911. O coiso do apito
Às vezes, quando a paciência está em stand-by, vejo na televisão aqueles coisos de opinião sobre futebol. Normalmente um coiso qualquer entrevista outros coisos que são “representantes” dos três principais emblemas do país. Quando acabo de ver um desses programas teço os mais desbragados elogios à minha pachorra e fico com a sensação que ela, a paciência, era digna de receber a ordem do infante. Mas adiante que estas ordens são para outros coisos. Nesses programas um coiso de um clube consegue ver um empurrão que ninguém vê a um jogador da sua cor e não vê um empurrão tão ou mais flagrante ao avançado-coiso da cor adversária. O coiso da outra cor vê um penalty sobre o ponta-de-coisa da sua cor, mas não consegue ver um penalty igual ou semelhante sobre um centro-qualquer-coisa da equipa rival e por aí fora. E depois, como se fossemos todos uns coisinhos concluem que é por essas e por outras que ser árbitro é muito difícil.
O tanas! digo eu que sou apenas um coiso qualquer nestas análises futebolesas. Difícil é ser médico, é ser engenheiro, é ser matemático. Onde têm de se conhecer leis, fórmulas, saber fazer cálculos, conhecer as entranhas da gente. Difícil é ser servente de pedreiro, carregar a ombros baldes de cimento e pilhas de tijolos. Difícil é ser muita coisa, mas não é com certeza ser coiso do apito. Estes coisos têm de aprender apenas 17 leis, leram bem, 17. Nem mais uma, nem mais outra. E têm de manter uma condição física necessária para acompanhar as jogadas. Mas isso é treino, não é conhecimento. Difícil pode ser ter de ser professor de educação física e ministrar um treino adequado a cada um destes coisos. Mas ser o tal coiso do apito é muito fácil. O que lhes falta é capacidade para aprenderem ou aplicarem 17 leis. 17. Nem mais uma, nem mais outra.
PS. Destas 17 leis, a lei 1 é sobre as dimensões do campo. O árbitro limita-se a certificar-se (não sei se efectivamente o faz) que as dimensões estão dentro dos limites mínimos. Nunca vi nenhum árbitro fazer essa conferência. A lei 2 é sobre a bola. O árbitro apenas se certifica se a bola de jogo, a inicial pois nunca vi o árbitro certificar todas as bolas que entram em jogo, se tem o carimbo de aprovada pela FIFA. Nunca os vi certificarem se cada uma das bolas está entre os 410g e os 450g definido na lei ou se têm os 17 cms de diâmetro. Também nunca os vi medir a pressão obrigatória. A lei 5 é sobre eles próprios ou seja apenas uma descrição de funções e a lei 6 sobre os árbitros assistentes, idem, idem, aspas, aspas. Na verdade durante um jogo, o árbitro apenas tem de tomar atenção a 13 regras básicas. E mesmo nestas todas as semanas cometem dos mais estúpidos erros, alguns dos quais a raiar o hilariante. É assim tão difícil?
terça-feira, janeiro 31, 2006
segunda-feira, janeiro 30, 2006
910. As intermitências do cálculo
Fará no próximo mês de Março 25 anos que sofro com cálculos renais (coitadinho, diria a minha mãe se me ouvisse relembrar o facto). A primeira cólica tive-a, seriam umas cinco da manhã, numa época em que ainda não havia telemóveis e em que os TLP ainda não me tinham instalado a linha telefónica em casa, o que fez com que a Maria, com uma barriga de 7 meses, fosse à cabine telefónica mais próxima, para cima de 500 metros de distância (coitadinha, repetiria a minha mãe se me ouvisse recontar a história), para pedir ajuda. Na época, o meu pai (coitadinho, digo eu) lá se levantou do calor do leito conjugal para me levar, na matinal geada, de charola para o hospital. Este procedimento repetiu-se 3 vezes no mesmo dia (pelo que os coitadinhos aqui se repetem também no mesmo factor multiplicativo). São dores horríveis, dizem que piores do que as de parto. Isso eu não posso aferir, mas dizem-no as que já pariram (devias parir também, diz-me aqui ao lado a minha doce Maria, só para teres mais tento na linguagem). Têm sido 25 anos de idas e vindas às urgências, às quais poderíamos muito bem, não fosse alguém achar que era plágio, chamar as intermitências do cálculo. Ultimamente deu-me para expulsá-los na função dolorosa, mas não menos necessária, que é mijar enquanto se tem a uretra apertadinha e dilacerada por cortantes cristais. Este é também um estado que transforma o próprio orgasmo num momento de prazer masoquista. Na verdade gosto de expulsá-los por esta via (haverá outras, podereis perguntar assim como quem não está a ver a coisa), havendo realmente outras, entre as quais a operação, mas se a minha mãe – como todas as mães, sofredora com o mal dos filhos – me chama coitadinho cada vez que sabe das dores que sofro a expulsar um cálculo, imaginem como ficaria sabendo-me numa mesa de operações. Mas, dizia eu, gosto de expulsá-los assim. Lembra-me sempre o palhaço quando lhe perguntaram se sentia prazer quando para fazer rir os putos levava uma série de tabefes durante a actuação. Obviamente que a pergunta é estúpida, mas o palhaço é educado e responde que o prazer está no alívio que sente quando deixa de ser esbofeteado. O alívio que se sente depois de expulsar um cálculo é inenarrável.
Durante as espasmódicas crises ou já sedado pelos Nolotil, Voltaren e Buscopans, levamos na cabeça de todos os lados, dos sábios médicos de que eu deveria fazer isto e aquilo, não comer aquilo e aqueloutro, beber daqui e não dali, etcætera, etcætera, levamos da mulher, por mais doce que ela seja e da mãe, mesmo da mais carinhosa do mundo.
O PreDatado teve uma crise bloguística, levou na cabeça daqui e dacolá, palavras sábias e outras carinhosas, algumas doces também. Agora, sente-se bem por ter expelido este cálculo. Esperem lá, também não se trata de um orgasmo. Mas deu-me prazer.
