931. O meu Carnaval
Minhas amigas leitoras e meus amigos leitores peço desde já desculpa por esta minha tão prolongada ausência. Eu não sou muito carnavaleiro. Outros tempos, sim, mas não sei se é da PDI se é por ter visto a pouco e pouco o Carnaval, trapalhão e matrafono (existe o termo?) dos meus tempos de juventude se vir a transformar em desfiles pseudo sambistas que, também a pouco e pouco, eu me fui cada vez mais desligando dessas lides. Não é que eu não goste de samba, bem antes pelo contrário, mas o Carnaval não tem mais tradição no Brasil do que aqui em Portugal para que nos tenhamos transformado numa imitação barata do que se faz no outro lado do Atlântico. As nossas ruas de Ovar a Loulé, passando por Torres ou pelo Samouco e principalmente pelo Funchal transformaram-se assim numa espécie de lojas dos trezentos da Marquês de Sapucaí. Vai daí este vosso escriba quase sempre zarpa a outras paragens, que é como quem diz, retira-se de mansinho e vai curtir os corpos esculturais das morenas via TV, à lareira e com um bom vinho tinto. Este ano entre outros, degustamos um Porta Palma da região Estremenha daqui dos nosso vizinhos espanhóis, a par de alguns alentejanos cujos nomes não vos digo para não armar ao pingarelho. Mascaramos uma perna de porco com laranja e acompanhamo-la com ameixas de Elvas, pusemos uma fantasia ao grão de bico, assim como que bem arreado de chispe, de entrecosto e belos enchidos de Barrancos transformando-o num belo cozido à alentejana, os carapaus travestiram-se de gordos como se fora Verão e pintaram a cara com molho à espanhola, o churrasco misto de entremeadas e lombinhos não precisaram de protecção e fizeram um bacanal na grelha que nem vos conto, o coelho não se quis ficar atrás e despiu a pele passeando-se nu por travessas de barro mesmo sabendo que lhe tínhamos esfolado o rabo, as mousses de chocolate vieram de africano vestido pois quanto mais pretinhas mais saborosas, ao bom-bocado caseiro chamámos-lhe pastel de nata e ele sentiu-se “carnavalado” e até o molotof que devia ter saído direitinho da forma se esparramou num tabuleiro com o açúcar em ponto caramelo a gritar que é Carnaval ninguém leva a mal. Para culminar a minha Maria apagou ontem 51 velas no bolo de aniversário e mascarou-se na pessoa mais velha da família, pois o respeitinho é muito bonito. Bem, para quem não vai muito em Carnavais, tivemos transformismo q.b. e assim se faz hoje de virtual presença a minha fuga do blog. Para o ano há mais Carnaval.
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