quinta-feira, janeiro 31, 2008
1157. Lá vai truta
Primeiro foi ao lume a ferver um quarto de litro de água com pouco mais de um decilitro de vinho branco aos quais juntei uns quantos grãos de pimenta e uma folha de louro. Como não cozinhei só para mim resolvi que desta vez juntava sal mas fui muito parcimonioso. Na água fervente em largo tacho deitei as trutas já arranjadas, quer dizer barrigas fora, bem lavadinhas e escorridas. Baixei o lume para uma amena temperatura de manutenção da fervura até que quinze minutos se passaram. Nessa altura retirei com a ajuda de duas escumadeiras, as trutas direitinhas para uma travessa, sem sequer lhes separar a cabeça, já que o caldo da cozedura me iria dar serventia futura. Assim, levei a frigideira não mais de 40 gramas de margarina e quanto esta se derreteu polvilhei-a de outro tanto de farinha que deixei cozer por um escasso minuto. Sem deixar de mexer com colher de pau que se esquivou à inspecção da ASAE, fui vertendo sobre a dita cozedura o caldo onde o peixe cozinhou e desatei a tempera-lo: três colheres de natas light que de gordura ainda teremos mais dose, uma de ketchup e um raminho de salsa finamente picada. E como os grãos de pimenta já tinham aromatizado o caldo, quem gosta mói-lhe ainda sobre o dito cujo preparo um pouco de pimenta preta, que foi o que eu fiz e rectifica de sal, que foi o que eu não fiz. O que não dispensei mesmo foi o cálice e meio de rum, este vindo directamente de Cuba, que culminou o tempero. Assim meio grosso, que não bêbado de todo, foi o molho a costumeira travessa de barro mas não seria descabido tê-lo feito no bem conhecido pirex. Cama feita para as trutas que, de novo cuidadosamente transferidas, conheceram mais um local para repousarem antes de acabarem no estômago deste vosso cozinheiro. Mas para que a Drª Margarida se aborreça deveras comigo pelos atropelamentos que eu faço à dieta que me preconizou, polvilhei o peixe com 60 gramas de parmesão fresco ralado. E para quê, para quê? Para aloirar a comezaina, por uns bons 10 minutos em forno já quente de antemão. Como acompanhamento optei por uns brócolos cozidos.
quarta-feira, janeiro 30, 2008
1156. Um pouco mais pobres
Era só sentir o cheiro ou o barulho do motor, não sei e, eis que ela aparecia saltitona à frente do carro o que nos fazia abrandar para a velocidade mínima necessária à chegada a casa. Logo que parávamos e começávamos a abrir as portas do carro, não se importando com a hora, dia ou noite e até madrugada adentro ladrava de alegria e cumprimentava-nos um a um. Se algum de nós não ia, metia o focinho nos estofos como que a procurar até se convencer da ausência. A Maria, assim lhe chamávamos, era a cadela que lá na aldeia nos tinha adoptado. Aparecida não sabemos de onde tinha vários “donos” (e por cada dono um nome) que a alimentavam mas, quando estávamos presentes nunca abandonava o nosso quintal. Fosse apenas por um fim-de-semana ou por um largo período de férias nós éramos companhia mútua. Este fim-de-semana não apareceu à nossa chegada. A Maria tinha sido atropelada na semana anterior tendo morrido numa valeta à beira da estrada. Um outro “dono” enterrou-a. Ficamos tristes.
PS. Em “conversas com os meus botões” um outro blog que fiz/parei há algum tempo escrevi em Abril de 2005:
“Outra Maria
Quando entramos na aldeia a Maria sente-nos o cheiro nos pneus. Corre e chega primeiro que nós a casa. A Maria tem faro.
A Maria passa o tempo a ladrar às andorinhas. A Maria é uma cadela.
Quando estamos próximos nem precisamos falar. Deita-se no chão e arrasta-se. A Maria não está manca, é uma mimada. Sim uma mimada é o que ela é. Depois abana a cauda.
Não sabemos como apareceu nem de quem é. Quando aparecemos nós, ela aparece também. É uma Maria aparecida.
A Maria adoptou-nos.
Espera pelo biscoito, pelo bife, pelo frango. Se lhe damos bacalhau, cheira-o e volta-lhe as costas. Nesse dia não ladrará aos gatos. Quando nos vamos certificar se comeu, a Maria ainda tem fome mas nada nos diz. Afinal ela e os gatos são cúmplices.
