos, ainda com os olhos fechados, começa a rir. durante uns minutos não pares de rir. a princípio é apenas riso mas em pouco tempo o som da tua tentativa dará lugar a riso genuíno. deixa-te levar pelo riso. pode demorar vários dias a acontecer, uma vez que não estamos minimamente acostumados ao fenómeno. mas a qualquer momento será espontâneo e alterará toda a natureza dos teus dias"
sábado, maio 06, 2006
965. Muitos segundos tem meia-hora!
- Tenho uns amigos muito chatos, disse eu em tom de desabafo, enquanto olhava para a borra no fundo da chávena de café.
O Malaquias que estava embrenhado a ler “Anjos e Demónios” – mais uma vítima da publicidade – pensei eu, que não sou fã de Dan Brown, nem levantou os olhos, mas interrogou-me:
- Chatos porquê?
- Só falam de bola, pá!
O Malaquias deve ter acabado de ler a frase ou o paragrafo, colocou o marcador, fechou o livro, levantou a cabeça e,
- Isso interessa-me, pá!
- Olha outro… de repente deu-me um arrependimento por ter levantado a lebre. Primeiro porque tinha a certeza que ele iria pedir-me para clarificar e a última coisa que me apetecia era falar de bola. Segundo, porque tinha de aturar um “pá” em cada duas palavras. Juro que só por vergonha é que ainda tomo café com o Malaquias. Toca-me à campainha todos os sábados de manhãs, “Então Pré, vamos ao Aguiar?”. De vez em quando arranjo uma desculpa, mas como não posso evitar sempre, lá acedo. Se não trás um livro “da moda” na mão, chega à mesa, procura ávido e ansioso ou o Correio ou 24 Horas e passa amanhã toda “é pá, já leste esta, pá?, o gajo matou a própria mãe, pá, um tiros nos cornos, pá, é o que estes gajos merecem, pá, se fosse na América ias ver, pá”. Eu já finjo que nem oiço, normalmente tento dar uma volta ao texto e lá vem o gajo, “caralho, ao fim destes anos todos ainda és comuna, pá?, qual integração social, qual merda, isto vai lá é com a pena de morte”. Finjo que não o oiço.
- Desembucha, pá, o que é que esses gajos te andam a chatear a cabeça com bola, pá?
- Coisas, sem importância, Malacas (que é como eu o trato), de novo a treta de um tal Apito Dourado, digo eu para ver se arrepio caminho e se ele volta ao Dan Brown.
- Sem importância, pá? Sem importância, insistiu, e eu cada vez mais arrependido de ter feito o comentário.
- Deixa lá, Malacas, estás a gostar do livro? – tentei disfarçar.
- Caga no livro, pá – riposta-me o Malaquias, como se fosse eu que não tivesse levantado os olhos do livro durante os quase 15 minutos, desde que entrou no café. – Os gajos têm muita razão, pá, lembras-te do caso da corrupção na arbitragem no Brasil?
- Lembro-me mais ou menos, mas o que é que isso vem para o caso.
- Isso foi descoberto muito tempo depois do Apito Dourado e já está resolvido, pá.
Eu juro que ele me está a mentir. No Brasil? Ainda se isso fosse na Alemanha, vá lá, vá lá.
- E na Alemanha, pá?
Caiu-me o queixo no chão. O Malaquias, além de saber tudo de bola, ainda sabe ler pensamentos.
- O que é houve na Alemanha? Perguntei eu, na minha ingénua ignorância sobre futebol.
- Na Alemanha, o mesmo, pá. Foram de cana, pagaram multas, foram expulso da arbitragem, pá. Foda-se pá, andas a leste ou quê? Ou só vês telenovelas?
Rebentei. Eu não só não gosto de telenovelas, mas também não sou tão desinformado assim. Falei-lhe num artigo do Miguel Sousa Tavares que me tinha chegado por e-mail, em que ele se regozijava pelo facto de o Apito Dourado estar a ser arquivado. Falava num tal Pinto da Costa e num tal Valentim, que não imagino quem sejam, mas ao que parece, o Sousa Tavares gosta muita muito e por isso estava tão contente.
