quarta-feira, julho 02, 2008


1220. Próximos do zero absoluto

Se calhar é desígnio nacional e eu nunca dei conta disso. Vale e Azevedo goza uma condenação de luxo. Condenado a comer em bons restaurantes de clubs ingleses e a viajar de Bentley, brinca com a nossa justiça como só o Padre Frederico o soube fazer. Entretanto, alguns arguidos do caso Apito Dourado foram agora “despronunciados”. Não é que não sejam corruptos, não, a justiça não se atreveu a dizer tanto. O que não vale mesmos são as escutas, entendem? É ilegal caçar corruptos pelo telefone. Mas também não vale rir. Há pior que isso. Quem é da minha idade ou mais velho lembra-se, com certeza, de uma novela que era romanceada diariamente nos jornais sobre um tal “caso da herança Sommer”, que ocorreu antes do 25 de Abril de 1974. Mas há um romance parecido, não no conteúdo mas na eficiência da justiça. Chama-se “Caso Casa Pia”. Pela estatística (como diria um comentador desportivo da TVI) vai dar em zero. Ou seja nada. Se eu fosse da bwin.com abria já uma fileira de apostas. Já agora, porque foi notícia hoje (quer dizer ontem, já passa da meia noite) o caso da Maddie. Parece ser outro zero. Então que se arquive. Os zeros não servem para nada. E quem é que já está dentro por causa da Furacão? Ninguém? Zero? Estamos quase a atingir o zero absoluto.

PS. Ainda estou a ouvir (eu oiço à distância) as empolgadas afirmações de bastonários, presidentes de altos organismos, comentadores de grande gabarito a dizerem aqui há uma mãozinha de anos atrás “a partir de agora podem os portugueses ficar descansados porque a justiça também já atinge os poderosos”. Importam-se de repetir posso eu não ter apanhado bem alguma palavra?

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