sexta-feira, setembro 30, 2005

802. Futebol

Peseiro. Anteontem dizia que tinha crédito. O Sporting esteve quase a ganhar a eliminar o Benfica da Taça, esteve quase para ganhar o Campeonato e esteve quase a vencer a Taça UEFA. Hoje, o Sporting foi eliminado pela tal equipa de segunda (como aliás também foi considerada o Spartak) que tinha já, uma vez eliminado o Benfica. Esteve quase a passar, mas não passou. Portanto o Peseiro que não se admire de se terem acabado os créditos e, cá para mim, está quase com um pé fora do Sporting.

Europa. Benfica, Porto, Sporting, Braga (o empate significou derrota) e V. Setúbal perderam. Tem de ser mesmo dentro das quatro linhas que se ganham jogos e aqui, o futebolzinho português, das faltas por tudo e por nada, das interrupções de jogo 30 vezes em noventa minutos, das simulações de penalties, das equipas de 11 estrangeiros na formação inicial (vide Marítimo), dentro das quatro linhas, se exceptuamos anos excepcionais, 1962, 1963, 1987, 2003 (é pouco não é?) mostra que não vale nada em comparação com o futebol que se joga por essa Europa fora. A não ser que se queira eleger o Avelino Ferreira Torres para presidente de todos os clubes portugueses.

Espectadores. O Sporting tinha hoje pouco mais de 14 mil espectadores a assistir ao seu jogo. Na primeira jornada da Champions, o Benfica longe do Inferno da Luz (eu já lá estive no meio de 120 mil), tinha pouco mais de 30 mil. Apesar do parágrafo anterior, em que refiro a fraca qualidade do que por cá se joga, os preços dos bilhetes são, hoje em dia, incomportáveis para que as famílias vão aos estádios e, com jogos a serem transmitidos todos os dias na televisão, ainda pior para as assistências. Neste fim-de-semana não estavam mais de mil pessoas a assistir a um jogo do União de Leiria. Eu não dou para esse peditório. Uma vez por ano no estádio e chega!

Promessa. Prometo que não me meto em futebolices nos próximos 100 posts.

quarta-feira, setembro 28, 2005

801. Novas entradas

Hoje consultei este site e consegui lê-lo durante 3 minutos. Experimentem.

segunda-feira, setembro 26, 2005

800. Saber contar anedotas

Fernando Rocha tem uma habilidade inata para contar anedotas. É teatral e versátil em imitações caricaturadas de algumas figuras típicas do anedotário nacional. O puto reguila, o bêbado, a peixeira, a loira e vários outros. Conta velhas piadas, adapta outras e tem um invejável à vontade em frente às câmaras. No entanto exagera. Exagera no palavreado vulgar, inclui alhos e bugalhos onde não são necessários, porque uma anedota picante não tem de ser pornográfica e uma anedota de sala não tem de ser forçosamente picante. E não me parece que seja suficientemente inteligente para entender as audiências para quem se dirige não sendo capaz de distinguir o que é (deveria ser) um programa de humor de grande audiência nacional e um grupo restrito de batedores de palmas quando alguém se lembra de dar um pum na sala. Ontem, no Herman Sic, depois de uma escabrosa e inarrável anedota, um casal que assistia ao vivo na plateia insurgiu-se contra o Rocha, não faltando de imediato quem saísse em sua defesa no mais belo estilo de arruaça e vulgaridade. De tal maneira que Herman teve de interromper o programa saindo para intervalo. E o casal contestatário foi, naturalmente, posto na rua.
Quem me conhece sabe perfeitamente que não sou nem um puritano, nem tão pouco um moralista. Mas cá para mim é também arte de bem saber representar com humor, o saber escolher o repertório e conhecer o público a quem se dirige. E não é preciso ser politicamente correcto. É por estas e por outras que o falecido José Viana e o, felizmente ainda vivo, Raul Solnado são uns senhores do humor português. Ou eu me engano muito, ou o Rocha não passará de uma moda.

sábado, setembro 24, 2005

799. Escrever em dia que ninguém lê

Não têm mais nada para fazer? Todos sabem que Cavaco Silva se vai candidatar à presidência da república. Porque é que não há dia nenhum que não lhe façam a pergunta?

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Temos de aturá-los? Mais um craque do futebolês. Chama-se Joaquim Rita e tem muita velocidade lateral, jogadores desempoeirados e futebol vertical para nos dar. A (não) ouvir, na SportTV.

