959. Anónimo, mas feliz
Estive a fazer umas contas de cabeça as quais me atrevo a denunciar aqui. Trabalhei em 8 empresas onde deverei ter conhecido, para não exagerar, em média umas 100 pessoas, o que dará 800 conhecidos. Desde a pré-primária à faculdade estudei durante 17 anos. Tendo em conta que fiz mais um curso médio de 3 anos, foram 20 anos de escola. As turmas, na generalidade, repetiam-se de ano para ano. Descontando os que chumbavam e ficavam para trás e somando os repetentes que não avançavam eu teria conhecido em média 10 novos colegas por ano. A acrescentar aos 40 em cada salto de fase, entrada na pré, entrada o liceu, entrada na faculdade, etc etc, tive como colegas umas trezentas e sessenta cabeças. Tendo em conta que a escola não é uma turma isolada acrescentarei mais 50% pelos conhecimentos concomitantes o que perfaz os seus 540, logo já terei 1340 pessoas conhecidas. Fui professor numa faculdade e num colégio, terei tido uns 300 alunos. Fiz também alfabetização, antes do 25 de Abril, a umas 60 crianças, o que soma o bonito número de 1700. Da vizinhança, já que apenas morei em três sítios diferentes, um dos quais em prédio com elevador onde só vim a conhecer os 10 vizinhos na primeira reunião de condóminos, mas fortemente compensado pelo facto de antes ter morado num bairro, que embora pequeno ou talvez por isso, todos se conheciam, atrevo-me a adicionar 300 conhecidos. Entretanto fui juntando aos meus conhecidos, alguns conhecidos da minha mulher e dos meus filhos, os motoristas de autocarro, o dono da mercearia, a senhora da tabacaria onde religiosamente adquiro, há 25 anos, os meus dois macitos diários, os 4 proprietários do café, por via dos sucessivos trespasses, onde tomo a bica matinal, aquelas 6 pessoas que costumavam comer ao meu lado no restaurante do Carlos, o próprio Carlos, o cobrador das quotas do Benfica, antes da moda do débito directo em conta bancária, o porteiro do Almada que fazia vista grossa aos meus 7 anos de idade deixando-me passar à borla para ir ver o jogo e mais uns quantos singulares por aqui e por ali. Vou já em mais de 2000 pessoas conhecidas, talvez uns 2020, tentando ser rigoroso. Na blogosfera, por via das caixas de comentários e da minha colaboração num outro blog, já conheço umas 30 pessoas. Não está mal para contas de cabeça considerar 2050, pois os números redondos são mais fáceis de fixar. Para facilitação do raciocínio vou considerar que todas estas pessoas são ainda vivas à hora em que termino os cálculos a quem junto mais 150 tipos que comigo jogaram futebol desde puto. Não sei se estas 2200 pessoas sabem todas o meu nome, não sei se acreditam que Alves Fernandes faz mesmo parte do meu registo de nascimento ou se algumas pensam que é pseudónimo. Também não lhes vou satisfazer essa dúvida.
Chegado ao número 2200 decidi não adicionar mais nenhum conhecimento, por achar completamente ridículo este cálculo. Se restringirmos o Universo em estudo apenas à população portuguesa e simplificarmos o cálculo comparativo aos 10 milhões, eu apenas sou conhecido por 0,022% da população pelo que sou um indubitável anónimo. E é dentro deste anonimato, piorado quando assino como PreDatado (outro pseudónimo) que vou deixando comentários aqui e ali nos blogs que visito. Mesmo assim fui poupado à contundência de JPP no seu artigo no público, depois repassado em blog. Digam lá se não é para me sentir anónimo, mas feliz.
PS. Na verdade estou-me marimbando para o que pensa JPP sobre as caixas de comentários e os comentadores. É mais um artigo ao seu jeito, desprovido de senso mas que até dá para a gente ir enchendo chouriços, à custa disso, nos nossos blogs.
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