1211. Só para concluir
O futebol acabou e confesso-vos não tive enquanto lá estivemos, e muito menos agora que saímos do Euro 2008, vontade nenhuma de escrever sobre a bola, a sua envolvência ou os seus protagonistas. Queria apenas ter escrito para agradecer a Scolari o que fez nestes últimos 5 anos e não encontrei nenhuma maneira de o fazer que já não tenha sido feita por toda a gente que tenha gostado da passagem deste treinador pela selecção nacional, como foi o meu caso. Claro está que me lembrei daquela presença em 1984 com super jogadores como Chalana, Gomes, Nené, Humberto, Bento, Jordão, Frasco, Pacheco, Gabriel e depois, em 1986 também com Damas, Carlos Manuel, Diamantino, Inácio, Futre e Veloso, entre outros. E se dos primeiros a decepção foi grande porque parecia que a vitória estava ali mesmo a dois passos, já do segundo grupo apenas me recordo da triste e vergonhosa participação em terras mexicanas. Lembro-me do jejum entre 1986 e 2000 e da grande chance perdida em 1998 pela chamada geração de ouro, onde já pontificavam Rui Costa e Figo, João Vieira Pinto e Paulo Sousa, Vítor Baía e Abel Xavier. Lembro de virmos para casa um dia desses com o tal golo de Poborsky e outro dia com uma mão do Abel Xavier e lembro-me da estúpida atitude que levou à expulsão do Nuno Gomes e do comportamento inaceitável de um jogador com a qualidade e o carisma de Luís Figo em mais um europeu do nosso descontentamento. E isto tudo, todos estes desaires, com Toni, Cabrita, Morais, Seabra, Torres, Oliveira, Queirós, Humberto etc, e de repente vem um cara que era só campeão do mundo, juntou os cacos, transformou uma equipa arrasada por um mundial de 2002 que foi um misto de vergonha e desastre e só porque não cativou a simpatia duma poderosa elite de jornalistas e comentadores foi (e continua a ser), por certos sectores, vilipendiado e maltratado, a soldo de quem não sei, nem sei tampouco se houve soldo de alguém se apenas o prazer de tratar mal quem melhor fez no que se poderia chamar de inveja e maledicência. Na verdade, desde os tempos de Cândido da Silva e Ribeiro dos Reis nenhuma selecção de futebol coleccionou os êxitos que Scolari trouxe para as nossas cores. Não fiz de propósito em não falar de 1966 e de 2006. Em 1966 ganhamos 3 jogos na fase de grupos, um nos quartos de final e perdemos a meia-final para a Inglaterra. Se compararmos com o mundial de 2006 onde ganhamos 3 jogos da fase de grupos, um nos oitavos e outro nos quartos de final, com este número de vitórias consecutivas teríamos estado na final em 1966. E não esquecer que se perdemos com a Inglaterra de Bobby Charlton, não é menos verdade que batemos a Inglaterra de David Beckham. E mais importante que tudo é que Scolari não pode contar com o grande Eusébio da Silva Ferreira. Portanto muito obrigado, Luís Felipe Scolari.
Mas como comecei por dizer não sinto vontade para escrever nada (agora terei de dizer mais nada) sobre a selecção nacional. E como não me apetecia escrever fui pintar.
"Tarde" - acrílico sobre tela - Alves/08 aka PreDatado
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