Hoje tenho vontade de falar de coisas que andam à volta do desporto. E a primeira que me vem à cabeça é o HD. Desde que tenho TV em HD raramente vejo programas que não sejam transmitidos neste protocolo. Infelizmente, tirando a experiência dos jogos olímpicos e outras tímidas tentativas, os nossos canais generalistas nem tão pouco nos dizem quais as previsões para transmitirem em HD. É de facto outra coisa. Experimentem ver um jogo de futebol ou uma partida de ténis.
Por falar em futebol vamos assistir a um roubo sucessivo e permanente de jogadores ao Benfica. Como os jornais desportivos, desde Abril, não param de anunciar novos jogadores que interessam ao Benfica, cada jogador contratado por outros clubes, nacionais ou estrangeiros, será forçosamente roubado ao Benfica. Depois, até ao final da próxima época, em cada jogo que figure um destes jogadores, será também uma constante ouvir-se o comentador “fulano de tal, que esteve quase certo no Benfica, etc etc etc”.
Parece-me que isso já está a acontecer com um defesa direito (ou esquerdo?), um uruguaio que joga na Roménia, que vem para o FCPorto e que já tinha sido vendido ao Benfica por um diário desportivo. Eu por acaso acho que não, que o Benfica não o comprou ao jornal. O que eu acho é que Cissohko, Fucsile, Marec Cheh, Sapunaru, Lucas Mareque, Lino e mais uns quinze defesas laterais que pululam ou pulularam no clube das antas, se andavam a sentir muito sozinhos.
Falei também em ténis e digo-vos que tenho assistido a alguns resumos e a outras partidas (ou pedaços delas) em directo na Eurosport. Eurosport HD, pois claro. Eu sempre pensei, pelos visto enganado, que a terra batida era uma característica do piso. Isto é, o piso é em terra e por força de uma pressão que lhe é exercida por meios mecânicos o pavimento fica batido. Daí terra batida. Pois um dia destes, a tenista russa Kuznetsova caiu e ficou toda suja. Segundo o comentador ficou toda coberta de terra batida. O que a gente aprende.
Apesar de um ou outro lapso, quero aqui deixar a minha opinião sobre a generalidade dos comentadores portugueses do Eurosport, para mim os melhores comentadores portugueses de desporto. Por isso não me custa nada perdoar um tanhamos, em vez de tenhamos, numa reportagem do Giro de Itália. Aliás, Luis Piçarra, Paulo Martins e Olivier Bonamici só são batidos (e isso é discutível) por Marco Chagas no comentário ao ciclismo. O lapsus lingue, que até alguns com pinta de eruditos cometem, foi por mim imediatamente relevado para segundo plano.
Se no futebol já nos acostumamos a algumas adaptações linguísticas quer sintácticas, quer semânticas, naquilo que vulgarmente chamados futebolês, a verdade é que, ao longo do século XX, fomos assistindo a algumas evoluções positivas na utilização dos termos relacionados com esse desporto. Já não se diz corner nem offside, os backs passaram a defesas e os liners passaram a fiscais de linha sendo hoje, por mariquice, chamados árbitros auxiliares. Até o penalty, que é tão giro de dizer (e gritar), passou a grande penalidade ou, em Gabriel-Alvês, a pontapé da marca de grande penalidade. Mas no ténis, amigas leitoras e amigos leitores, ainda há os puristas. E, portanto, não é nada de admirar se virmos um tenista breakar (eles dizem breicar) o serviço ao outro ou responder com bolas muito topspinadas. Mas mesmo a esses puristas eu gostaria de lhes pedir para não dizerem seméxe. É que um smash é um smash é um smash.
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