Fará no próximo mês de Março 25 anos que sofro com cálculos renais (coitadinho, diria a minha mãe se me ouvisse relembrar o facto). A primeira cólica tive-a, seriam umas cinco da manhã, numa época em que ainda não havia telemóveis e em que os TLP ainda não me tinham instalado a linha telefónica em casa, o que fez com que a Maria, com uma barriga de 7 meses, fosse à cabine telefónica mais próxima, para cima de 500 metros de distância (coitadinha, repetiria a minha mãe se me ouvisse recontar a história), para pedir ajuda. Na época, o meu pai (coitadinho, digo eu) lá se levantou do calor do leito conjugal para me levar, na matinal geada, de charola para o hospital. Este procedimento repetiu-se 3 vezes no mesmo dia (pelo que os coitadinhos aqui se repetem também no mesmo factor multiplicativo). São dores horríveis, dizem que piores do que as de parto. Isso eu não posso aferir, mas dizem-no as que já pariram (devias parir também, diz-me aqui ao lado a minha doce Maria, só para teres mais tento na linguagem). Têm sido 25 anos de idas e vindas às urgências, às quais poderíamos muito bem, não fosse alguém achar que era plágio, chamar as intermitências do cálculo. Ultimamente deu-me para expulsá-los na função dolorosa, mas não menos necessária, que é mijar enquanto se tem a uretra apertadinha e dilacerada por cortantes cristais. Este é também um estado que transforma o próprio orgasmo num momento de prazer masoquista. Na verdade gosto de expulsá-los por esta via (haverá outras, podereis perguntar assim como quem não está a ver a coisa), havendo realmente outras, entre as quais a operação, mas se a minha mãe – como todas as mães, sofredora com o mal dos filhos – me chama coitadinho cada vez que sabe das dores que sofro a expulsar um cálculo, imaginem como ficaria sabendo-me numa mesa de operações. Mas, dizia eu, gosto de expulsá-los assim. Lembra-me sempre o palhaço quando lhe perguntaram se sentia prazer quando para fazer rir os putos levava uma série de tabefes durante a actuação. Obviamente que a pergunta é estúpida, mas o palhaço é educado e responde que o prazer está no alívio que sente quando deixa de ser esbofeteado. O alívio que se sente depois de expulsar um cálculo é inenarrável.
Durante as espasmódicas crises ou já sedado pelos Nolotil, Voltaren e Buscopans, levamos na cabeça de todos os lados, dos sábios médicos de que eu deveria fazer isto e aquilo, não comer aquilo e aqueloutro, beber daqui e não dali, etcætera, etcætera, levamos da mulher, por mais doce que ela seja e da mãe, mesmo da mais carinhosa do mundo.
O PreDatado teve uma crise bloguística, levou na cabeça daqui e dacolá, palavras sábias e outras carinhosas, algumas doces também. Agora, sente-se bem por ter expelido este cálculo. Esperem lá, também não se trata de um orgasmo. Mas deu-me prazer.
quarta-feira, janeiro 25, 2006
909. Ponto Final
O meu blog não é o meu diário; (o meu diário é uma coisa íntima, não partilhável raramente passado a letra de forma)
O meu blog não é um órgão de comunicação social; (não tenho qualquer formação jornalística, não uso um livro de estilo, não faço reportagem, nem investigação, não publico notícias em primeira mão)
O meu blog não é um espaço de debate; (não trago à liça temas debatíveis, não tenho pretensões de moderador, não interpreto a fundo as grandes questões nacionais e internacionais)
O meu blog não é um espaço de divulgação; (não apresenta ideias novas, não rebusca nas ideias dos outros nada de interessante para distribuir)
O meu blog não é um espaço de arte; (não cria nada de novo pois não sou músico, actor, escritor, pintor, escultor, bailarino…)
O meu blog não é uma tribuna desportiva (tirando a minha indefectível paixão benfiquista, não trago penaltis nem foras de jogo para serem discutidos)
O meu blog não é um quadro preto (não formula postulados químicos, não demonstra teoremas, não ensina gramática, nem desenha parábolas)
O meu blog não é um espaço de entretenimento (não tem música, não tem jogos, não tem sexo, não tem anedotas)
O meu blog não é o meu umbigo (não olho para ele de baixo para cima, nem o vejo quando vou ao espelho).
Ter um blog pressupõe que ele seja algo do que acima referi e talvez muito mais. E quando isso acontece, um blog passa de propriedade privada a entidade pública, ou melhor dizendo, a entidade de interesse público. Passa a ser lido, passa a ser referido, passa até a ser interactivo. Um blog que, ao fim de quase 2 anos e 3 meses, não ultrapassa uma média de 50 visitas diárias, as quais talvez apenas correspondam a trinta leitores efectivos, pois muitas resultam de pesquisas falhadas é um blog que não faz sentido existir. Às pessoas a quem vou retirar um clique nas suas rotinas diárias, peço desculpa por nunca lhes ter acrescentado valor ao seu conhecimento. O PreDatado termina hoje.
O meu blog não é o meu diário; (o meu diário é uma coisa íntima, não partilhável raramente passado a letra de forma)
O meu blog não é um órgão de comunicação social; (não tenho qualquer formação jornalística, não uso um livro de estilo, não faço reportagem, nem investigação, não publico notícias em primeira mão)
O meu blog não é um espaço de debate; (não trago à liça temas debatíveis, não tenho pretensões de moderador, não interpreto a fundo as grandes questões nacionais e internacionais)
O meu blog não é um espaço de divulgação; (não apresenta ideias novas, não rebusca nas ideias dos outros nada de interessante para distribuir)
O meu blog não é um espaço de arte; (não cria nada de novo pois não sou músico, actor, escritor, pintor, escultor, bailarino…)
O meu blog não é uma tribuna desportiva (tirando a minha indefectível paixão benfiquista, não trago penaltis nem foras de jogo para serem discutidos)
O meu blog não é um quadro preto (não formula postulados químicos, não demonstra teoremas, não ensina gramática, nem desenha parábolas)
O meu blog não é um espaço de entretenimento (não tem música, não tem jogos, não tem sexo, não tem anedotas)
O meu blog não é o meu umbigo (não olho para ele de baixo para cima, nem o vejo quando vou ao espelho).
Ter um blog pressupõe que ele seja algo do que acima referi e talvez muito mais. E quando isso acontece, um blog passa de propriedade privada a entidade pública, ou melhor dizendo, a entidade de interesse público. Passa a ser lido, passa a ser referido, passa até a ser interactivo. Um blog que, ao fim de quase 2 anos e 3 meses, não ultrapassa uma média de 50 visitas diárias, as quais talvez apenas correspondam a trinta leitores efectivos, pois muitas resultam de pesquisas falhadas é um blog que não faz sentido existir. Às pessoas a quem vou retirar um clique nas suas rotinas diárias, peço desculpa por nunca lhes ter acrescentado valor ao seu conhecimento. O PreDatado termina hoje.
