935. Dias Internacionais das Mulheres
Tenho de vos confessar (uma vez mais, ou não fosse este um blog intimista) que não vou muito à bola com dias internacionais. No entanto, talvez devido à sua raiz histórica, nutro uma certa simpatia, quiçá imbuída por um espírito de solidariedade, pelo Dia Internacional da Mulher. Estava a comentar o dia com a minha mulher, que por sinal também é minha esposa, passe o desgosto que dê a algum/a leitor menos possidónio, ontem ao jantar, e ela fez-me um comentário bem assertivo. “Amanhã? E hoje, não?”. E dei comigo a viajar com os meus filhos mamando nos peitos da mãe, com as fraldas trocadas, com os banhinhos dados a horas certas, com as viagens para o infantário, com as consultas de pediatria, com o jantar para 16 pessoas, com a camisa lavada, com os colarinhos passados a ferro, com o termómetro, os medicamentos, o chá, levados à cama quando a febre me chegou, com a sala aspirada, com a mesa posta, com as torradas com manteiga, com a cerveja geladinha durante o jogo do Benfica, com a bica depois do jantar, com a roupa estendida e apanhada, com a máquina da loiça cheia, com o pó limpo, com as compras do supermercado feitas, com os gatos no veterinário, com os cuidados com os pais, com as contas em ordem, com o emprego das 9 as 19, com a mala arrumada para viagem, com o beijo de boas noites. E se o dia internacional da mulher não foi ontem, não foi anteontem, não foi no dia antes de anteontem, não foi na semana passada, no mês passado, nos anos passados, se não for hoje, amanhã e depois e depois e depois… então UM dia internacional da mulher, não é justo.
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