- Não me fodas pá!, Tu não me fodas com o esse gajo, pá. Olha que eu perco a calma. Tu não vês que esse gajo manda às urtigas tudo o que é ética, quando lhe tocam nos padrinhos? – Eu estava cada vez mais estupefacto – esse gajo se não fosse filho de quem foi, pá, esse gajo nem advogado, nem escritor, nem merda nenhuma. Quanto muito era um caçador de perdizes. Tu não me fodas com esse gajo.
Tenho aqui eu fazer um parêntesis para vos dizer que me senti acabrunhado. À nossa volta já se tinha juntado um magote de malta, uns conhecidos, outros não. Havia até apostas de que o Malaquias me iria às trombas se eu voltasse a falar do Miguel Sousa Tavares. Eu tentei acalmei as coisas.
- Nisso tens razão, Malacas, parece que esse gajo, usando a expressão dele, mas que parecia nova para o Malaquias...
- Gajo! Dizes bem pá, pior que gajo, pá, - interrompeu-me. E vais ver um dia deste ele a defender que o caso em Itália tem de ir ao até ao fim., pá. Até envolve o Micoli e tudo!
- Chamei o Aguiar e pedi a conta. Olha o Micoli também metido nisto. Quem será o tal Micoli? – levantei-me e disse-lhe que amanhã não ía fazer joging ao Parque da Paz.
- E não te esqueças disto que te vou dizer, pá. Em Itália só começou agora e vai ser mais rápido que o Apito Dourado!
Eu, é que saí rápido. Estas merdas da bola não me interessam nada. Mas mesmo assim vim pelo caminho a pensar quem seriam os Anjos e os Demónios nesta conversa. Meia hora da minha vida dedicada à bola. Foda-se! Meia hora! Muitos segundos tem meia-hora!
- Tenho uns amigos muito chatos, disse eu em tom de desabafo, enquanto olhava para a borra no fundo da chávena de café.
O Malaquias que estava embrenhado a ler “Anjos e Demónios” – mais uma vítima da publicidade – pensei eu, que não sou fã de Dan Brown, nem levantou os olhos, mas interrogou-me:
- Chatos porquê?
- Só falam de bola, pá!
O Malaquias deve ter acabado de ler a frase ou o paragrafo, colocou o marcador, fechou o livro, levantou a cabeça e,
- Isso interessa-me, pá!
- Olha outro… de repente deu-me um arrependimento por ter levantado a lebre. Primeiro porque tinha a certeza que ele iria pedir-me para clarificar e a última coisa que me apetecia era falar de bola. Segundo, porque tinha de aturar um “pá” em cada duas palavras. Juro que só por vergonha é que ainda tomo café com o Malaquias. Toca-me à campainha todos os sábados de manhãs, “Então Pré, vamos ao Aguiar?”. De vez em quando arranjo uma desculpa, mas como não posso evitar sempre, lá acedo. Se não trás um livro “da moda” na mão, chega à mesa, procura ávido e ansioso ou o Correio ou 24 Horas e passa amanhã toda “é pá, já leste esta, pá?, o gajo matou a própria mãe, pá, um tiros nos cornos, pá, é o que estes gajos merecem, pá, se fosse na América ias ver, pá”. Eu já finjo que nem oiço, normalmente tento dar uma volta ao texto e lá vem o gajo, “caralho, ao fim destes anos todos ainda és comuna, pá?, qual integração social, qual merda, isto vai lá é com a pena de morte”. Finjo que não o oiço.
- Desembucha, pá, o que é que esses gajos te andam a chatear a cabeça com bola, pá?
- Coisas, sem importância, Malacas (que é como eu o trato), de novo a treta de um tal Apito Dourado, digo eu para ver se arrepio caminho e se ele volta ao Dan Brown.
- Sem importância, pá? Sem importância, insistiu, e eu cada vez mais arrependido de ter feito o comentário.
- Deixa lá, Malacas, estás a gostar do livro? – tentei disfarçar.