908. Assim tipu portuguex.
Élô
Ppl tá td fixe? oxe tenhu tado a ler 1s blogx aí da malta bué nova tipu ó kalhas taum a ver e ñ sei pq fikei un koxe baralhado, tôma passar tão a ver? sei ka micas tá xonada plo di, mas ku gaxo nem sabe, fixe foi kd ela se russou porele la na disko da kosta e fikou tão molhada ke teve de trokar o ózonia. Tb sei ppl esta nem dá praquerditar ku stôr de fisika paxa ax aulax a cossar os tomates deve ser po kauxa deu me sentar na carteira kas pernas kruxadax. Achu ku gaxo tb ve us murangus. Ontem fui a casa du lukax pa ele minxinar akela 6ª de kimika kele já deu á bué no deximo e eu naum vexo 1 boi. Dps ele pediu pra ver a cor das minha cuecas naum xei pk k kontu isto eu katé nem levava kuekas o pior foi kas xeans eram apertadas e eu fikei taum korada, tão a ver ppl aquela sena tipo fazte difíssil ke tenho ponto amanhan i o keu kero msm é perceber a sena da kimika, u gaxo fikou fddu mas tem pose i ensinome a axertar as formulax e já prometi kamanha vou lá mostrar lhu enunciadu e tou a pensar levar kuekas só pa ele ver a kor. Ké kaxam pexoal? Peraí ke tou a baralhar esta md td a mikas naum é a mesma das kuekas é akela da kosta ke fikou molhada, mas xeu dexcubrir de novu o blog dela eu dps paxo aki pa kontar o resto. E tb pa dixer kual a kor das kuekas da outra. ok?
Élô
Ppl tá td fixe? oxe tenhu tado a ler 1s blogx aí da malta bué nova tipu ó kalhas taum a ver e ñ sei pq fikei un koxe baralhado, tôma passar tão a ver? sei ka micas tá xonada plo di, mas ku gaxo nem sabe, fixe foi kd ela se russou porele la na disko da kosta e fikou tão molhada ke teve de trokar o ózonia. Tb sei ppl esta nem dá praquerditar ku stôr de fisika paxa ax aulax a cossar os tomates deve ser po kauxa deu me sentar na carteira kas pernas kruxadax. Achu ku gaxo tb ve us murangus. Ontem fui a casa du lukax pa ele minxinar akela 6ª de kimika kele já deu á bué no deximo e eu naum vexo 1 boi. Dps ele pediu pra ver a cor das minha cuecas naum xei pk k kontu isto eu katé nem levava kuekas o pior foi kas xeans eram apertadas e eu fikei taum korada, tão a ver ppl aquela sena tipo fazte difíssil ke tenho ponto amanhan i o keu kero msm é perceber a sena da kimika, u gaxo fikou fddu mas tem pose i ensinome a axertar as formulax e já prometi kamanha vou lá mostrar lhu enunciadu e tou a pensar levar kuekas só pa ele ver a kor. Ké kaxam pexoal? Peraí ke tou a baralhar esta md td a mikas naum é a mesma das kuekas é akela da kosta ke fikou molhada, mas xeu dexcubrir de novu o blog dela eu dps paxo aki pa kontar o resto. E tb pa dixer kual a kor das kuekas da outra. ok?
terça-feira, janeiro 24, 2006
907. Cuidado com as palavras
Apesar de ter falado pouco, do que aliás sempre foi acusado por outros candidatos, o presidente eleito no passado domingo sempre foi dizendo algumas coisas. E dos seus silêncios ou das suas considerações conseguiu obter uma maioria de votos que lhe permitiu atingir o topo da hierarquia cá do burgo. Não sabemos se a partir de Março, quando o presidente eleito passar a presidente de facto, vai ou não gorar as expectativas dos que nele votaram.
Transpondo aqui para o espaço onde escrevo, não será pelas minhas omissões, mas sim por aquilo que digito, que de vez em quando estou a gorar as expectativas de quem me visita. No entanto, se ainda não escrevi o suficiente (ou melhor dizendo, não escrevi nada de suficientemente interessante), para que, se pelo menos nunca ter atingido o top, nem tão pouco ter obtido nenhum daqueles óscares natalícios que os outros blogs distribuem todos os anos, poder estar numa posição competitiva, a verdade é que com o pouco que digo (escrevo) de vez em quando alguém, mesmo em surdina, está a jura-me pela pele. Qualquer dia proporão a minha demissão da blogosfera por incumprimento de promessas.
E a que propósito vem toda esta introdução?, podereis vós, amigas leitoras e amigos leitores, questionar-vos depois de pacientemente terdes lido os dois parágrafos supra elaborados. É aqui que a porca torce o rabo, provérbio este, que me fazia muita confusão em criança, já que normalmente era dito sem nenhuma porca presente. Ou então o busílis da questão. Não fazia a mínima ideia do que seria o busílis a mais que a palavra mais parecida que eu conhecia, à época era búzio e nem tão pouco bílis já que com os meus seis anos de idade ainda não me tinha embrenhado pelas ciências da natureza.
