sexta-feira, janeiro 20, 2006

905. Amoras



Às vezes falta-me o motivo, outras a inspiração. Há dias em que sou atacado pela preguiça e outras pela não pachorra. Mas quando, nas minhas blogóricas leituras encontro uma foto como a que se junta e que roubei descaradamente deste blog que, apesar de “postada” quase anonimamente, não me custa identificar quem dos co-autores do ante-et-post a colocou lá, vem-me sempre uma recordação, uma vontade de dizer qualquer coisa. Era puto teria os meus 10 anos, adorava ir às amoras. Silvestres, claro. O que me faltava em altura e em técnica para subir valados sobrava-me em arranhões. Não sei o que o impressionou mais, se chegar a casa feito um Cristo e apenas ter comido meia dúzia de amoras empoeiradas, se o consumo exagerado de mercurocromo e tintura de iodo, a verdade é que o meu pai combinou comigo e com o meu irmão ir-mos num tal fim de semana às amoras. A ponta de uma cana rachada ao meio, com um pequeno travessão que caía a cada investida nos ramos mais altos, um torção da cana e um puxão e ei-las, lindas negras, limpas, brilhantes, doces, deliciosas, colhe mais, que bom. Foi uma das maiores diarreias da minha vida. Mas ainda tenho saudades dos valados hoje transformados em prédios.

Sem comentários: