segunda-feira, setembro 22, 2008


1237. Votos voadores
Fosse eu emigrante nos Estados Unidos da América e hoje estaria certamente envolvido e preocupado com as eleições americanas. A “luta” McCain vs. Obama está ao rubro e não me permitiria desviar atenção para qualquer guerra de alecrim e manjerona entre Sócrates e Ferreira Leite. Pois bem eu tenho a certeza que não seria caso único. Seja nos Estados Unidos, Canadá ou Macau, seja na Suiça, Alemanha ou França, quiçá em Andorra há uma larga, diria larguíssima maioria que pensa como eu. E o que me faz afirmá-lo? A frieza dos números. Pois bem dizem por aí que há 5 milhões de portugueses emigrados. Eu daria de barato que este número é exagerado mas não o conheço. O que sei é que em Fevereiro de 2005, quando das eleições legislativas últimas, estavam recenseados 75803 portugueses na Europa e 72575 no resto do mundo. Se este número de recenseados (cerca de 3%), face ao número presumível de emigrantes, já mostra considerável indiferença, o nível de participação, 23427 na Europa e 13277 fora desta, mostra claramente que estes 36714 votantes (25% dos inscritos ou seja uma abstenção média de 75% e, a atender ao numero de emigrantes considerado, menos de 1%) são realmente quem se interessa pela política em Portugal. É claro que o método de Hondt e a distribuição por círculos criam deturpações tais que permitem que este número de votantes inferior ao total nacional do PND (40358) ou do MRPP (48186) atribuam quatro deputados emigrantes contra zero de qualquer daqueles partidos. Se o debate fosse em torno da lei eleitoral geral, da distribuição por círculos, dos métodos de proporcionalidade, da representatividade efectiva das várias correntes ideológicas talvez eu entrasse na conversa. Mas teorizar sobre a democracia apenas porque foi aprovada uma lei que acaba com o voto por correspondência de quem efectivamente já não vota é um peditório para o qual não dou.

PS. Meu caro e prezado José Pimentel Teixeira, este foi o meu modesto contributo para a sua batalha sobre a matéria. Não estamos do mesmo lado, neste caso concreto, mas isso nunca me impedirá de continuar a lê-lo com atenção.
imagem daqui

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