Postas que foram algumas inofensivas palavras, deverei agora, retroceder, se eu fosse mais moderno diria, talvez, fazer um rewind, para me posicionar no enquadramento da verdadeira questão. E a questão não é nem mais nem menos do que a devida utilização de palavras por mais inofensivas que sejam ou pareçam. Vejamos alguns exemplos, suponhamos que eu escrevo a palavra fotos. Que mal é que isso tem? Suponhamos também que eu escrevo a palavra msn, hoje a sigla de um dos programas de conversação tu-cá-tu-lá mais conhecidos da Internet. Ou se por acaso me dá na cabeça e escrevo a palavra gajas. Claro que gajas é calão e um blog como este, escrito por uma pessoa séria deveria escrever mulheres, moças, meninas, raparigas, miúdas, garotas, fêmeas, enfim, deveria escusar-se a escreve gajas, mas se escreveu, escreveu e pronto. E se por um abuso de linguagem escrevo putas em vez de prostitutas ou de meretrizes, em vez de dizer, aquelas que por desventuras da vida aderiram à mais velha profissão do mundo ou usando o eufemismo que ouvia em garoto (sempre as minhas recordações de infância), me referisse às ditas como se se portassem mal, também não me parece que daí nenhum mal viria ao mundo. Claro que nuas, se escreve para algo que, na sua conjugação no plural feminino se refere a quem ou ao que se apresenta despido. As ruas podem apresentar-se despidas de gente ou de carros, as flores despidas de suas pétalas, mas nuas são nuas e despidas são nuas. As figuras de estilo não são mais nobres que os sinónimos e devem ser usadas no devido contexto. Já pretas poderá ser evitado quando me refiro à cor da pele de algumas africanas, ou afro-americanas ou suas descendentes, substituindo por um termo mais, digamos, politicamente correcto como por exemplo negras, mas não poderei evitar se estiver a falar do último par de meias que comprei. E aqui chego ao fim destas considerações sobre palavras. Quem não terminou ainda por aqui, foi o Google. Não é que este travesti de pila (pica como dizem os brasileiros) mole – vai-me sair cara a expressão – baralha tudo e volta a dar? E é por isso, que putas pretas, msn de putas, fotos de gajas nuas, já para não falar de peidos com som, de sapos a beijarem-se, posições do camassutra, de sexo anal, de receita de bifinhos com natas e até de como escrever uma carta ao Nuno Gomes, conduz alguns navegantes á leitura do meu blog, de onde saem obviamente com as expectativas frustradas.
É por estas e por outras que cada vez mais primo pelo silêncio. Um dia hei-de ser o presidente de todos os bloggers.
Apesar de ter falado pouco, do que aliás sempre foi acusado por outros candidatos, o presidente eleito no passado domingo sempre foi dizendo algumas coisas. E dos seus silêncios ou das suas considerações conseguiu obter uma maioria de votos que lhe permitiu atingir o topo da hierarquia cá do burgo. Não sabemos se a partir de Março, quando o presidente eleito passar a presidente de facto, vai ou não gorar as expectativas dos que nele votaram.
Transpondo aqui para o espaço onde escrevo, não será pelas minhas omissões, mas sim por aquilo que digito, que de vez em quando estou a gorar as expectativas de quem me visita. No entanto, se ainda não escrevi o suficiente (ou melhor dizendo, não escrevi nada de suficientemente interessante), para que, se pelo menos nunca ter atingido o top, nem tão pouco ter obtido nenhum daqueles óscares natalícios que os outros blogs distribuem todos os anos, poder estar numa posição competitiva, a verdade é que com o pouco que digo (escrevo) de vez em quando alguém, mesmo em surdina, está a jura-me pela pele. Qualquer dia proporão a minha demissão da blogosfera por incumprimento de promessas.
E a que propósito vem toda esta introdução?, podereis vós, amigas leitoras e amigos leitores, questionar-vos depois de pacientemente terdes lido os dois parágrafos supra elaborados. É aqui que a porca torce o rabo, provérbio este, que me fazia muita confusão em criança, já que normalmente era dito sem nenhuma porca presente. Ou então o busílis da questão. Não fazia a mínima ideia do que seria o busílis a mais que a palavra mais parecida que eu conhecia, à época era búzio e nem tão pouco bílis já que com os meus seis anos de idade ainda não me tinha embrenhado pelas ciências da natureza.
Postas que foram algumas inofensivas palavras, deverei agora, retroceder, se eu fosse mais moderno diria, talvez, fazer um rewind, para me posicionar no enquadramento da verdadeira questão. E a questão não é nem mais nem menos do que a devida utilização de palavras por mais inofensivas que sejam ou pareçam. Vejamos alguns exemplos, suponhamos que eu escrevo a palavra fotos. Que mal é que isso tem? Suponhamos também que eu escrevo a palavra msn, hoje a sigla de um dos programas de conversação tu-cá-tu-lá mais conhecidos da Internet. Ou se por acaso me dá na cabeça e escrevo a palavra gajas. Claro que gajas é calão e um blog como este, escrito por uma pessoa séria deveria escrever mulheres, moças, meninas, raparigas, miúdas, garotas, fêmeas, enfim, deveria escusar-se a escreve gajas, mas se escreveu, escreveu e pronto. E se por um abuso de linguagem escrevo putas em vez de prostitutas ou de meretrizes, em vez de dizer, aquelas que por desventuras da vida aderiram à mais velha profissão do mundo ou usando o eufemismo que ouvia em garoto (sempre as minhas recordações de infância), me referisse às ditas como se se portassem mal, também não me parece que daí nenhum mal viria ao mundo. Claro que nuas, se escreve para algo que, na sua conjugação no plural feminino se refere a quem ou ao que se apresenta despido. As ruas podem apresentar-se despidas de gente ou de carros, as flores despidas de suas pétalas, mas nuas são nuas e despidas são nuas. As figuras de estilo não são mais nobres que os sinónimos e devem ser usadas no devido contexto. Já pretas poderá ser evitado quando me refiro à cor da pele de algumas africanas, ou afro-americanas ou suas descendentes, substituindo por um termo mais, digamos, politicamente correcto como por exemplo negras, mas não poderei evitar se estiver a falar do último par de meias que comprei. E aqui chego ao fim destas considerações sobre palavras. Quem não terminou ainda por aqui, foi o Google. Não é que este travesti de pila (pica como dizem os brasileiros) mole – vai-me sair cara a expressão – baralha tudo e volta a dar? E é por isso, que putas pretas, msn de putas, fotos de gajas nuas, já para não falar de peidos com som, de sapos a beijarem-se, posições do camassutra, de sexo anal, de receita de bifinhos com natas e até de como escrever uma carta ao Nuno Gomes, conduz alguns navegantes á leitura do meu blog, de onde saem obviamente com as expectativas frustradas.
É por estas e por outras que cada vez mais primo pelo silêncio. Um dia hei-de ser o presidente de todos os bloggers.
domingo, janeiro 22, 2006
sexta-feira, janeiro 20, 2006
905. Amoras
Às vezes falta-me o motivo, outras a inspiração. Há dias em que sou atacado pela preguiça e outras pela não pachorra. Mas quando, nas minhas blogóricas leituras encontro uma foto como a que se junta e que roubei descaradamente deste blog que, apesar de “postada” quase anonimamente, não me custa identificar quem dos co-autores do ante-et-post a colocou lá, vem-me sempre uma recordação, uma vontade de dizer qualquer coisa. Era puto teria os meus 10 anos, adorava ir às amoras. Silvestres, claro. O que me faltava em altura e em técnica para subir valados sobrava-me em arranhões. Não sei o que o impressionou mais, se chegar a casa feito um Cristo e apenas ter comido meia dúzia de amoras empoeiradas, se o consumo exagerado de mercurocromo e tintura de iodo, a verdade é que o meu pai combinou comigo e com o meu irmão ir-mos num tal fim de semana às amoras. A ponta de uma cana rachada ao meio, com um pequeno travessão que caía a cada investida nos ramos mais altos, um torção da cana e um puxão e ei-las, lindas negras, limpas, brilhantes, doces, deliciosas, colhe mais, que bom. Foi uma das maiores diarreias da minha vida. Mas ainda tenho saudades dos valados hoje transformados em prédios.
