Vão chegando, entre as seis e as sete, juntam-se no muro com uma mini na mão. Como se fossem um bando de estorninhos que atacam a oliveira. Depois de um largo linguajar, os apertos de mão, dão meia volta e regressam ao lar. No muro fica a fila de garrafas que o tasqueiro, solicito, deita num balde. Amanhã sairá nova rodada. Até que o inverno chegue.
Fico na varanda a vê-los chegar, agora mais cedo porque a hora mudou. Para nós, não para eles, para eles o que muda é o tamanho do dia, o menor intervalo entre a manhã e a noite. Regressam em bandos às árvores, num estranho linguajar feito de chilreios. Não sei se me parecem estorninhos ou se o são.
Agasalhados, porque o vento ribeirinho corta, saímos todos como se fossemos um bando (de estorninhos?) do vapor – já ninguém lhe chama vapor, gente de outras gerações que têm catamarans de usufruto - na outra margem. Acenam em linguajares de até amanhã, de espere aí, de que chatisse, perdeu-se o autocarro, perdeu-se o metro, numa correria de horários. Aconchega-se o cachecol ao nariz, porque o vento ribeirinho corta. Amanhã, pela manhã, quer a luz do alvorecer raie ou não, abandonaremos a árvore e sairemos para os nossos campos (como estorninhos?) à espera de vindouros invernos.
Corta!
(gostaria de conhecer o autor da foto para lhe prestar os devidos créditos, mas infelizmente encontrei-a na net sem referência ao autor)
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