Em 1979, era eu um embarcadiço, assim como que armado em marinheiro (não gostava de whisky) pensava e repensava onde é que havia de gastar o dinheiro que ganhava, não muito diga-se de passagem, não havia centros comercias, o Colombo mais próximo que conhecíamos era um antepassado nosso, também marinheiro e, em Gaia, só passeavam rabelos, que petroleiros daquela envergadura só até ao Mar da Palha, mas isso já é Tejo, são outras águas (põe-se água no whisky, não é?), pois shoppings não havia desses, dos que há agora e então gastava-se o dinheiro na cantina (oh Felix abre ali a tasca que preciso de cervejas) mas era só a partir das quatro e picos quando o tasqueiro largava o quarto do meio-dia, também se encomendavam, através da cantina, ao ship chandler, alguns artigos de luxo (um dia levei uma rabecada por misturar coca-cola num Chivas Regal) entre eles uns sabonetes que só muitos anos mais tarde se começaram a vender por cá e até whiskies (uma queixa crime de quem não o beber puro) de maior prestígio.
Um certo dia (não me atrevo a fazer qualquer mistura) ainda eu não bebia whisky e a minha bolsa não dava para comprar o Royal Salut em bolsa de veludo azul gravada a dourado, comprei uma Ye Monks em garrafa de porcelana, whisky de 12 anos que hoje, passados que são (nem pensar em deitar-lhe água castelo, quanto mais coca-cola) todos estes 30 anos, já estará com os seus 42, já as vi à venda na net por 200,00€, portanto um bocadinho mais velho que alguns dos meus leitores e das minhas leitoras, mas tu nem gostas de whisky e isto custa um balúrdio, portanto vai ser aberta quando se casar o meu primeiro filho e vai daí foi preciso casar entretanto, ir aprendendo a gostar de whisky (uma pedrinha só), esperar os nove mesitos que essa coisa do pré-natal demora e toma lá que é uma menina linda, linda, linda.
Hoje, mais logo pela tardinha, vou abrir a Ye Monks. A Anita casa amanhã, Sábado, e Sábado é mais dia para champanhe do que para (o quê, água lisa, gelo? nem pensar) whiskies. E cá estarão alguns amigos para me acompanhar num brinde à minha filha, ao seu marido e ao seu novo futuro.
No Sábado jorrará champanhe!
(coca-cola, tás mas é maluco)
2 comentários:
Por acaso, tenho uma garrafa de Ye Monks com pelo menos 40 anos (mais o tempo de envelhecimento, o que quer dizer que poderá datar no final da década de 50 ou princípio da de 60). Pretendo vendê-la, mas como pouca gente percebe o valor destas coisas (há colecionadores a comprarem isto por 1000 euros; e lojas em Lisboa que dão 80...) talvez um destes dias acabe por a abrir. Dado que abrir uma garrafa tão antiga (seja vinho, whisky, o que fôr) não é trivial, é capaz de me contar como realizou essa tarefa? Como retirou a rolha interna? Ou, em alternativa, conhece alguém que queira comprar uma?
Por acaso, tenho uma garrafa de Ye Monks com pelo menos 40 anos (mais o tempo de envelhecimento, o que quer dizer que poderá datar no final da década de 50 ou princípio da de 60). Pretendo vendê-la, mas como pouca gente percebe o valor destas coisas (há colecionadores a comprarem isto por 1000 euros; e lojas em Lisboa que dão 80...) talvez um destes dias acabe por a abrir. Dado que abrir uma garrafa tão antiga (seja vinho, whisky, o que fôr) não é trivial, é capaz de me contar como realizou essa tarefa? Como retirou a rolha interna? Ou, em alternativa, conhece alguém que queira comprar uma?
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