Às vezes falta-me o motivo, outras a inspiração. Há dias em que sou atacado pela preguiça e outras pela não pachorra. Mas quando, nas minhas blogóricas leituras encontro uma foto como a que se junta e que roubei descaradamente deste blog que, apesar de “postada” quase anonimamente, não me custa identificar quem dos co-autores do ante-et-post a colocou lá, vem-me sempre uma recordação, uma vontade de dizer qualquer coisa. Era puto teria os meus 10 anos, adorava ir às amoras. Silvestres, claro. O que me faltava em altura e em técnica para subir valados sobrava-me em arranhões. Não sei o que o impressionou mais, se chegar a casa feito um Cristo e apenas ter comido meia dúzia de amoras empoeiradas, se o consumo exagerado de mercurocromo e tintura de iodo, a verdade é que o meu pai combinou comigo e com o meu irmão ir-mos num tal fim de semana às amoras. A ponta de uma cana rachada ao meio, com um pequeno travessão que caía a cada investida nos ramos mais altos, um torção da cana e um puxão e ei-las, lindas negras, limpas, brilhantes, doces, deliciosas, colhe mais, que bom. Foi uma das maiores diarreias da minha vida. Mas ainda tenho saudades dos valados hoje transformados em prédios.
904. Filosofia em pacotes de três cêntimos
Ladeando, cada um na sua parte da mesa, a gravata do entrevistador, os velhos filósofos, velhos mas reputados e respeitados, um na defesa optimista das suas teorias e outro, como não podia deixar de ser, pessimista ao ponto de ver sempre uma garrafa meia vazia quando outro defendia que ainda estava meia cheia, ou então se assim não fosse não seriam precisos debates destes, em frente das câmaras e em pleno prime time do canal de serviço público (e é para isto que servem os canais de serviço público, sejamos claros) ouviram a sacramental pergunta, E agora?, esta sim capaz de arrebatar as mais recônditas paixões.
Ainda bem que me faz essa pergunta, diria o filósofo optimista que aumentar os impostos não podia ser visto como um demónio da governação, até porque sem impostos não há governo que resista e quanto mais todos pagarem para todos mais solidária é a sociedade e se o governo quiser não tem mais que alarmar ninguém com a falência da segurança social, Até lhe digo mais, a carga de impostos não é ainda suficiente, o problema é que não está bem distribuída e nem todos pagam, eu sei que se os ricos pagassem mais que não poderiam gastar tanto dinheiro em automóveis de luxo e de vez em quando teriam até que deixar o porsche na garagem, mas se a vida custa a uns tem de custar a todos, não é só fazer férias em resorts de luxo e spas no brasil ou nas seychelles, e os bancos também deveriam pagar mais, por isso é uma falsa questão esta discussão sobre o novo preço dos combustíveis que até nem se discute quando são as gasolineiras a aumentar argumentando que o barril está mais caro em chicago.
Em silêncio teria escutado toda a argumentação o filósofo pessimista, quiçá devido à já supra referida provecta idade, terá mesmo aproveitado para uma pequena soneca enquanto o colega de profissão, que não de ideias, deambulava entre impostos e ilhas paradisíacas, teria escutado, assim no condicional se o sono mais ou menos profundo o tivesse deixado escutar, Eu não acho nada bem este ultimo aumento, mas como é que depois de ter enchido o depósito do meu carro por mais um euro e oitenta cêntimos do que antes eu consigo ter disponibilidade financeira para entregar o boletim do Euromilhões. A interrogação ficou no ar, mas como o tempo para o debate estava a terminar ficou desde logo ali prometido pelo entrevistador de gravata às riscas, se não me engano da casa hermès, que em breve seriam de novo convidados para outras questões da actualidade.
Ladeando, cada um na sua parte da mesa, a gravata do entrevistador, os velhos filósofos, velhos mas reputados e respeitados, um na defesa optimista das suas teorias e outro, como não podia deixar de ser, pessimista ao ponto de ver sempre uma garrafa meia vazia quando outro defendia que ainda estava meia cheia, ou então se assim não fosse não seriam precisos debates destes, em frente das câmaras e em pleno prime time do canal de serviço público (e é para isto que servem os canais de serviço público, sejamos claros) ouviram a sacramental pergunta, E agora?, esta sim capaz de arrebatar as mais recônditas paixões.
Ainda bem que me faz essa pergunta, diria o filósofo optimista que aumentar os impostos não podia ser visto como um demónio da governação, até porque sem impostos não há governo que resista e quanto mais todos pagarem para todos mais solidária é a sociedade e se o governo quiser não tem mais que alarmar ninguém com a falência da segurança social, Até lhe digo mais, a carga de impostos não é ainda suficiente, o problema é que não está bem distribuída e nem todos pagam, eu sei que se os ricos pagassem mais que não poderiam gastar tanto dinheiro em automóveis de luxo e de vez em quando teriam até que deixar o porsche na garagem, mas se a vida custa a uns tem de custar a todos, não é só fazer férias em resorts de luxo e spas no brasil ou nas seychelles, e os bancos também deveriam pagar mais, por isso é uma falsa questão esta discussão sobre o novo preço dos combustíveis que até nem se discute quando são as gasolineiras a aumentar argumentando que o barril está mais caro em chicago.