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Os meus silêncios. Tenho feito alguns posts em que me insurjo contra a Justiça em Portugal. Mas, na verdade vos digo que, se pelo menos um destes, Valentim, Isaltino, Ferreira Torres ou Fátima Felgueiras, ganhar a câmara a que concorre, não mais me pronunciarei contra a justiça portuguesa. Afinal o Povo é soberano e sabe muito bem que eu não tenho razão. Silenciar-me-ei.

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O povo é quem mais ordena. Esta semana voltei a perder tempo a ver um debate sobre o estado da nação. O estado em que ela está só se deve ao PS, ao PSD e ao CDS que foram governo nos últimos 29 anos. E eles continuam a culpar-se uns aos outros. E “nós” continuamos a achar que eles, ora uns ora outros, são os únicos que são bons para nos governar. Até ao afundanço final!

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Cheio de pena, porque também eu acredito em fantasmas. Dias da Cunha, mui douto presidente do Sporten, continua a bramir espadeiradas contra os árbitros. Triste sina a de um clube que esteve 17 anos sem ganhar um campeonato por causa dos árbitros e que nos últimos seis, ganhou dois, provavelmente os únicos que foram jogados sem árbitros, na história recente do futebol português.

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Milagres, precisam-se. Falta menos de um mês para o 13 de Outubro, última comemoração das aparições de Fátima. E como estou convencido que este país só lá vai com um milagre, não era já hora de sermos abençoados com um?

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Agora ando pelos cantos a rir sozinho. Há 3 anos e (quase) meio desempregado não me vai faltando o sentido de humor. Ainda ontem me fartei de rir quando disseram que o Santana Lopes foi reformado aos 49 anos. É que só pode ser piada. Há meses que não se fala noutra coisa senão da reforma aos 65.

terça-feira, setembro 20, 2005

798. Não sei se dariam post

No supermercado a mãe, apontando uma mota de brincar na prateleira dos brinquedos, dizia para o filho de seis anos (a mim parecia-me de seis anos):
- Não sei o que é que isto tem de especial para custar este dinheiro todo.
- Oh mãe, não vês que anda?
O que estas crianças sabem!

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Decidi dar, este ano, explicações de matemática e física. Quer dizer eu decidi, mas por enquanto ainda ninguém decidiu que queria as minhas explicações.

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Penso que faltam 3 semanas para as eleições autárquicas e ainda não sei a que Câmara Municipal se vão candidatar o Mário Soares e o Cavaco Silva. O quê o Cavaco ainda não é candidato? Não é a Câmara nenhuma? Mas não se fala doutra coisa na televisão… (conversa ouvida esta manhã entre duas velhotas no café onde tomo a bica – descafeinada, claro; na verdade eu já tinha também feito esta pergunta a mim próprio. Estou a ficar velhote).

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Esta semana não ouvi piadas sobre os pontos do Tiago Monteiro, das joaninhas e do Benfica.

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Tenho escrito menos no blog mas isso tem uma razão que penso que me desculpará. É que tenho usado o tempo a ler mais.

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Amanhã pelas 23h23m, segundo os entendidos, dar-se-á o equinócio de Setembro. As folhas vão começar a cair e os posts dos blogs de todo o hemisfério norte vão cantar odes ao Outono. E eu vou pendurar os calções, arrumar as sandálias e pôr à mão o roupão de lã. Não tenho nenhuma vontade de escrever uma ode à gripe.