O motor do carro começa a trabalhar e a Maria olha-nos de relance. Volta-nos as costas e desaparece. Há quem diga que com uma lágrima no focinho.”
segunda-feira, janeiro 28, 2008
1155. Deslocalizações e tomates
Quando a Opel fechou as portas na Azambuja, o PreDatado, num post que editou nas suas rubricas (quase habituais) no ante-et-post, colocou o símbolo que se pode ver aqui hoje. Não sei quantas pessoas estavam ou não imbuídas do mesmo espírito, o que o Pré sabe é que não viu da parte das autoridades políticas nenhuma palavra que pudesse indiciar uma penalização pragmática aquela marca. Hoje lembrei-me disto quando li o post da Micas (Nokia - so nicht) sobre o fecho das fábricas da Nokia na Alemanha e a sua deslocalização para a Roménia. Só que nem todos têm tomates.
1153. Em flor
Este é o mês em que no Baixo Alentejo, no vale do Guadiana as amendoeiras estão em flor. E que enchem de branco e rosa a paisagem.
sexta-feira, janeiro 25, 2008
1152. Foi há um ano
1. Faz hoje precisamente 1 ano que deixei de fumar. Ao fim de 34 longos anos de “agarrado” tomei a firme decisão de me antecipar à badaladíssima nova lei do tabaco. Aquilo que perdi do, agora reconhecido como fátuo, prazer em puxar do cigarro e jogar umas valentes baforadas para o ar, ganhei com vantagem em qualidade de vida. Não sei se estou mais saudável ou não, nem faço questão de ir a meças. O que sei e posso-vos garantir é que estou mais livre. E a liberdade trás-nos qualidade de vida. Está dito.
2. A propósito de ter deixado de fumar nunca tomei, como outras pessoas que conheço, atitudes fundamentalistas para com os fumadores. Qualquer amigo meu que fume é bem recebido em minha casa e não terá de ir fumar para a varanda. No entanto eu próprio adquiri certos hábitos de protecção ao fumo que foram surgindo natural e progressivamente. E era por isso que, mesmo antes da lei, eu já não frequentava restaurantes que não tivessem uma área ampla e razoavelmente protegida destinada a não fumadores. Uma das minhas auto-defesas, entre outras. E como há muito mais não fumadores do que fumadores em Portugal, não acredito nadinha nessa treta dos restaurantes e bares estarem a perder freguesia. Ou querem que publique fotos diárias de restaurantes cheios e com fila de espera?
3. Quanto à nova lei do tabaco estou de acordo com ela na generalidade. Tenho no entanto alguns reparos, poucos, a fazer-lhe um dos quais já expressei em post anterior, a propósito de uma petição cibernética que também assinei. Sou a favor da criação de salas de fumo, condignas e arejadas, nos espaços dos aeroportos. Sou também a favor de que se criem áreas em grandes centros comerciais, onde seja possível fumar. Os não fumadores são absolutamente livres de não frequentarem esses espaços e de lhes passarem a razoável distância. E estou convencido que o, chamemos-lhe assim, condomínio desses centros estaria, na generalidade, disponível para investir em mais potentes e eficazes sistemas de extracção. Houve no entanto um local onde a lei não restringiu o fumo, penso que por escondida subserviência a interesses ou por “excesso de senso” do legislador: os estádios de futebol com lugares marcados. Sim porque não sendo possível ir ocupar o lugar de outro eu terei de gramar com o fumo dos que estão na fila de baixo, na fila de cima e ao lado. Mas eu arranjei um esquema de furar a lei. Vai ser muito difícil apanharem-me de novo na bola. Ou então só vou ver o Benfica com o Cascalheira-de-Cima. Com o estádio às moscas escolho o lugar que me aprouver.
PS. De vez em quando ainda sinto vontade de fumar um puro. Abro a caixa cheiro-os e volto a fechar. Também se vive de recordações.
quinta-feira, janeiro 24, 2008
1151. Vaidade
Sinto-me vaidoso quando a minha filha pega na câmera e fotografa o que acabo de fazer na cozinha. Felizmente que ela só fotografa as iguarias e nunca a desarrumação que eu por lá deixo. Linguados delícia toda a gente sabe fazer e são de facto uma verdadeira delícia.