Em silêncio teria escutado toda a argumentação o filósofo pessimista, quiçá devido à já supra referida provecta idade, terá mesmo aproveitado para uma pequena soneca enquanto o colega de profissão, que não de ideias, deambulava entre impostos e ilhas paradisíacas, teria escutado, assim no condicional se o sono mais ou menos profundo o tivesse deixado escutar, Eu não acho nada bem este ultimo aumento, mas como é que depois de ter enchido o depósito do meu carro por mais um euro e oitenta cêntimos do que antes eu consigo ter disponibilidade financeira para entregar o boletim do Euromilhões. A interrogação ficou no ar, mas como o tempo para o debate estava a terminar ficou desde logo ali prometido pelo entrevistador de gravata às riscas, se não me engano da casa hermès, que em breve seriam de novo convidados para outras questões da actualidade.
segunda-feira, janeiro 16, 2006
903. Definitivamente um país de Fé
Eu nem sequer tinha dúvidas. Quando vejo como enche o Santuário de Fátima, quando vejo como enche o estádio do Restelo em dia de concentração de testemunhas de Jeová, quando vejo as 4 igrejas evangélicas que há na minha rua a abarrotar, sempre que há culto, quando vejo os jogadores de futebol benzerem-se seja quando entram em campo, seja quando falham um golo, pelas páginas de jornais e debates televisivos quando se mandaram retirar os últimos 20 crucifixos, ou quando… já chega.
Diz agora a União Europeia que somos o país mais pobre da dita União. Que temos 2 milhões de pessoas no limiar da pobreza. Não é novidade, mas é sempre triste confrontar esta realidade. Tivemos nos últimos 28 anos, PS e PSD a conduzirem o nosso Destino. Tivemos Carneiro e Balsemão, Soares e Freitas, Cavaco e Guterres, Durão e Santana e temos Sócrates. Tivemos PS e PSD. A atender pelas sondagens, a soma dos votos que Cavaco, Soares e Alegre irão obter situar-se-á na ordem dos 85%. Quer dizer que os representantes dos partidos e alguns dos protagonistas do nosso afundanço para a cauda da Europa, são os preferidos da grande maioria dos portugueses. É uma questão de Fé. Ámen!
Eu nem sequer tinha dúvidas. Quando vejo como enche o Santuário de Fátima, quando vejo como enche o estádio do Restelo em dia de concentração de testemunhas de Jeová, quando vejo as 4 igrejas evangélicas que há na minha rua a abarrotar, sempre que há culto, quando vejo os jogadores de futebol benzerem-se seja quando entram em campo, seja quando falham um golo, pelas páginas de jornais e debates televisivos quando se mandaram retirar os últimos 20 crucifixos, ou quando… já chega.
Diz agora a União Europeia que somos o país mais pobre da dita União. Que temos 2 milhões de pessoas no limiar da pobreza. Não é novidade, mas é sempre triste confrontar esta realidade. Tivemos nos últimos 28 anos, PS e PSD a conduzirem o nosso Destino. Tivemos Carneiro e Balsemão, Soares e Freitas, Cavaco e Guterres, Durão e Santana e temos Sócrates. Tivemos PS e PSD. A atender pelas sondagens, a soma dos votos que Cavaco, Soares e Alegre irão obter situar-se-á na ordem dos 85%. Quer dizer que os representantes dos partidos e alguns dos protagonistas do nosso afundanço para a cauda da Europa, são os preferidos da grande maioria dos portugueses. É uma questão de Fé. Ámen!
sexta-feira, janeiro 13, 2006
902. Vou-me atrever
Em Caxias, Maranhão no Brasil nasceu no dia 10 de Agosto de 1823, um dos maiores poetas da Língua Portuguesa de seu nome António Gonçalves Dias. Quase como inevitável, Gonçalves Dias era filho de um português, transmontano e de uma mestiça brasileira. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, integrou o grupo de poetas designado “medievalistas”. Um romântico que bebeu a influência dos românticos portugueses, franceses, ingleses, espanhóis e alemães. Publicado em 1843, “A canção do Exílio” é um dos mais belos poemas da língua portuguesa. Referido por Alexandre Herculano em artigo encomiástico devido às suas “Poesias Americanas”, escreve também um ensaio filológico onde demonstra aos seus censores (dos quais se haveria de vingar com a publicação das “Sextilhas de frei Antão”) o seu profundo conhecimento da língua portuguesa. Editado no Brasil e em Portugal foi na Alemanha que o livreiro-editor Brockhaus editou os Cantos, os primeiros quatro cantos de Os Timbiras, compostos dez anos antes, e o Dicionário da língua tupi. Com vasto curricullum na área da investigação linguística presidiu também a uma Comissão Cientifica de Exploração, tendo percorrido os mais importantes rios do norte do Brasil. Morre no naufrágio do navio Ville de Boulogne, do qual aliás foi a única vítima, quando regressava ao Maranhão proveniente de Paris, no dia 10 de Setembro de 1864.
Resumo livre (quiçá abusivo) da biografia de Gonçalves Dias, escrita por Luciana Batista, também ela nascida em Caxias, MA e de quem me orgulho de ser amigo. E eu vou-me atrever a publicar, de Gonçalves Dias, um dos seus mais belos e profundos poemas.
Se se morre de amor!
Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente.
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr’ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros !
Inesgotáveis, d’ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora.
Compr’ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Se tal paixão enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d’êxtasis puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;
Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!
Esse, que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneiando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!
A. Gonçalves Dias
Em Caxias, Maranhão no Brasil nasceu no dia 10 de Agosto de 1823, um dos maiores poetas da Língua Portuguesa de seu nome António Gonçalves Dias. Quase como inevitável, Gonçalves Dias era filho de um português, transmontano e de uma mestiça brasileira. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, integrou o grupo de poetas designado “medievalistas”. Um romântico que bebeu a influência dos românticos portugueses, franceses, ingleses, espanhóis e alemães. Publicado em 1843, “A canção do Exílio” é um dos mais belos poemas da língua portuguesa. Referido por Alexandre Herculano em artigo encomiástico devido às suas “Poesias Americanas”, escreve também um ensaio filológico onde demonstra aos seus censores (dos quais se haveria de vingar com a publicação das “Sextilhas de frei Antão”) o seu profundo conhecimento da língua portuguesa. Editado no Brasil e em Portugal foi na Alemanha que o livreiro-editor Brockhaus editou os Cantos, os primeiros quatro cantos de Os Timbiras, compostos dez anos antes, e o Dicionário da língua tupi. Com vasto curricullum na área da investigação linguística presidiu também a uma Comissão Cientifica de Exploração, tendo percorrido os mais importantes rios do norte do Brasil. Morre no naufrágio do navio Ville de Boulogne, do qual aliás foi a única vítima, quando regressava ao Maranhão proveniente de Paris, no dia 10 de Setembro de 1864.
