Ontem até uma lagrimazinha
me veio aos olhos. Lembrei-me do meu avô Augusto. Bom, o meu avô Augusto já
morreu há 40 anos, não é que a gente se esqueça dos seus, mas também não é
todos os dias que nos lembramos. Principalmente quando já lá vão quarenta anos
de saudade.
Entrei no carro e tinha o
aparelho de rádio, a gente antigamente dizia a telefonia, sintonizada na TSF. Estava
a dar uma música, não me lembro qual e eu trauteando quase automaticamente,
olhei para o relógio e vi que eram 9 e 12 da noite. E de repente, mas assim
mesmo de repente, lembrei-me que Portugal estava a jogar com a França para o
Europeu de Hóquei em Patins. E claro liguei para a Emissora Nacional. Quero
dizer, isto até parece revivalismo, logo eu que não nada saudosista no sentido em
que antigamente é que era bom, nada disso, graças a Deus que agora não tem nada
a ver com o antigamente. Mas ele há impulsos e na verdade o que sintonizei foi
a Antena 1. Que deceção. O jogo não estava a dar em direto. Um jogo de hóquei para
o europeu, pura e simplesmente ignorado. Só me apetecia mandar o futebol para o
ca*** (acabado em alho). É a única coisa que interessa. São horas e horas de
debates sobre os Brunos de Carvalho, os Alcochetes, os e-mails, os vouchers, a
cor dos apitos, já para não falar dos jogos de futebol em direto e não estou só
a falar da televisão. Estou a falar da rádio. Sim e da rádio pública também. A
RTP estava a transmiti-lo, mas para quem nem usa televisão ou tem aquele TDT
que quando funciona não funciona sempre, ou para quem viaja de carro, era o
mínimo, não?
E foi então que me
lembrei do meu avô Augusto com o seu transístor (modernices) quase junto ao
ouvido porque ouvia pouco. Diga-me lá a linha avô. Dos nomes não me lembro de
todos, mas ainda ouvi falar do Vítor Domingos, do Leonel, do Adrião, do Vaz
Guedes, do Velasco, do Ramalhete, do Jorge Vicente, do Livramento, do
Cristiano, do Garrancho, do Solipa, do Chana, do Salema, do Sobrinho e de
tantos outros craques. E só me lembro deles porque o já falecido Nuno Brás, acho
que nunca ouvi nenhum relator de jogos de hóquei como ele, da Emissora
Nacional, nunca mais me vai deixar esquecê-los.
PS. Eu sou Benfiquista. Isso
não é novidade, mas não me impede de que com o post de hoje e associe à
homenagem ao um grande hoquista do Sporting que partiu ontem, com 67 anos de
idade, o João Sobrinho, que eu gostava de ver brilhar, obviamente com a
camisola da seleção Nacional.
2 comentários:
Fico sempre deliciada com os caminhos da memória. Como será que arrumamos (e transformamos, e recolorimos) os episódios da nossa história. E que percursos neuronais são activados para que aceda a umas imagens a uns afectos, a umas emoções e não a outras.
É verdade Boop, há coisas que fazemos tão despretensiosamente que nem nos preocupamos em saber como é que se chega lá. :)
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