segunda-feira, janeiro 14, 2008
A verdade, meus amigos, é que eu continuo de dieta. Já tive altos e baixos, recaídas devido ao pecado da gula que a época festiva me fez cair em tentação. Comecei com 79 kgs bem medidos, vim até aos 67, estou nos 70, ando por aqui a ondular mas se há coisas na vida a que não consigo fugir é a um prato bem elaborado. E como desde há uns tempos que ando armado em cozinheiro peguei em 1kg de solhas (no caso eram duas de 0,5kg cada, mais ou menos), em 2 cebolas grandes e 2 dentes de alho, 1 lata de champignons (que fino), 1 pimento verde e uma metade de um vermelho, 1 dl de azeite e 1,5 dl de vinho branco, no moinho da pimenta preta e num limão e fiz o seguinte: à parte temperei as solhas com o sumo do limão, com a pimenta moída na altura e só um pouquinho de sal, porque eu sou hipertenso e até nem costumo pôr nenhum. Mas como não era só para mim e não sou fundamentalista (a propósito, tenho de escrever um post sobre a lei do tabaco), cedi. Depois piquei bem picadinhas as cebolas e os dentes de alho e aos pimentos cortei em pedacinho pequenos. Misturei isso tudo com os cogumelos, o vinho branco e o azeite numa tigela, cobri depois o fundo de uma assadeira de barro com metade dos temperos, fazendo cama para as solhas, cobri-as com o restante dos temperos, onde não me esqueci de juntar a marinada de limão, espalhei por cima duas colheres de sopa de pão ralado, deitei-lhe duas nozes de margarina e foi ao forno que tinha sido aquecido a 200 graus, 15 minutos antes. Ao fim de três quartos de hora estava do jeito que a foto documenta. Acompanhei de ervilhas com quadradinhos de presunto salteados em azeite e cebolinhas. Se estava bom? Vá lá fiquem com a água na boca e experimentem. Depois digam-me qualquer coisinha.
PS: Bem feitas as contas e dado que foram aproximadamente três doses, temos ali, mais coisa menos coisa, 400Kcal por refeição, o que até nem é exagerado.
quarta-feira, janeiro 09, 2008
O nosso Sócrates é um cowboy. Este Governo despede à americana. Agora foi o comando da Polícia de Faro que despediu colectivamente as empregadas de limpeza. Uma carta e rua. Nem justa causa, nem indemnizações, nem subsídio de desemprego. O tipo não é mesmo um cowboy?
terça-feira, janeiro 08, 2008
Mãe, sabes aqueles oito euros e picos que a Segurança Social tinha que te dar pelo acerto do aumento ser em Janeiro e não em Dezembro como devia ter sido e que o Governo legislou para que fosse entregue com a pensão de Janeiro? Pois é mãe, o próprio Governo é que se abotoou com essa massa e agora diz que te vai devolver em prestações mensais de 70 cêntimos. Deve ser para tomares uma bica por mês. Mas só uma, porque como és hipertensa eles estão ali é para te tratar da saúde.
(foto tirada algures do google images, mas não me lembro bem de onde)
segunda-feira, janeiro 07, 2008
1147. Assinemos
Fará no próximo dia 25 um ano que eu deixei de fumar. Os mais radicais militantes anti-tabaco tenho-os encontrado entre os ex-fumadores. Acho isso perfeitamente normal pois me parecem ser, à parte os especialistas de saúde, dos elementos da sociedade mais habilitados para se pronunciarem sobre os malefícios do tabaco. E é por isso que se alguém me pedir a minha opinião sobre fumar ou não fumar eu estou do lado daqueles que combatem o tabaco, ou melhor o seu consumo, principalmente se isso implicar a sujeição de terceiros ao fumo dos cigarros, dos charutos ou dos cachimbos. E é provavelmente também por isso que estou de acordo na generalidade com a lei que entrou em vigor neste último primeiro de Janeiro. Mas eu estou de acordo na generalidade e não em algumas das suas particularidades. E uma delas é a proibição total de fumar em aeroportos, sem a criação de salas de fumo que respeitem a opção dos fumadores em fumar. Não é para mim equivalente à proibição de fumar em restaurantes. Tenho sempre a escolha de, ou comer ao ar livre, ou comer em casa, ou levar uma sanduíche no bolso se não me quiser sujeitar à lei anti-tabaco. Mas voo como daqui para os Estados Unidos, Brasil, Angola ou Inglaterra? A opção é ir a nado? A pé ou de carro? Não brinquemos. Se somarmos o stress que é para um fumador, fazer horas e horas de viagem de avião sem poder fumar um cigarro (eu adormecia antes do avião levantar e acordava à chegada, como terapia) imagine-se a crise que é chegar a um aeroporto e não ter um local onde possa fumar um cigarro. Porque estou em desacordo com esta incapacidade dos nossos legisladores de respeitarem a diferença (o que é isso e todos diferentes todos iguais?) que assinei a petição http://www.petitiononline.com/SalaFumo/petition.html que o José Pimentel Teixeira, autor do blog Ma-Schamba está a patrocinar.