Resumo livre (quiçá abusivo) da biografia de Gonçalves Dias, escrita por Luciana Batista, também ela nascida em Caxias, MA e de quem me orgulho de ser amigo. E eu vou-me atrever a publicar, de Gonçalves Dias, um dos seus mais belos e profundos poemas.
Se se morre de amor!
Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente.
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr’ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu’olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros !
Inesgotáveis, d’ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora.
Compr’ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Se tal paixão enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d’êxtasis puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;
Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!
Esse, que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneiando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!
A. Gonçalves Dias
quarta-feira, janeiro 11, 2006
901. Gato escondido com o rabo de fora...
Entre 1982 e 1988 trabalhei numa companhia de seguros. Por essa época, não me lembro em que ano, aqui del-rey que o sistema de reformas em França estava a entrar em falência e que dentro de 15 anos não haveria nem mais um tostão (leia-se cêntime) para pagar as ditas. Vai daí toca de estudar produtos de poupança-reforma e, como uma seguradora não é uma instituição financeira, incluir uma componentezinha de seguro de vida. Rapidamente os arautos da desgraça (ou os oportunistas do dinheiro fácil) espalharam que Portugal estava na mesma situação. E lançaram o “produto” por cá. Entretanto, em França, os velhos continuam a reformar-se, os reformados continuam a receber, e lá como cá, as companhias de seguros e outros esmifradores continuam a encher-se. Os fundos de pensões, tirados dos salários dos trabalhadores e que nunca chegaram a sair das empresas, foram outras das invenções destes mealheiros-porquinhos de barriga cheia). Não nego, antes corroboro a insustentabilidade da Segurança Social. Mas contesto os métodos usados para a gerir e os alarmismos do nosso Ministro das Finanças. Se em vez de serem promovidos de governantes a presidentes de conselhos de administração, os responsáveis pela gestão dos dinheiros públicos, nomeada e principalmente os que têm tido responsabilidades pela segurança social, tivessem de ser julgados nas barras dos tribunais, talvez hoje já alguém tivesse criado as verdadeiras alternativas, sem passar pelo enche-cú de companhias de seguros e afins. E sem políticas anti-sociais como o aumento generalizado da idade da reforma. Isto sou eu que digo, sei lá, porque sou tonto.
Entre 1982 e 1988 trabalhei numa companhia de seguros. Por essa época, não me lembro em que ano, aqui del-rey que o sistema de reformas em França estava a entrar em falência e que dentro de 15 anos não haveria nem mais um tostão (leia-se cêntime) para pagar as ditas. Vai daí toca de estudar produtos de poupança-reforma e, como uma seguradora não é uma instituição financeira, incluir uma componentezinha de seguro de vida. Rapidamente os arautos da desgraça (ou os oportunistas do dinheiro fácil) espalharam que Portugal estava na mesma situação. E lançaram o “produto” por cá. Entretanto, em França, os velhos continuam a reformar-se, os reformados continuam a receber, e lá como cá, as companhias de seguros e outros esmifradores continuam a encher-se. Os fundos de pensões, tirados dos salários dos trabalhadores e que nunca chegaram a sair das empresas, foram outras das invenções destes mealheiros-porquinhos de barriga cheia). Não nego, antes corroboro a insustentabilidade da Segurança Social. Mas contesto os métodos usados para a gerir e os alarmismos do nosso Ministro das Finanças. Se em vez de serem promovidos de governantes a presidentes de conselhos de administração, os responsáveis pela gestão dos dinheiros públicos, nomeada e principalmente os que têm tido responsabilidades pela segurança social, tivessem de ser julgados nas barras dos tribunais, talvez hoje já alguém tivesse criado as verdadeiras alternativas, sem passar pelo enche-cú de companhias de seguros e afins. E sem políticas anti-sociais como o aumento generalizado da idade da reforma. Isto sou eu que digo, sei lá, porque sou tonto.
terça-feira, janeiro 10, 2006
899. O meu blog não é um Órgão de Comunicação Social
Não tenho escrito no blog porque não quero. Nem sequer é por preguiça, uma vez que tenho escrito à margem do blog coisas de muita qualidade. Tenho estado a dedicar-me à poesia, da qual vos deixarei alguns excertos, para que sejam vós próprios os meus críticos.
Das minhas incursões pela poesia romântica ofereço-vos estes lindos versos:
- Porque tens uns olhos tão lindos?
- É para te ver bem.
- Eu também!
Mas também tenho escrito algo profundo como
“Joguei uma pedra na Fossa do Mindanau. Fez Plau!”
E também algumas superficialidades,
Nadam no lago os patinhos
E ao fundo não vão.
Usam barbatanas nos pezinhos
Não sabiam disso, não?
As minhas quadras populares vão concorrer com o poeta Aleixo. Se não reparem.
Encontro o carro molhado
Em cada manhã de orvalho.
Limpo-o à pressa, atarefado,
Canso-me como o caralho.
E no campo do erotismo também não posso dizer que não esteja bem lançado:
Cobres-te com um véu amor
Deixando antever belas curvas
Até que um Stradivarius chore de inveja.
Como vêem estou fartinho de escrever coisas lindas. Mas não esperem de mim grandes notícias. Para isso temos os Telejornais, os Jornais da Noite e os Jornais Nacionais. Ah, não acreditam? Pensam que estou a gozar? Pois se no Jornal Nacional da TVI tivemos a importantíssima notícia de que um prédio de 8 andares estava com o elevador avariado, já no Telejornal da RTP ficamos a saber que Derlei não vai para o Sporting. Amanhã talvez digam que o Figo não vai para o Benfica, no dia seguinte talvez João Pinto não vá para o Porto, e se calhar até ao fim de semana o Nuno Gomes não irá para o Beira-Mar. E enquanto o elevador não sobe nem desce, há jogadores para não irem para lado nenhum até ao final do ano. Estas sim são verdadeiras notícias. Como é que um gajo num blog pode fazer concorrência, hein?
Não tenho escrito no blog porque não quero. Nem sequer é por preguiça, uma vez que tenho escrito à margem do blog coisas de muita qualidade. Tenho estado a dedicar-me à poesia, da qual vos deixarei alguns excertos, para que sejam vós próprios os meus críticos.
Das minhas incursões pela poesia romântica ofereço-vos estes lindos versos:
- Porque tens uns olhos tão lindos?
- É para te ver bem.
- Eu também!
Mas também tenho escrito algo profundo como
“Joguei uma pedra na Fossa do Mindanau. Fez Plau!”
