Nem eu, nem a minha mulher fomos ou somos pessoas de nos imiscuirmos nas grandes opções dos nossos filhos. Contudo, sendo nós mais velhos, o que aliás, geneticamente falando, não poderia ser de outro modo, teve a experiência a gentileza de nos dotar de instrumentos, que poderemos chamar de úteis, para que, de alerta em alerta, os pudéssemos utilizar, não no sentido do proteccionismo, mas sim no da orientação em momentos de alguma fragilidade (deles) e também no do ensinamento na destrinça do que poderia ter ou não efeitos perniciosos no seu desenvolvimento. Posto isto, não fica difícil de perceber porque é que cá em casa há adeptos de diferentes clubes de futebol, porque é que a opção político-partidária não goza de unanimidade, porque é que temos visões diferentes das religiões ou porque é que uns preferem Radiohead e outros Caetano Veloso e por aí a fora, fico-me por aqui para poupar-vos à, sempre difícil, digestão dos textos corridos do PreDatado. Mas se por um lado tudo acima é verdade (juro mesmo, absoluta), também é verdade que nem só de pragmatismos vive o homem (tomem lá esta) e nunca lhes faltou um colo, um ombro, um abraço, um mimo, um carinho, uma ternura em todos os momentos que não só os necessários. Foi neste misto de afectividade e de céu estrelado, com algumas nuvens a vislumbrarem-se no horizonte (poeta!) que foram calcorreando as ruas do futuro, o qual lhes foi também ensinado que cada dia é o primeiro dia do mesmo. E hoje começa um novo futuro para o meu João Pedro. O meu filho, o meu menino, fez hoje a apresentação e dissertação da sua tese de Mestrado em Arquitectura. É um Mestre nesta arte, que a de gerir todas estas emoções mesmo que com a ajuda de um lenço para lhe afagar aquela teimosa lágrima que não para no canto do olho, mestre mesmo é o pai dele. Para ti meu filho, é hoje a taça de champanhe que eu levanto e, quando tomares a próxima decisão avisa-me que eu sou todo ouvidos.
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