segunda-feira, abril 04, 2005

700. Jogar pérolas a porcos

Falar em nascimento em berços de ouro. Falar em dourar a pílula. Falar em ouro sobre azul. Falar em diamantes por lapidar. Falar em nem tudo o que luz é ouro. Falar em jogar pérolas a porcos. Falar na prata da casa ou utilizar tantas mais metáforas, parábolas ou outras figuras de estilo com jóias à mistura faz parte do nosso vocabulário quotidiano.

Nunca percebi muito bem porque é que há lojas chamadas joalharias. Dizem que vem de jóia. Tudo bem, acredito. Mas nas joalharias também se fazem broches. Poderiam portanto chamar-se joelharias.

Ouvi dizer que a Holanda vai pagar uma indemnização de milhões por jóias portuguesas roubadas numa exposição. A Yolanda, uma amiga minha, por causa de um broche (partiu a obra com uma dentada), também teve que pagar uma indemnização dos colhões*.

O meu vizinho do oitavo esquerdo anda doido com o novo arranjinho dele. Um dia destes, encontrámo-nos na Praça de Espanha, na paragem de autocarro para o Miratejo. Como quem não quer a coisa, cumprimentou-me e apresentou-me a namorada. Bem vistas as coisas, comparada com a mulher dele achei este engate um verdadeiro broche!

Naqueles pop ups que são useiros e vezeiros em aparecer sempre que navego fui dar a uma sex shop virtual. Apregoavam anéis para retardar a ejaculação. Podiam-se fazer encomendas à medida e à vontade do cliente. Encomendei um em pérolas de cultura. Que rico pénis ou que pénis rico that’s the question.

No café, onde escutamos conversas que não queremos, ouvi uma moça comentando para outra “a Jamila tem um piercing no umbigo. Um brilhante que deve ter custado um dinheirão”. A outra respondeu “os gajos são ricos, o marido tem um corno de ouro ao pescoço”. Eu pensei “que local original para ter cornos”.


* Expressão que em gíria popular quer dizer enorme.

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