sábado, setembro 17, 2005

797. Os desmancha-prazeres

Era grande a algazarra. Passavam carros com altifalantes nasalados e as crianças corriam atrás. No meu tempo ainda corriam atraz mas o z perdeu-se e foi substituído por um assento. Perdem-se algumas coisas pelo tempo fora e o z não é mais do que um pormenor. Perde-se a alegria de correr atrás daqueles altifalantes que anunciavam os irmãos Avelino que atravessariam o largo (mais de 50 metros) sobre o arame e sem rede. Que anunciavam pai e filha numa arrojada aventura sobre potentes motos, de olhos vendados em acrobática e perigosa demonstração de sangue-frio e de desafio à gravidade. Éramos pequenos não sabíamos o que era a gravidade, mas sabíamos o que era o Poço da Morte. Perde-se ao longo do tempo o prazer de ver os saltimbancos, franzinos, mais costelas que carne em exercícios de delicioso contorcionismo e os cospe fogo. Os carros enfeitados com grandes cartazes em que a figura principal era o palhaço, cara pintada, uma farta cabeleira colorida, toda aos caracóis e uma bola vermelha no nariz. Circo Cardinalli , as mais ferozes feras do mundo do circo, hoje ás 21 horas, não perca na sua localidade. Espectáculos até domingo com entrada grátis às damas às quintas-feiras. Não havia damas no meu bairro só, mulheres. Mesmo assim entravam gratuitamente às quintas-feiras. Era o circo e a gente a correr atrás daquele homem que parece que fala pelo nariz, num carro enfeitado com fotografias de palhaços alegres e tigres de ar ameaçador. Distribuíam papéis com as mesmas fotografias e quem apanhasse mais papéis, ganhava. O que ganhava não interessa, só interessa que ganhava.
Passam os mesmos carros hoje pela minha rua, não passam os mesmos carros, passam os mesmos altifalantes, o mesmo homem com a voz a sair pelo nariz. Hoje, na sua localidade a apresentação dos candidatos. Já não distribuem só prospectos, há também sacos de plástico e esferográficas. Os carros continuam a trazer as fotografias, mas ninguém corre atrás deles. Perde-se a noção de que os palhaços, agora, somos nós. Perde-se ao longo dos tempos a alegria de ver os irmãos Avelino a caminhar sobre o arame quando agora somos nós que andamos constantemente sobre o arame. Ou que nem saltimbancos a fazer contorcionismos para podermos sobreviver. Cada vez mais com as costelas à mostra. Mas o circo continua. Nunca tão apalhaçado como hoje.

terça-feira, setembro 13, 2005

796 Às listas!

Não sei se a lista de Paulo Gorjão será interessante nem se atingirá a notoriedade da Lista de Schindler. Mas se de alguma coisa tenho a certeza é do impacto que a “lista” teria se em vez das relações familiares entre políticos fosse organizada uma lista de relações entre políticos e agentes económicos. Descobrir / divulgar o construtor civil primo do vereador, o deputado cunhado de … bom se calhar essa lista dói muito. A outra é um mero exercício de genealogia.

PS. Um dia tentei construir a minha árvore genealógica. Cheguei à conclusão que não só provenho de uma relação adúltera entre um tetravô da nobreza com uma serva da gleba, mas também que algures no século XV um dos meus antepassados em linha directa era padre. Não posso ser boa rês, mas talvez pudesse ser bom político. Com relações perigosas…

quinta-feira, setembro 08, 2005

795. João Capote



João Capote não é (ainda) um artista famoso. Mas, para quem não saiba, João Capote é o meu pintor da actualidade. Podeis dizer, não vos nego a propriedade, que João Capote é meu filho e que, portanto, eu sou suspeito. Pois sou, mas é um dos meus orgulhos, orgulho suspeito, repito o adjectivo, mas sincero e dito com o coração. O João Capote pintou o quadro que acima reproduzo. E não estaria aqui a fazer esta menção, tão exacerbadamente apaixonada se, para além de ser o MEU pintor, este quadro não me tivesse sido oferecido, a mim e à minha Maria, ontem data do aniversário dos nossos 25 anos de casados. E agora, numa completamente indiscreta, o quadro chama-se “Os Amantes”. Obrigado meu querido.

PS. Esta palavra foi para o João, mas a palavra tem um prolongamento. Esta palavra é também para a minha Anita, que em passeio por África deixou em seu nome e do irmão as lindas alianças que hoje ostentamos e que o JP teve o carinho de nos oferecer logo de manhã. Assistiram à cerimónia o Schubert, a Yasmin e o “velho” Capote, hoje completamente integrados na família. São uns queridos.
794. Um orgulho diferente

Este blog está a pouco mais de um mês de fazer 2 anos. Há blogs bons, muito bons na blogosfera que dá gosto lê-los. Não duvido que o número de visitas que esses blogs obtêm é directamente proporcional à sua qualidade. Por outro lado, teremos blogs que pelo seu mediatismo têm visitas fetiche, têm visitas sebem ou têm truques (que bem os conheço) de multiplicação dos pães. Mas esses não me aquecem nem me arrefecem. Aos outros, aos bons blogs que têm 5, 10 ou 15 mil visitas por dia, só tenho que, sincera e humildemente, dar os meus parabéns pela sua contribuição para o conhecimento que nos fazem adquirir, alegria/boa disposição que nos proporcionam ou informação suplementar que nos transmitem. Mas, para dar continuidade ao que ía dizer quando comecei, notei agora que o meu blog teve (já!?) 30.000 visitas. Rir-se-ão, de escárnio, alguns quando o souberem, mas não se rirão, com certeza pelos mesmos motivos (quiçá de satisfação) os que lerem este texto. Porque todos os que aqui vieram (e vêm) e, contribuíram para este – escasso – número, são as minhas amigas, os meus amigos, os que de mim gostam e aqueles leitores de quem eu gosto. É para vocês que escrevo e é a vocês que devo o facto de sempre que posso vir aqui escrever. Bem hajam!

terça-feira, setembro 06, 2005

793. Ainda férias. Com saudade.

Tal como vos prometi, algumas páginas (extractos) do meu diário de férias.

