Calcorreio, vezes sem conta, o passadiço do Ginjal, de Cacilhas ao jardim do miradouro, do miradouro a Cacilhas. Desço do Cristo-Rei à Arealva, da Arealva ao Olho-de-Boi e faço o percurso inverso, todas as vezes com uma esperança. Uma esperança vã de um dia encontrar uma zona ribeirinha de Almada digna desse nome. Bonita, atraente, amiga dos almadenses e de quem nos visita. É chocante a degradação em que, dia após dia, encontramos aquele que poderia ser o ex-líbris da cidade: o seu confronto com o rio, a irmã do sul da capital. Não o posso garantir, mas quase que juraria, que a recuperação da frente ribeirinha desde o Caramujo ao Forno do Tijolo já deve ter sido prometida pelo menos umas trinta vezes em campanhas eleitorais. Quase que juro.
Ontem uma vez mais desci à Arealva, assim é o nome da quinta onde até há pouco menos de cinco anos eram as instalações da Sociedade Vinícola do Sul de Portugal, propriedade de J. Serra e Irmãos (a propósito, tenho ainda alguns Dãos e Douros de coleção, além de uma aguardente vinícola de estalo desta firma). Quando esta sociedade decidiu encerrar a atividade, centenária naquela zona, consta-se que vendeu a quinta não se sabe bem a quem. Pronto, poderia por aqui um ponto final. É propriedade privada, fique-se por aqui. Mas não, não acho que deva terminar. Não sei a quem pertence a jurisdição daquele território, se à Câmara Municipal de Almada ou se à APL. Seja a uma ou a outra, a única coisa que vos digo é que tenham vergonha na cara. Não sabem como se faz, mesmo sendo propriedade privada? Não sabem? Gastam tanto dinheiro em tanta porcaria, metam-se no carro e dêem uma voltinha por essa Europa fora. Comecem já aqui pelo país ao lado, por Espanha, vão à França, à Suíça, à Áustria e até à Croácia. Não sabem? Aprendam! Não sejam cúmplices do atentado que se faz ao nosso património urbano ou natural, tanto faz. Vejam as fotos e tenham vergonha na cara. Olhe, para si especialmente Srª Presidente da Câmara, parafraseando não me lembro quem. A História não se faz só com glórias. Faz-se também com misérias.
7 comentários:
Espero , Pré, que tenhas enviado por e-mail, este post para alguém com responsabilidades (e vergonha na cara) na Câmara Municipal de Almada.
Parabéns Pre!
A isto chamo eu um exemplar acto de cidadania. A denúncia do estado miserável a que as Cãmaras Municipais deixam chegar o património que é de todos!
A imagens são bem eloquentes.
Beijinho.
Janita
Na verdade, amigas, eu não sei até que ponto a CMA tem responsabilidade direta numa propriedade privada mas dou-vos um exemplo bem simples. Na aldeia onde nasceu a minha mulher e onde tenho uma casita, casa ela que esteja em ruinas é avisado o proprietário e máquinas para que vos quero. Arrasam mesmo e os donos têm de pagar as custas. Mas para isso há preceitos legais a cumprir e que são cumpridos.
Parabens, o teu veneno contra a camara de Almada e principalmente contra a Maria Emilia continua em grande forma.
Vai ao boletim municipal de Almada de Setembro paginas 14 e 15 e lê com atenção até ao fim o que lá está.
Depois tenta informar-te de como todos estes processos não são tão simples como o de demolir uma casa em ruinas num pequeno "povo alentejano".
E já agora e para terminar diz a esses amigos seguidores do teu blog, para visitarem Almada, se querem conhecer a Cidade mais bonita e mais bem gerida deste País.
Almada Sempre!!!
Ali aló, as fotos não te dizem nada?
Não será só em Almada que situações deste género acontecem, mas facto é que este desleixo deprime qualquer um, especialmente os que lá vivem e amam a sua terra. Sim, porque além disto ainda há muita gente a degradar mais os locais, deitando lixo para o chão entre outros actos de puro vandalismo... :P
Beijocas!
Venho do Olhares.com, estou a gostar do que vejo "lá" e do que vi aqui. Parabéns e pode crer que vou voltar, para ler e ver com mais tempo.
Até lá... BOA SEMANA.
A Luz A Sombra
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