E também algumas superficialidades,
Nadam no lago os patinhos
E ao fundo não vão.
Usam barbatanas nos pezinhos
Não sabiam disso, não?
As minhas quadras populares vão concorrer com o poeta Aleixo. Se não reparem.
Encontro o carro molhado
Em cada manhã de orvalho.
Limpo-o à pressa, atarefado,
Canso-me como o caralho.
E no campo do erotismo também não posso dizer que não esteja bem lançado:
Cobres-te com um véu amor
Deixando antever belas curvas
Até que um Stradivarius chore de inveja.
Como vêem estou fartinho de escrever coisas lindas. Mas não esperem de mim grandes notícias. Para isso temos os Telejornais, os Jornais da Noite e os Jornais Nacionais. Ah, não acreditam? Pensam que estou a gozar? Pois se no Jornal Nacional da TVI tivemos a importantíssima notícia de que um prédio de 8 andares estava com o elevador avariado, já no Telejornal da RTP ficamos a saber que Derlei não vai para o Sporting. Amanhã talvez digam que o Figo não vai para o Benfica, no dia seguinte talvez João Pinto não vá para o Porto, e se calhar até ao fim de semana o Nuno Gomes não irá para o Beira-Mar. E enquanto o elevador não sobe nem desce, há jogadores para não irem para lado nenhum até ao final do ano. Estas sim são verdadeiras notícias. Como é que um gajo num blog pode fazer concorrência, hein?
sexta-feira, janeiro 06, 2006
898. Premiado
Palmas para meu amigo Carlos Geadas pelo prémio que lhe foi atribuído. Desde os tempos das "Histórias de um homem banal" que eu tinha a certeza que, mais dia menos dia, serias reconhecido. E este será apenas o primeiro êxito da grande carreira que te auguro. Um abraço!
Palmas para meu amigo Carlos Geadas pelo prémio que lhe foi atribuído. Desde os tempos das "Histórias de um homem banal" que eu tinha a certeza que, mais dia menos dia, serias reconhecido. E este será apenas o primeiro êxito da grande carreira que te auguro. Um abraço!
quinta-feira, janeiro 05, 2006
897. Agradecimentos
Dois dias atrás de espiões é obra. Nunca pensei que tivesse vocação. Sei que não me servirá de nada mas vou acrescentar este novo skill no meu CV. A verdade é que tive preciosas ajudas que não poderão passar sem um sentido agradecimento. Pela colaboração activa, o Papo-Seco, a Folha de Chá, a Maria e a Dinny que via MSN me deu boas dicas e também à leitora deste blog e minha cunhada Paula que foi incansável. Aos outros que aqui leram e alguns comentaram o facto e que sei que durante estes dois dias nem dormiram só a pensar em como ajudar o Pré a resolver o problema um beijo, um abraço e obrigado pela solidariedade. Àqueles que se estiveram nas tintas, que lhes caia um céu de spywares em cima da cabeça. Mentira, estou a brincar. Bem hajam todas e todos, os que têm pachorra para me aturar.
Dois dias atrás de espiões é obra. Nunca pensei que tivesse vocação. Sei que não me servirá de nada mas vou acrescentar este novo skill no meu CV. A verdade é que tive preciosas ajudas que não poderão passar sem um sentido agradecimento. Pela colaboração activa, o Papo-Seco, a Folha de Chá, a Maria e a Dinny que via MSN me deu boas dicas e também à leitora deste blog e minha cunhada Paula que foi incansável. Aos outros que aqui leram e alguns comentaram o facto e que sei que durante estes dois dias nem dormiram só a pensar em como ajudar o Pré a resolver o problema um beijo, um abraço e obrigado pela solidariedade. Àqueles que se estiveram nas tintas, que lhes caia um céu de spywares em cima da cabeça. Mentira, estou a brincar. Bem hajam todas e todos, os que têm pachorra para me aturar.
terça-feira, janeiro 03, 2006
segunda-feira, janeiro 02, 2006
894. A RTP A RTP
Durante estes dias a RTP, durante estes dias a RTP, repetiu até por mais de uma vez, repetiu até por mais de uma vez, programas como o Natal dos Hospitais, o Portugal no Coração na Suiça, a homenagem ao fadista Vicente da Câmara, a Escrava Isaura, o programa de fim de ano, entre outros, programas como o Natal dos Hospitais, o Portugal no Coração na Suiça, a homenagem ao fadista Vicente da Câmara, a Escrava Isaura, o programa de fim de ano, entre outros. Eu não sei se a esta repetição maciça de programas, eu não sei se a esta repetição maciça de programas, corresponde a uma diminuição para metade, corresponde a uma diminuição para metade, dos subsídios que o Estado concede à televisão pública, dos subsídios que o Estado concede à televisão pública, mas assim como assim isso não me interessa para nada, mas assim como assim isso não me interessa para nada. De qualquer maneira não acredito que o Governo deixasse de aumentar, o pão, os transportes, os combustíveis, … De qualquer maneira não acredito que o Governo deixasse de aumentar, o pão, os transportes, os combustíveis, … E haja Televisão Pública para a propaganda do governo… E haja Televisão Pública para a propaganda do governo… Em repetição e repetição e repetição e repetição.
Durante estes dias a RTP, durante estes dias a RTP, repetiu até por mais de uma vez, repetiu até por mais de uma vez, programas como o Natal dos Hospitais, o Portugal no Coração na Suiça, a homenagem ao fadista Vicente da Câmara, a Escrava Isaura, o programa de fim de ano, entre outros, programas como o Natal dos Hospitais, o Portugal no Coração na Suiça, a homenagem ao fadista Vicente da Câmara, a Escrava Isaura, o programa de fim de ano, entre outros. Eu não sei se a esta repetição maciça de programas, eu não sei se a esta repetição maciça de programas, corresponde a uma diminuição para metade, corresponde a uma diminuição para metade, dos subsídios que o Estado concede à televisão pública, dos subsídios que o Estado concede à televisão pública, mas assim como assim isso não me interessa para nada, mas assim como assim isso não me interessa para nada. De qualquer maneira não acredito que o Governo deixasse de aumentar, o pão, os transportes, os combustíveis, … De qualquer maneira não acredito que o Governo deixasse de aumentar, o pão, os transportes, os combustíveis, … E haja Televisão Pública para a propaganda do governo… E haja Televisão Pública para a propaganda do governo… Em repetição e repetição e repetição e repetição.
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