- Caga no livro, pá – riposta-me o Malaquias, como se fosse eu que não tivesse levantado os olhos do livro durante os quase 15 minutos, desde que entrou no café. – Os gajos têm muita razão, pá, lembras-te do caso da corrupção na arbitragem no Brasil?
- Lembro-me mais ou menos, mas o que é que isso vem para o caso.
- Isso foi descoberto muito tempo depois do Apito Dourado e já está resolvido, pá.
Eu juro que ele me está a mentir. No Brasil? Ainda se isso fosse na Alemanha, vá lá, vá lá.
- E na Alemanha, pá?
Caiu-me o queixo no chão. O Malaquias, além de saber tudo de bola, ainda sabe ler pensamentos.
- O que é houve na Alemanha? Perguntei eu, na minha ingénua ignorância sobre futebol.
- Na Alemanha, o mesmo, pá. Foram de cana, pagaram multas, foram expulso da arbitragem, pá. Foda-se pá, andas a leste ou quê? Ou só vês telenovelas?
Rebentei. Eu não só não gosto de telenovelas, mas também não sou tão desinformado assim. Falei-lhe num artigo do Miguel Sousa Tavares que me tinha chegado por e-mail, em que ele se regozijava pelo facto de o Apito Dourado estar a ser arquivado. Falava num tal Pinto da Costa e num tal Valentim, que não imagino quem sejam, mas ao que parece, o Sousa Tavares gosta muita muito e por isso estava tão contente.
- Não me fodas pá!, Tu não me fodas com o esse gajo, pá. Olha que eu perco a calma. Tu não vês que esse gajo manda às urtigas tudo o que é ética, quando lhe tocam nos padrinhos? – Eu estava cada vez mais estupefacto – esse gajo se não fosse filho de quem foi, pá, esse gajo nem advogado, nem escritor, nem merda nenhuma. Quanto muito era um caçador de perdizes. Tu não me fodas com esse gajo.
Tenho aqui eu fazer um parêntesis para vos dizer que me senti acabrunhado. À nossa volta já se tinha juntado um magote de malta, uns conhecidos, outros não. Havia até apostas de que o Malaquias me iria às trombas se eu voltasse a falar do Miguel Sousa Tavares. Eu tentei acalmei as coisas.
- Nisso tens razão, Malacas, parece que esse gajo, usando a expressão dele, mas que parecia nova para o Malaquias...
- Gajo! Dizes bem pá, pior que gajo, pá, - interrompeu-me. E vais ver um dia deste ele a defender que o caso em Itália tem de ir ao até ao fim., pá. Até envolve o Micoli e tudo!
- Chamei o Aguiar e pedi a conta. Olha o Micoli também metido nisto. Quem será o tal Micoli? – levantei-me e disse-lhe que amanhã não ía fazer joging ao Parque da Paz.
- E não te esqueças disto que te vou dizer, pá. Em Itália só começou agora e vai ser mais rápido que o Apito Dourado!
Eu, é que saí rápido. Estas merdas da bola não me interessam nada. Mas mesmo assim vim pelo caminho a pensar quem seriam os Anjos e os Demónios nesta conversa. Meia hora da minha vida dedicada à bola. Foda-se! Meia hora! Muitos segundos tem meia-hora!
terça-feira, maio 02, 2006
964. Atentado
Não foi nem no Iraque nem no Afeganistão. Também não foi no Sudão nem no Egipto. Parece que desta vez a Al-Qaeda não esteve envolvida. Pelo menos não houve nenhum comunicado lido ou gravado que tenha sido transmitido pela Al-Jazhira. No entanto resultaram 15 mortos e algumas dezenas de feridos. Aconteceu nas estradas portuguesas neste fim de semana. Não foi reinvidicado.
Não foi nem no Iraque nem no Afeganistão. Também não foi no Sudão nem no Egipto. Parece que desta vez a Al-Qaeda não esteve envolvida. Pelo menos não houve nenhum comunicado lido ou gravado que tenha sido transmitido pela Al-Jazhira. No entanto resultaram 15 mortos e algumas dezenas de feridos. Aconteceu nas estradas portuguesas neste fim de semana. Não foi reinvidicado.
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