15 de Agosto – Hoje partimos para férias. Como sempre saímos de casa a horas decentes (as indecentes são aquelas que não se podem contar). 20:00 horas da madrugada, quase que hoje já era amanhã (…) Fiz a minha estreia oficial do colete reflector. A meio do caminho a Yasmin sentiu-se mal e borrou-se toda. Paragem forçada na berma para limpeza e pausa anti-stress para os gatos. Quem também teve de parar à beira da estrada, segundo a Antena 1, foi um ex-primeiro ministro com avaria no carro. Não disseram o nome e também não disseram se tinha vestido o colete reflector. 17 de Agosto – Vieram o Carlos e a Paula e o João e Pedro. Vieram também o Álvaro e a São, mais a Inês e o Ricardo. Eu, o JP, a Maria e o Capote e a Alice e a Márcia e a Ângela já cá estávamos. A Anita não pode vir porque estava na Irlanda mas foi a primeira a telefonar poucos segundos passavam da meia-noite. A festa foi bonita e consegui apagar as 50 velas de um só fôlego. Já ando a treinar as 100. Como não é todos os dias que se fazem 50 anos abusei do champanhe. Salut! PS. Não havia nomes repetidos, embora o JP se chame João Pedro dá para fazer a distinção. Começo a ter gente para escrever uma telenovela onde, não sei se já deram conta, nos 50 personagens não há nomes iguais. 20 de Agosto – Nada de especial que me inspire a escrever. Nem sequer o jogo do Benfica. Nos telejornais nada de especial. Todos iguais com incêndios, Papa e futebol. A propósito de Papa fiquei a pensar que o melhor teria sido que viesse a Portugal em vez da Alemanha. Pelo sim pelo não poderia ser que um milagresito evitasse a saga dos fogos. Não sei se sabe, Sua Eminência, mas este País só lá vai com milagres. 23 de Agosto – Um dia sem particularidades. A História pode-se escrever todos os dias, mas há dias sem histórias (vejam a diferença do agá). Minto, os frangos do Ricardo já são História, mas isso são outras estórias (sem agá). 24 de Agosto. Uma imperial por 1,25 € num bar de praia no Algarve. (…) Um dia escreverei o que penso sobre a tão propalada quebra no turismo nacional (seguem-se entre outras considerações uma série de palavrões que não são reproduzíveis). 26 de Agosto – (… com referência ao casamento do Jorge), (outros …). Dei uma voltinha nos blogs e nos e-mails. A quem me enviou os parabéns pelo meu aniversário tive oportunidade de responder pessoalmente. Mas aproveito a oportunidade para um agradecimento público. Bem hajam amigas e amigos. 30 de Agosto – O céu está lindo. Totalmente estrelado. Amanhã regresso à cidade, onde não há estrelas.

quinta-feira, setembro 01, 2005

792. Sou um tipo envergonhado

E é por isso que quando atravesso a fronteira nunca digo que sou português. E porque é que não digo, perguntam vocês mortos de curiosidade? Imaginem que alguém, sabendo a minha nacionalidade me perguntava:
“Oh Sr. Português, explique-me cá porque razão quando recebe um aviso em casa para levantamento de uma carta registada nos Correios, ainda mais proveniente do estrangeiro, e você se encontra de férias, como quase todo o País (mas isso é outro assunto) e, por consequência, só tem conhecimento do caso 15 dias depois, tardiamente pois os Correios já devolveram a carta registada ao remetente com o argumento que uma Estação de Correios não é um depósito de correspondência e depois você olha para todos os lados e percebe que a mesma Estação, é um armazém/shopping dos mais diversos produtos desde livros a canetas da barbie, de artigos de papelaria a kits de sócio de clubes de futebol, de telemóveis a medalhas e estatuetas…”.
Vejam se não é de um tipo ficar corado de vergonha de não ser capaz de explicar a um estrangeiro uma coisa destas. Pois claro, eles nem sonham que eu sou português para não me embaraçarem com perguntas difíceis.