A publicação no youtube das escutas telefónicas a Pinto da Costa e à sua entourage e a publicação no semanário Sol das escutas telefónicas no processo de aquisição da TVI pela PT e não só, parecem constituir uma violação ao Direito e à liberdade individual porque, se no primeiro caso o segredo de justiça não estava em causa, mas sim outros valores da liberdade, no segundo é a justiça que fica em cheque, não só pela violação do segredo, mas também pela desconfiança que isso causa sobre os próprios promotores e aplicadores dessa mesma justiça. É portanto uma imoralidade que merece ser denunciada e que merece ser investigada, quiçá, mesmo, condenada.
Comparar as escutas telefónicas que se fazem em Regime Democrático como meio de aquisição de elementos e eventualmente de provas nos processo policiais/judicias no combate ao crime, seja ele o de colarinho branco seja o de viciação de resultados desportivos, com as escutas feitas pelas polícias políticas dos regimes totalitários, nomeadamente da PIDE ao serviço dos regimes fascistas de Salazar e Caetano no combate aos seus opositores políticos confere-me, a meu ver, a liberdade de achar quem o faz de ter sido acometido de uma estranha cegueira que provavelmente terá tratamento mais fácil em certos hospitais psiquiátricos do que em oftalmologistas de renome internacional. E há por aí, alguns jornalistas e opinistas que o fazem com o maior despudor.
O que me parece também é que, provavelmente, muito maior do que a imoralidade (ou ilegalidade) que se comete ao divulgar tais escutas são as próprias conversas em si mesmo. Ficarmos a saber de viva voz, ou por transcrição das mesmas que tudo aquilo se passou e que os protagonistas disseram mesmo aquilo que depois disseram que não disseram e que, com isso, tenho “abatotado” os resultados finais, sejam eles desportivos ou políticos, não é ilegal. Ilegal não é efectivamente sabermo-lo, mas sim o que foi feito. E se a justiça não o considera ilegal, no mínimo todos consideramos imoral. Não é por não valer, juridicamente a gravação da conversas de Pinto da Costa a encomendar aos árbitros que ele os deixou de encomendar. Está gravado e está escrito. Essa é que é essa!
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