quarta-feira, julho 18, 2018

1635. Lunch Time Blog

No tempo em que criei a minha série Lunch Time Blog tinha um gato e escrevia um post à hora do almoço. Escrevia-o depois de almoço, depois de me repastar com a comida que a Fátima, que era a minha empregada, me preparava, de ter visto as notícias da hora do almoço, mas antes da sonolência a que a barriguinha cheia convida. O meu gato era o Schubert que partilhava comigo as histórias e tinha muitos comentários, não eu, nem o post, mas sim o Schubert. Era no tempo em que púnhamos no blog, se calhar ainda agora poem, pois parece que quem tem muitos acessos passa a ter revenue por isso, publicidade paga, patrocinadores, que enfastiam os leitores que aos poucos também acabam abandonando as leituras. Hoje em dia, há pessoas que profissionalmente são bloggers (e youtubers e facebookers e twiteiros e tal), outros saltaram dos blogs para a política (do que eu me livrei) e alguns para belos tachos como comentadores em jornais, revistas e televisões (a massa que eu tenho andado a perder). Mas enfim, nunca fui dos mais lidos, também nunca fui dos mais assíduos na arte de publicar, coisas boas ou banalidades, nunca vos mostrei as fotos, nem publicitei, os meus ténis cor-de-rosa choque que comprei para condizer com uma camisa que uma prima minha me trouxe da América (antigamente o pai dela trazia-me gravatas floridas), nem vos dei a receita de pastelinhos de chicharro com queijo de azeitão, receita minha, fazendo assim jus à nossa península de Setúbal, nem sequer fui muito cáustico com o Sócrates, quer dizer fui, mas como o coitado agora, apesar de ser uns bons milhões mais rico, anda um bocado pelas ruas da amargura, eu digo que não fui porque nunca bato em ninguém caído no chão. E pronto, como já leram, estou cheio de inveja das Pipocas e dos Mexias e dos RAPs e de outros, claro, já não falo do Pacheco porque ele era maoísta e portanto nunca precisou de ter um blog para poder um dia vir a ser alguém na política, e pior ainda nunca me inscrevi num partido político, ou vá lá, num daqueles partidos que distribuem jobs, então nunca tive assim tantas visitas por aí além. Mas o pior de tudo foi ter morrido o meu Schubert, o meu querido e saudoso gato siamês. O Lunch Time blog devia-lhe tanto a ele. Vamos a ver se consigo voltar aonde já fui feliz.

PS. A minha mulher, entretanto, aposentou-se e a Fátima já cá não trabalha. Agora os almoços são feitos a meias entre mim e a Maria José, mas não é bem cinquenta-cinquenta. É de toda a justiça dar a César o que é de César. E ela fez cá uns croquetes para o almoço de deixar invejoso qualquer presidente 

2 comentários:

Boop disse...

Sabes, é bom voltar a ter o que lêr por aqui.
Sem famas, nem dividendos.
Lamento pelo Schurbert.

Vítor Fernandes disse...

Boop, grato pela fidelidade. Eu de vez em quando ainda leio blogs :)